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2 METODOLOGIA, RESULTADOS E DISCUSSÃO

No documento Anais Completos (páginas 51-55)

Conforme dados coletados no DATASUS (2017), na região Oeste catarinense, em específico nos municípios de Bandeirante, Paraíso, Belmonte, Guaraciaba e São Miguel do Oeste, as principais causas de internações e morbidade entre janeiro de 2012 a março de 2017 foram por doenças do aparelho circulatório, neoplasia, doença do sistema respiratório, causas externas e doenças do sistema digestivo. Em comparação com os dados apontados por Goulart (2011), as principais doenças crônicas existentes e que são um problema mundial são também as principais causas de morbidade nos municípios pesquisa- dos. O que nos faz refletir que esses índices são preocupante e que o NASF, juntamente com a estratégia saúde da família, precisa trabalhar arduamente para mudar esse senário. Foi realizada uma pesquisa em municípios da Região de Saúde de São Miguel do Oeste no Estado de Santa Catarina, envolvendo os cinco municípios de pequeno porte anteriormente citados.

Inicialmente foi realizado um levantamento de dados no Sistema de Informações DATASUS e, posteriormente, entrevistados 14 profissionais dos referidos municípios que se encontravam vincula- dos a equipes do NASF. Foi realizada uma entrevista seguindo um roteiro de questões abertas e fechadas visando contemplar ao objetivo do estudo, que foi investigar a atuação dos profissionais dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) na atenção às condições crônicas em municípios da Região de Saúde de São Miguel do Oeste, SC. A escolha da amostragem (categoria profissionais) foi realizada de forma ale- atória e por acessibilidade, de forma que foi pesquisado um número de cinco municípios que possuem equipes de NASF implantadas. Observa-se que foram seguidas criteriosamente as recomendações quan- to aos cuidados éticos, e os participantes foram esclarecidos sobre o assunto do estudo. O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa institucional, e a coleta dos dados ocorreu após a aprovação do projeto e expedição do parecer favorável.

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Seminário Macrorregional de Saúde Coletiva | Anais Eletrônicos Dados sobre quantidade de pacientes com DCNT em um município é de extrema relevância para um bom planejamento em saúde. Considerando-se essa questão foi questionado aos participantes qual o número de pacientes portadores de DCNT no município em que o profissional está atuando, os partici- pantes 10 e 11 não responderam ao questionamento, já algumas respostas dos demais participantes não condizem com a realidade, quando comparados aos dados obtidos no DATASUS, pois em alguns casos o número de pacientes portadores de DCNT mencionado pelos profissionais é aproximadamente o mesmo número da população residente no município e em outros casos o número é muito baixo, por exemplo, um profissional respondeu que no seu município tem quatro pacientes com DCNT, muito menor do apre- sentado pelo DATASUS. Já outro profissional respondeu que não há nenhum paciente com DCNT, o que não condiz com a realidade.

Ao serem questionados sobre quais as principais causas de morbimortalidade do município, sete profissionais não souberam responder, e os outros sete responderam que são hipertensão, doenças crônicas, infarto agudo do miocárdio, AVC, doenças cardiovasculares, câncer e complicações das doenças crônicas não transmissíveis. Quando requeridos a descrever como se avaliam os resultados das inter- venções realizadas e se utilizam algum método específico para avaliar a efetividade das intervenções, nenhum participante respondeu que utiliza um método específico para avaliação, três participantes ava- liam de forma satisfatória as ações realizadas. E para a avaliação das ações que estão sendo realizadas, as respostas foram todas na mesma linha de conhecimento, como, por exemplo, mediante a evolução dos quadros, relato do paciente, diálogo com a equipe, percepção do profissional, e por meio de fichas de conversas com paciente e familiares, dois profissionais não responderam.

Para realização de avaliações, é importante que gestores, coordenadores e profissionais do NASF definam critérios ou instrumentos orientadores para a avaliação e elaborem instrumentos de interven- ção (plano, matriz ou algo nessa linha) de forma integrada com o planejamento de ações; para isso, as equipes do NASF podem se organizar para acompanhar suas ações e avaliar a efetividade, respondendo se os objetivos definidos foram alcançados, e também deve-se considerar os principais problemas exis- tentes, determinar os problemas prioritários a serem enfrentados e elaborar estratégias de intervenção para superação dos problemas. Outro fator de extrema relevância é o resultado de avaliações anterio- res, assim, é possível observar os avanços alcançados. O acompanhamento das ações desenvolvidas é fundamental para a viabilidade da avaliação da efetividade das ações que estão sendo desenvolvidas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).

4 CONCLUSÕES

As DCNT são consideradas a maior causa de óbitos no mundo, o que se confirmou através desta pesquisa e esta realidade está presente nos municípios pesquisados. A atuação dos profissionais do NASF na atenção a essas condições crônicas é fundamental para mudar esse cenário. Conforme pesqui- sado, o NASF vem realizando um trabalho de prevenção dessas doenças por meio de atividades desen- volvidas com grupos e orientações com a população; seu trabalho, juntamente com o ESF, é de extrema relevância para uma boa abordagem e prevenção dessas doenças. Porém, sugere-se que esse trabalho de prevenção e promoção da saúde seja feito com toda a população, não somente com pacientes portado- res de doenças crônicas. A prevenção e promoção da saúde é o principal meio para evitar e diminuir os índices de doenças crônicas, e estas devem ser trabalhadas antes que uma DCNT se desenvolva em um ser humano saudável.

As equipes do NASF devem estar capacitadas para a atuação na promoção, prevenção e recupera- ção da saúde de pacientes portadores de DCNT. Para que esse trabalho seja feito efetivamente o primeiro

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passo é que todos os integrantes do NASF conheçam e saibam do que a população do seu município mais adoece e que doenças levam a população ao óbito, para então apontar as prioridades e os locais mais crí- ticos onde deverão se concentrar esforços para atuarem. Todos esses dados estão disponíveis no sistema DATASUS e em poucos minutos é possível saber a principal causa de morbimortalidade do município e assim trabalhar especificamente direcionado às necessidades dessa população. Toda equipe deve estar treinada para essa abordagem holística e humanizada, NASF e ESF devem atuar juntos para mudar esse cenário que afeta não somente a população dos municípios pesquisados, mas do mundo todo.

A devolução dos resultados da presente pesquisa acontecerá em reunião com os NASF, quando serão apresentados a todos os municípios gráficos e tabelas, mostrando as principais causas de morbi- mortalidade de cada município. Será realizada uma capacitação sobre o que são DCNT, e os profissionais aprenderão a coletar dados no sistema DATASUS, visto que em alguns municípios a busca por esses da- dos e o que são doenças crônicas não está bem esclarecido. Ainda, sempre haverá disponibilidade para serem realizadas mais capacitações com NASF juntamente com ESFs, pois o trabalho de cada uma das unidades às vezes não é bem diferenciado, e estes precisam trabalhar juntas para a realização de um trabalho com excelência. A capacitação a o aprimoramento continuo é de extrema importância para um atendimento de qualidade.

REFERÊNCIAS

BRASIL. DATASUS. Informações de Saúde (TABNET). Epidemiológicas e morbidade. Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0203&id=6927& VObj=http://tabnet.data- sus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sih/cnv/nr>. Acesso em: 27 maio 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. (Cadernos de Atenção Básica, n. 39).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretri- zes do NASF - Núcleo de Apoio a Saúde da Família. Brasília, DF: Ministério da saúde, 2009. (Caderno de Atenção Básica, n.27). Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_aten- cao_basica_diretrizes_nasf.pdf>. Acesso em: 08 maio 2017.

GOULART, F. A. de A. Doenças Crônicas não Transmissíveis: estratégias de Controle e desafios e para os Sistemas de saúde. Brasília, DF, 2011.

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O CUIDADO DE ENFERMAGEM ÀS PESSOAS PÓS-TENTATIVA

No documento Anais Completos (páginas 51-55)