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Neste capítulo do nosso trabalho, apresentamos os critérios de seleção dos sujeitos, aspectos éticos, e as principais características dos indivíduos em estudo. Identificamos as variáveis em estudo, evidenciamos os instrumentos e os procedimentos protocolares adotados e por último apresentamos os procedimentos estatísticos definidos e aplicados.

O estudo por nós elaborado caracteriza-se como uma pesquisa de cariz quase- experimental, desenvolvida num grupo de estudo, submetido a dois momentos de avaliação (Pré e Pós aplicação da técnica de liberação posicional).

3.1 Critérios de Seleção dos sujeitos

Para participar do estudo, os sujeitos deveriam ser voluntários, funcionários administrativos da Universidade de Fortaleza; com idade compreendida entre 20 a 50 anos, com presença de ponto gatilho ativo no músculo trapézio, fibras superiores, de um dos lados; sem lesão no ombro ou cirurgias nos membros superiores; sem diagnóstico médico ou qualquer suspeita de neuropatia ou miastemia e fibromialgia. Sem uso de medicamentos para o relaxamento muscular; ausência de tratamento fisioterápico e com capacidade de compreensão para a realização dos procedimentos propostos durante a pesquisa.

Neste estudo, foram considerados os seguintes critérios de exclusão: sinais ou suspeitas de miopatias; morbidades não compensadas; limitações médicas que pudessem levar ao impedimento da aplicação da técnica de liberação posicional. Para a participação no estudo, todos os sujeitos foram informados das possíveis implicações da sua participação, após o que deram o seu consentimento escrito para participar no estudo (Anexo II). Desta descrição faziam, igualmente, parte a identificação dos objetivos e finalidade do estudo, esclarecimento sobre a participação voluntária e que não decorriam quaisquer custos ou riscos para a saúde ou integridade física dos intervenientes. Do mesmo modo, foi assegurada a manutenção da

confidencialidade dos dados e respectivo anonimato de todos os intervenientes na pesquisa.

O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa (COÉTICA), da Universidade de Fortaleza de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que estabelece os preceitos éticos para a pesquisa envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996), sendo avaliado e aprovado em 08 / 06/ 20011 sob número de parecer 161/ 2011 (ANEXO III), a escolha da instituição se deu por motivo do local da coleta de dados da pesquisa ser pertinente a mesma.

Além da carta de consentimento, o ponto de gatilho e a intensidade da dor foram avaliados a partir de uma ficha de coleta de dados (anexo I) que também continha questões sobre dados demográficos e sociais.

3.2 Caracterização da amostra

A amostra foi formada de 30 indivíduos, selecionados entre os funcionários administrativos da Universidade de Fortaleza no período de Agosto á Novembro de 2011,a partir de uma listra que foi fornecida pelo setor pessoal da universidade, contendo: idade, tempo de serviço e função que exerce. Fizeram parte da amostra os indivíduos de ambos os sexos (18 masculinos e 12 femininos) com faixa etária de 20 à 50 anos, idade média de 34,5 ± 9,4 anos. Mínimo 1 ano de trabalho nesta instituição, com carga horária de 8 horas diária (tabela 1).

Tabela 1 – caracterização da amostra, em função da idade [(sexo, valor absoluto (n), valor relativo (%), média ( e desvio padrão (dp)].

n (%) dp

Homens 18 (60%) 35,1 8,9

Mulheres 12 (40%) 33,7 10,3

3.3 Variáveis do estudo

Variáveis Independentes: Idade, sexo

Variáveis Dependentes: Técnica de liberação posicional

Co-variáveis: Presença de dor; Sinal mio-elétrico (basal, contração concêntrica e contração isométrica).

3.4 Materiais Utilizados

Para a análise eletromiográfica foi utilizado sistema de EMG de superfície modelo Miotec 400 (Equipamento Biomédico, LTDA), com as seguintes especificações: quatro canais de eletromiografia, eletrodos ativos, distanciados a 2 cm um do outro, em uma placa redonda, de dimensão 3,5, com pré-amplificador de ganho de dez vezes, faixa de intensidade de 1 a 800 μV, conversor do sinal original para o valor root mean square (RMS), filtro passa-banda de 20 a 500 Hz, taxa do modo comum de rejeição (CMRR) > 110 dB, impedância do eletrodo ativo de 10 GΏ e alimentação com bateria padrão de 7.2 V (figura 1).

O software de apresentação das coletas mostraram os resultados calculados dos dados estatísticos básicos como do RMS, valores mínimos, médios e máximos, desvio padrão e cálculo do envoltório linear da amplitude do sinal eletromiográfico, da densidade espectral de potência e da frequência mediana do sinal, além de permitir a filtragem digital do sinal. Para a leitura dos dados será utilizado um computador Pentium III Intel 650MHZ, com HD de 10 GB, memória RAM de 128MB.

Para captação dos sinais eletromiográficos foram utilizados eletrodos de superfície bipolar (Al / AgCl) da marca Meditrace®. Estes dispositivos facilitam o trabalho, pois dispensam o uso de gel.

Para controlar o tempo no repouso basal, contração isotônica concêntrica, contração isométrica voluntária máxima e na respiração da técnica de liberação posicional, foi usado o Cronômetro digital (Technos®).

Para a análise da intensidade da dor foi utilizada a escala visual analógica da dor (EVA) (Sousa, 2002). (Anexo I).

3.5 Tarefas

Após a liberação da universidade de Fortaleza para a realização da pesquisa, os indivíduos foram convocados para participarem de uma reunião, em que foram esclarecidos os procedimentos utilizados na pesquisa, o objetivo geral do estudo e em seguida assinaram o termo de consentimento livre esclarecido. Na realização da pesquisa os indivíduos foram selecionados por ordem de Nº aleatórios fornecido pelo programa Microsoft Excel, e foram submetidos a coleta de dados (Anexo I), para verificar a existência de algum dos critérios inclusão, anteriormente referidos. Em seguida foi realizada a localização do ponto gatilho, cujo procedimento, foi identificação e localização do melhor ponto de tensão do músculo trapézio superior.

3.5.1 Localização do ponto gatilho

Foi feita a avaliação do tipo do ponto gatilho, através da localização de um nódulo miofascial no trapézio fibra superior e uma digito pressão no ponto de dor para identificar se o ponto gatilho era ativo (figura 2). Neste local foi feita uma palpação em pinça com o polegar e os quatros dedos no ponto doloroso (Simons, 1990).

Figura 2: Palpação em pinça do ponto de dor.

3.5.2 Avaliação da intensidade da dor

A intensidade da dor foi analisada através da EVA (Sousa, 2002) (Anexo I),

durante a palpação do ponto de dor. A escala linear é formada com números de 0 à 10, o 0 representa sem dor, 5 dor com intensidade média e 10 uma dor muito forte.

Os participantes receberam orientações básicas sobre o procedimento da técnica de liberação posicional. Quanto aos três períodos em que foram coletados os sinais eletromiogáficos: (i) repouso basal, (ii) contração isotónica concêntrica, durante o movimento de elevação do ombro ativo-resistido com peso de 1 kg na região das mãos e (iii) contração isométrica máxima (máxima resistência colocada pela fixação das mãos no bordo inferior da cadeira, de modo que o sujeito não conseguisse elevar o ombro), do músculo trapézio fibras superior.

Os participantes do sexo feminino, durante a pesquisa tiveram que usar uma roupa que não limitasse o movimento (tope sem alça) e para os homens foram obrigados à retirarem a camisa.

Os participantes foram posicionados sentados numa cadeira sem apoio nas costas, joelhos fletidos a 90º e pés apoiados no chão. Os membros superiores foram posicionados ao lado do corpo, com os cotovelos estendidos, para a realização da captação dos sinais eletromiográficos (Hermes, 2000).

3.5.3 Aplicação da técnica de liberação posicional

Na aplicação da técnica de liberação posicional, os participantes foram posicionados numa marquesa, em decúbito dorsal (barriga para cima) com o braços estendidos ao longo do corpo e as pernas relaxadas sobre a marquesa em extensão (D`Ambrogio e Rothg, 2001) (figura 3).

Figura 3: Técnica de liberação posicional.

3.5.4 Procedimentos e Protocolos

Antes da colocação dos eletrodos, as superfícies de detecção foram devidamente limpas, esfoliadas e quando necessário, uma tricotomia foi recomendada seguindo as recomendações da SENIAM (Surface Electromyography for Non Invasive

Assessment of Muscles), para permitir uma baixa impedância entre a pele e os

Os eletrodos de superfície ativos, foram posicionados no ponto médio entre o ponto de dor (ponto gatilho) e a inserção distal do músculo (local de fusão dos sinais) do lado direito do ponto de dor (a distância de centro à centro entre os eletrodos foi de 2,0 cm no sentido das fibras (Korr, 1974; Wintter, 1990; Weiselfish, 1993 e Hermes, et al., 2000).

A figura 4, evidencia a localização do músculo trapézio, porção superior, cuja localização é 2 a 2,5 cm lateralmente ao ponto médio de uma linha imaginária que vai da 7ª vértebra cervical ao acrômio.

Figura 4: Localização do músculo trapézio fibra superior.

Os eletrodos de referência foram colocados no epicôndilo lateral do lado avaliado (Travell, et al., 1990). Na escolha do músculo, preconizou-se fazer as medidas no músculo trapézio superior, por ser músculo frequentemente acometido (Durret, et al., 1991; Hermes, et al., 2001; Ritze, et al., 2007).

A pesquisa foi dividida em três momentos. No primeiro momento, foi realizada uma gravação de um 1 minuto para detectar os parâmetros do silêncio eletromiografico (tônus repouso basal), do músculo trapézio superior com PGMA e SPGM. No segundo momento, foi efetuada a coleta dos sinais EMGs, durante dez movimentos de elevação dos ombros, em contração isotónica concêntrica, com carga de 1 kg. No terceiro momento, realizou-se o protocolo de contração isométrica voluntária máxima (CIVM), no músculo trapézio fibras superior com PGMA e SPGM,

de acordo com as normas da SENIAM (elevação do ombro - 3 séries x 3 repetições; contrações de 5 segundos com intervalos de 3 segundos) (Hermes, et al., 2001).

A resistência máxima foi obtida com o apoio das mãos na cadeira, em que o individuo puxava o acento da cadeira com a máxima força, tentando elevar o ombro em direção a nuca. Durante a execução desta tarefa, o investigador estímulou, permanentemente, através de comandos verbais, o avaliado, com o propósito de elevar sua atitude e empenhamento, a fim de executar a máxima força isométrica voluntária, que lhe era possível desenvolver. Entre as séries, cada individuo teve um minuto de descanso. O valor obtido na série de contração isométrica, foi o valor médio das somas das três porcentagem das amplitude da EMG e intervalo de descanso muscular.

Após este procedimento, foi realizada a técnica de TLP no músculo trapézio fibras superior com PGMA. O indivíduo encontrava-se em decúbito dorsal, e passivamente, realizou o encurtamento do músculo trapézio fibras superior, fazendo- se uma elevação com abdução de 45º do ombro e látero-flexão da cabeça para o lado do ponto gatilho, posição de conforto (encurtamento do músculo), associado a três ciclos com a 90 segundos de respirações livres (D`Ambrogio e Rothg, 2001). Depois da aplicação da TLP, o membro superior e a cabeça foram colocados, passivamente, na posição inicial. Realizaram-se três ciclos de repetições da TLP (D`Ambrogio e Rothg, 2001). Após a aplicação da TLP, repetiram-se os dois períodos da pesquisa (tônus repouso basal, Contração isotónica concêntrica), do músculo trapézio superior com PGMA. De seguida foi avaliada a intensidade da dor conforme descrito anteriormente (avaliação inicial).

Os sinais de atividades elétricas dos músculos foram coletados e transmitidos para um monitor conectado ao aparelho de EMGs através de um computador. O monitor do aparelho foi posicionado ao nível dos olhos dos participantes, de modo que podessem visualizar os gráficos. Os registros eletromiograficos tiveram taxa de amostragem igual a 2000 HZ e os sinais foram filtrados em 20-450HZ (band- pass

filter). As análises foram realizadas no domínio eletromiográfico RMS (Root Mean Square) em mV. A RMS representa a raiz quadrada da média dos quadrados da

corrente ao longo de todo o ciclo e fornece o número de unidades motoras e a forma de potencial de ação das unidades motoras (Merletti e Parkker, 2004).

A partir do valor RMS do sinal, foi determinado o seu valor médio durante o período de repouso, período de contração isotónica concêntrica e no período de contração voluntária máxima (isometria) nos trapézios com PGMA e SPGM.

Para a comparação da EMG foram adotados os seguintes procedimentos de normalização (Hermes, 2000):

a) Para a análise da condição de repouso, antes e após a TLP nos músculos trapézios fibras superior com PGMA e SPGM os sinais foram normalizados pelos valores obtidos na % CIVM do músculo trapézio PGMA e SPGM. b) Para a análise da condição de contração isotônica concêntrica, antes e após

TLP nos músculos trapézios fibras superior com PGMA e SPGM os sinais foram normalizados pelos valores obtidos na % CIVM do músculo trapézio PGMA e SPGM.

3.6 Análise dos dados

A análise dos dados foi efetuada a partir do recurso do programa estatístico

Statistical Package for Social Science (versão 15.0, SPSS Inc, Chicago). Os dados

foram tratados, tendo em conta duas vertentes: (i) análise descritiva e (ii) análise inferencial.

Na análise descritiva, recorremos a parâmetros de tendência central (média) e de dispersão (desvio padrão, valor médio). A análise da aderência à normalidade foi verificada através do teste de Shapiro-Wilk.

Na análise inferencial e para a comparação dos diferentes valores das médias quanto aos sinais da atividade neuromuscular utilizámos o teste t para amostras independentes, e para a análise dos sinais da atividade neuromuscular do músculo com ponto de gatilho ativo, e nível de intensidade da dor, antes e após a aplicação da TLP recorremos a o teste t para amostras emparelhadas. A associação entre o tónus basal e a intensidade de dor, foi analisada através do coeficiente de

correlação de Pearson (r). Para análise das variáveis categóricas foi utilizado o teste qui-quadrado, por meio do teste exato de Fisher.

Capítulo 4

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