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CAPÍTULO IV- DIVERSIDADE PEGMATÍTICA E ANÁLISE DOS TIPOS PARADIGMÁTICOS

IV. 1.1 – Minerais essenciais

Todos os corpos pegmatíticos observados apresentam composições situadas no sistema granítico residual, incluindo proporções variáveis de quartzo, feldspato potássico, albite e micas. As maiores variações observam-se quando se comparam as composições de diferentes enxames, tal como são descritos em Leal Gomes (1994).

Em alguns casos, principalmente em corpos com elevado grau de fraccionação, outros minerais, além dos mencionados, podem também incluir-se no cortejo de minerais essenciais. È o caso dos aluminossilicatos de Li (petalite e espodumena), turmalina, alguns fosfatos e ainda o berilo e silicatos de Al anidros.

A discriminação composicional aqui utilizada baseia-se na diversidade paragenética encontrada, sendo guiada pela tipologia composicional baseada em análise química de rocha total e análise modal apresentada em Leal Gomes (1994 e 1999). Nestes trabalhos a amostragem para análises químicas obedeceu a um conjunto de critérios restritivos, incidindo sobre a fácies granulares mais homogéneas, sem indícios de estruturas e texturas de cristalização “in situ”, e seus domínios litológicos afectados por alteração supergénica ou deutérica.

As composições químicas e normativas representadas em Leal Gomes (1994) são, por isso, encaradas aqui, como representativas de fácies primordiais na fraccionação pegmatítica atribuída a cada enxame. Representam termos paragenéticos dos quais por diferenciação podem resultar as associações mineralógicas que em cada linhagem ou enxame evoluem para termos pegmatíticos em sentido estricto, por vezes com estruturas heterogéneas, bandadas ou zonadas.

De seguida apresentam-se as composições modais dos minerais essenciais, obtidas por Leal Gomes (1994) e Leal Gomes (1999) para corpos aplito-pegmatiticos dos filões cruzados, filões helicoidais, “sill”, e filões E-W, por se tratar daqueles onde foi identificada a presença de estruturas de fraccionação interna, com relevo para o estudo

60 Filões Cruzados Na figura 13 encontram-se projectadas as composições dos minerais essenciais presentes nas paragéneses alojadas em filões cruzados. Destaca-se uma dominância do conjunto feldspático que compõe aproximadamente 45% das paragéneses. Embora se tenham agrupado os feldspatos alcalinos, a albite é mais abundante que o feldspato K.

Estas composições foram obtidas em corpos granulares homogéneos, variando significativamente quando se consideram fácies mais grosseiras com texturas pegmatíticas típicas, onde, em alguns casos, os minerais acessórios podem assumir proporções mais elevadas que as de alguns minerais essenciais.

Quanto aos minerais acessórios da fácies analisada, discutidos em seguida com maior detalhe, destaca-se a presença de andaluzite e silimanite ( 5%), bem como outros silicatos e fosfatos hiperaluminosos e minerais portadores de Nb>Ta, Sn, T.R. Y e U, que juntos perfazem 1% da análise modal.

Em termos minero-químicos, Leal Gomes (1994) caracteriza estes corpos pegmatóides como com micáceos albíticos hiperaluminosos. Inscrevem-se neste conjunto de tipos aplito- pegmatíticos as paragéneses da Encruzilhada e S.Cristina.

Figura 13: Composição modal típica de um aplito-pegmatito do enxame de filões cruzados, descrita em Leal Gomes (1994). Os aluminossilicatos polimorfos apresentados (andalusite e silimanite) surgem em proporções essenciais na paragénese.

Filões helicoidais A estimativa modal dos minerais essenciais desta paragénese é apresentada em Leal Gomes (1999) para o corpo pegmatítico do Lourinhal (figura 14). Verifica-se uma predominância de feldspato K e albite, que juntos perfazem 55% da paragénese, seguidos do quartzo e mica

61 branca. O feldspato dominante é a ortóclase, que marca a assinatura potássica típica destes corpos precoces.

Como minerais acessórios, destacam-se o berilo e fosfatos em quantidades apreciáveis e ainda turmalina schorl esporádica, limitada a regiões específicas do pegmatito.

Em termos mineralógicos, corresponde a paragéneses pegmatíticas potássicas com assinatura hiperaluminosa.

Figura 14: Composição modal típica de um pegmatito helicoidal, descrita em Leal Gomes (1999). Berilo e Fosfatos podem surgir em concentrações consideradas essenciais.

“Sills” Apresentam composições modais muito variáveis, explicadas pelo existência de maiores graus de fraccionação. Por esse mesmo motivo, Leal Gomes (1994) apresenta 4 termos extremos composicionais, o primeiro atribuído a composições de paragéneses intragraníticas e os restantes a paragéneses exograníticas.

Estes últimos apresentam especial interesse, por caracterizarem corpos exograníticos aos quais pode ser já associada a intervenção de fases fluidas imiscibilizadas que podem dar origem, localmente, a texturas pegmatíticas típicas.

Todos os extremos composicionais apresentam assinatura litinífera, podendo ser distinguidos através da predominância das fases portadoras de Li. Distingue-se aqui paragéneses com turmalina litinífera, petalite e a associação espodumena-ambligonite. Na figura 15 encontram-se representadas as principais diferenças ente elas, no que respeita ao cortejo de minerais essênciais. No que respeitas às fases acessórias, é ubíqua a ocorrência de cassiterite, ambligonite e columbite - tantalite

62 De acordo com Leal Gomes (1994) este conjunto paragenético apresenta, do ponto de vista mineralógico, uma marcada assinatura albítica, com abundância de fases portadoras de Li.

Figura 15: Composições modais típicas de pegmatitos da geração de corpos “sill”, descrita em Leal Gomes (1994). Encontram-se representados os extremos da variedade composicional observada nestes corpos. A fracção micácea representada corresponde a

micas brancas, especialmente a moscovite. A turmalina corresponde maioritariamente às variedades olenítica e elbaitíca

Filões E-W Na figura 16 apresenta-se a composição modal de um pegmatito do enxame paroxismal de filões E-W. Ao contrário dos corpos em cima descritos, estas ocorrências apresentam composições extremamente variáveis, em função do seu zonamento interno.

Estes corpos distinguem-se dos restantes, por apresentarem micas, particularmente a lepidolite, como o mineral essencial predominante. Em conjunto com o quartzo, constituem aproximadamente 95% da paragénese identificada em pegmatitos deste tipo.

O cortejo de acessórios é também extremamente variável em função do zonamento interno. Destaca-se a presença de ambligonite, cassiterite, columbite – tantalite, microlite, berilo alcalino, trifilite, ganite, ixiolite, wodginite, topázio, arsenopirite, pirite, Bi nativo e clorite como principais minerais acessórios da paragénese.

Mineralogicamente, Leal Gomes (1994) caracteriza estas ocorrências como paragénese sobremicáceas litiníferas, por vezes com cavidades miarolíticas.

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Figura 16: Composição modal de um pegmatito do enxame paroxismal de filões E-W descrita em Leal Gomes (1994). A fracção micácea representada corresponde a lepidolite e outras micas de Li. A turmalina corresponde maioritariamente às variedades elbaítica e lidicoatítica.