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CAPÍTULO III – TAXA DE CORTE SUSTENTADA EM FLORESTA OMBRÓFILA DENSA

3.3 Metodologia

3.3.1 Coleta dos dados

A floresta deste estudo é constituida de uma área de 4.211,67 ha, com 2000 ha destinada a manejo, sendo a pesquisa realizada em um compratimento de 547 ha.

Os dados básicos foram originados do levantamento 100% (censo) de todas as árvores do compartimento com DAP acima de 40 cm (centro de classe de 45 cm de DAP) e de seu processamento. Informações complementares (como frequência das classes de 15 a 35 de DAP) foram definidas a partir de informações obtidas em parcelas permanentes. Também o estudo de crescimento em DAP foi feito por meio das parcelas permanentes. Para esses estudos, foram alocadas 10 parcelas permanentes dentro das áreas de manejo florestal. As parcelas possuem 1ha (100 m x 100 m) e são subdivididas em 100 sub-parcelas com 100 m2 (10 x10 m) cada. Todas as árvores com DAP igual e maior que 20 cm foram plaquetadas, identificadas e medidas. Em 20 sub-parcelas sorteadas, também foram medidas e identificadas todas as árvores com DAP igual e maior que 5 cm. O período de estudo foi de cinco anos.

3.3.2 Avaliação do incremento das espécies de interesse Para este trabalho foram realizados:

- Prévia seleção das espécies com potencial econômico e de extração, considerando restrições de densidade relativa (maior ou igual a 1%) e permanência de 10% por espécie e classe de DAP, bem como restrições relativas à legislação.

- Foram identificadas as espécies com mercado local, regional ou de exportação, segundo os critérios da empresa em que foi realizado o trabalho.

- O incremento periódico anual percentual em volume (IPAv%) das espécies de interesse foi identificado pelos valores médios alcançados nas parcelas permanentes (PP) instaladas na área, obtidos no período de 5 anos, considerando apenas as árvores com DAP igual e acima do comercial. O incremento periódico anual percentual em volume foi obtido pela fórmula:

IPAv% = 100. [1- (d1/d2)²] (1)

Sendo:

IPA = Incremento periódico anual percentual em volume; d1= diâmetro à altura do peito na primeira medição; d2= diâmetro à altura do peito na segunda medição.

Essa fórmula desconsidera os fatores altura e forma das árvores, pois é indicada para o cálculo da taxa de incremento de árvores adultas, nas quais ocorre pouca mudança na altura formal (SCHNEIDER e SCHNEIDER, 2008).

- As espécies foram agrupadas de acordo com o ritmo semelhante de IPA. O intervalo entre as classes foi de 1%.

3.3.3 Determinação da taxa de corte sustentável em base ao IPA percentual em volume por grupos

Depois de agrupadas as espécies por IPA percentual em volume semelhante, foi calculada, para cada grupo, a intensidade de corte permitida. Esse método se baseia na teoria de que os crescimentos anuais volumétricos de uma árvore ou povoamento acumulam-se segundo a lei dos juros compostos. A ideia básica é que a floresta possa repor o volume de corte durante o período de tempo, definido pelo

ciclo de corte estabelecido, garantindo a sustentabilidade de produção da floresta (SCHNEIDER; FINGER, 2000).

A intensidade de corte é obtida pela expressão (SCHNEIDER, 1993):

(2)

Sendo:

IC = intensidade de corte, em percentagem do volume; i = incremento periódico anual percentual em volume; cc = ciclo de corte em anos.

A taxa de corte é então obtida por:

TC = {Vr . IC/100} (3)

Sendo:

TC = taxa de corte em volume para o ciclo de corte; Vr = volume real da floresta disponível, em metros cúbicos.

O ciclo de corte considerado foi de 25 anos.

3.3.4 Método de regulação utilizado

A estrutura básica do método foi o sistema da área basal-máximo dap-q (BDq) mencionado anteriormente. Nesse método, quatro são seus elementos principais (FIEDLER, 1995): 1) densidade residual ou área basal pós-corte; 2) diâmetro máximo de corte; 3) estrutura da floresta ou quociente “q” (razão entre o número de árvores em classes sucessivas); 4) ciclo de corte.

Inicialmente, será utilizado o conceito de floresta balanceada, procurando-se um “q” (constante de Lioucourt) compatível para utilização das classes de maneira racional, possibilitando uma sugestão de intervenção balanceada, garantindo uma área basal remanescente definida (ALEXANDER; EDMINSTER, 1977). O valor de “q” é importante como critério para regulação, uma vez que pode orientar a decisão sobre o momento, intensidade e seleção de árvores para o corte (AHRENS, 1990).

No método de Liocourt, as classes maiores devem ser eliminadas, porque seu incremento está abaixo do ritmo das classes menores (SCHNEIDER; FINGER, 2000). Como será visto em capítulos posteriores, há um limite ideal econômico para eliminação dessas classes. A aplicação dos cortes seguirá as regras da seleção silvicultural.

3.3.5Ajuste da taxa de corte sustentável com a área basal remanescente desejada A taxa de extração sustentável está intimamente ligada ao método de regulação a ser utilizado na floresta. Nesse caso, o método de área basal - máximo dap-q.

A equação densidade para as classes de diâmetro foi ajustada, direcionando as classes de interesse e eliminando as classes maiores, visando otimizar o incremento e definindo o diâmetro máximo desejado.

Assim, foi realizado para cada grupo, o ajuste, segundo a equação de Meyer, a seguir:

adi

i Ke

N = . − . (4)

Sendo:

Ni = frequência por classe de diâmetro; di = centro de classe de diâmetro; k e a = coeficientes; e = base do logaritmo neperiano.

A equação de cada grupo foi processada pelo sistema Statistical Analisys System, versão 9.1 (SAS Institute Inc., 1999).

O diâmetro máximo desejado, segundo a situação e dependendo da estrutura do grupo, oscilou entre 65 e 75 de DAP. Como as classes diamétricas muito grandes devem ser eliminadas, em cada análise de grupos de espécies identificou-se a partir de qual classe se faria essa eliminação, dentro do compromisso de tentar manter o máximo de estrutura da floresta dentro da taxa de corte permitida. O diâmetro máximo desejado pode ser definido por critérios como o aproveitamento técnico e a otimização do incremento em valor (SCHNEIDER; FINGER, 2000).

Liocourt determina que a área basal remanescente desejada é que define as possibilidades de corte, assim, em cada grupo de espécies, parte-se da taxa de corte calculada em volume e subtrai-se do volume disponível. O resultado em

volume é transformado em área basal e corresponderá à “área basal remanescente desejada”. Assim, fica compatibilizada a área basal remanescente desejada ao ritmo de crescimento das espécies.

Caso o resultado não cubra a taxa de corte sustentada calculada, a equação deve ser reajustada ainda segundo os conceitos de Liocourt. Considerando o quociente b1 da equação ajustada, será calculado o “q” (constante de Liocourt) para o povoamento atual:

q=eb1.(xixi+1) (5)

Sendo:

xi = centro de classe de diâmetro; xi+1 = centro de classe de diâmetro i+1.

Imediatamente, define-se um novo quociente de Liocourt, visando direcionar o corte para os diâmetros de maior interesse. Depois de definido o novo “q”, calcula-se o novo b1:

(

1

)

1 ln + − = i i x x q b (6)

Em seguida, calcula-se o novo coeficiente bo pela fórmula:

(

)

     ∑ = i x b i e x G b0 2 . 1 . 40000 . ln (7) Sendo:

G = área basal remanescente desejada.

3.3.6 Avaliação da qualidade dos fustes

Os fustes foram avaliados de acordo com a seguinte classificação (GLUFKE e al.,1994):

CÓDIGO: DEFINIÇÃO:

1 - Fuste bem formado, retilíneo, com mais de 70% de

aproveitamento.

2 - Fuste pouco tortuoso ou apresentando alguns nós, geralmente

com mais de 50% de aproveitamento.

3 - Fuste tortuoso ou grande números de nós, com aproveitamento

limitado, abaixo de 50%.

Para o cálculo do volume dos dados de campo, foi utilizada uma equação de simples entrada desenvolvida para a floresta em estudo, relativa ao volume comercial medido em 48 árvores distribuidas nas espécies de interesse. Seu processamento também foi realizado no sistema Statistical Analisys System, versão 9.1 (SAS Institute Inc., 1999).