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Optamos por uma metodologia de caráter indutivo, ou seja, valorizando a experiência como ponto de partida para a generalização do conhecimento, pois segundo Freixo (2011), é a procura da verdade por intermédio da comprovação de hipóteses, que funcionam como elos entre a observação da realidade e a teoria científica que explica a realidade.

Tendo em conta a natureza dos objetivos a atingir, o presente trabalho conduz à aplicação de uma abordagem investigativa qualitativa, uma vez que dá uma maior ênfase à descrição e a compreensão dos fenômenos sociais através da interpretação do seu sentido. Para Michel (2009, p. 36-37):

A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica, particular, contextual e temporal entre o pesquisador e o objeto de estudo. Por isso, carece de uma interpretação dos fenômenos à luz do contexto, do tempo, dos fatos. O ambiente da vida real é a fonte direta para obtenção dos dados, e a capacidade do pesquisador de interpretar essa realidade, com isenção e lógica, baseando-se em teoria existente, é fundamental para dar significado às respostas.

De acordo com Bell (2010, p.20), “investigadores que adotam uma pesquisa qualitativa, estão mais interessados em compreender as percepções individuais”. Por sua vez, Bodgan e Biklen (1994, p.11) destacam que a investigação qualitativa, ao enfatizar “descrições, indução, a teoria fundamentada e o estudo das percepções pessoais”, permite-nos investigar um fenômeno em toda a sua complexidade e em contexto natural, com o objetivo de conhecer as opiniões e o comportamento das pessoas envolvidas no estudo. Michel (2009, p. 37) enfatiza que:

Na pesquisa qualitativa, a verdade não se comprova numérica ou estatisticamente, mas convence na forma da experimentação empírica, a partir de análise feita de forma detalhada, abrangente, consistente e coerente, assim como na argumentação lógica das ideias, pois os fatos em ciências sociais são significados sociais, e sua interpretação não pode ficar reduzida a quantificações frias e descontextualizadas da realidade.

Segundo Triviños (1995), o pesquisador qualitativo deve considerar que o seu garimpo por dados deve envolver uma participação pessoal, própria de quem quer obter as informações desejadas como o caminho mais adequado para a consecução do seu objetivo. Nessa perspectiva, os instrumentos mais indicados para uma pesquisa qualitativa seriam: a entrevista semiestruturada, a entrevista aberta ou livre, o questionário, a observação livre, o método clinico e o método de análise de conteúdo.

Nosso estudo insere-se num quadro de investigação de natureza qualitativa e de aspecto comparativo, já que, pretendemos analisar a repercussão da ação do supervisor pedagógico no desenvolvimento profissional dos professores e os seus reflexos na aprendizagem dos alunos, bem como comparar as percepções dos professores e alunos quanto à problemática em estudo.

Assim estamos perante um procedimento metodológico de estudo de caso, já que se afirma, essencialmente, por investigar um fenômeno atual no seu contexto real. O interesse é explicar, controlar e predizer, ou seja, a sua finalidade neste contexto é descrever de forma intensiva os comportamentos de um grupo. Michel (2009, p. 53) esclarece que:

O método do estudo de caso consiste na investigação de casos isolados ou de pequenos grupos, com o propósito básico de entender fatos, fenômenos sociais. Trata-se de uma técnica utilizada em pesquisas de campo que se caracteriza por ser um estudo de uma unidade, ou seja, de um grupo social, uma família, uma instituição, uma situação específica, uma empresa, um programa, um processo, uma situação de crise, entre outros, com o objetivo

de compreendê-los em seus próprios termos, ou seja, no seu próprio contexto.

No entanto, estamos conscientes que a importância de uma investigação está patente de igual forma na sua validação externa, isto é, na possibilidade da sua generalização. Michel (2009, p. 54) acrescenta que quanto a importância do estudo de caso:

[...] reside no fato de que o seu estudo não apenas gera uma competência teórica para análise crítica e qualitativa de uma situação, como também cria uma referência de atuação, um modelo a ser seguido em situações futuras, nas quais os mesmos elementos de análise se fizerem presentes.

Segundo Yin (2001 apud FREIXO, 2011, p. 31), “o estudo de caso apenas permite ajudar a surgir novas teorias ou ajudar a confirmar ou informar as teorias já existentes e nunca a contribuir para generalizações alargadas”. Na perspectiva de Bell (2010, p. 16) “a procura de relações ou semelhanças entre o que é descrito e o que acontece em outros locais podem ser válidas sempre que promovam a melhoria da educação”.

Contudo, nesta investigação em concreto, em que existe um enfoque determinado, sem continuidade temporal e não limitado por um ponto de partida e de chegada (FLICK, 2005), será mais apropriado designá-lo como um caso em estudo, já que, efetivamente se concentra a uma escola e a uma população singular, subdividida em dois grupos, professores e alunos.

Conforme Yin (2001, p. 2), um estudo de caso “é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, principalmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. Ainda Yin relembra (2001) que a metodologia do estudo de caso requer exigências intelectuais e emocionais por parte do investigador que outras estratégias metodológicas descuram. Lidar com a sensatez no relacionamento social durante o processo investigativo parece ser uma tarefa bastante árdua. Principalmente se pensarmos que o investigador deve integrar-se no meio sem se implicar totalmente, deve estabelecer uma relação empática com os seus informantes, sem se tornar demasiado familiar e deve estar atento a tudo sem ser indiscreto.

Deste modo, é com essa demanda que nos propomos a analisar o papel do supervisor pedagógico no desenvolvimento profissional dos professores e seus reflexos na aprendizagem dos alunos, através da utilização da aprendizagem cooperativa, partindo da percepção dos professores, por meio desse estudo de caso, e tentar possibilitar a partilha de convicções e tópicos para processos de mudança dentro do contexto escolar.

Como o estudo de caso exige um estudo aprofundado, qualitativo, no qual se procura reunir o maior número de informações sobre o objeto em estudo, de acordo com Michel (2009, p. 53) deve-se utilizar variadas técnicas de coletas de dados, “para apreender todas as variáveis da unidade analisada e concluir, indutivamente, sobre as questões propostas”. Apresentaremos nesse capítulo as técnicas de recolha de dados selecionado para o presente estudo.