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CAPÍTULO III- A EDUCAÇÃO EM SAÚDE, A COMUNICAÇÃO E A MOBILIZAÇÃO SOCIAL NA VIGILÂNCIA, MONITORAMENTO, CONTROLE E ELIMINAÇÃO DA

3.3 MOBILIZAÇÃO SOCIAL:

Abrindo um dicionário encontramos dois significados para a palavra “mobilizar”: “Mobilizar v.t. (Do fr. Mobilisier): 1. Dar movimento a; movimentar; 2. Apelar para os serviços de alguém”. Mais do que uma sutileza semântica, a diferença entre esses significados é tão importante que pode afetar profundamente o caráter e os resultados de um processo de mobilização social.

A palavra mobilização, quando entra pelos nossos ouvidos, logo faz surgir da memória aqueles episódios de manifestações públicas, com uma multidão nas ruas, portando faixas e bandeiras, cantando hinos e gritando palavras de ordem. Passeatas e acontecimentos similares são

tão importantes que é até difícil conceber um processo de mobilização sem eles. Mas para entendermos a importância da mobilização social e aproveitarmos todo o seu potencial como estratégia de construção da democracia nesse momento da história brasileira, a primeira coisa que precisamos fazer é ir além dessa idéia, abrindo nossa cabeça para um jeito ampliado de pensar sobre o assunto: 1) Mobilização é evento, mas também é processo. 2) Mobilização é quantidade, mas também é qualidade (...) Um dos papéis da mobilização é fazer muita gente participar. Mas ao mesmo tempo, devemos considerar que “fazer parte” não é o mesmo que “tomar parte”. E que “ser parte”, por sua vez, representa um tipo de envolvimento ainda mais profundo. (...) (LINO, 2012).

Um processo de mobilização não acontece de uma hora para outra, do nada. Ele é fruto da atitude de alguém. Alguém que,diante de uma situação critica, indignado com algum fato, decide descruzar os braços e fazer alguma coisa. Indignação, organização, bom senso, planejamento e sentido de coletividade fazem parte de um processo de Mobilização Social.

... A mobilização, no entanto, não se confunde com comunicados, nem com propaganda ou divulgação. Ela exige ações de comunicação em seu sentido mais amplo, através das relações interpessoais, do diálogo e do bate papo. Muitas vezes é no dia a dia, no corpo a corpo, que as pessoas são mobilizadas”. (LINO, 2012).

Este encontro entre o produtor social e as outras pessoas, a comunidade, está na gênese de todo processo de mobilização. E neste momento é que a escolha por uma ou outra definição do dicionário pode fazer toda a diferença. Para fazer alguma coisa que queremos, muitas vezes precisamos “mobilizar” recursos. E este é um pouco do sentido da segunda definição: “apelar para os serviços de alguém” significa conseguir gente para fazer o que queremos, para viabilizar as nossas ideias e os nossos sonhos.

A Mobilização Social dentro de uma concepção mais crítica da realidade, não limita-se a preparar, arregimentar ou engajar indivíduos, famílias e coletividade para uma ação política ou reivindicatória ou para a execução de projetos e programas já pré-estabelecidos, mas como um processo de incentivo à participação efetiva dos recursos das comunidades locais e regionais, capacitados, fortalecidos e organizados por processos educativos transformadores, mobilizando-os para o planejamento, a execução e a avaliação de projetos e programas governamentais, buscando soluções mais próximas da realidade e dos meios que as comunidades e organizações dispõem consolidando e expandindo parcerias, promovendo e aumentando a capacidade comunitária de resolver seu próprios problemas. (MOISÉS, 2003). Mas, acontece que as pessoas têm vontade própria, têm seus próprios sonhos. E melhor do que chamar os outros para viabilizar o “nosso” sonho, é construir um sonho que possa ser de todos.

Toda mobilização é mobilização para alguma coisa, para alcançar um objetivo pré-definido, um propósito comum, por isso é um ato de razão. Pressupõe uma convicção coletiva da relevância, um sentido de público, daquilo que convém a todos. Para que ela seja útil a uma sociedade ela tem que estar orientada para a construção de um projeto de futuro. Se o seu propósito é passageiro, converte-se em um evento, uma campanha e não em um processo de mobilização. A mobilização requer uma dedicação contínua e produz resultados

Para Antônio Lino (2012), diretor da Aracati, Agência de Mobilização Social focada na participação dos jovens nas áreas de educação, comunicação e política, a Mobilização Social é um processo educativo que promove a participação o empoderamento e a coragem de muitas e diferentes pessoas em torno de um propósito comum. Ela não se limita às manifestações públicas, às passeatas e às convocações em praça pública, mesmo que estes eventos tenham um papel muito importante. Ninguém nasce cidadão atuante ou ativista. Mas sim, a partir de experiências vividas em seu bairro, em sua comunidade, em sua cidade, as pessoas vão aprendendo e incorporando cada vez mais a prática da participação social às suas vidas. Fala de elementos fundamentais de todo movimento social:

PROCESSO: A mobilização social não se limita às manifestações públicas, às passeatas, às convocações em praça pública, ainda que eventos deste tipo tenham um papel muito importante.

EDUCATIVO: Ninguém nasce um cidadão atuante ou um ativista. Mas a partir de experiências concretas no seu bairro, na sua comunidade, na sua cidade, as pessoas vão aprendendo e incorporando cada vez mais a prática da participação social às suas vidas. Cristovam Buarque costuma até dizer que "mais difícil do que botar o povo na rua é levá-lo de volta pra casa".

EMPODERAMENTO: Empoderar significa promover a iniciativa das pessoas, acreditando que elas são capazes de resolver os problemas que afetam diretamente suas vidas.

IRRADIAÇÃO: A mobilização gera um movimento que vai envolvendo cada vez mais (quantidade) e diferentes (pluralidade) pessoas, de um jeito cada vez mais organizado. CONVERGÊNCIA: Mobilizar não é só juntar pessoas para resolver emergências. As mudanças acontecem de fato se a sociedade se articular em torno de um projeto de futuro coletivo. Se o propósito for passageiro, o processo de mobilização vira um evento, uma campanha.

A mobilização social é um modo de construir a democracia e a participação. É um modo de construir um país em que todos promovem uma vida digna para todos. “Participar de um processo de mobilização é uma escolha, porque a participação é um ato de liberdade” (TORO, 2004, p.13).

A mobilização social é um modo de construir a democracia e a participação de toda a sociedade no controle e combate a dengue. É um modo de construir um país livre desse mal que assola toda uma sociedade, e se tornou a doença do século, da modernidade, pelo menos em nível de Brasil. “Mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um propósito comum, sob uma interpretação e um sentido também compartilhados.” (TORO, 2004, p.13).

3.4- RELACIONANDO EDUCAÇÃO EM SAÚDE, COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO

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