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Neste capítulo apresentamos a metodologia de pesquisa na qual este trabalho se inscreve; os sujeitos; procedimentos; instrumentos de coleta dos dados e meios de análise utilizados.

Utilizamos o método de pesquisa qualitativa tendo em vista que esta permite uma abordagem dos problemas humanos e sociais e da ação humana, quando se busca compreender a complexidade da realidade, além de entender o pesquisador como interventor direto no campo de estudo, segundo Madureira (2000) e na categoria Estudo de Caso por corroborar com Triviños (2011) que a considera como, possivelmente, um dos tipos mais relevantes de pesquisa qualitativa.

Assim, este capítulo, ao apresentar a metodologia empregada, está organizado em quatro itens: estudo de caso, trazendo a definição e a justificativa para a utilização deste na pesquisa; sujeitos, que aponta a escolha por pais (cuidadores) e apresenta os sujeitos entrevistados; procedimentos e instrumentos da pesquisa, que traz o uso da pesquisa documental para levantamento acerca do tema e da entrevista semiestruturada enquanto instrumento para obtenção dos dados, além de localizar o leitor acerca da trajetória da pesquisadora.

5.1 Estudo de caso

O estudo de caso é definido por Yin (2010) como uma investigação empírica de um fenômeno contemporâneo, em profundidade, inserido em um contexto de vida real englobado por importantes condições contextuais. Que enfrenta uma situação tecnicamente diferenciada com mais variáveis de interesse do que pontos de dados, por contar com múltiplas fontes de evidência que precisam convergir de maneira triangular, beneficiando-se, pois, do estudo anterior das proposições teóricas para orientar a coleta e a análise dos dados. Além de ser um “método abrangente – cobrindo a lógica do projeto, as técnicas de coleta de dados e as abordagens específicas à análise de dados.” (Yin, 2010, p. 40).

Por ser um método de pesquisa aplicável, naturalmente, à educação – assim como em diversas áreas de conhecimento e situações, e por permitir adentrar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real (Yin, 2010), realizamos o estudo de caso com vistas ao conhecimento dos fenômenos que envolvem a inclusão escolar de adolescentes com deficiência intelectual a partir da percepção dos pais desses adolescentes. Nesse sentido trouxemos três casos, dois de mães e um de pai, que não foram selecionados

por qualquer critério de escolha, mas pela disponibilidade destes em participar das entrevistas. Tais casos poderão servir como instrumento para que o leitor possa comparar com outras realidades e contextos e refutar ou afirmar o que aqui encontramos. A escolha pelo estudo de caso justifica-se por ser a percepção de pais (cuidadores) acerca da inclusão de seus filhos adolescentes com deficiência mental, um fenômeno ainda pouco investigado, que exige o estudo aprofundado (de poucos casos) para oportunizar a identificação de categorias de observação ou hipóteses para novos estudos e pesquisas. Sendo assim, o estudo de caso não tem pretensão de constituir amostra para realizar generalizações estatísticas, mas os resultados encontrados podem gerar reflexões e teorizações aplicáveis em outros contextos, estendendo a análise, à medida que sejam guardadas as proporções da criteriosa contextualização em níveis socioeconômico, histórico, social, psicológico e ambiental de cada um dos casos aqui estudados (MAZZOTTI, 2006).

5.2 Sujeitos

Ao investigar pesquisas afins ao tema inclusão escolar, observamos que nos últimos anos, diversos pesquisadores, em São Luís – MA, têm discorrido, em sua maioria, sobre o processo inclusivo envolvendo alunos, professores e gestores (SILVA, 2007, 2009, 2011; MELO, 2008, 2011; CARVALHO, 2010; ALCÂNTARA, 2011). Diante da descoberta, optamos por eleger como loco o contexto familiar, por reconhecer a família como primeiro núcleo educacional e coadjuvante da educação escolar. Assim, buscamos compreender o tema por outro prisma, por meio dos relatos dos pais (cuidadores), a percepção que têm sobre a inclusão escolar de seus filhos. E, a partir dessa visão, contribuir com a educação democrática na perspectiva inclusiva neste município.

Os pais pesquisados foram: Uma mãe – Melissa8 – de 37 anos de idade, casada, afrodescendente, com escolarização de ensino médio, dona de casa, com baixa renda familiar e moradora de bairro periférico da cidade, cuja família está constituída de pai, mãe e dois filhos (o mais velho está com 17 anos, tem diagnóstico de déficit cognitivo9). Uma mãe – Marina – de 30 anos de idade, solteira, afrodescendente, dona de casa, com escolarização de nível fundamental, com baixa renda familiar e moradora de bairro periférico da cidade, cuja família é constituída por avó, mãe e quatro filhos (o mais velho está com 13 anos, diagnosticado com paralisia cerebral diplégica espástica). Um pai – Ricardo – de 54 anos de

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Os nomes são fictícios para preservar-lhes a identidade.

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idade, casado (mas em processo de separação), de cor branca, com escolarização de ensino fundamental, vendedor ambulante, também com baixa renda familiar e morador de bairro periférico da cidade, com família constituída de pai, mãe e três filhas (a do meio tem 15 anos, tem diagnóstico de transtorno no desenvolvimento mental e crises convulsivas). Os filhos adolescentes com NEE estão matriculados, respectivamente no 1º ano do ensino médio, e 6º e 8º anos do ensino fundamental; todos frequentam a SRM da rede municipal e são alunos de escolas distintas, uma de zona urbana e duas de zona rural.

5.3 Procedimentos e instrumentos da pesquisa

Como procedimentos para a pesquisa fizemos, inicialmente, leitura dos documentos legais que se referem à educação especial com vistas à inclusão escolar e das políticas públicas sobre o tema. Utilizamo-nos da pesquisa documental por considerar documentos como fonte importante para a obtenção de dados concretos. Ao citar pesquisa documental nos referimos aos documentos legais acima citados e fontes bibliográficas por corroborar com Gil (2007, p. 46) que diz: “nem sempre fica clara a distinção entre a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental, já que, a rigor, as fontes bibliográficas nada mais são que documentos impressos para determinado público”.

Parte dos critérios de seleção dos sujeitos foi de serem pais (cuidadores) de alunos matriculados na rede pública municipal de ensino de São Luís – MA por esta pesquisa estar vinculada ao projeto “O processo de inclusão escolar na rede de ensino municipal de São Luís-MA”, aprovado pelo Edital nº 01/2009 Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/Programa de Apoio à Educação Especial (CAPES/PROESP), que visa avaliar os resultados obtidos pelo processo de inclusão na rede municipal de ensino de São Luís. Outros critérios foram: serem pais, (cuidadores) de adolescentes com deficiência intelectual que estão no ciclo que abrange o 6º ao 9º ano e no AEE. (Dentre os casos pesquisados tivemos um adolescente de 17 anos que já estava matriculado no ensino médio, na rede estadual de ensino do Maranhão). Como estávamos no início do ano, os relatos obtidos nas entrevistas reportam-se principalmente às experiências dos anos anteriores.

Para localizar os sujeitos, contamos com os gestores de escolas municipais, localizadas em São Luís. Esses gestores foram informados da pesquisa por meio de ofício (APÊNDICE A) e repassaram essas informações aos pais descritos acima, solicitando-lhes permissão para fornecer à pesquisadora os contatos: nome; endereço, bem como o número de telefone(s). Também nos colocaram em contato com as professoras das SRM.

De posse das informações dos gestores e das professoras, fizemos contato por telefone e marcamos encontro pessoal com esses cuidadores objetivando informar-lhes, em linguagem clara, sobre a pesquisa e convidá-los a participar. O aceite foi oficializado com a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) o qual foi devidamente lido aos pais (APÊNDICE B). Cabe ressaltar que a pesquisa está devidamente aprovada pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa, conforme parecer nº 221.589/2013.

Em seguida, procedemos a entrevista (APÊNDICE C), com a participação bastante favorável desses pais que demonstraram avidez em serem ouvidos. Os encontros se deram no ano de 2013, nos meses de março, maio e julho, em quatro momentos, sendo o último para complementar informações. A entrevista com Melissa ocorreram em sua residência e, por questões de maior facilidade de localização de endereços, o s encontros com Ricardo e Marina se deram na escolas onde estavam matriculados seus filhos, em uma sala reservada, disponibilizada pelos diretores. Cada entrevista teve uma duração de, aproximadamente, uma hora. Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas, com exceção da última, cujas respostas foram anotadas em face de defeito apresentado no gravador de voz. Como instrumento, aplicamos entrevista semiestruturada aos pais (cuidadores). Escolhemos a entrevista semiestruturada por compreender, como Selltiz, Whrightsman e Cook (1987), que estudos que tratam de conceitos e percepções, trazendo questões relacionadas ao íntimo do entrevistado necessitam da dinamicidade e flexibilidade da entrevista em profundidade. A flexibilidade é a maior característica desse modelo de entrevista, uma vez que permite explorar ao máximo determinado tema. Triviños (2011) aponta que a entrevista semiestruturada é importante para o enfoque qualitativo por valorizar a presença do investigador e, ao mesmo tempo, permitir maior liberdade e espontaneidade ao informante, ampliando as possibilidades de realizar a coleta de dados. Parte de questões básicas, voltadas ao interesse da pesquisa e permite ampliar o campo de interrogativas e aprofundar a investigação.

5.4 Análise dos dados

Os depoimentos resultantes das entrevistas foram transcritos levando em consideração não só as palavras, como também os silêncios, hesitações e demonstrações de sentimentos diversos. Os dados foram analisados lançando mão das contribuições do aporte teórico já mencionado e das informações coletadas em campo; passamos a escrever os casos, interpretando os dados que surgiram não só no que foi dito, mas também nos conteúdos

latentes que consideramos relevantes para a compreensão da percepção dos pais (cuidadores) sobre a inclusão do adolescente do AEE.