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Especificamente neste trabalho, optou-se pela metodologia de estudo de caso único com abordagem quantitativa e qualitativa. Os procedimentos escolhidos para recolha de dados foram análise documental, entrevista semiestruturada e questionário. Esses procedimentos foram utilizados com o objetivo de oferecer subsídios para a elaboração de um projeto para implantar um programa de gestão do conhecimento organizacional para a administração pública no OA. A utilização do estudo de caso também se justifica por permitir o uso de diversas formas de evidências - documentos, artefatos, entrevistas e observações - (YIN, 2015) para coleta de dados.

Antes do início da coleta de dados de fato, foi redigida a “carta de anuência para a realização de estudo”, assinada pela Direção do Instituto de Física, unidade acadêmica à qual o OA está vinculado. O texto contém os seguintes elementos: indicação da pessoa que assina o documento, esclarecendo sua função na instituição que representa; título da pesquisa; o nome do pesquisador responsável por sua execução; o objetivo do estudo e uma informação breve sobre a metodologia; além de indicar que seriam tomados os cuidados éticos e de preservação da identidade dos participantes. (UNISINOS, 2014). A análise documental, como estratégia de recolha de dados, pode ser usada para um primeiro contato com os documentos, o que Bardin (1995) chama de "leitura flutuante". Mas a análise, a partir dessa técnica, pode ir mais a fundo, desenvolvendo resumos ou indexações úteis para sintetizar e catalogar os documentos:

A análise documental permite passar de um documento primário (em bruto), para um documento secundário (representação do primeiro). São, por exemplo, os resumos ou abstract (condensações do documento segundo certas regras); ou a indexação, que permite, por classificação em palavras-

chave, descritores ou índices, classificar os elementos de informação dos documentos, de maneira muito restrita. (BARDIN, 1995, p. 46, grifos nossos).

Neste estudo, a análise documental foi usada para identificação do perfil do público atendido pelo OA com o objetivo de servir de análise preliminar visando a aprimorar as atividades operacionais.

A entrevista é considerada “a prima rica” entre os procedimentos de coleta de dados em estudos qualitativos, principalmente na área da Educação. Mesmo assim, não abre mão de planejamento e desenvolvimento rigorosos (FARIAS et al., 2010). A entrevista caracteriza-se pela “interação intencional do entrevistador com o entrevistado, visando a recolher dados descritivos na linguagem do sujeito sobre determinado tema” (FARIAS et al., 2010, p. 82). O papel do pesquisador recebe especial destaque na entrevista:

[...] dele se espera que saiba comunicar ao entrevistado o seu interesse, formular questões pertinentes, pedir esclarecimentos, sem adiantar interpretações, não interromper ou cortar as respostas dos entrevistados e, principalmente, saber escutar e estabelecer formas de expressar seu envolvimento com o relato do entrevistado. (FARIAS et al., 2010, p. 83).

Dessa forma, o pesquisador deve estar atento à riqueza de detalhes perceptíveis na fala do entrevistado.

Dentre as formulações de vários autores com relação aos tipos de entrevista, Minayo (2008) propõe a classificação da entrevista em: sondagem de opinião; entrevista semiestruturada; entrevista aberta ou em profundidade; entrevista focalizada e entrevista projetiva.

A entrevista semiestruturada, mais especificamente, é um tipo de entrevista que permite combinar questões fechadas e abertas. Sua principal característica é a possibilidade de explorar questões adicionais e aspectos não planejados pelo entrevistador (FARIAS et al., 2010) e que agregam conhecimentos relevantes para a pesquisa.

A escolha da entrevista semiestruturada como técnica de coleta de dados neste trabalho justifica-se pela necessidade de um instrumento direcionado, mas flexível, que possibilitasse esclarecimentos e aprofundamentos de questões relevantes durante a interação com os sujeitos. A entrevista semiestruturada foi aplicada aos servidores do quadro do OA com o objetivo de realizar levantamento do nível de

conhecimento sobre GC dos servidores do órgão, de suas relações com as práticas da GC e um diagnóstico sobre atividades desenvolvidas no OA e possibilidades de melhorias. A possibilidade de ampliar questões que tratem de aspectos importantes da história pessoal e institucional também foi determinante para essa escolha.

A realização das entrevistas foi precedida do preenchimento dos requisitos do “processo de consentimento livre e esclarecido”. Esse processo corresponde à exposição de todas as informações necessárias ao esclarecimento do entrevistado com relação aos fins da pesquisa e anonimato. As informações foram prestadas buscando-se uma linguagem clara e acessível, respeitando cultura, idade, nível socioeconômico e autonomia dos entrevistados (UNISINOS, 2013).

O questionário, por sua vez, é uma estratégia de coleta de dados muito utilizada na investigação quantitativa em função de sua objetividade. Por outro lado, os pesquisadores têm percebido seu potencial explicativo (FARIAS et al., 2010) e sua aplicabilidade em pesquisas de cunho qualitativo:

O uso de Questionário na investigação qualitativa é menos frequente, pois decorre de sua vinculação à busca de objetividade via mensuração, importante para o paradigma positivista. Paulatinamente, esta percepção vem sendo revista, entendendo-se que o potencial explicativo do Questionário ultrapassa o caráter numérico dos dados, movimento que abre outras possibilidades de utilização desta estratégia de coleta de dados nos estudos qualitativos. (FARIAS et al., 2010, p. 78).

Dessa forma, esse instrumento pode fornecer dados objetivos ou subjetivos, de acordo com o tipo de questão escolhida.

A estratégia de coleta de dados questionário apresenta três tipos de questões: aberta, fechada e mista. De acordo com Farias et al. (2010, p. 79), “a questão aberta permite a expressão livre do respondente; a fechada traz opções para responder; a mista compreende os dois tipos de perguntas”. Essas questões, quando de múltipla escolha, fazem parte de um questionário denominado “questionário estruturado” (FARIAS et al., 2010).

Outro elemento importante a se destacar no uso do questionário é o pré-teste. O pré-teste visa a identificar possíveis dificuldades na coleta das respostas ou possibilidades de aplicação nas questões de elementos que não haviam sido inicialmente planejados:

O pré-teste conduz o pesquisador a identificar as dificuldades na sua aplicação, a perceber entre os sujeitos quais as questões ambíguas, induzidas, que dificultaram o entendimento e, consequentemente, as respostas. Este cuidado muito contribui para identificar e aperfeiçoar o instrumental a ser aplicado na coleta das informações. (FARIAS et al., 2010, p. 80).

Desse modo, em função da possibilidade de testar o instrumento antes da coleta final, o pré-teste foi realizado com um servidor da UFRGS, que não foi considerado para a análise da coleta de dados.

Neste estudo, o questionário foi utilizado para o levantamento de dados com o objetivo de identificar o nível de conhecimento dos servidores da UFRGS sobre o OA e serviços oferecidos, fornecendo dados que subsidiam o aprimoramento da divulgação interna. Utilizaram-se predominantemente questões fechadas com o objetivo de tornar a análise de preponderância quantitativa

Cada procedimento de coleta de dados apresentado neste trabalho se relaciona com um objetivo específico. No Quadro 12, são descritas as técnicas de coleta de dados utilizadas, os tipos de documentos, os enfoques e os objetivos. A construção desse quadro teve como objetivo melhor ilustrar a aplicação das técnicas escolhidas para recolha de dados.

Quadro 8: Técnicas de coleta de dados utilizadas na pesquisa Técnica de

coleta de dados documentoTipo de Enfoque Objetivo

Análise documental

Formulários de agendamento e

Registro de visita Escolas Identificar o perfil do público atendido pelo OA para fundamentar uma análise preliminar visando a aprimorar as atividades operacionais. Registro de presença e lista de chamada Alunos Explorando o Universo Livro de presenças Público geral

Entrevista semiestruturada Gravação em áudio e transcrição em documento digital Servidores OA

Realizar levantamento do nível de conhecimento sobre GC dos servidores do OA, de suas relações com as práticas da GC e um diagnóstico sobre atividades desenvolvidas no OA e possibilidades de melhorias.

Questionário Registro de respostas do questionário

Servidores UFRGS

Identificar o nível de conhecimento dos servidores da UFRGS sobre o OA e serviços oferecidos, para fornecer dados

Técnica de coleta de dados

Tipo de documento

Enfoque Objetivo

que subsidiem o aprimoramento da divulgação interna.

Fonte: elaborado pelo autor

O conjunto de dados coletados nesta pesquisa forma uma base de informações para a gestão que pode ser útil para, além de retratar o OA sob diversos ângulos, criar novos conhecimentos a partir da sistematização e compartilhamento do conhecimento atual do funcionamento do órgão.

Esse cruzamento de dados é um procedimento que aumenta a credibilidade do estudo, caracterizando o que Maxwell (1996) chama de “triangulação”. Para Boavida e Amado (2008, p. 106), a triangulação de dados é uma “operação semelhante à de quem procura localizar, através de ‘operações convergentes’, um ponto no mapa utilizando o cálculo das diversas coordenadas”. Nesse sentido, essa triangulação de dados torna-se importante neste estudo ao buscar observar o mesmo objeto - no caso, o Observatório Astronômico - por diversos ângulos.