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Cianoacrilato anel de

5.3 Microscopia Ótica

As imagens a seguir demonstram a análise em microscopia ótica das amostras do subgrupo B dos grupos experimentais GI (N=5) e GII (N=5) e do grupo controle (N=5).

Na imagem obtida através da microscopia ótica em 200x e 500X é possível observar uma linha entre a dentina e o cilindro de resina epóxi ().

Em algumas amostras foi possível observar um íntimo contato entre a linha de cimento e a dentina. Contudo, a maioria das amostras demonstrou espaços de tamanhos variados entre a superfície de dentina e o cimento.

As mesmas amostras do subgrupo B submetidas à análise em microscopia ótica foram avaliadas no microscópio confocal a laser. Os grupos experimentais e o grupo controle demonstraram padrões diferenciados da formação de tags do cimento RelyX U100 (Figura 14).

Nas amostras do grupo controle, observamos pouca ou, em algumas amostras, nenhuma formação de tags resinosos do cimento autoadesivo (Figura 14Figura 15).

Nas imagens das amostras de GI (condicionamento com ácido fosfórico) foi possível observar a formação de tags resinosos ao longo da superfície dentinária. Essa penetração demonstrou ser densa, contínua e de profundidade constante sob a superfície dentinária (Figura 15).

Nas amostras de GII (jateamento com óxido de alumínio) também foi possível observar a formação de tags resinosos. De uma forma geral, a penetração do cimento foi de baixa densidade e com profundidade variável. Em algumas regiões foram observados tags extensos, mas em outras estavam ausentes (). Em apenas uma amostra essa profundidade foi constante ao longo da superfície (Figura 17).

A Figura 18 representa as diferenças observadas entre os métodos de condicionamento na maioria das amostras.

Os métodos de condicionamento da dentina utilizados no presente estudo demonstraram ser capazes de alterar o tecido dentinário de maneiras diferentes. Os efeitos na superfície e nas estruturas dentinárias foram observados nas imagens obtidas através de microscopia eletrônica de varredura.

As imagens das amostras do grupo controle demonstraram túbulos dentinários obliterados, evidenciando a formação da smear layer. Outros estudos também já comprovaram que o corte e/ou o lixamento da superfície da dentina são responsáveis pela formação dessa camada (CHAIYABUTR e KOIS, 2008). Deve ser ressaltado que todas as amostras foram selecionadas e seccionadas da mesma forma, tornando possível a formação de uma camada de smear layer com características semelhantes entre os grupos experimentais.

Ambos os métodos de condicionamento da dentina utilizados, ácido fosfórico a 37,5% e jateamento com óxido de alumínio, foram capazes de remover a smear

layer, pois as imagens obtidas após o condicionamento apresentaram os orifícios

dos túbulos dentinários desobstruídos. Contudo, diferenças importantes foram observadas entre os métodos utilizados. Os túbulos dentinários das amostras condicionadas com o ácido apresentaram maior diâmetro que as amostras com a superfície de dentina jateada. Esse fato comprova a capacidade desmineralizante do ácido fosfórico, já demonstrada em estudos prévios (CHAIYABUTR e KOIS, 2008). Outro fator observado foi a presença de impurezas na superfície dentinária das amostras do grupo experimental no qual foi realizado o jateamento. Não existem relatos prévios na literatura sobre a presença dessas impurezas após o jateamento da dentina. Devido às características desse método, essas impurezas elas podem representar fragmentos da carga utilizada no condicionamento ou ainda fragmentos da dentina que se soltaram da superfície após a aplicação do jato.

As imagens obtidas através de microscopia eletrônica de varredura demonstraram ainda que o relevo das superfícies de dentina foi drasticamente alterado após o jateamento com óxido de alumínio, que criou uma rugosidade elevada. Por outro lado, as amostras condicionadas com ácido fosfórico 37,5% apresentaram lisura das superfícies de dentina. Mujdeci e Gokay (2004) também observaram a capacidade do jateamento com óxido de alumínio de promover rugosidades e uma superfície irregular na dentina.

resinosos que são utilizados clinicamente com o objetivo de fixar restaurações indiretas e pinos pré-fabricados aos tecidos dentários (BLATZ;SADAN e KERN, 2003). O objetivo dos adesivos e dos cimentos autocondicionantes é reduzir as etapas clínicas tornando o procedimento de adesão menos sensível a falhas técnicas (VAN MEERBEEK et al., 2003; DE MUNCK et al., 2004; GORACCI et al., 2006; DE MUNCK et al.) Alguns autores discordam dessa afirmação e relatam que apesar da sua facilidade técnica, a eficiência dos adesivos autocondicionantes ainda é questionável (WANG et al., 2008; RADOVIC et al. 2008; MAZZONI et al.,2009).

O RelyX U100 é um cimento auto-adesivo, composto por partículas sólidas inorgânicas e componentes orgânicos líquidos. Diferentes estudos têm indicado que os valores da resistência adesiva dos cimentos auto-adesivos são comparáveis, ou mesmo superiores, aos cimentos adesivos convencionais (BLATZ et al..2009; RADOVIC et al.,2008 e MAZZONI et al., 2009). No presente estudo, não foi possível avaliar o efeito dos métodos de condicionamento ácido utilizados na adesão do RelyX U100 devido às falhas prematuras ocorridas nos corpos de prova durante os ensaios de tração. Estudos prévios já demonstraram a possibilidade da ocorrência de falhas prematuras nesses tipos de ensaios mecânicos (MAZZONI et al., 2009). Existem diversos métodos publicados na literatura para avaliar a resistência adesiva de materiais à dentina. Apesar de já ter sido comprovado que testes diferentes vão também fornecer resultados diferentes, impossibilitando uma comparação direta entre os estudos, ainda não existe uma padronização da American Dental

Association relativa ao ensaio mecânico mais indicado para avaliar a adesão à

dentina (TAGGER et al., 2002; MOLL, FRITZENSCHAFT e HALLER, 2004; SOUSA-NETO et al., 2002).

A metodologia utilizada para a preparação de corpos de prova foi baseada em um desenho experimental já utilizado em estudos anteriores nos quais foram avaliados cimentos resinosos para tratamento endodôntico (DOYLE et al, 2006; REIS, 2009). Esses autores foram eficientes na determinação da resistência adesiva dos materiais avaliados através de ensaios mecânicos de tração. Assim, outros fatores relacionados às propriedades do RelyX U100 podem também ter contribuído para as falhas prematuras ocorridas nos ensaios de tração durante a avaliação da resistência adesiva.

Blatz et al. (2009) e Radovic et al. (2008) relataram que o RelyX Unicem apresenta além de uma boa resistência adesiva, estabilidade dimensional. Contudo,

observar a existência de um espaço entre a linha de cimento e a superfície dentina em diversas amostras. Esse gap pode ter sido causado por uma contração desse cimento. Essa observação corrobora com os achados de Bergmans et al (2005) que relatou que após empurramento do cimento para o interior dos túbulos dentinários patentes, um stress é criado pela polimerização inical do cimento, se perpetuando até a cura final do cimento. Assim, as forças geradas no processo de polimerização são capazes de provocar uma desadaptação, uma vez que o cimento está fracamente aderido às paredes dentinárias. Dessa forma é possível visualizar a penetração profunda do cimento nos túbulos dentinários, mesmo em regiões com

gaps.

Frankenberger, Krämer e Petschelt (1999); Tay, Gwinnett e Wei (1998), relatam que a adesão ao esmalte é mais favorável quando comparada a adesão à dentina devido às características intrínsecas da mesma que podem ter influência direta na adesão. A resistência adesiva dos sistemas adesivos convencionais já foi modelada teoricamente como a soma da força dos tags de resina (penetração do adesivo para o interior dos túbulos dentinários), da camada híbrida (incorporação do adesivo pela trama colágena da dentina intertubular) e da adesão de superfície (PASHLEY et al., 1995). Assim, os efeitos observados tanto na superfície, quanto nos túbulos dentinários das amostras avaliadas no presente estudo, pode influenciar a formação da camada híbrida e, consequentemente, a adesão (MARSHALL et al., 1997; SCHWARTZ, 2006).

Durante muitos anos, uma maior penetração dos cimentos e dos materiais adesivos para o interior dos túbulos dentinários era considerada um parâmetro importante para a resistência adesiva do material à dentina. Contudo, estudos mais recentes têm demonstrado que a real contribuição dos tags resinosos profundos na dentina pode estar sendo superestimada. Lohbauer et al. (2008), em um recente estudo, correlacionaram a penetração intratubular do adesivo dentinário com a qualidade da adesão. Os autores concluíram que tanto o aumento da profundidade dos tags resinosos quanto da densidade desses tags não resulta em melhoria da resistência adesiva da resina composta. Crivano, 2009 após ensaios de push-out de pinos intrarradiculares cimentados com cimento RelyX U100, também não observaram aumento da resistência adesiva desse cimento nas amostras com maior formação de tags resinosos.

dos métodos de condicionamento da dentina na formação dos tags resinosos. O condicionamento ácido promoveu uma formação de tags resinosos com profundidade semelhante na dentina e o jateamento resultou em tags com profundidades variáveis. No grupo controle a penetração intratubular foi praticamente nula em todas as amostras. Corroborando com os resultados do presente estudo, Crivano, 2009 também só observou a formação de tags resinosos após o condicionamento ácido da dentina. Bitter et al., (2009) avaliaram a interface de adesão após o uso do cimento RelyXTM UniCem, e observaram que não existia a

formação de uma verdadeira camada híbrida. Esses resultados confirmam as informações do fabricante e as propriedades de adesão do RelyX U100 já abordadas em estudos prévios (DE MUNCK et al., 2004, GERTH et al., 2006). Assim, o mecanismo de adesão desse cimento deve estar relacionado a uma reação com a dentina de seu monômero ácido - éster do ácido fosfórico metacrilato além de uma possível reação química direta entre a hidroxiapatita dentinária e as partículas vítreas de flúor alumino silicato.

A diferença da formação dos tags resinosos entre os métodos de condicionamento pode estar relacionada ao processo que cada um utiliza para a remoção da smear layer. O condicionamento ácido causa a ampliação dos orifícios dos túbulos dentinários o que parece ocasionar essa penetração contínua abaixo da superfície dentinária. Sauro et al. (2008) relata que o condicionamento da dentina com ácido fosfórico a 37,5% pode resultar em melhor adesividade entre cimento/dentina. Contudo, Van Landuyt et al (2006) afirma que o condicionamento ácido fosfórico deve ser limitado ao esmalte para melhorar a efetividade adesiva dos cimentos auto-adesivos.

Outros estudos demonstraram que a resistência adesiva do Rely X U100 à dentina não aumentou após o condicionamento dentinário com ácido fosfórico (CRIVANO, 2009; GORACCI et al., 2005; WANG et al., 2008).

A remoção da smear layer pelo jateamento com óxido de alumínio ainda não foi muito estudada, porém foram observadas no presente estudo algumas características desse método de condicionamento que podem ter relação com a formação de tags de espessuras variáveis nessas amostras. O não alargamento dos orifícios dos túbulos dentinários pode dificultar a penetração do cimento nesses túbulos. Além disso, a presença de impurezas na superfície também pode ter causado a obliteração parcial de alguns túbulos. Por outro lado, rachaduras na

também foram visualizadas nas amostras após o jateamento. Não foi possível determinar com as imagens obtidas com o MEV a extensão em profundidade dessas rachaduras, mas essa é uma causa possível de uma profunda penetração do cimento RelyX U100 no tecido dentinário.

A associação de métodos de microscopia utilizados no presente estudo tornou evidente que os métodos utilizados para o condicionamento da dentina produzem alterações morfológicas significativas na estrutura desse tecido, que refletem diretamente nas características da interface de adesão. O condicionamento com ácido fosfórico é mais documentado na literatura, mas poucos estudos existem sobre o jateamento com óxido de alumínio.

Teoricamente, a rugosidade de uma superfície aumenta a área de contato com o material adesivo, aumentando, consequentemente, a resistência adesiva. Os resultados positivos de estudos prévios disponíveis na literatura têm indicado que esse tipo de condicionamento é realmente capaz de melhorar a adesão. O único estudo disponível na literatura sobre a influência desse método na adesão de cimentos autocondicionantes é o de Chaiyabutr e Kois (2008). Os autores avaliaram a resistência adesiva do RelyX U100 à dentina e observaram que o jateamento com partículas de óxido de alumínio de 27 µm e de 50 µm aumentaram a resistência adesiva desse cimento. Blatz (2009) observaram que o jateamento com óxido de alumínio aumentou a resistência adesiva do RelyX U100 e de outros cimentos adesivos em superfícies de cerâmica. Outros estudos devem ser realizados buscando comprovar a eficiência do jateamento com óxido de alumínio na resistência adesiva dos cimentos autocondicionantes.

Outro fator que merece atenção é a influência do jateamento e dos seus efeitos na integridade estrutural da dentina e das restaurações. Onisor, Bouillaguet e Krejci (2007) demonstraram que o jateamento com partículas de óxido de alumínio não diminuiu a integridade da adaptação marginal na dentina e nas restaurações de resina composta. Porém, no presente estudo, foram observadas rachaduras na superfície dentinária que podem comprometer a dureza e a integridade estrutural da dentina.

Nas amostras do grupo controle observamos pouca formação de tags resinosos, possivelmente relacionado ao fato de que cimentos autoadesivos assim como adesivos autocondicionantes removem ou dissolvem parcialmente o smear

A microscopia eletrônica de varredura revelou que ambos os métodos removeram a smear layer da superfície dentinária, que o ácido fosfórico causou o alargamento dos orifícios dos túbulos dentinários e o jateamento com óxido de alumínio causou rugosidade acentuada na superfície dentinária e rachaduras.

Não foi possível avaliar a influência dos métodos de condicionamento da superfície dentinária na resistência adesiva do cimento auto-adesivo RelyX U100 devido a falhas prematuras dos corpos de prova no ensaio de tração.

A microscopia ótica revelou a presença de espaços vazios entre o cimento e a dentina, causados possivelmente por uma elevada contração do cimento auto- adesivo RelyX U100.

Através de análise de microscopia confocal, observamos uma camada de alta densidade e de profundidade constante de tags resinosos do cimento RelyX U100, após o condicionamento com ácido fosfórico a 37,5% e tags resinosos do cimento RelyX U100 pouco densos e de profundidade variável, após o condicionamento com jato de óxido de alumínio.

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

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