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MINIFÁBRICA DE BENEFICIAMENTOS DA CASTANHA DE

5 TECNOLOGIA SOCIAL NO BENEFICIAMENTO DA CASTANHA

5.2 MINIFÁBRICA DE BENEFICIAMENTOS DA CASTANHA DE

Minifábrica de beneficiamentos da castanha de caju abrange uma tecnologia que representa um modelo agroindustrial de beneficiamento de castanha de caju voltada para cooperativas, associações comunitárias ou microempresas com o objetivo de agregar matéria- prima ao valor.

O desenvolvimento de novas tecnologias é um fator que propicia a otimização do processamento da castanha, tendo como alternativa realizar o beneficiamento em pequena escala, proporcionando a oferta de emprego para os trabalhadores rurais, mantendo-os no campo, além do aumento da renda do produtor de caju.

Portanto, a implantação do sistema de minifábrica visa dinamizar o processo de transformação da castanha, fomentando, por consequência, a produção do caju como atividade econômica, incentivando pequenos e médios produtores de castanha de caju, através de cooperativas e suas representações, associações comunitárias.

Dentro deste contexto, há geração de empregos para as comunidades nas etapas de plantio e replantio, manejos culturais, recolhimento da colheita, processamento da castanha, comercialização dos produtos resultados do seu processamento, beneficiamento (exportação e mercado interno) e por fim o consumidor final.

No entanto, a tecnologia da minifábrica é composta de etapas que se utiliza de equipamentos para:

a) o processo de classificação da matéria-prima; b) a autoclavagem; c) o corte manual; d) a desidratação; e) a despeliculagem; f) a seleção; g) a classificação;

h) a embalagem do produto final.

Deste modo, as minifábrica de castanha de caju, denominadas pequenas fábricas, vem incorporando novos avanços em processos e equipamentos, possibilitando melhor nos atributos de cor e integridade do alimento, sabor, odor e alta produtividade na obtenção de amêndoas, inserindo assim pequenos e médios produtores no agronegócio da castanha de caju, bem como propiciando em escalas de industrialização às pequena e média empresas. Segundo Hilton (1999), existem vários tipos de fábricas de mini processamento. Eis que:

Essas fábricas processam 500-1500 kg (1100-3300toneladas) de castanhas in natura por dia. Os minifábricas empregam mais pessoas (25-200 pessoas, dependendo da fábrica) por tonelada de castanha processada do que as fábricas altamente mecanizadas. Isto porque os seres humanos são melhores em separar a castanha a partir da casca do que as máquinas, pois a quebra da castanha é menor com as minifábricas, onde podem ser bastante rentável.

Uma minifábrica possui capacidade para processar 500 quilos de castanha in natura por dia, possibilitando assim a inclusão de pequenos e médios produtores no mercado interno e externo, e um baixo custo na produção.

Existem dois tipos de processos no beneficiamento da castanha de caju, que seriam: o mecanizado e o semi mecanizado. O processo mecanizado consiste no corte da castanha por

impacto que resulta num elevado índice de amêndoas quebradas, sendo operado pelas grandes fábricas, enquanto que o corte manual ou semi mecanizado usam maquinetas com navalhas e é operada por pequenas fábricas.

A diferença entre o sistema manual e o mecanizado consiste no processo de decorticação, ou seja, corte da casca. No sistema manual, a castanha após ser autoclavada é resfriada e depois cortada, em máquina provocada manualmente, exigindo, então, um elevado quantitativo de mão-de-obra, enquanto que no sistema mecanizado, a castanha é cortada por força centrífuga, praticamente sem utilização de mão-de-obra e imersa em Líquido da Casca da Castanha (LCC) aquecido a 200°C.

O resultado qualitativo dos processos é bastante distinto: pois o corte manual é de grande conhecimento nos países produtores de castanha como no Brasil, porém o modelo usado não faz a integração com as fases do processamento, já o índice de amêndoas inteiras no sistema mecanizado atinge algo em torno de 55 a 60% para máquinas bem calibradas, enquanto que no sistema manual esse índice supera os 75, segundo Araújo et al. (2009).

O módulo múltiplo usado no beneficiamento da castanha reside numa abordagem metodológica com a concretização de visitas de sensibilização nas regiões de produção de castanha para a comercialização da matéria prima, levantamento de informação a respeito da sua produção, mercado de produtos e processamento da amêndoa.

Segundo Araújo et al. (2009) “o resultado qualitativo desses dois processos, é bastante distinto: o índice de amêndoas inteiras no sistema mecanizado atinge algo em torno de 55 a 60% para máquinas bem calibradas, enquanto que no sistema manual esse índice supera os 75%”.

Visando diminuir tais perdas na qualidade, a Embrapa Agroindústria Tropical, desenvolveu um modelo de minifábricas de beneficiamento de castanha de caju que faz uso de um sistema manual de corte de castanha. O corte manual é de amplo conhecimento no Brasil como nos países produtores de castanha, mas o modelo utilizado não faz a integração com as fases do processamento.

O modelo da minifábrica foi lançado em 1999 pela unidade de pesquisa da EMBRAPA - Embrapa Agroindústria Tropical, localizada no campus do Pici da Universidade Federal do Ceará, município de Fortaleza.

Paiva (2004), responsável pelo desenvolvimento da tecnologia e pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, entende que:

A unidade de processamento deverá despertar o interesse de ONGs, empreendedores locais, da iniciativa privada e do governo. Instalamos a minifábrica no norte do país, a expectativa é que outras regiões possam adotar essa tecnologia.

Para Rodrigues e Barbieri (2007):

A tecnologia desenvolvida pela Embrapa é mais eficaz que o processo da indústria mecanizada. Enquanto o processo industrial, responsável pelo beneficiamento de mais de 90% das castanhas produzidas no país, aproveita em torno de 65% de castanhas inteiras, justamente as de maior valor agregado, o processo gerado dentro das minifábrica garante um aproveitamento na ordem de 85% de castanhas inteiras. Os pequenos produtores de castanhas de caju são, portanto, duplamente beneficiados: deixam de vender as castanhas in natura aos atravessadores, por cerca de R$ 1,60/kg, passando a beneficiá-las e comercializá-las, eles próprios, por cerca de U$ 4,00/kg na exportação e, ainda, com um método mais eficaz que o industrial, aumentando em cerca de 20% a produtividade na obtenção de castanhas inteiras, pós-beneficiamento. Assim, a tecnologia social decorrente da minifábrica tem como finalidade:

a) fortalecer o setor de processamento de castanhas de caju em sistema de minifábrica, com ações voltadas para a melhoria da produtividade de obtenção de castanhas inteiras;

b) organizar os pequenos produtores de castanhas-de-caju em cooperativas ou associações;

c) oferecer à família cooperada, uma renda média mensal; e

d) instalar minifábricas de castanhas de caju sendo autogeridas por associações/ cooperativas.

Portanto, essa tecnologia possibilita aos pequenos produtores de castanha de caju, organizados em associações comunitárias ou cooperativas, autogerirem uma minifábrica de castanha-de-caju, sem intermediários em sua interferência, retendo os próprios produtores a agregação de valores em decorrência do beneficiamento, e não mais com a indústria mecanizada ou com os atravessadores.

Tal modelo da minifábrica de processamento da castanha de caju foi transferida, por doação, ao país do Haiti pelo governo brasileiro em 2004, a qual foi colocada na cidade de Grande-Rivière-du-Nord, sendo uma ação decorrente do projeto de cooperação "Transferência de Tecnologias em Sistemas de Produção e Processamento de Caju”.

Segundo o embaixador do Brasil no Haiti, Kimper (2009): “A usina é uma doação do governo brasileiro à cooperativa e visa dinamizar o processo de transformação da castanha, fomentando, por consequência, a produção do caju como atividade econômica".