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Trata-se de um estudo exploratório em que se recorrem a estratégias quantitativas e qualitativas.

Privilegiou-se a análise qualitativa para descrever, descodificar e interpretar os dados emergentes da TRVC. O principal objecto de estudo são as interpretações individuais desses mesmos fenómenos, dado que uma abordagem em EMC traz um outro conhecimento, diferente do estado vigil, quer do participante sobre si mesmo (auto-conhecimento), quer do mundo interno inconsciente.

Oliveira (2005), refere que a multiplicidade de perspectivas e interpretações dos fenómenos é a que melhor engloba todas as facetas e componentes de uma realidade, em contraste com a tentativa de resumi-los a regularidades e comportamentos previsíveis.

A mesma fonte refere Lee (1999), como um dos poucos autores que utiliza uma tipologia que procura conjugar as duas grandes abordagens no Design de metodologia mista. Neste tipo de pesquisa os métodos e técnicas de recolha de dados das duas abordagens são conciliados; desenvolve-se um conjunto de actividades complementares obtendo, assim, informações “descritivamente ricas e quantitativamente significativas” (Lee, 1999 citado por Oliveira, T2005, p.20)

Como é usual nos estudos exploratórios estudámos apenas um grupo (em vez da comparação entre grupos). O nosso objectivo é indagar e compreender as características dos fenómenos inerentes à TRV-C, por se tratar de uma técnica relativamente nova aplicada à psicoterapia, sobre a qual ainda não se conhecem muitos estudos sobre a mesma.

Tentou-se compreender as múltiplas interrelações dos dados emergentes, procurando quantificar o antes e depois através dos dados quantitativos como forma de mensurar as mudanças dos mesmos.

O problema prático é a verificação da eficácia da TRV-C na diminuição do stress

e ansiedade nas avaliações escolares, pressupondo que o Stress e Ansiedade têm origem em algum momento traumático (ou sentido como tal) ao longo do desenvolvimento na vida dos participantes. Trata-se de um estudo em que os EMC

surgem como facilitadores do acesso a memórias traumáticas, ou pretensamente traumáticas, que estariam na origem do sintoma de stress e ansiedade actuais, no desempenho académico.

A nossa grande pergunta de fundo é: O stress e a ansiedade nas avaliações escolares podem ser atenuadas através da técnica da TRVC?

9.1 – Dados Quantitativos

Segundo Oliveira (2005) a abordagem quantitativa procura identificar as regularidades do comportamento humano. No nosso estudo esta foi usada como modo de quantificar as mudanças ocorridas nos participantes depois da intervenção, assim como de identificar se os mesmos estiveram em EMC ou se tinham predisposição para experiências dissociativas.

O follow up foi utilizado com o intuito de verificar a permanência dos resultados.

9.2 – Dados Qualitativos

“A abordagem qualitativa tenta englobar toda a diversidade que o comportamento humano pode assumir e manifestar” (D'Oliveira, 2005, p. 19).

Rey (2002) considera que não existe acordo entre os vários pesquisadores dedi- cados à pesquisa qualitativa acerca do processo de produção de conhecimentos na pesquisa qualitativa. Rey cita Bronfenbrenner “O processo de pesquisa, então, não representa uma clara sequência de procedimentos fragmentados que seguem um padrão, mas uma desordenada e complexa interacção entre os mundos conceptual e empírico, em que a dedução e a indução ocorrem a um mesmo tempo” (Rey, 2002, p. 73). E ele diz “…Pensamos que esse processo envolve o pesquisador de forma simultânea no curso dos acontecimentos pesquisados, nos quais participa com suas ideias e diversos caminhos, inclusive devido a suas preferências e estilo pessoal.” (Rey, 2002, p. 67).

Perante a complexidade do ser humano procurou-se aprofundar o conhecimento do ponto de vista qualitativo das mudanças ocorridas durante o processo: descrever, descodificar e interpretar os fenómenos (dados emergentes na TRVC) no universo estudado, já que o principal objectivo do estudo é a interpretação e perspectiva individual dos participantes e a sua subjectividade, no sentido em que REY a define “O tema da subjectividade representa uma definição ontológica diferente dos processos psíquicos (…) expressa-se como um sistema complexo em constante avanço que constitui o sujeito concreto e, por sua vez, é constituída por si de forma permanente, por meio da sua constante produção de sentidos e significados dentro dos diferentes sistemas de subjectividade social em que desenvolve as suas acções.”(Rey, 2002, p. VIII)

Na sua visão de metodologia qualitativa, considera importante não só o que o sujeito fala como o sentido da fala, o envolvimento do sujeito, o que lhe permite uma produção complexa, condição essencial para construir a complexidade dos problemas abordados a partir desta perspectiva qualitativa.

9.3 - Tratamento Estatístico

Para atingir os objectivos deste estudo, perceber se as sessões de TRV-C permitiram um maior controlo da ansiedade, do stress e de sinais exteriores de ansiedade, compararam-se dois momentos diferentes de avaliação destas variáveis, antes da intervenção e depois da intervenção. Procurou-se saber se existiam diferenças significativas entre estes dois momentos. Para tal, recorreu-se a dos tipos de testes estatísticos: o teste de Wilcoxon de o teste de Friedman. Optou-se pela estatística não- paramétrica, uma vez que, a amostra do estudo é muito reduzida, e por não existir uma distribuição normal das variáveis.

A escolha dos testes de Wilcoxon e Friedman deveu-se também ao facto de estar- mos a usar os mesmos sujeitos em duas ou mais situações diferentes, havendo assim um emparelhamento dos resultados.

O teste de Wilcoxon compara a performance de cada sujeito (ou pares de sujeitos) no sentido de verificar se existem diferenças significativas. Este teste baseia-se na diferença de sinais, obtidos da subtracção da situação A à situação B, sua ordenação de grandeza e preponderância dos valores positivos e negativos. Se se verificar a preponderância de valores baixos para um dos lados, significa a existência de muitos valores altos para o outro, indicando a diferença em favor de uma das situações, superior ao que era esperado. Assim, quanto menor for o W mais significativas serão as diferenças nas ordenações entre as duas dimensões (Green, 1991). Este teste foi usado para a análise dos resultados da escala de Ansiedade de Hamilton e o teste de Stress de Cohen.

O teste de Friedman compara a situação de cada sujeito em mais de duas situações, no nosso caso, em três momentos diferentes, antes da intervenção, depois da intervenção e um ano após. Este teste tem por base, não a comparação das diferenças dos resultados, como era o caso do teste de Wilcoxon, mas a diferença na ordenação dos resultados de cada sujeito para as três situações. Se existirem diferenças aleatórias entre os resultados de todas as situações é de esperar que os totais sejam aproximadamente iguais, se as situações forem significativamente diferentes, é de espera que se obtenha resultados de ordens algo diferentes.

As diferentes análises estatísticas foram sempre efectuadas com o programa de computador SPSS.