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MILITARES NEGROS DO 4º REGIMENTO DE CAVALARIA BLINDADO DE SÃO LUIZ GONZAGA-RS: OS FUNDADORES DO CLUBE LITERÁRIO E RECREATIVO

3 REMANESCENTES DA CULTURA NEGRA EM SÃO LUIZ GONZAGA

3.3 MILITARES NEGROS DO 4º REGIMENTO DE CAVALARIA BLINDADO DE SÃO LUIZ GONZAGA-RS: OS FUNDADORES DO CLUBE LITERÁRIO E RECREATIVO

IMPERATRIZ

Para compreender as transformações e organizações dos “Dragões do Rio Grande”, no Rio Grande do Sul e em particular no município de São Luiz Gonzaga, segue um breve histórico baseado em Fonttes (2001, p. 35-114), que redigiu o único livro são-luizense sobre o tema, assim como também utilizou-se as informações do site do Regimento17.

O Regimento foi constituído no dia 03 de maio de 1737, no Canal do Rio Grande, por determinação do Brigadeiro Silva Paes, com o intuito de guarnecer as fronteiras portuguesas contra a expansão dos domínios espanhóis na região. Devido a uma prática portuguesa o regimento recebeu a denominação de "Dragões do Rio Grande de São Pedro", pela sua localização.

Em 1752, deslocou-se para a margem esquerda do Rio Pardo, quando auxiliou no cumprimento do Tratado de Madrid, demarcando os limites estabelecidos na permuta entre a Colônia do Sacramento e as Missões Orientais. Neste novo espaço, recebeu o nome de "Dragões do Rio Pardo", integrando campanhas para proteção das fronteiras.

Em 1824, trocou sua nomenclatura para 5º Regimento de Cavalaria, no entanto, ao anuir à Guerra Farroupilha, o Regimento foi dissolvido. Sua reorganização foi realizada apenas pelo Decreto Imperial nº. 1074, de 30 de novembro de 1852, em São Gabriel, por João Manoel Menna Barreto, o qual novamente foi incumbido de proteger as fronteiras. Passou a chamar-se 5º Corpo de Caçadores a Cavalo e integrado ao 2º Corpo de Exército, participam da Guerra do Paraguai. Após isso, passa a denominar-se 5º Regimento de Cavalaria Ligeira, com sede em Bagé.

Ao tomar parte na Revolução Federalista de 1893, tinha missões na qual se fazia necessário mobilidade ao acampamento. A última parada foi em Santana do Livramento, local em que permaneceu até 08 de maio de 1905.

Depois, foi transferido para São Luiz Gonzaga, onde chegou em 8 de julho de 1905, sob o comando do Ten. Cel. João Inácio Alves Teixeira e, em 1920, teve sua

17 Resumo Histórico do 4º RCB. Disponível em:

http://www.4rcb.eb.mil.br/index.php?option=com_content&view=article&id=217&Itemid=934&lang=en

designação mudada para 3º Regimento de Cavalaria Independente. De início instalou- se no antigo Colégio dos Jesuítas, mas sua sede foi edificada e recebeu o atual prédio em 8 de julho de 1924.

Ao iniciar aí as atividades, o Regimento sediou-se, provisoriamente, no antigo Colégio dos jesuítas. Esse prédio ficara abandona após a expulsão dos jesuítas em 1768. Posteriormente, servira à comunidade como capela e casa paroquial, como destacamento policial, Delegacia de Polícia e prisão e como Câmara Municipal. Por fim, abrigou o 5º Regimento de Cavalara Ligeira, depois denominado de 3º Regimento de Cavalaria Independente, que permaneceu naquele lendário colégio de 1905 a 1924, quando recebeu a atual e definitiva instalação. (FONTTES, 2001, p. 121)

Imagem 20 - Partida de futebol na Praça de Polícia - hoje Vila Militar. Ao fundo aparece o quartel sendo construído – 1922

Fonte: Disponível em: https://www.flickr.com/photos/fotosantigasrs/11018658055/in/photostream/

acessado em: 24 de setembro de 2018

Neste período os Dragões do Rio Grande exerceram diversos serviços: vigilância de fronteira, combate ao contrabando, fornecimento de seu efetivo, inclusive o Comandante, o então Major Leovegildo Paiva, para a Campanha do Contestado e participou, ainda, dos movimentos revolucionários de 1924 e 1932.

No ano de 1954, de acordo com o Decreto Presidencial n°. 36.514 de 01 de dezembro de 1954, recebeu a denominação histórica "Regimento Dragões do Rio

Grande" (3º Regimento de Cavalaria). Em 3 de maio de 1956, a população de São Luiz Gonzaga ofereceu-lhe o estandarte.

Já em 1974, devido a modernização dos meios de combate, o regimento foi transformado em 4º Regimento de Cavalaria Blindado, mantendo a denominação "Regimento Dragões do Rio Grande".

Imagem 21 - 4º RCB – 1977

Fonte: Disponível em: https://www.flickr.com/photos/fotosantigasrs/11018650635 Acessado em: 24 de setembro de 2018

Bento (1976, p. 61-62) descreve o trabalho do negro no exército rio-grandense, seja ele escravo ou livre. Em fins do século XVIII e início do XIX, ele participou de prolongadas lutas.

O cativo, não podia participar das tropas regulares, mas sim da tropa de serviços, no qual podiam ser utilizados como remadores, transportadores, auxiliares de cozinha de oficiais, de acampamento, companheiro de combate, transmissão de ordens ou mensageiro.

Seguindo a ordem do pós-abolição, o exército foi uma das poucas instituições que abrigaram os afro-brasileiros oriundos do cativeiro, no início do século XX. Em São Luiz Gonzaga, esta possibilidade se concretizou, pois, haviam alguns negros incorporados ao exército.

Pode-se perceber isso, analisando a fotografia do Pelotão de Hemitério Francisco Cardoso: além dele havia outro negro inserido no Pelotão, por volta de 1930. Embora, a quantidade seja reduzida, entre trinta e cinco militares, dois apenas eram de origem negra.

Estes militares negros, contribuíram para a fundação do Clube Imperatriz, pois os relatos revelam a grande quantidade de militares presentes: “tem bastante militares que frequentavam o Clube, os militares que vinham prá cá que também não podiam entrar no clube do centro vinham pra cá. (...) Era todos da origem negra a maioria deles era de origem negra, moreno. (NENÊ, 2018)

Desta forma, conclui-se que a principal parcela de fundadores e frequentadores do Clube eram militares das diversas patentes, soldados, cabos, sargentos e tenentes. Todos buscavam a socialização da etnia, diversão, manutenção da cultura negra, criando intelectualidade e exaltação da identidade negra.

3.4 A LINHA FÉRREA DE SÃO LUIZ GONZAGA: NOVOS INTEGRANTES PARA O