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Apresenta-se neste capítulo a metodologia seguida neste trabalho.

3.1.Definição da área de estudo

O primeiro passo foi proceder à definição da área de estudo. O Sítio de Interesse Comunitário (SIC) da Serra da Lousã foi escolhido devido à dominância de áreas florestais nesta zona do país e devido à existência de importantes valores naturais. Assim, a restauração florestal, em especial acções de restauração que permitam aumentar a extensão da floresta nativa com o objectivo de conservação da biodiversidade e melhorar a qualidade das áreas florestais, através do aumento da sua resiliência e recuperação das suas funções ecológicas, podem ser particularmente relevantes para este local.

A área de estudo foi limitada às zonas do SIC da Serra da Lousã existentes nas cartas militares 252 e 264, não sendo coberta a zona norte deste SIC. A exclusão desta zona não se deve à sua irrelevância quanto à existência de zonas importantes para a conservação da biodiversidade e de floresta nativa mas sim à inexistência de uma carta de solos para esta zona, em formato digital ou analógico. Sendo a carta de solos um elemento essencial para o trabalho a realizar, esta zona não foi considerada para o desenvolvimento do modelo proposto. No entanto, devido à importância de algumas zonas não consideradas, especialmente as zonas de vegetação ripícola presentes na Serra da Lousã, algumas das acções propostas para a área de estudo deste trabalho podem ser consideradas outras zonas da Serra da Lousã que se encontram fora dos limites da área de estudo definida.

3.2. Aquisição e tratamento da informação bibliográfica e da cartografia base

Procedeu-se em simultâneo à aquisição da cartografia para a área de estudo: o Modelo Digital do Terreno (MDT), carta de solos em formato TIFF nº 252 e 264 e cartografia em formato vectorial para Portugal Continental proveniente do Atlas do Ambiente: precipitação total anual, temperatura média anual, pH do solo, litologia, biogeografia, fitogeografia, valores naturais, paisagem. Também foi obtida a carta de ocupação do solo em 1990 (COS90) correspondente às folhas nº 252 e 264, a carta dos habitats naturais para o SIC Serra da Lousã, elaborada pelo ICNB, a Carta de Risco de Incêndio Florestal em 2010 (CRIF 2010) e a Carta Administrativa Oficial para Portugal Continental em 2009 (CAOP 2009). A Tabela 3.1 sistematiza o tipo e fonte de informação cartográfica utilizada para caracterizar a área de estudo e utilizada para a modelação da vegetação potencial da Serra

Tabela 3.1 - Cartografia utilizada para a caracterização da área de estudo Variável ou tema da cartografia Tipo de variável Tipologia Escala/ resolução Produtor/Detentor Ano

Tipo de solo* Qualitativa

(nominal) Imagem em formato TIFF

1:25.000 IDRHa 1994

Ocupação do solo* Qualitativa

(nominal) Formato vectorial 1:25.000 IGP 1990 Altimetria*: Modelo Digital do Terreno (MDT) Quantitativa Formato raster 30 m ESRI 2009

Declive* Quantitativa Formato

raster

30 m Obtida a partir do MDT 2010

Exposição* Quantitativa Formato

raster

30 m Obtida a partir do MDT 2010

Radiação Global* Quantitativa Formato

raster 30 m Obtida a partir do MDT 2010

Linhas de água Não aplicável Formato

vectorial 30 m Obtida a partir do MDT 2010

Índice de humidade Ordinal Formato

raster

30 m Obtida a partir do MDT 2010

Habitats naturais do SIC da Serra da

Lousã

Não aplicável Formato

vectorial

1:100.000 ICNB 2006

Acidez e Alcalinidade

dos solos Ordinal Formato vectorial 1:1.000.000 F. Câmara Freitas (EAN) 1979

Temperatura média

diária do ar* Ordinal Formato vectorial 1:1.000.000 Serviço Meteorológico Nacional 1974

Precipitação Total

Anual* Ordinal Formato vectorial 1:1.000.000 Servico Meteorológico Nacional 1974

Unidades litológicas* Qualitativa

(nominal) Formato vectorial 1:1.000.000 A. M. Soares da Silva (EAN) 1982 Valor Ecológico do

solo* Ordinal Formato raster 30 m Obtido a partir da carta de solos vectorizada 2010

Risco de Incêndio

Florestal* Ordinal Formato vectorial 1:25.000 IGP 2010

Biogeografia Não aplicável Formato

vectorial 1:1.000.000 Associação. Lusitana de Fitossociologia 1998 Zonas Fitogeográficas Predominantes

Não aplicável Formato

vectorial

1:1.000.000 João do Amaral Franco 1994

Valores Naturais Não aplicável Formato

vectorial 1:1.000.000 Albuquerque (Estação J. de Pina Manique e Agronómica Nacional)

1984

Paisagem Não aplicável Formato

vectorial

1:1.000.000 J. de Pina Manique e

Albuquerque (EAN)

1984

Zonas Ecológicas Não aplicável Formato

vectorial 1:1.000.000 J. de Pina Manique e Albuquerque (EAN) 1982 Limites Administrativos

Não aplicável Formato

vectorial

1:25.000 IGP 2009

Regiões Naturais Não aplicável Formato

vectorial

1:1.000.000 J. de Pina Manique e

Albuquerque (EAN)

1984

Árvores Notáveis Não aplicável Formato

vectorial

1:1.000.000 Mário Nunes (EAN) 1997

Nota: só é indicado o tipo de variável para as variáveis incluídas no modelo. Para a cartografia em formato vectorial é indicada a sua escala e para a cartografia em formato raster é indicada a sua resolução. Variáveis ambientais consideradas para o modelo indicadas com (*).

Foi recolhida informação acerca dos habitats e valores naturais existentes na área de estudo tendo por base o Plano Sectorial da Rede Natura 2000 e foi efectuada uma revisão bibliográfica dos requisitos ecológicos das principais espécies associadas aos habitats com maior valor de conservação tendo por base:

- A caracterização edafo-climática das diferentes espécies florestais com base nas regiões de proveniência realizada pela DGRF;

- A caracterização dos diferentes habitats naturais presentes no SIC da Serra da Lousã, realizada pela ALFA (2004).

Estes requisitos permitem relacionar estas espécies e comunidades vegetais com a informação existente na cartografia considerada relativamente às condições locais, correspondentes às variáveis explicativas do modelo.

Inicialmente o objectivo deste trabalho consistia na adaptação dos princípios do Native Woodlands Model (NWM), desenvolvido pelo Macauley Institute, em Aberdeen e pelo Scottish Natural Heritage (SNH) a uma zona de estudo em Portugal, procedendo-se à aquisição de informação acerca deste modelo. Para o efeito foi contactado o Macauley Institute, em Aberdeen, que desenvolveu este modelo e que forneceu informação essencial para o desenvolvimento deste estudo, tendo sido particularmente útil para o desenvolvimento inicial da metodologia deste trabalho.

3.3. Definição das variáveis a analisar

Foram definidos os parâmetros a analisar consoante a cartografia disponível e as espécies florestais mais relevantes para a área de estudo. O principal critério para esta definição foi a disponibilidade da informação e a relevância das variáveis ambientais quanto à sua influência no desenvolvimento da vegetação potencial.

3.4. Tratamento da informação cartográfica de base para a área de estudo e

integração em ArcGIS

Procedeu-se ao tratamento da informação cartográfica de base para a área de estudo e integração num SIG, o software ArcGIS 9.2, o que incluiu o corte dos mapas elaborados para Portugal Continental com os limites da área de estudo, a vectorização das cartas de solos nº 252 e nº 264, que se encontravam em formato analógico, e a reclassificação da cartografia em formato vectorial, em especial a carta de solos e a carta de ocupação do solo em 1990, COS90, com o objectivo de simplificar a análise da informação. A reclassificação do tipo de solo foi efectuada com base na família de solo dominante em cada polígono da carta de solos.

A classificação dos solos de Portugal é a que foi desenvolvida pelo Serviço de Reconhecimento e Ordenamento Agrário (SROA), que tinha como função realizar a cartografia sistemática dos solos do país. No anexo I encontram-se as tabelas referentes às famílias de solos presentes na área de estudo e a sua descrição.

Foi necessário efectuar uma correspondência entre dois sistemas de classificação de solos uma vez que a informação relativa aos requisitos edáficos das espécies florestais em análise baseia-se na classificação da FAO/UNESCO e as classes de solos presentes na carta de solos para a área de estudo encontram-se na Classificação Portuguesa, ao nível da família. Essa correspondência também se encontra no anexo I, Tabela I.2.

Foram comparadas duas alternativas diferentes para a reclassificação e atribuição de valores numéricos às diferentes classes de solos presentes na área de estudo.

Alternativa 1: Atribuição de um código numérico a cada família de solos e a cada combinação de famílias de solos. Obtiveram-se 79 classes diferentes.

Alternativa 2: Atribuição de um código numérico a cada grupo/subgrupo baseado no tipo de família dominante. Obtiveram-se 12 classes/códigos numéricos (anexo I).

Verificou-se que a alternativa 2 para a reclassificação do tipo de solos presente na área de estudo permitia uma maior simplificação da informação, o que facilitou a posterior análise da informação (ver tabela no anexo I com a atribuição de códigos numéricos a cada tipo de solos presente na área de estudo com base no tipo de solo dominante, COD1).

A partir do MDT foram elaborados os mapas de declive, exposição, radiação global e índice de humidade do solo. Posteriormente foi calculado o valor ecológico do solo (VE) com base no tipo de solo, para cada polígono da carta de solos vectorizada, segundo a seguinte expressão:

VE= ((VE1*PER1)+(VE2*PER2)+(VE3*PER3))/10

Sendo VE o valor ecológico final do polígono; VE1, VE2 e VE3 o valor ecológico de cada uma

das famílias de solos (num máximo de 3) presentes em cada polígono da carta de solos; PER1, PER2 e PER3 a percentagem de cada família de solos presentes no polígono.

Quanto ao cálculo do Índice de Humidade do solo, este foi calculado a partir do modelo digital do terreno (MDT) com base no declive e área drenante (Índice de Humidade de Beven e Kirby, 1979). Para cada célula do MDT de uma determinada região este índice determina um valor de humidade relativa (Wi):

em que ai corresponde à área drenante específica para o ponto i, por unidade de secção (m2.m-1) e βi corresponde ao declive no ponto i expresso em graus (depois convertido em

radianos).

Quanto ao parâmetro radiação, o cálculo da radiação directa, difusa e global foram efectuados para cada local da superfície topográfica produzindo mapas para toda a área de

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estudo referentes a um ano. A radiação global foi calculada como a soma da radiação directa e difusa.

Seguiu-se a atribuição de um código numérico a cada uma das diferentes classes estabelecidas, para cada variável, e posterior transformação em formato raster da cartografia que se encontrava em formato vectorial para ser possível efectuar operações matemáticas com recurso à cartografia disponível em formato raster para a definição da vegetação potencial com base nos requisitos ecológicos da vegetação.