• Nenhum resultado encontrado

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.3 MICRODUREZA

Pela Tabela 2, podemos observar que a microdureza do aço inox 15-5 PH está dentro das especificações do material (39-42 HRC). Este valor será comparado com a

microdureza do material tratato com o 3IP, a fim de garantir que o tratamento não modifique essa dureza.

Tabela 2 - Microdureza do aço inox 15-5PH

Material Condição Microdureza

Aço Inox 15-5 PH Metal Base 41,9 HRC

Aço Inox 15-5 PH 3IP 1h 40,1 HRC

Aço Inox 15-5 PH 3IP 2h 40,5 HRC

4.4ENSAIO DE FADIGA

A Figura 28 representa a curva S-N para a fadiga axial do aço inoxidável 15-5 PH na condição metal base, tratado com 3IP por 1 hora, 2 horas e 3 horas . É possível comparar a resistência à fadiga, em 106 ciclos, do metal base com as outras condições. Nota-se que o tratamento de 3IP 3 horas aumentou a resistência à fadiga em aproximadamente 14,5%. Este aumento já era esperado, visto que o 3IP introduz uma tensão residual compressiva na superfície do material dificultando a nucleação de trincas. O tratamento 3IP por 1 e 2 horas também apresentou aumento da vida em fadiga do material. Este crescimento correspondeu a 5,5% de aumento da resistência à fadiga do metal base para o tratamento realizado por 1 hora, 9,1% para o tratamento realizado por 2 horas, como mostrado na Tabela 3.

Figura 28 - Curva S-N aço inoxidável 15-5 PH.

Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA)

Tabela 3 - Microdureza do aço inox 15-5PH

Material Tensão (MPa) 106 ciclos

Aço Inox 15-5 PH 618,27

Aço Inox 15-5 PH + 3IP 1H 652,00 Aço Inox 15-5 PH + 3IP 2H 674,48 Aço Inox 15-5 PH + 3IP 3H 708,20

O aumento da resistência à fadiga do aço inoxidável 15-5PH com o tratamento 3IP está relacionado com a tensão residual compressiva que o tratamento superficial provocou, como

pode ser visto na Tabela 4. O sinal (-) significa tensão compressiva e o sinal (+) significa tensão trativa. Pode-se notar que o maior tempo de exposição ao tratamento 3IP (3 horas) causa um aumento maior na tensão residual compressiva, e isso pode justificar sua maior influência na vida em fadiga do material.

Tabala 4 – Análise de tensão residual do aço inox 15-5PH em MPa

Material Superfície (Mpa) Prof. 0,01mm(Mpa) Prof. 0,1mm(Mpa)

Aço Inox 15-5 PH +36 +110 +110

Aço Inox 15-5 PH + 3IP 1H -115 +30 +43

Aço Inox 15-5 PH + 3IP 2H -230 +12 +78

Aço Inox 15-5 PH + 3IP 3H -270 -60 +25

4.5NANOIDENTAÇÃO

Na Figura 29, nota-se que próximo a superfície do material, a nanodureza é maior, e isso se deve a deformação plástica do material devido ao processo de lixamento e polimento.

Nota-se também que as amostras tratadas com o 3IP apresentam valores de nanodureza a 500nm de profundidade bem maiores do que o do metal base, isso mostra que a implantação foi eficiente e causou uma modificação na nanodureza do material.

Para a amostra padrão, o valor de nanodureza encontrado foi próximo de 5 GPa. Para uma profundidade de 500 nanometros, a amostra tratada com 3IP por 1, 2 e 3 horas apresentou o valor de dureza de 9, 12 e 13 GPa, respectivamente.

Figura 29 - Gráfico Dureza vs Profundidade para o aço inoxidável 15-5 PH.

4.6RESISTÊNCIA À CORROSÃO

Para que os átomos de nitrogênio pudessem ser implantados na superfície do aço, a camada de passivação natural de óxido de cromo foi retirada através de um bombardeamento de argônio.

Figura 30 – Corpos de provas em estado inicial (de baixo para cima: metal base, 3IP 1 hora, 2 horas e 3 horas)

Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA)

A Figura 30 mostra os corpos de prova em estado inicial, onde a passivação natural já havia sido retirada para a implantação dos átomos de nitrogênio.

Após a Implantação iônica por imersão a plasma, uma passivação artificial pode ser realizada para restaurar a camada de óxido de cromo afim de recuperar a resistência à corrosão do material. A Figura 31 mostra o efeito da corrosão nos cdps que não passaram pela passivação artificial e a Figura 32 mostra o efeito da corrosão dos cdps que sofreram a passivação artificial.

Quando comparamos as duas figuras, podemos notar que retirar a camada de passivação natural do material diminui muito a sua resistência à corrosão, porém a passivação artificial é uma grande alternativa para este problema uma vez que notamos menor corrosão entre o material passivado e o não passivado.

Figura 31 – Corpos de provas sem passivação artificial (da esquerda para a direitra: metal base, 3IP 1 hora, 2 horas e 3 horas) .

Fonte: (AUTORIA PRÓPRIA)

Figura 32 – Corpos de provas com passivação artificial (da esquerda para a direita: metal base, 3IP 1 hora, 2 horas e 3 horas) .

5 CONCLUSÃO

O tratamento superficial de implantação por imersão em plasma se mostrou muito eficiente quanto a modificação da nanodureza superficial do material alcançando valores satisfatórios.

Ao mesmo tempo, este tratamento não alterou a microdureza do material e nem a sua microestrutura que permaneceu sendo uma estrutura martensítica com presença de precipitados que continuam garantindo a resistência do aço mesmo com 3 horas do tratamento 3IP.

O 3IP aumentou consideravelmente a resistência à fadiga do material, atendendo às expectativas do tratamento umas vez que este aumenta a tensão residual compressiva do material. O maior tempo de tratamento (3 horas) aumentou a tensão residual compressiva e portanto obteve o maior aumento na vida em fadiga do aço inox 15-5PH.

Com as imagens do MEV, podemos observar que mesmo com o 3IP as trincas são nucleadas na superfície do material e as três condições analisadas apresentam uma fratura dúctil portanto o tratamento não está influenciando no tipo de nucleação, nem no tipo da fratura do material.

Podemos também concluir que a retirada da camada de passivação natural para a implantação dos átomos de nitrogênio no material diminui a resistência a corrosão, porém este problema pode ser amenizado com a passivação artificial.

REFERÊNCIAS

AFONSO, D. F. Verificação à fadiga de pontes metálicas ferroviárias. UFRGS. Porto Alegre. 2007.

AGHAIE-KHAFRI, M. Hot deformation of 15-5 PH stainless steel. Materials Science and Engineering A. Volume 527. Pag. 1052-1057. 2010

ASHRAF, M., GARDNER, L., NETHERCOT, d. a., Resistance of Stainless Steel CHS Columns Based on Cross-section Deformation Capacity 2008.

ARAÚJO, B. I. S. Estudo da microestrutura e da resistência à corrosão intergranular em chapas soldadas de aços inoxidáveis austeníticos série 304L após goivagem ao arco elétrico. Guaratinguetá: UNESP, 2009.

CAMARGO, J. A. M. A influência do shot peening e das anodizações crômica, sulfúrica e dura sobre a resistência à fadiga da liga Al 7050 – T 7451 de uso aeronáutico. Guaratinguetá: UNESP, 2007.

BERNARDELLI, E.A; SANTOS, L.M ; BORGES, P.C. Tratamento comcomitante de nitretação e envelhecimento a plasma do aço inoxidavel 15-5 PH, Revista Brasileira de Aplicações de Vácuo, v. 26, p. 217-223, 2007.

BITTENCOURT, C. Fadiga de materiais – uma revisão bibliográfica. Uberlândia. 2008.

CALLEN, J. D. Fundamentals of plasma physics. University of Wiscosin. Madison. 2006.

CALLISTER, W. D. Jr. Ciência e engenharia de Materiais: Uma Introdução. 5ed, Rio de Janeiro, LTC. 2000

CHIAVERINI, V. Aços e Ferros Fundidos. 7ª edição. Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais (ABM). 599p. São Paulos, 1998.

COLIM, G.M. Fadiga dos materiais. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo. 2006

COSTA, M. Y. P. Fadiga em titânio aeronáutico revestido por PDV. Guaratinguetá, 2009. 125p.

COSTA, M. Y. P. Fadiga em titânio aeronáutico revestido por PVD. UNESP. Guaratinguetá. 2009.

CURITIBA, J.R. Análise Comparativa de Vida em Fadiga sob Diferentes Condições de Shot- Peening; Brasil, 2006.

FEDELE, R. Soldagem Multipasse do aço inoxidável duplex UNS S31803 por eletrodo revestido. Congresso Nacional de Soldagem Belo Horizonte. 1999.

GARRISON, W. M. Encyclopedia of Materials: Science and Technology. Elsevier Science Ltd. 2001, pp. 8804 – 8810

GODOY, J. M. Estudo da ocorrência de trinca por fadiga em tubos de aço soldados, devido ao transporte. Guaratinguetá-SP, 2008, 132p.

GUROVA, T., QUARANTA, F., ESTEFEN, S. Monitoramento do estado das tensões residuais durante a fabricação de navios. COPPE. UFRJ, Rio de Janeiro, 2012.

KRABBE, D. F. M. Otimização do Fresamento do Aço Inoxidável Aeronáutico 15-5 PH, Unicamp – Campinas 2007. 119p.

MACHADO, R. R. Padronização da micro e nanodureza por penetração instrumentada. UFMG, Belo Horizonte, 2005.

MARGARETH, M. S. Modificação de propriedades superficiais da liga TI-6Al-4V por processos assistidos a plama, em baixas e altas temperaturas. São José dos Campos-SP, 2007, 232p.

MCGUIRE, M. F. Encyclopedia of Materials: Science and Technology. Elsevier Science Ltd. 2001, pp. 406 – 411

MELLO, C. B. Modificação das propriedades superficiais de materiais através da implantação de cromo por recoil por meio de implantação iônica por imersão em plasma de nitrogênio. INPE. São José dos Campos. 2007

MIYAURA, E. H. Efeito da tensão residual sobre a propagação de trincas em juntas soldadas por FSW. UNICAMP, Campinas 2012.

OLIVEIRA, V.S. Estudo microstrutural da liga Ti-6Al-4V após processo de implantação iônica por imersão em plasma e ensaio de fluência. INPE. São José dos Campos. 2009

PILLACA, E. J. D. Estudo de confinamento magnético de plasma durante o processo de implantação iônica por imersão em plasma. Guaratinguetá, 2007. 101p.

PORTER, D.A., EASTERLING, K.E. Phase Transformations en Metals and Alloys. Ed. Press. Ltd, Grã Bretanha, 1981.

PORTO, P. C. R. Análise de tubos de aço inoxidável ferrítico para aplicação em fornos de radiação. Porto Alegre: UFRGS, 2006.

RAJASEKHAR, A. Influence of austenitizing temperature on microstructure and mechanical properties of AISI 431 martensitic stainless steel electron beam welds. Materials and Design. 2008. 13p.

SALDANHA, L. A. Q. Modificações superficiais na resistência a fadiga da liga Ti-6Al-4V. UNESP. Guaratinguetá. 2006.

SENATORE, M. Estudo comparativo entre os aços inoxidáveis duplex e is inoxidáveis AISI 304L/316L 2006.

SILVA, G., Implantação iônica por imersão em plasma em ligas de alumínio. São José dos Campos, 2007. 149p.

SILVA, J. G Fadiga no aço inox 15-5 PH revestido por HVOF: aplicação em trem de pouso. Guaratinguetá, 2011.

SCURACCHIO, B. G. Tensões residuais induzidas por shot-peening e durabilidade de molas em lâmina; USP, São Paulo, 2012.

SURESH, S. Fatigue of Materials, 2ªed., Cambridge University Press.

TAVARES, C. J. Técnica de caracterização mecânica: Propriedades. São Paulo, 2003. 144p.

VELLOSO, I. P. S. Metodologia de ensaio de fadiga para a região I da curva da/dN-ΔK. UFRGS. Porto Alegre. 2009

VIEIRA, M. S. Deposição de filmes de ZnO sobre substrato de Si via implantação iônica por imersão em plasma e deposição. INPE. São José dos Campos. 2010.

VOORWALD, H.J.C An evaluation of shot peening, residual stress and stress relaxation on the fatigue life of AISI 4340 steel. International Journal of Fatigue, 2001. 10p.

VOORWALD, H.J.C.; PADILHA, R.; COSTA, M.Y.P; PIGATIN, W.L.; CIOFFI,M.O.H. Effect of electroless nickel interlayer on the fatigue strength of chromium electroplated AISI 4340 steel. International Journal of Fatigue, v.29, n.4, p. 695 - 704, abr. 2007.

YOUNG, B., LUI, W. Tests of Cold-formed High Strength Stainless Steel Compression Members. Hong Kong , 2006

Documentos relacionados