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Capítulo 2 – Estado de Arte

2.5 Metodologia Tradicional vs Metodologia BIM

As metodologias em estudo apresentam entre si algumas semelhanças, mas acima de tudo, diferenças. A metodologia tradicional ainda continua a ser uma abordagem utilizada na maior parte das empresas do setor da construção, muitas vezes causado pela necessidade de grandes mudanças na maneira de trabalhar, mas também pelo forte investimento que é necessário para

adotar as metodologias BIM. No entanto, este paradigma tem vindo a ser alterado com o passar dos anos, sendo que a procura por implementar o BIM em empresas do setor da construção tem vindo a aumentar substancialmente, tal como se tem vindo a referir ao longo desta dissertação.

No que diz respeito à representação e construção de um projeto (BIM 3D), pode-se afirmar que metodologia tradicional assenta na construção através da utilização de sistemas CAD, tratando- se de uma automatização da tarefa de desenhar à mão. Neste caso, o CAD está direcionado para a construção de peças em duas dimensões (2D), mas também permite criar modelos geométricos em três dimensões (3D). Tudo isto é conseguido porque o próprio sistema fornece uma série de entidades geométricas planas (pontos, linhas, curvas, polígonos) e tridimensionais (cubos, esferas, cilindros). Apesar disso, permite apenas retirar alguns dados, nomeadamente, dimensões, orientações, áreas e volumes. Relativamente às capacidades do BIM nesta diretriz, esta metodologia permite formar famílias de objetos, os quais são ou podem ser usados para a construção do edifício. Adicionalmente, a estes elementos é possível fornecer um conjunto de informação, tais como o tipo de materiais, dimensões, fornecedores, preços, entre outros. Estas informações/valores vão sendo atribuídos ao longo da criação do projeto, sendo que podem ser alterados a qualquer momento, conduzindo à atualização dos cortes, plantas e alçados, de forma automática. Neste caso, a geometria é integralmente desenvolvida em 3D, o que permite uma mais rápida compreensão do projeto, podendo-se considerar que o BIM se trata de uma metodologia de projetar edifícios com fiabilidade e rapidez, através da colaboração entre diversas equipas de projeto, levando a que o trabalho efetuado seja feito sob o principio de um projeto colaborativo. Ao mesmo tempo, a atribuição de propriedades dos elementos faz com que o modelo deixe de ser um simples modelo digital e passa a ser um modelo paramétrico (Simões 2013).

No que diz respeito ao planeamento de obra, as diferenças entre as metodologias em estudo estão relacionadas com a capacidade de diferentes tarefas ocorrerem em simultâneo em diferentes localizações. Neste caso, a metodologia tradicional assenta essencialmente na elaboração de um planeamento através dos métodos CPM. Tal como já foi anteriormente referido, este método é geralmente representado através de gráficos de Gantt, tradicionalmente conhecidos como diagramas de barras. O grande objetivo de um planeamento é organizar da melhor forma possível a realização de todas as tarefas necessárias para a construção do que está projetado, procurando-se alcançar o planeamento perfeito e paralelamente controlar a produção de todo o projeto. Estes diagramas foram projetados para apenas conseguirem planear a carga

de trabalhos, prazos e responsabilidades. Contudo, todo este processo é descrito numa única localização, não sendo capaz de planear e monitorizar múltiplas equipas de trabalho em diferentes locais simultaneamente. Contrariamente, a metodologia BIM utiliza o método baseado nas linhas de balanço (LOB), método usado com o objetivo de dar resposta às limitações impostas pelos métodos CPM. Assim sendo, permite organizar o planeamento em múltiplas localizações, representação da continuidade das tarefas, visualização de dependências, movimento de recursos e planeamento de equipas e respetiva produtividade. Genericamente, permite a representação gráfica do planeamento numa única vista de todas as atividades e localizações. A linha de balanço permite uma visualização e análise dos trabalhos o que leva a uma otimização da gestão do projeto, devida à alteração da produtividade das atividades, à continuidade de trabalhos e ao melhor aproveitamento das várias localizações da obra. As alterações podem ser causadas pela variação da produtividade e/ou alteração na composição e/ou número de equipas de trabalho. Além disso, no LOB pode-se representar em simultâneo três cenários, nomeadamente: o planeado, o real e o previsto, não sendo isso possível na representação de um método CPM (ndBIM Virtual Building 2015).

Para concluir, ainda é possível fazer uma comparação entre as duas metodologias tendo em conta a análise dos processos associados a cada uma das abordagens no que diz respeito à construção do orçamento. Os orçamentos de construção civil exigem o levantamento dos serviços a executar, as respetivas quantidades, preços unitários e o preço global do investimento. Esse levantamento é feito a partir da análise do projeto desenvolvido, das especificações técnicas e das plantas do projeto. A metodologia tradicional obriga que todo esse processo seja feito manualmente, podendo dar origem a erros, propagando-se ao longo de todo o orçamento, os quais se refletem no custo final do empreendimento. Estudos efetuados, afirmam que o levantamento de quantidades tendo em conta uma abordagem tradicional pode consumir entre 50 a 80% do tempo de um orçamentista em apenas um projeto. Em contrapartida, quando se trata da metodologia BIM as quantidades são extraídas automaticamente, o que permite uma redução significativa do tempo necessário para executar essa tarefa. Além disso, sempre que seja feita alguma alteração ao projeto inicial, essas são atualizadas instantaneamente, contrariamente ao método convencional. A precisão dos resultados obtidos a partir da abordagem BIM também é um dos fatores diferenciadores comparativamente à metodologia tradicional. Contudo, todos estes fatores estão relacionados com o tipo de modelação realizada, ou seja, quanto melhor for a modelação, maior é a precisão e a rapidez em fazer o levantamento das quantidades (Santos et al. 2014).

Ainda, a metodologia BIM apresenta outras ferramentas que a metodologia convencional não apresenta ou pelo menos não permite uma visualização tão imediata, isto é, podem ser utilizadas para visualização, fabricação, avaliação das normas, gestão de facilidades, sequenciamento construtivo, deteção de colisões, simulações, levantamento de quantidades, orçamentação, entre outras (Santos et al. 2014). Em suma, os resultados extraídos através de uma abordagem BIM apresentam um grau de confiabilidade superior comparado com a metodologia convencional (Costa & Serra 2014).

CAPÍTULO 3 – CASO DE ESTUDO – PROJETO SAKTHI PORTUGAL