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FALANDO DO PROGRAMA ESCOLA ABERTA – SEGUNDO DIÁLOGO

2.3 PROGRAMA ESCOLA ABERTA: DO PONTO DE VISTA DAS PARCERIAS

2.3.4 Ministério do Esporte

Em 2005, como consequência de um termo de cooperação técnica assinado entre o Ministério da Educação (executor do Programa Escola Aberta) e o Ministério do Esporte (parceiro institucional do Programa), respectivamente, pelos então ministros Tarso Genro e Agnelo Queiroz, o Programa Escola Aberta passa a contar com essa experiência de formação desenvolvida pelo Ministério do Esporte, através do seu Departamento de Políticas Sociais do Esporte e do Lazer.

Faz-se importante mencionar, segundo Duarte, que o Programa Escola Aberta na sua origem não contava nos seus princípios com a temática do Lazer (informação verbal)24. Isto pode demonstrar o distanciamento do Lazer no espaço escolar.

O Programa Pintando a Liberdade, criado para dar apoio logístico aos programas sociais e esportivos do Ministério dos Esportes, tem a finalidade de ensinar aos presos um novo ofício e suprir a carência de materiais esportivos nas escolas públicas. Esse objetivo possibilitou, inclusive, a incorporação do projeto a um outro: o Programa Escola Aberta, que tem o esporte e lazer como uma de suas áreas para a realização das oficinas. A integração desses dois programas não se limita apenas a fornecimento de um kit para cada escola. O Ministério dos Esportes ofereceu, também, a formação de aproximadamente oito mil oficineiros, coordenadores escolares, coordenadores temáticos de esporte e professores de Educação Física das escolas abertas. Nesse sentido, a partir de 2005 o modelo de formação de esporte e lazer começa a ganhar um perfil adequado às características do Programa Escola Aberta.

No Programa Escola Aberta, esporte e lazer são considerados direitos sociais. A concepção dos mesmos no Programa visa a romper com os paradigmas hegemônicos, nos quais o lazer aparece como mero entretenimento ou produto a ser consumido e o esporte elitizado, na perspectiva do alto rendimento.

O lazer no Escola Aberta é entendido numa perspectiva mais abrangente, como um conjunto de atividades culturais em seu sentido mais amplo, contemplando os diversos interesses humanos, suas diversas linguagens e manifestações (MELO; ALVES JUNIOR, 2003). Objetiva propiciar aos participantes a possibilidade de utilização de seu tempo livre de maneira autônoma, crítica e emancipatória. Ou seja, “[...] ir além do entretenimento, com

ações orientadas para que os cidadãos produzam o seu lazer, um lazer de qualidade e venham a construir e ressignificar a sua cultura”. (BRASIL, 2007).

Nesse sentido, o lazer também pode ser considerado um veículo de educação. Segundo Marcelino (2002), o desenvolvimento de atividades no tempo disponível, de atividades de lazer, quer no plano da produção, quer no do consumo não conformista e crítico-criativo, requer aprendizado. Portanto, a relação educação-lazer pode favorecer a criação de instrumentos de defesa contra a homogeneização dos conteúdos veiculados pelos meios de comunicação de massa, atenuando seus efeitos, através do desenvolvimento do espírito crítico. Isso porque a ação conscientizadora da prática educativa, inculcando a ideia e fornecendo meios para que as pessoas vivenciem um lazer criativo e gratificante, torna possível o desenvolvimento de atividades até com um mínimo de recursos, ou contribui para que os recursos necessários sejam reivindicados pelos grupos interessados junto ao poder público.

Nesse sentido, o Programa Escola Aberta tem suas bases voltadas para uma proposta pedagógica que aproxima educação e lazer, como elementos fundamentais de uma formação crítica e humanizante, pois, segundo Marcelino (1987, p. 62):

(...) trata-se de um posicionamento baseado em duas constatações: a primeira, que o lazer é um veículo privilegiado de educação; a segunda, que para a prática positiva das atividades de lazer é necessário o aprendizado, o estímulo, a iniciação, que possibilitem a passagem de níveis menos elaborados, simples, para níveis mais elaborados, complexos, com o enriquecimento do espírito crítico, na prática ou na observação.

A proposta pedagógica do Programa Escola Aberta prevê o esporte enquanto uma rica possibilidade de aprendizagem social, enquanto um importante elo entre os princípios do lazer e da educação, proporcionando momentos de prazer e diversão, onde o lúdico e a criatividade são enfatizados, mas sobretudo um espaço democrático de inclusão social e exercício da cidadania, onde se aprende a respeitar as diferenças, a ser mais solidário e mais cooperativo.

Em 2006, foram realizados 33 encontros de formação de esporte em 7 (sete) estados da federação, atingindo cerca de 3.000 (três mil) pessoas responsáveis pelas temáticas do esporte do lazer no programa. A maioria delas, oficineiros de esporte e lazer, mas, também, um considerável número de professores de Educação Física, de coordenadores temáticos de esporte e lazer e de coordenadores escolares.

As formações para os oficineiros de esporte e lazer, realizadas no ano de 2006, buscaram criar as condições necessárias para que os mesmos identificassem seus papéis no

desenvolvimento de suas oficinas, primando pelo esporte recreativo e de lazer junto às comunidades atendidas pelo programa.

A metodologia utilizada – aulas expositivas, projeção de filmes e documentários, realização de debates, oficinas, dinâmicas e vivências – teve como finalidade a troca de informações, de experiências, a vivência do lúdico relacionado às práticas esportivas e, principalmente, a conscientização e sensibilização da importância do trabalho orientado pelos princípios do lazer crítico e criativo.

A concepção teórica da formação oferecida aos agentes do Programa Escola Aberta foi estruturada a partir de três eixos fundamentais: Cultura, Lazer e Esporte. Partimos do princípio, portanto, que as atividades esportivas não são um fim nem um começo em si mesmas. Elas precisam ser compreendidas enquanto atividades culturais, ou melhor, uma das várias opções a figurarem num programa de lazer. (MATTOS, 2007, Comunicação pessoal do autor25)

No ano de 2007, com o crescimento em escala nacional do Programa Escola Aberta, foi projetado um total de 64 (sessenta e quatro) encontros de formação de esporte e lazer para todos os 21 (vinte e um) estados que haviam aderido ao programa já no início do ano e, também, para o Distrito Federal. Ao final do mês de outubro26, haviam realizado um total de 6027 (sessenta) formações.

Segundo Mattos (op. cit), alcançaram com essas formações um público estimado em 5.100 (cinco mil e cem) participantes formados, principalmente, por oficineiros de esporte e lazer, coordenadores escolares e professores de Educação Física. A partir de 2008, não houve ações efetivas para a continuidade da parceria com o Programa Escola Aberta.