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A pesquisa é de nível exploratório, já que traz um estudo a partir de uma visão mais geral da área, permitindo o desenvolvimento de pesquisas mais aprofundadas em trabalhos posteriores (GIL, 2010).

A pesquisa é qualitativa, visto que o próprio objeto das ciências sociais é “essencialmente qualitativo” (MINAYO, 1996). Segundo Minayo (1996, p. 15)

a realidade social é o próprio dinamismo da vida individual e coletiva com toda a riqueza de significados dela transbordante. Essa mesma realidade é mais rica que qualquer teoria, qualquer pensamento e qualquer discurso que possamos elaborar sore ela.

Isso mostra que a análise da realidade será eficiente desde que se busque uma visão subjetiva. Mesmo com a dificuldade de se apreender a realidade, pelo que já foi visto acima, alguns instrumentos práticos e teóricos “ainda que de forma incompleta, imperfeita e insatisfatória” podem ser utilizados para se fazer uma aproximação da vida humana e social (MINAYO, 1993, p. 15). Neste mesmo sentido, Richardson (2012, p. 79) afirma que “a abordagem qualitativa de um problema, (...), justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social”.

Segundo Strauss e Corbin (2008) qualquer tipo de pesquisa que alcance resultados que não podem ser alcançados por meio de procedimentos quantitativos pode ser denominada qualitativa. Mesmo que haja dados e resultados numéricos, “o grosso da análise” é essencialmente qualitativo.

Assim a pesquisa qualitativa, “trabalha com o universo de significados, motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes [que] não podem ser reduzidos à operacionalizações de variáveis” (MINAYO, 1996, p. 22). Estes processos e fenômenos são passíveis de interpretação por parte do pesquisador, interpretando- os e atribuindo-lhes um significado (CHIZZOTTI, 2006), o que nos mostra o caráter ativo do pesquisador, que passa a ter um papel imprescindível para a pesquisa qualitativa.

O método escolhido foi a teoria fundamentada, que consiste em uma análise qualitativa dos dados obtidos durante a pesquisa de campo, buscando formular teorias a partir dos resultados destas análises. Segundo Strauss e Corbin (2008, p.25) “a teoria derivada dos dados [ou teoria fundamentada] tende a se

parecer mais com a ‘realidade’ do que a teoria derivada da reunião de uma série de conceitos baseados em experiência ou somente por meio da especulação”.

Para entender o conceito de teoria fundamentada é necessário que se apreenda e se diferencie os termos descrição, ordenamento conceitual e teorização.

A descrição, de acordo com Strauss e Corbin (2008), consiste no uso de palavras para a transmissão da imagem mental de um fato ou fenômeno. Nesse nível não há interpretação de dados ou conceitos.

O próximo passo é o ordenamento conceitual que se refere, segundo Strauss e Corbin (2008, p. 32), “à organização dos dados em categorias discretas (e algumas vezes, classificação) segundo suas propriedades e dimensões e

depois usando a descrição para elucidar essas categorias” (grifo do autor). A

descrição é pressuposto para o ordenamento conceitual, que por sua vez, é “precursor da teorização”.

O ordenamento conceitual não precisa, obrigatoriamente, se prender às dimensões dos dados. Os dados podem ser ordenados segundo passos ou estágios ou mesmo de acordo com os tipos de atores ou ações (STRAUSS E CORBIN, 2008). Os dados organizados durante esta fase são extraídos ou são conhecidos durante a descrição.

As categorias aplicadas durante o ordenamento conceitual podem ser algumas já levantadas por pesquisadores ou o pesquisador pode criar, se necessário, seu próprio sistema de categorias para interpretar o material de estudo (RICHARDSON, 2012, p. 82).

A teorização é o passo seguinte. Trata-se de um processo que não apenas concebe ou intui ideias (conceitos), mas também formula essas ideias em um esquema lógico, sistemático e explanatório. Para que se torne teoria, uma ideia deve ser considerada a partir “de muitos ângulos e ideias diferentes” (STRAUSS E CORBIN, 2008, p. 34). Depois de formada a teoria passa a ser “mais do que um conjunto de resultados; ela oferece uma explicação sobre os fenômenos” (STRAUSS E CORBIN, 2008, p. 35).

Percebe-se que até comporem uma teoria, os dados sofrem a codificação, que é o conjunto de “processos analíticos por meio dos quais os dados são divididos, conceitualizados e integrados para formar a teoria” (STRAUSS E CORBIN, 2008, p. 18).

Essa codificação dos dados segue três processos: a codificação aberta, a codificação coaxial e a codificação seletiva. Na codificação aberta o objetivo é criar categorias e suas propriedades. No passo seguinte, durante a codificação coaxial, ocorre o desenvolvimento sistemático das categorias, sendo associadas às subcategorias. Ao integrar as categorias chega-se à teoria. Nesta última etapa – a codificação seletiva – quando as categorias são refinadas e integradas formando um esquema teórico maior e mais consistente (STRAUSS E CORBIN, 2008, p. 143).

Seguindo estes passos, partindo de um conjunto de dados coletado chega-se a uma teoria que explica os fatos que serviram como objeto de pesquisa.

4.1 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados utilizou-se a observação direta extensiva, com a aplicação de questionário que, segundo Marconi e Lakatos (2012, p. 111), “é constituído por uma série de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do pesquisador” facilitando a aplicação e a coleta das respostas.

Segundo Gil (1999, p. 129) o questionário pode ser definido “como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas, etc.”. A escolha pelo questionário se deu pela possibilidade de o mesmo atingir um público vasto e poder ser divulgado por canais diferentes de comunicação.

Neste trabalho os questionários foram aplicados online na página do Ferroviário Atlético Clube no Facebook. A página é administrada por funcionários do próprio clube e é direcionada a torcida. Lá são divulgadas informações diversas sobre o clube como datas e resultados dos jogos, escalações, promoções, informações sobre programa de sócios, etc.

O questionário foi elaborado através da ferramenta Google Docs. e foi disponibilizado no feed de notícias da página do Ferroviário. O formulário ficou aberto a respostas durante 4 dias, entre 2 e 5 de junho de 2016, recebendo 96 respostas.

4.2 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO

As perguntas objetivas do questionário servirão para construir o perfil do público que participou da pesquisa. As questões sobre satisfação, interatividade e confiabilidade ajudarão para nos fornecer a opinião direta de cada um sobre os meios de comunicação pelos quais eles acompanham o futebol. As questões abertas terão uma análise mais profunda, dentro do método da teoria fundamentada.

A primeira etapa de análise e interpretação foi a codificação aberta. Nesse momento, após a leitura de cada resposta retiramos os conceitos e as ideias principais de cada uma agrupando-as por similaridade. Assim formamos grupos de conceitos e ideias dentro de categorias gerais de análise dos dados.

Na etapa seguinte – codificação axial – as categorias criadas foram sistematizadas e subdividas em categorias menores a partir de conceitos mais específicos. As subcategorias resultantes deste processo abarcaram as respostas segundo suas especificidades, porém não houve uma divisão restrita, pois algumas respostas poderiam ser encaixadas em mais de uma subcategoria.

Assim, -- já dentro da codificação seletiva, que corresponde à terceira etapa -- as respostas serão analisadas dentro da categoria a que foi alocada, porém isto não excluirá outras possibilidades que a(s) resposta(s) possa(m) nos levar, visto que algumas foram um pouco mais complexas no sentido de terem trazido mais de uma ideia não podendo ser restrita a uma única categoria ou subcategoria. Portanto, algumas respostas podem ser retomadas mais de uma vez durante a análise, segundo a necessidade de se abordar um ou outro ponto dependendo da subcategoria em que a encaixamos.

Assim voltamos aos objetivos, buscando identificar na análise pontos onde conseguimos executá-los.

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