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Metodologias de implementação da CST ao nível Regional

Capítulo 5 Linhas orientadoras para o Cálculo do Consumo Turístico na Região do

5.2 Metodologias de implementação da CST ao nível Regional

Desenvolver uma Conta Satélite de Turismo para a região do Alentejo constitui um processo complexo e, ao mesmo tempo, benéfico para uma região cujo sector do turismo ainda tem pouca expressão. Através desta técnica, é possível calcular a importância do

Conta Satélite de Turismo para as Economias Regionais 63 turismo e, consequentemente, tornar-se num instrumento auxiliar para a conceção de políticas eficientes. Além disso, permite desenvolver a consciência, entre os vários agentes do turismo da região, sobre a importância económica desta indústria e quanto ao seu papel, como um importante fator económico em todas as indústrias que produzem bens e serviços procurados pelos visitantes e outros (OMT et al, 2008).

O aumento do interesse pelas estatísticas regionais (consumo turístico, produção turística, emprego, entre outros), permite uma compilação mais rigorosa da CST regional (MacFeely, 2008), assim como identificar e diferenciar os distintos mercados e produtos da região, favorecendo as tomadas de decisão (oportunidades de negócio) através de informações chave, quer de nível qualitativo, quer a nível quantitativo. Torna-se, inclusive vantajoso para o País, visto que permite e facilita a comparação de dados estatísticos entre diferentes regiões, tornando possível clarificar as desigualdades entre estas e destacar as mais desfavorecidas.

Contudo, tal como já referido no Capítulo 3, a elaboração da CST regional enfrenta alguns obstáculos, entre os quais se destaca a falta de um quadro conceptual para as contas económicas regionais e a escassez de informação estatística de qualidade, a nível regional, em inúmeros países. Assim, segundo OMT et al (2008), é recomendado o recurso a normas e recomendações internacionais e nacionais de estatística. No entanto, ao desenvolver as estatísticas do turismo ao nível regional, é importante ter em atenção alguns conceitos fundamentais, procurando obter um consenso entre as entidades nacionais e regionais de turismo, de modo a que determinados conceitos (ex.: ambiente habitual) sejam revistos e discutidos devidamente.

Da conferência Internacional de Turismo, realizada em Málaga, em Outubro de 2008, resultou o desenvolvimento de um conjunto de estudos relativos à elaboração das estatísticas de turismo numa escala regional, na tentativa de colmatar a escassez de informação estatística de qualidade para as regiões. Deste modo, Douglas Frechtling, professor de Estudos Turísticos da Universidade de George Washington (Estados Unidos da América), defende a importância da existência de uma CST nacional válida e atualizada como suporte ao desenvolvimento de uma CST regional, na medida em que são preservadas as mesmas definições e classificações presentes nas recomendações internacionais, nomeadamente, na “Tourism Satellite Account: Recommended

Methodological Framework (2008). Contudo, podem surgir contextos diferentes nos quais

Conta Satélite de Turismo para as Economias Regionais 64 1. Existência de uma CST nacional válida atualizada;

2. Existência de uma CST válida mas não atualizada; 3. Inexistência de uma CST para o país.

Na Tabela 5.1 apresentam-se as vantagens e os obstáculos provenientes das três situações de desenvolvimento da CST a nível regional, tendo em conta o nível de implementação e atualização da CST de nível nacional.

Tabela 5.1: Contexto em que se encontra inserida a implementação da CST regional Existência da Conta Satélite de Turismo Nacional

CST válida e atualizada CST válida não atualizada Inexistência de CST Vantagens:

- Filosofia mais aproximada da CST nacional;

- Colaboração dos experts e autoridades regionais adequadas;

- Seguimento das definições e características da CST nacional;

- Basear-se em dados nacionais já existentes e adaptá-los ao âmbito regional, com o apoio dos institutos nacionais de estatística; Vantagens: -As definições e as características de cobertura já foram estabelecidas anteriormente; - Sistema de Estatísticas de turismo que desenvolveu a CST original pode estar disponível para o desenvolvimento de uma CST regional

Desafios/Obstáculos:

- Adaptação da tabela dos requisitos diretos em matéria de “produtos por indústria”, derivados da matriz I-O que abrange as 10 indústrias e produtos característicos para a região, de modo a produzir a versão regional da tabela 6. - Ter atenção à qualidade dos dados regionais;

Desafios/Obstáculos: - Dados não são viáveis/atualizados;

Desafios/Obstáculos:

- Situação mais difícil para a elaboração da CST a nível regional;

- Pode não existir um Sistema de Estatísticas do Turismo;

- Ajustar às definições e classificações internacionais;

Fonte: Frechtling (2008)

Deste modo, a partir da Tabela 5.1, são facilmente verificáveis as inúmeras vantagens que caracteriza a primeira situação, nomeadamente o facto de se já possuir uma CST nacional válida e atualizada, para o respetivo desenvolvimento da CST a nível regional. Deste modo, o desenvolvimento da CST para a região do Alentejo deve contemplar esta realidade, embora seja necessário ter em conta a qualidade dos dados regionais adjacentes a esta região.

Relativamente ao número de tabelas, no caso da CST regional, é possível, numa primeira fase, desenvolver-se apenas cinco, devido à complexidade e ambiguidade dos dados exigidos para as 10 tabelas propostas pelas recomendações internacionais. Assim, de

Conta Satélite de Turismo para as Economias Regionais 65 uma forma mais simplificada, e tal como é possível verificar na Tabela 5.2, é possível desenvolver dados como: (1) consumo turístico interior; (2) oferta interior; (3) contas de produção das indústrias turísticas e outras; (4) emprego nas indústrias turísticas e (5) indicadores não monetários, através dos quais é possível avaliar o contributo económico turístico numa região (Frechtling, 2008).

Tabela 5.2: Diferença entre as tabelas da CST nacional e as da CST regional Indicadores Económicos Nível Nacional Nível Regional Procura Turística Consumo Turístico Tabela 1 – Consumo Turístico recetor Tabela 2 – Consumo Turístico doméstico

Tabela 3 – Consumo turístico emissor

Tabela 4 – Consumo turístico

interior; Tabela Turístico interior; 4 Consumo Consumo Coletivo Tabela Turístico 9 Coletivo, – Consumo por

produtos e níveis de Governo Formação Bruta de Capital

Fixo

Tabela 8 – Formação Bruta de Capital Fixo do turismo e outras indústrias

Oferta Turística

Valor Acrescentado Turístico Tabela 6 – Oferta e Consumo turístico interior, por produtos; Tabela 6 – Oferta interior e consumo turístico interior total;

Produção Turística Tabela 5 – Contas de Produção das indústrias do Turismo e outras indústrias;

Tabela 5 – Contas de Produção das indústrias turísticas e outras;

Emprego Tabela 7 – Emprego nas indústrias Turísticas Tabela 7 – Emprego nas indústrias turísticas; Indicadores não monetários Tabela 10 – Indicadores não monetários Tabela 10 – Indicadores não monetários;

Fonte: Frechtling (2008)

Em suma, as circunstâncias de um país no que respeita à Conta Satélite do Turismo, nomeadamente ao nível de dados existentes e a colaboração entre entidades, determinam o enfoque que deve ser dado para elaborar a CST regional para as respetivas regiões.