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4. PESQUISA EMPÍRICA: VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E

4.1 METODOLOGIA UTILIZADA NA PESQUISA

A presente pesquisa visa apresentar dados quantitativos e qualitativos sobre a violência sexual contra as crianças e os adolescentes no município de Maceió.

Para a realização deste estudo empírico foram realizadas, no mês de dezembro de 2008, visitas aos órgãos de defesa e proteção à infância e à juventude (Conselhos Tutelares, CAV Crime, CREAS, Delegacia de Crimes contra a Criança e o Adolescente), requerendo, por meio de ofício, os relatórios estatísticos dos últimos cinco anos, referentes aos casos de violência sexual praticados contra crianças e adolescentes na cidade de Maceió, os quais contivessem dados sobre idade, sexo, raça, renda familiar, escolaridade e bairro das vítimas, além dos dados sobre o agressor e o tipo de violência sexual.

O Centro de Atendimento às Vítimas de Crime (CAV Crime) foi o único órgão que entregou os relatórios estatísticos dos últimos cinco anos, ou seja, de 2002 a 2008. Entretanto, não forneceu os dados sobre raça, renda familiar e escolaridade das vítimas.

O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), por meio da Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social (SEADES), entregou os relatórios completos, com todos os dados requeridos; contudo, apenas forneceu os dados de 2006 a 2008.

O Conselho Tutelar, região I e II, a princípio, informou, no mês de janeiro de 2009, que não poderia entregar os dados requisitados, tendo em vista um furto ocorrido em sua sede no início de 2009. Contudo, por intermédio da Coordenadora do Núcleo Temático da Infância e Juventude da Universidade Federal de Alagoas, Cláudia Viana de Melo Malta, foi repassado um relatório estatístico das atividades do Conselho Tutelar I e II concernente ao ano de 2008, no qual há a discriminação da quantidade de denúncias de abuso sexual e exploração sexual. Após, uma nova visita ao citado Conselho no dia 16 de abril de 2009, a Conselheira Severina, conhecida como Nete, confirmou os dados do relatório, aduzindo que foram obtidos pelo somatório das fichas de atendimento dos cinco conselheiros que atuam na região.

Em janeiro de 2009, o Conselho Tutelar, região VII, forneceu os relatórios de 2007 e 2008; entretanto, apenas há referência ao tipo de atendimento realizado pelo órgão e sua quantidade.

Em março de 2009, os Conselhos Tutelares da região V e VI e região III e IV entregaram seus relatórios.

O primeiro forneceu dois tipos de relatório: um relacionado ao período de 2006 a 2007, que contém o tipo de violência, o bairro, a idade e o sexo das vítimas; e o outro concernente aos seis últimos meses de 2008, início de uma nova gestão, com tipo de atendimento realizado pelo órgão e sua quantidade.

O segundo apresentou os dados concernentes à idade e ao sexo das vítimas, o agente agressor e o tipo de violência sexual, entretanto, só possuía informações dos últimos seis meses do ano de 2008, haja vista que no começo do referido ano havia um outro grupo de Conselheiros Tutelares, o qual não teria deixado formalizados os relatórios de atendimentos realizados.

Registre-se que cada conselho possui um modelo de relatório estatístico e com nomenclaturas diferenciadas para cada tipo de atendimento. Assim, a denominação “violência sexual” abrange tanto os casos de abuso sexual quanto os de exploração sexual. Excluem-se apenas os casos de prostituição infanto-juvenil, que foram designados separadamente pelos Conselhos. Somente os relatórios estatísticos do Conselho V e VI, do período de 2006 a 2007, separam casos de abuso sexual e exploração sexual.

Portanto, pelas disparidades de informação no que se refere ao período dos relatórios e às nomenclaturas utilizadas nas estatísticas, a confiabilidade dos dados apresentados pelos Conselhos Tutelares é questionável, induzindo, nesta pesquisa, a expô-los apenas a título ilustrativo.

Na Delegacia de Crimes contra a Criança e o Adolescente, a fim de obter os dados requeridos, foi realizada uma pesquisa no Sistema de Informações da Polícia Civil do Estado de Alagoas (SISPOL WEB), por meio da identificação das vítimas e do agressor que constavam no Livro nº 01/2007, destinado à “Remessa de Inquéritos Policiais à Justiça Pública da Capital”, a partir de 01 de janeiro/2007.

O SISPOL WEB possui as seguintes informações sobre as vítimas e os agressores: nome, endereço, idade, sexo, nome do pai e da mãe, nacionalidade, naturalidade (dados obrigatórios), cor, estado civil, trabalho e escolaridade (dados facultativos).

Portanto, através de seis visitas (11/12/2008; 12/12/2008; 15/12/2008; 24/12/2008; 09/01/2009; 10/01/2009), foram sintetizados os dados qualitativos e quantitativos de 2008 e

os dados quantitativos de 2007. As informações obtidas foram comparadas com os relatórios de 2005 e 2006 existentes na Delegacia.

O Ministério Público Estadual, por meio do seu Coordenador do Núcleo da Infância e Juventude, Promotor de Justiça Luiz Medeiros, forneceu os dados estatísticos dos encaminhamentos a Alagoas das denúncias de violência feitas ao Disque 100. O órgão não possui números sobre a quantidade de processos criminais existentes sobre violência sexual contra crianças e adolescentes.

A pesquisa in loco no Poder Judiciário foi prejudicada pela existência de uma reforma geral na sede do prédio do Fórum de Maceió desde agosto de 2008. Entretanto, no intuito de aprimorar o trabalho, foi utilizada a pesquisa de Nathália Rocha234, realizada no ano de 2007, nas oito Varas Criminais Não Privativas da Capital Alagoana, a qual identificou, no biênio de 2005/2006, as ações existentes sobre abuso sexual.

Na busca pelo enriquecimento da pesquisa, foram realizadas entrevistas com os representantes dos referidos órgãos, com representantes do Ministério Público Estadual e com o presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente.

4.2 APRESENTAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS DADOS DA REDE DE

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