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Em virtude da especificidade desta pesquisa na área da educação, entendemos que para termos êxito em nossa tarefa é necessário trabalhar com dados oriundos de várias fontes e confrontá-los com o conhecimento teórico acumulado. Segundo Ludke e André (1986, p.2),

Em geral, isso se faz a partir do estudo de um problema, que ao mesmo tempo desperta o interesse do pesquisador e limita sua atividade de pesquisa a uma determinada porção do saber, a qual ele se compromete a construir naquele momento [...] Em consonância com o autor, o professor pesquisador, não pode se distanciar do objeto de sua pesquisa. A pesquisa deve se situar bem dentro das atividades normais do profissional da educação, seja ele professor, administrador, orientador, supervisor, avaliador etc.

Nesse sentido, acreditamos que a pesquisa qualitativa que tem como característica permitir que elementos que julgamos importantes possam ser acrescentados ao estudo, como o meio e a realidade na qual o objeto de pesquisa está inserido e ainda utilizar vários tipos de informações e informantes, além de apresentar vários pontos de vista, incluindo o do autor (LUDKE; ANDRÉ, 1986), é o que mais se adequaria a nossa especificidade.

Dessa forma, as dimensões do uso YouTube em sala de aula e suas possibilidades como ferramenta pedagógica no ensino de Física serão compreendidos por meio de uma pesquisa qualitativa. Optamos por esta forma de pesquisa também pelo modo como apreende e legitima os conhecimentos. Conforme Chizzotti (2008, p. 58),

A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos,

atribuindo-lhes significado. O objeto não é um dado inerte e neutro, está possuído de significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações.

Assim, escolhemos aplicar um questionário a alunos e realizar uma entrevista semiestruturada com professores de Física de três instituições das redes de ensino pública e particular na região da Grande Florianópolis. Em cada um dos três colégios escolhidos para a realização da pesquisa entrevistamos pelo menos um professor de Física e aplicamos um questionário a uma turma de alunos. Pensamos ser este um número suficiente para nos permitir atingir os objetivos propostos nesse estudo. Escolhemos as turmas do segundo ano do Ensino Médio, devido ao fato de supormos apresentarem um bom grau de maturidade e experiência com as mídias. Também por essas turmas não estarem envolvidas diretamente com os preparativos para o vestibular, fato este que poderia dificultar a realização da pesquisa, uma vez que em muitos colégios no terceiro ano, além do conteúdo normal, apresentam cadeiras de revisão para o vestibular.

Dessa forma, nossa amostra é intencional e composta por uma turma da escola pública, duas turmas de escolas particulares e quatro professores, dois da escola pública e um de cada escola particular, que concordaram em participar da pesquisa. As escolas foram escolhidas por serem as três maiores instituições de ensino de Florianópolis, o que permitiu um bom quadro de análise de dados e a representatividade destes na realidade vivida pelos alunos das redes pública e particular do município.

A partir de entrevistas semiestruturadas com os professores e questionários aplicados aos alunos dos colégios que participam da pesquisa procuraremos investigar de que forma a linguagem audiovisual e, mais especificamente, o YouTube pode vir a contribuir para o ensino de Física

Os instrumentos de coleta de dados, a saber: o questionário e a entrevista semiestruturada foram aprovados pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da UDESC e estão descritos, respectivamente, nos apêndices E e F.

Os colégios envolvidos foram colocados a par dos objetivos da pesquisa e gentilmente cederam espaço para a realização da mesma sem maiores problemas, ficando o pesquisador responsável por entregar uma cópia da dissertação para cada instituição envolvida.

4.2 OS QUESTIONÁRIOS: ANÁLISE E CONCLUSÕES

Com o intuito de conhecer melhor como se dá a relação dos alunos com as novas mídias e com a linguagem audiovisual, além de verificar a repercussão dessa linguagem na sala de aula, fizemos uso de um questionário (Apêndice E) que foi respondido por uma turma de alunos de cada colégio.

Inicialmente realizamos um pré-teste usando a primeira versão do questionário e, após fazer as devidas correções, aplicamos os mesmos, que foram respondidos pelos alunos dos três colégios envolvidos na pesquisa. Escolhemos identificar os colégios apenas por letras A, B e C a fim de preservar as instituições envolvidas. Apenas para facilitar a exposição dos dados e obedecendo apenas e tão somente à ordem cronológica de contato com as escolas, destacamos que as escolas A e B são particulares e a escola C é pública. Não houve qualquer tipo de identificação dos alunos para que os mesmos tenham total liberdade de expressar seu pensamento sem sofrer qualquer tipo de constrangimento.

Quanto à análise do questionário procuraremos identificar as características do grupo de maneira geral e comentar à parte, localizando a instituição (A, B ou C), apenas quando se tratar de uma discrepância que leve a um resultado que mereça ser considerado em separado. Nosso objetivo aqui não é fazer um contraponto entre a escola pública e a particular, mas não nos furtaremos a analisar alguns resultados que são relevantes para os objetivos dessa pesquisa.

Recebemos ao todo 116 questionários, sendo 41 do colégio A, 36 do colégio B e 29 do colégio C. A idade da maioria dos alunos que estudam no 2º ano do Ensino Médio desses colégios ficou assim distribuída: