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Minha Senhora de Mim

No documento BAKALÁŘSKÁ DIPLOMOVÁ PRÁCE (páginas 37-50)

O livro de poesia Minha Senhora de Mim é um exemplo de poesia típica de Maria Teresa Horta. Este livro pode ser caracterizado pelas palavras corpo e mulher. Sempre representa uma obra feminista e sobretudo feminina. Mas ao contrário do Espelho

Inicial não procura a identidade feminina porque ela é já certa da sua posição. Mais

significante aqui é o erotismo, que se ignorava no ponto duma mulher.

Eu não quero dizer que a mulher não é considerada como um objecto sexual. Justamente o contrário, ela é. Todavia, Maria Teresa Horta não fala do ponto de vista masculina mas feminina, que considerado revolucionário e proibido pela sociedade. A mulher não podia enunciar a sua sexualidade.

Minha Senhora de Mim documenta um grande passo no movimento feminista

quando comparamos o livro com a obra anterior e observamos a mudança do tópico da descoberta da identidade feminina no Espelho Inicial ao erotismo de Minha Senhora de

Mim.

A escrita da poetisa de Minha Senhora de Mim (1971) tem sexo, por se encontrar próxima da historicamente determinada vida das mulheres - ao nível da experiência interior, corporal, social e cultural -, pelas temáticas abordadas, pelo seu universo existencial, pelos aspectos da linguagem e da construção poética ou narrativa, consoante o registo em que a autora se move. E depois há ainda o outro corpo, o corpo da linguagem, a corporização do texto, no qual a exaltação dos sentidos é voraz, dolente, vertiginosa, na continuidade entre elementos diversos, como o mundo real e o imaginário, a ferida e o espanto, a sombra e o fogo. (Gastão, 2005)

Minha Senhora de Mim

Comigo me desavim minha senhora de mim

sem ser dor ou ser cansaço nem o corpo que disfarço Comigo me desavim minha senhora de mim

nunca dizendo comigo o amigo nos meus braços Comigo me desavim minha senhora de mim

recusando o que é desfeito no interior do meu peito

A primeira coisa para marcar neste poema é a ênfase aos pronomes possessivos ou à apropriação geralmente. O nome do poema reflecta o nome do livro de poesia. «Minha Senhora de Mim» que remete à Virgem Maria como à Nossa Senhora em português. No meu ponto de vista é esta relação criada por razão de conscientização duma mulher, que o seu corpo é sacro e que devia viver com o corpo porque é normal.

O poema trabalha com três versos que se repetem como o refrão: Comigo me

desavim / minha senhora / de mim. No meu ponto de vista a estrofe representa uma

disarmonia dentre duma mulher. A palavra desavim é uma marca do problema, da disputa. A aproximação, até a confusão com a Nossa Senhora dá à mulher a ênfase e a importância. Ultimamente, a apropriação acentua o fato que o conflito ocorre-se dentro da mulher, que o sujeito lírico encrespou-se consigo mesmo e com o qual se desaveio é uma parte inteira e inseparável dele (ou «dela» porque eu pressuponho que o sujeito

lírico é uma mulher pela palavra senhora, e também por razão do contexto da vida de Maria Teresa Horta).

Após podemos observar três estrofes diferentes: sem ser dor ou ser cansaço / nem

o corpo que disfarço é a primeira. Esta estrofe mostra o desquite forte do corpo e certo

nível de indiferença com as palavras sem ser dor ou ser cansaço. A meu ver o verso representa a distância duma mulher do seu corpo. O sujeito lírico ausentou-se de si mesmo apesar que no facto o que é distinto agora, é a base importante, talvez a mais importante. Quero dizer que o corpo é o fundamento de cada mulher, de cada homem e é importante e urgente senti-lo.

Depois de estrofe que se repete como o refrão chega nunca dizendo comigo / o

amigo nos meus braços. Uma estrofe que confirma a separação e a distância do sujeito

lírico do seu corpo. Os braços deviam ser os amigos no sentido que deviam ser uma parte integral. Os braços deviam tocar o corpo como se falassem com ele. Mas isso nunca acontece.

Recusando o que é desfeito / no interior do meu peito é a última estrofe do poema

que de novo reveza a refrão-estrofe. Eu penso que o sujeito lírico mais uma vez confessa a distância em si mesmo. Interior do meu peito mostra que a disputa passa-se no seio, dentro duma pessoa. O que no primeiro verso da estrofe remete ao corpo físico, como eu já disse.

Eu esclareço o poema como uma confessão duma mulher que está distinta do seu corpo mas que já pode ver que o corpo é importante e sacro. O poema parece uma confissão, como uma reza que é importante. Mas nesta reza o sujeito lírico não fala a deus, nem à Nossa Senhora. Porém fala a si mesmo, porque dá a conhecer que o sujeito lírico – ela – e o seu corpo é mais importante.

Abrigo

Abrigo-me de ti de mim não sei há dias em que fujo e que me evado

há horas em que a raiva não sequei

nem a inveja rasguei ou a disfarço

Há dias em que nego e outros onde nasço há dias só de fogo e outros tão rasgados Aqueles onde habito com tantos dias vagos

O poema começa com o verso abrigo-me de ti e eu vou primeiramente analisar este ti. Quem é o «ti?» É possível que «ti» é sempre o sujeito lírico. Uma parte dele que não é integrada e com a qual o sujeito lírico não se pode identificar. Com a ideia semelhante vou ainda trabalhar no poema «Sobre a Ambiguidade».

Esta teoria não tem nenhuma evidência e a razão de criação dela na minha mente pode ser só minha influência como influência da leitora.

Porém, no contexto histórico (tenho em mente a luta feminista e a emancipação, percepção das mulheres de si mesmas) e também no contexto dos poemas deste livro de poesia, penso que a ideia não é improvável. Todavia, não encontrei uma resposta certa.

Na minha análise vou trabalhar com este meu sentido que o poema é uma disputação dentro duma mulher.

O poema representa uma luta dentro duma mulher porque ela tem duas personalidades mas nem uma nem outra é percebida como «diabólica». O problema não é existência de duas personalidades mas a disarmonia entre as personalidades.

O sujeito lírico fala sobre dois estados: a primeira estrofe está parada em sentido oposto à segunda estrofe. A primeira estrofe presenta uma mulher que se não ama, que se não conhece e que se esforça por fujir ou esconder. A segunda estrofe fala duma mulher que está harmoniosa, que não sente nenhuma raiva, ódio ou ansiedade.

Outras três estrofes têm só dois versos. Cada estrofe é composta dum verso do primeiro tipo: Há dias em que nego // e outros tão rasgados // com tantos dias vagos e também do segundo tipo: e outros onde nasço // há dias só de fogo // Aqueles onde

habito. A mulher do primeiro tipo é assustada e incerta, vive nas tradições e com as

tradições, não é feliz, não unida com o seu corpo. A outra pessoa representa o oposto. Ela habita no seu corpo que ama e pode tocá-lo. É cheia de vida e de paixão. O fogo (a palavra da paixão) e o nascimento considero como uma evidência para esta dedução, no caso contrário comprovam a dedução as palavras rasgados, vagos.

O que podia negar a minha teória são duas palavras. Ti e inveja. Eu já expliquei que a distância dentro duma mulher podia ser afigurada naquela palavra ti. A inveja é uma emoção ligada mais aos amantes então podia parecer idevida. Porém, aquela emoção pode surgir em qualquer relação e de qualquer estímulo e eu creio que a inveja neste poema sublinha o desacordo dentro do sujeito lírico.

Sobre a Ambiguidade

Este esquecer de mim por bem querer este te perder

e envolver nos braços Este meu dizer e desdizer de nunca te perder

mas não esquecer que o faço Este meu delírio

minha febre

este meu medo de saber Este meu vício

e minha causa este meu motivo de não ser

O poema «Sobre a Ambiguidade» espelha já no seu nome tudo de que se fala, no meu ponto de vista, neste livro de poesia (Minha Senhora de Mim). A primeira pergunta devia focalizar o problema de ambiguidade, que há entre o corpo duma mulher, no sentido físico e sexual e entre o estatuto social que uma mulher tinha ganhado durante o tempo. (O estatuto documentei na parte teórica.). Então aqui há uma mulher que tem necessidades físicas, sexuais e vontades e uma mulher que vê os seus sentimentos como uma expressão duma doença ou de loucura. Ela sente-se inadequada para desejar com ânsia porque a sociedade interdita aquelos sentimentos. (Beauvoir, 1966; parte teórica deste trabalho)

A meu ver, este poema tem uma tendência para acelerar. Pois o tempo é mais rápido com cada próximo verso, as expressões são mais sensuais e mais fortes, eles cortam a respiração até o último verso de não ser. Parece como um fim definitivo, imudável.

Em todo o poema surgem as expressões como mim, meu, minha. Há um acoplamento entre o poema, entre as palavras e entre o sujeito lírico, entre a realidade. O

poema é não só sentido mas também sensitivo e sensível, porque o poema mesmo «cresce» dentro das palavras. «O crescimento» manifesta-se no tempo acelerante do poema.

A presença de mim no poema é muito significante por causa de mostrar o deslocamento de atenção de Maria Teresa Horta. Os poemas mais antigos não abrangem a mulher concreta e física, porém, aqui a mulher já emerge nos desenhos certos que não representam só as espectativas e mitos dos outros. Neste poema a mulher sei que ela é a mulher e que devia expressar-se para mostrar que uma mulher não vive em contos de fadas ou nos espelhos, todavia, existe no mundo físico e é física.

Apesar da presença de mim podemos observar no poema também te. Quem é tu?

Tu tem duas possibilidades, que podia representar. Uma representação é outra pessoa e

segunda é simbólica – no poema surge uma mulher sensual que fala no poema sobre ela mesma. Mim, meu, minha neste poema é, acima referido, uma mulher autêntica, física, sensual. A oposição desta mulher aparece como outra pessoa, que talvez seja familiar ou íntima por apostrofar com te (e não você, por exemplo), no entanto não faz parte de eu. Esta outra mulher é a pessoa que tem arraigado profundamente na percepção de si mesma em cada mulher. E com esta explicação entra em linha de conta a apuração que

te neste poema expressa a ambiguidade – te é também a mulher mesma mas também a

outra pessoa, a outra mulher, porque a autora apercebe-se que é composta da sua parte física mas também da sua parte social, tradicional, estereotipada. Por conseguinte de

não ser no fim deste poema é a embocadura dos sentimentos de te perder, porque a

ambiguidade fica dentro da mulher e a única solução parece não ser uma ou outra – física ou esterotipada.

Minha última nota refere-se à ambiguidade sobre as palavras usadas: perder e

envolver, dizer e desdizer. Como acima referido, a língua (as palavras e também o som

das palavras) e o sentido (as imagens que representam) fazem duas partes inseparéveis do poema.

Poema de Amor

Minha mágoa minha água

meu sabor de fruto solto Meu fruto

de sol aberto

no seu caminho revolto Meu infiel

meu ramo

minha flor de cetim

Meu corpo que não derramo meu insuspeito

de mim

Poema de Amor apresenta uma relação muito forte a mim, ao sujeito lírico. No

meu ponto de vista à análise representa este sujeito lírico uma mulher pelos símbolos utilizados, que vou explicar abaixo. Eu encaro os poemas como poemas duma confissão feminina então me parece evidente que a relação a mim representa uma relação à mulher. Todavia, esta ideia será documentada abaixo.

As palavras minha, meu, mim pululam no poema. Também neste poema observamos o desenvolvimento do sujeito lírico que tende para descobrir si mesma e por esta razão fala sobre si mesma e tenta encontrar a ligação entre os sentimentos e as palavras, encontrar a base duma mulher, encontrar uma harmonia.

Expressões como água, fruto, ramo, sabor são os símbolos duma mulher maternal, duma mãe. Eu já citei acima alguns autores que confirmam esta conexão. Todavia estas expressões podemos entender também como um pronunciamento da sexualidade feminina porque minha flor de cetim pode implicar a sensualidade duma mulher, a vagina e os desejos sexuais. Com tudo isso, a flor é de cetim, do material muito delicado, que assinala que a mulher de cetim é delicada e tem uma relação carinhosa a seu corpo.

a ambiguidade destas duas pessoas. O poema funciona como um testemunho duma mulher que ama a sua existência, que ama o seu corpo, que se ama.

A primeira, segunda e terceira estrofe são edificadas como uma descrição. Em cada estrofe há símbolos duma mulher, uma presença de eu mas também um desacordo entre as expressões: mágoa e água, fruto e revolto. A desarmonia simboliza no meu ponto de vista o combate como no poema Sobre a Ambiguidade. Todavia a última estrofe deste poema mostra que o sujeito lírico já não fala sobre a ambiguidade, mas sobre o amor, o amor a si mesma. Não quer derramar o seu corpo, não o quer suspeitar.

Acima referi que as três estrofes descrevem sempre o mesmo que podia levar a pergunta: o que é a mágoa e porque descreve esta palavra uma mulher? Creio que a mágoa representa a luta duma mulher no sentido da apercepção duma mulher. Ser uma mulher suporta o peso dos estereotipos, de não ter direitos, de ser só uma mãe e parturiente pois as pressuposições pejam a mulher e causam que uma parte da sua identidade vem a ser um ónus.

Entre nos e o tempo

Assim... meu amor penetra o tempo as ancas devagar as pernas lentas

o charco dos teus olhos e a laranja

a palpitar dentro do meu ventre Assim... meu amor

penetra o tempo a boca devagar os dedos lentos

a raiva do punhal que enterras no sol pastoso

do meu ventre Assim... meu amor penetra o tempo os rins devagar o espasmo lento

A primeira coisa para acentuar é a estrutura regular do poema. O poema é muito sensual e o ritmo é também regular. Esta regularidade implica o sentido que o poema seja uma representação do coito.

Do mesmo modo são escolhidas as palavras. A regularidade passa por todo o poema. A primeira estrofe repete-se três vezes. A segunda, quinta e sétima estrofe afiguram o mesmo esquema da oposição da lentidão e da pressa. Só as palavras mudam- se: ancas, pernas, boca, dedos, rins. Mais uma vez queria avisar ao ritmo que se

repercute como na regularidade das estrofes, tão na regularidade das palavras dentro das estrofes.

O erotismo e a sensualidade do poema é enfatizada pelo ritmo, mas as expressões selectadas são naturalmente importantes. Eu já frisei as palavras que descrevem o corpo humano, todavia, a mesma importância têm os pronomes como meu e teu, porque o sujeito lírico põe em evidência que se trata de duas pessoas na interacção. Também o verso Assim... meu amor parece como o tratamento da segunda pessoa pelo sujeito lírico.

Há ainda duas estrofes de três versos no poema. Também aqui é a estrutura similar: o charco dos teus olhos/a raiva do punhal que enterras. Ambos versos criam uma imagem das emoções fortes, como raiva ou tristeza, alguma coisa que a pessoa já não quer sentir, que se desdobra para enterrar.

E a laranja/no sol pastoso – segundos versos que podem parecer diferentes. Mas a

imagem duma laranja e do sol é quase a mesma. Ambos são redondos e amarelo- laranjas. O sol é o símbolo masculino e a laranja representa no meu ponto de vista ainda mais. Evoca o sol como o símbolo masculino (acima citado nos comentários dos poemas anteriores), mas também é o fruto e o semente. O fruto como um bebê e o semente como o esperma. Assim queria explicar e descrever porque julgo a expressão ainda mais acertadas.

O último par a palpitar dentro do meu ventre/do meu ventre parecia comparativamente explícito depois da minha explição das outras imagens. O que é

dentro do ventre é o sol então o homem e portanto esclareço todo o poema como um

coito. Mas o sujeito lírico é feminino (as expressões como meu ventre) que representa o ponto de vista menos típica. Esta confissão erótica feminina mostra o sexo e como as mulheres o sentem, como passa e penetra o tempo durante o coito.

Minha última nota dispõe sobre a palavra penetrar que apesar de não ser utilizado no sentido da penetração sexual tem também esta significação e eu sou convicta que a palavra foi escolhida com o propósito. A meu parecer, a palavra penetrar diz que o tempo não para durante a penetração mas passa e as mulheres também sentem alguma coisa apesar de que se não fale disso.

Conclusão

Minha análise contém dois livros de poemas. O Espelho Inicial e Minha Senhora

de Mim. A distância temporal dos livros é 10 anos e apesar do facto que a ditadura

limitava as actividades de libertação (não só feminista mas também dos homossexuais ou só de libertação do regime), durante os 10 anos o movimento moveu-se a outros objectivos.

Eu já tinha descrito as fases do feminismo na parte teórica e também tinha anotado que a participação do movimento não é possível aplicar claramente à situação em Portugal. A ditadura – com a censura e com outras maneiras de perseguir as pessoas envolvidas nas demonstrações ou outras actividades contra o regime – influenciou o decurso do movimento. Não podemos distinguir as fases tão facilmente como nos Estados Unidos, todavia, em Portugal há as diferenças entre as épocas também. Em Portugal as mulheres receberam o sufrágio básico na primeira fase. Como em todo o mundo, o sufrágio acalmou as feministas para algum tempo. Porém, depois as mulheres sentiram a tendência a expressar-se e a segunda onda constituiu-se.

O livro de Maria Lamas, As Mulheres do Meu País, pode ser considerado como uma primeira pesquisa da situação da mulher em Portugal. Registrou, com fotos e depoimentos, a situação das mulheres de todo o país, as camponesas, as ribeirinhas, as marinhas, etc. Um trabalho exaustivo devido às várias viagens, anotações e estudos, no qual destacava-se a situação de opressão em que a mulher portuguesa vivia. (Sant'anna, 2009)

Este livro foi publicado no ano 1948 que demonstra a deslocação das ondas do movimento feminista em Portugal. O livro representa a primeira evidência complexa e escrita do problema social de mulheres no país. O problema aumentou de intensidade todo o vigésimo século. Assim pode ser mais prático não falar de ondas do feminismo mas das conjunções das ondas, especialmente no caso de Portugal. O movimento não é dividido entre dois distintos segmentos mas é um processo continual que teve alguns momentos fortes e por isso fundamentais e importantes na história de mulher em Portugal.

Ainda um livro significante na história feminista em Portugal é Novas Cartas

sociais e políticas em que se baseava o regime fascista vigente. As críticas, principalmente em relação à mulher apontavam esta obra como um dos desencadeadores dos movimentos feministas em Portugal. Primeiro porque o espaço literário ainda era, em plenos anos 70, hegemonicamente masculino. Também pela rejeição aos modelos pré-determinados para o processo da escrita, ao usarem a polifonia e intertextualidades várias numa mesma obra. O livro Novas Cartas Portuguesas, criado com ousadia de escrever «via corpo» e de subir contra a situação política portuguesa, usando uma linguagem bem carregada de erotismo, ora de ironia, criticou com alto teor o sistema de governo vigente. (Sant'anna, 2009)

Novas Cartas Portuguesas representam um livro na fronteira de poesia e prosa

porque contém cartas, poemas, páginas de diário etc. O conteúdo representa uma grande diferênça sobre o primeiro livro que aludi acima. O primeiro livro representa a opressão de mulheres sem escrupulosidade quase como uma novidade. O segundo livro não necessita explicar o que é mal e o que é o problema da sociedade porque a situação é já clara e começa-se a discutir sobre o assunto. Novas Cartas Portuguesas não fala de mulheres como de as outras mas só mostra um palco com actrizes para que os leitores mesmos encontrem e descobram o mundo feminino. O livro só funciona como uma confissão não um guia.

No meu ponto de vista podemos encontrar uma distância semelhante entre os dois livros de poesia de Maria Teresa Horta. O Espelho Inicial compoe-se dos poemas que assinalam algum problema. Os poemas não falam abertamente do feminismo nem sequer das mulheres. Todavia, na minha interpretação expliquei os razões para quase uníssono comentário dos poemas. A incerteza dos poemas é dada pelo tipo da poesia porque como uma parte da lírica moderna, a autora formula os seus poemas pelas imagens coloridas e ambíguas.

O livro Minha Senhora de Mim representa a poesia mais física, mais concreta, mais erótica. Os poemas a meu ver não representam a opressão duma mulher mas o seu corpo, a distância do corpo e também a aproximação do corpo.

A bandeira não é forte ou concreta. Os tópicos dos livros variam-se. Todavia em

No documento BAKALÁŘSKÁ DIPLOMOVÁ PRÁCE (páginas 37-50)

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