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O método de pesquisa utilizado neste trabalho é o estudo de caso. Trata-se de metodologia de índole qualitativa, comumente utilizada nas pesquisas em ciências sociais. Como o próprio nome indica, a característica que distingue o estudo de caso dos demais métodos de investigação é o fato de ser um tipo de metodologia que se concentra no estudo pormenorizado e aprofundado, no seu contexto natural, de uma unidade de análise bem definida: o “caso”.

Mas o que é um “caso”? Quase tudo pode ser um caso: um indivíduo, um grupo, uma instituição, uma comunidade, um processo, um acontecimento, etc. Vejamos alguns conceitos de estudo de caso que se encontram na literatura.

Assim, Goode e Hatt (1979, p. 421-422) definem o estudo de caso como um método de olhar para a realidade social. “Não é uma técnica específica, é um meio de organizar dados sociais preservando o caráter unitário do objeto social estudado”. Para os autores (1979), o estudo de caso considera a unidade como um todo, incluindo o seu desenvolvimento (pessoa, família, conjunto de relações ou processos, etc.). Portanto, através do estudo de caso o que se pretende é investigar, como uma unidade, as características relevantes para o objeto da pesquisa.

Creswell (1997, p. 61) define o estudo de caso como a “exploração de um sistema limitado ou um caso (ou múltiplos casos) que envolve coleta de dados em profundidade e múltiplas fontes de informação em um contexto”. Segundo o mesmo autor (1997), “a noção de sistema limitado está relacionada com a definição de tempo e espaço, e o caso pode ser compreendido por um evento, uma atividade ou indivíduos”.

Segundo Yin (2010, p. 32), as múltiplas fontes de informação são constituídas por uma ampla variedade de evidências como documentos, artefatos, entrevistas, reportagens e observações. A definição de ‘contexto do caso’ abrange as situações em que se encontra o caso a ser estudado, como referências históricas, sociais, econômicas, entre outras.

A definição de Creswell (1997) é compartilhada por Yin (2010) em relação às múltiplas fontes de evidência, mas o autor ressalta que o estudo de caso é o método indicado

quando as questões “como” e “por que” são propostas em uma situação na qual o pesquisador “tem pouco controle sobre os eventos e quando o enfoque foco está sobre um fenômeno contemporâneo inserido no contexto da vida real” (YIN, 2010, p.22), o que o distingue de outros tipos de método de pesquisa.

Para Yin (2010), o estudo de caso pode ser tratado como importante estratégia metodológica para a pesquisa em ciências humanas, pois permite ao investigador um aprofundamento em relação ao fenômeno estudado, revelando nuances difíceis de ser vistas “a olho nu”. Além disso, favorece uma visão holística e integrada sobre os acontecimentos da vida real, destacando-se seu caráter de investigação empírica de fenômenos contemporâneos.

Assim, a escolha deste método de pesquisa deve-se ao fato de que o estudo de caso possibilita a exploração de situações políticas concretas e a investigação de “[...] um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidos” (YIN, 2010, p. 39).

No presente trabalho, os estudos de caso – verticalização das coligações e fidelidade partidária – permitiram a análise dos votos proferidos pelos julgadores nas suas decisões, bem como o exame das características específicas de cada julgamento, no que tange aos argumentos interpretativos de que lançaram mão os ministros do STF e do TSE, fazendo- se a comparação dos casos e dos fundamentos principiológicos e hermenêuticos aplicados, considerando o momento histórico, o ambiente político e as características culturais.

Foram também realizadas entrevistas com o Ministro Gilmar Mendes (TSE/STF) e o Deputado Vilmar Rocha (PSD/GO), com vistas a colher as impressões e os pontos de vista desses atores sobre a judicialização da política no Brasil. Foram feitos, ainda, levantamentos de informações constantes de artigos, monografias, dissertações, teses, entrevistas e reportagens divulgadas pelos meios convencionais (jornais e revistas impressos) ou eletrônicos (sítios e páginas da web) sobre fatos ocorridos no âmbito do Congresso Nacional e das Cortes, ligados à temática em estudo.

Ademais, foram levantados e analisados os dados estatísticos relativos à iniciativa e à aprovação de proposições no âmbito do Legislativo sobre verticalização das coligações e fidelidade partidária, bem como à propositura e ao julgamento de demandas junto ao Tribunal

Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal acerca desses casos, com o uso de planilhas, tabelas e gráficos.

Esses dados estatísticos referem-se ao período compreendido entre 1989 e 2013 e foram gerados pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal, pelo Tribunal Superior Eleitoral e pelo Supremo Tribunal Federal, a partir dos respectivos bancos de dados. Quanto ao aspecto formal, utiliza-se o sistema autor-data para citações e o sistema numérico para notas de rodapé explicativas, por conta de serem os sistemas recorrentes no âmbito dos trabalhos acadêmicos nos mais diversos setores do conhecimento.

Em virtude da opção pelo sistema autor-data, as notas de rodapé são utilizadas para esclarecimento ou para incrementar a compreensão de alguma linha ou de algum parágrafo do texto.

Por se tratar de uma tese de doutorado, a necessidade de criação é tão importante quanto a revisão de literatura, o que explica a existência de trechos deste trabalho sem citações, transcrições ou referências a fontes, expressando, assim, a contribuição pessoal do autor a partir da atividade de reflexão feita em cima das leituras empreendidas para a realização deste trabalho. Nesse sentido, faz-se também o uso de apêndices – que são documentos elaborados pelo autor e acostados ao texto – com o objetivo de ilustrar, apoiar e suplementar a argumentação desenvolvida no trabalho.

Por fim, mencione-se a experiência do autor nas áreas de consultoria e assessoramento legislativo e parlamentar aos órgãos e membros da Câmara dos Deputados – o Plenário, a Mesa, as Comissões, as Lideranças e os Parlamentares – na formulação de políticas e diretrizes legislativas e na produção de instrumentos normativos de competência do Plenário, da Mesa, das Comissões e dos Deputados.