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AJES FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÀO DO VALE DO JURUENA ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E SAÚDE PÚBLICA

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AJES – FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÀO DO VALE DO JURUENA

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E SAÚDE PÚBLICA

DENGUE: EDUCAÇÃO EM SAÚDE, COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAL NA PERSPECTIVA DO CONTROLE /COMBATE/ELIMINAÇÃO.

NARA DENISE ANÉAS MATTIONI

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JUÍNA/2012

AJES – FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÀO DO VALE DO JURUENAE – AJES

ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E SAÚDE PÚBLICA

DENGUE: EDUCAÇÃO EM SAÚDE, COMUNICAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAL NA PERSPECTIVA DO CONTROLE /COMBATE/ELIMINAÇÃO.

NARA DENISE ANÉAS MATTIONI

Orientador: Prof. ILSO FERNANDES DO CARMO

“Trabalho apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Gestão Ambiental e Saúde Pública.”

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JUINA/2012

AGRADECIMENTO

A Deus por ter me oferecido a oportunidade de viver e evoluir a cada dia.

Aos meus Filhos, Emanuel e Anna Sophia, luzes que brilham e iluminam o meu caminho.

Ao meu companheiro Edson.

Aos Mestres pelos ensinamentos.

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RESUMO

O presente trabalho surgiu no intuito de demonstrar que a dengue pode ser controlada/evitada/eliminada com ações de Educação em Saúde, Comunicação e Mobilização Social. No cenário atual, em que persiste a possibilidade da ocorrência de epidemias de grande magnitude, como a dengue, o principal desafio imposto ao Sistema Único de Saúde diz respeito ao cumprimento das obrigações estabelecidas na legislação vigente, tais como promoção, proteção e recuperação da a saúde da população, com estrita observação dos direitos individuais. Este foi elaborado sob pesquisa bibliográfica e análise de dados e permitiu chegar a conclusão que a dengue é uma doença previsível e previnível; sendo o homem o maior responsável por sua disseminação/proliferação, mudando o comportamento do homem, mudaremos o quadro de proliferação e disseminação da doença e consequentemente o quadro epidemiológico do referido agravo. Nesse processo o desenvolvimento de ações de Educação em Saúde, Comunicação e Mobilização Social de forma dialógica, emancipadora, participativa, criativa, contribuem à mudança de comportamento do homem, fator determinante para o controle /combate/eliminação da doença, do vetor, da epidemia.

Palavras-chave: Dengue. Comunicação em saúde. Educação em saúde. Mobilização

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SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO 05

CAPÍTULO I: Breve histórico das políticas de saúde na Promoção da

Saúde 10

CAPÍTULO II: Distribuição da dengue no Brasil e no Mato Grosso 18

CAPITULO III:Educação em Saúde, Comunicação e Mobilização Social

versus Dengue e controle do vetor 32

3.1- Educação em Saúde 32

3.2- Comunicação 34

3.3- Mobilização Social 36

3.4- Relacionando Educação em Saúde, Comunicação e Mobilização Social com o Controle da Dengue e o combate ao vetor:

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CONSIDERAÇÕES FINAIS 45

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INTRODUÇÃO

A dengue é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. (...) Cerca de 550 mil necessitam de hospitalização e pelo menos 20 mil morrem em consequência da doença. Nas últimas duas décadas, a incidência de dengue nas Américas tem apresentado uma tendência ascendente, com mais de 30 países informando casos da doença, a despeito dos numerosos programas de erradicação ou controle que foram implementados. Os picos epidêmicos têm sido cada vez maiores, em períodos que se repetem a cada 3-5 anos, quase de maneira regular. (BRASIL, 2009, p.11).

80% da população na área urbana, com importantes lacunas no setor de infraestrutura. Dentre estas podemos mencionar: dificuldades para garantir o abastecimento regular e contínuo de água, a coleta e o destino adequado dos resíduos sólidos, aceleradas expansão da indústria de materiais não biodegradáveis, além de condições climáticas favoráveis, agravadas pelo aquecimento global, conduzem a um cenário que impede, em curto prazo, a proposição de ações visando à erradicação do vetor transmissor da Dengue.

As epidemias de dengue determinam uma importante carga aos serviços de saúde e à economia dos países. Muitas são as despesas ambulatoriais e hospitalares, sem incluir os custos com as atividades de vigilância, controle de vetores e mobilização da população.

O quadro epidemiológico do país aponta para a vulnerabilidade de ocorrências de epidemias, bem como um aumento das formas graves, possibilitando o risco de aumento de óbitos e da letalidade. Outro fator de preocupação é o aumento de casos na faixa etária mais jovem, inclusive crianças.

Nestas circunstâncias, cada vez mais se faz necessária a incorporação de estratégias de Educação em Saúde, Comunicação e Mobilização Social para o desenvolvimento de melhores hábitos de vida. Mudança de comportamento do homem, da sociedade, é a principal questão no controle do vetor da Dengue.

(...) possibilitando que o homem se compreenda como autor desta sociedade, podendo alterá-la; e dessa forma, atuar na prevenção e tratamento dessa doença, partindo de uma concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes.(...) Promover a responsabilidade social, através de políticas públicas saudáveis e comprometimento do setor privado. 2) Aumentar os investimentos no desenvolvimento econômico, através do enfoque multissetorial, com investimentos em saúde, e também em educação, habitação e outros setores sociais. 3) Consolidar e expandir parcerias entre os diferentes

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setores e em todos os níveis de governo e da sociedade. 4) Aumentar a capacidade da comunidade e fortalecer os indivíduos, o que exige educação prática, capacitação para a liderança e acesso a recursos. 5) Definir cenários preferenciais para atuação (escolas, ambientes de trabalho etc.). (BUSS, 2000, p.173).

Buscar a identificação das situações que tornam determinados grupos (e até

indivíduos) mais fáceis de serem atingidos – e por isso, vulneráveis – por situações que favorecem o aparecimento de doenças; assim deixaremos de banalizar, de reduzir nossa compreensão sobre o conjunto de condicionantes e determinantes, que estão presentes na rede de produção de problemas de saúde.

A Educação em saúde, a Comunicação e a Mobilização Social são campos de ações fundamentais para o bom desempenho de programas de prevenção e promoção da saúde, seja pela sua capacidade de abrir espaços de diálogo e conversação entre profissionais, agentes de saúde e população, na busca de solução para os problemas que os afetam, seja pelo seu potencial de mudar comportamentos e atitudes individuais frente a riscos à saúde, e proporcionar a ampliação da consciência sobre a sua própria situação de vida, a identificação dos problemas que envolvem a saúde, mas não se limitam a ela, e, em especial, a organização para o encaminhamento de demandas, que, uma vez alcançadas, poderão gerar impacto sobre condições de vida, qualidade de vida e, por fim, sobre a saúde.

A Educação em Saúde é inerente a todas as práticas desenvolvidas no âmbito do SUS. Como prática transversal proporciona a articulação entre todos os níveis de gestão do sistema, representando dispositivo essencial tanto para formulação da política de saúde de forma compartilhada, como às ações que acontecem na relação direta dos serviços com os usuários. Nesse sentido tais práticas devem ser valorizadas e qualificadas a fim de que contribuam cada vez mais para a afirmação do SUS como a política pública que tem proporcionado maior inclusão social, não somente por promover a apropriação do significado de saúde enquanto direito por parte da população, como também pela promoção da cidadania.

É preciso também repensar a Educação em Saúde na perspectiva da participação social, compreendendo que as verdadeiras práticas educativas somente têm lugar entre sujeitos sociais e, desse modo, deve estar presente nos processos de educação permanente para o controle social, de mobilização em defesa do SUS e como tema relevante para os movimentos sociais que lutam em prol de uma vida digna.

O princípio da integralidade do SUS diz respeito tanto à atenção integral em todos os níveis do sistema, como também à integralidade de saberes, práticas, vivências e espaços de cuidado. Para tanto se torna necessário o desenvolvimento de ações de educação em saúde numa perspectiva dialógica, emancipadora, participativa, criativa e que contribua para a autonomia do

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usuário, no que diz respeito à sua condição de sujeito de direitos e autor de sua trajetória de saúde e doença; e autonomia dos profissionais diante da possibilidade de reinventar modos de cuidado mais humanizados, compartilhados e integrais. (BRASIL, 2007, p. 10).

Interessa propor algumas inovações necessárias e possíveis para o controle do dengue. Nesse sentido, é preciso considerar que a introdução de inovações nas práticas de Educação em Saúde, Comunicação e Mobilização Social em geral, e na dengue em particular, é um grande desafio, pois aponta para mudanças na cultura, isto é, nas formas de realizar essas práticas no sistema de saúde brasileiro; e alguns desses desafios estão intimamente ligados ao processo de construção desse sistema, de forma democrática, descentralizada e eficiente.

Cabe destacar que não se trata de reduzir as soluções técnicas, mas é necessário rever os princípios que modelam as práticas, no sentido de torná-las mais eficientes. Contudo, é importante relativizar o poder dessas práticas em produzir ou induzir mudanças de comportamentos e atitudes, especialmente em contextos tão adversos à proteção e promoção da saúde.

As práticas de Educação em Saúde, Comunicação e mobilização social devem estar vinculadas, como estratégias da promoção da saúde, a um conjunto ampliado de ações intersetoriais, sejam de natureza econômica ( controle da produção de descartáveis), jurídica ( responsabilização das indústrias pelo destino final), política e social.

Combater o Aedes aegypti demanda o envolvimento articulado de diversos setores – como educação, saneamento e limpeza urbana, cultura, turismo, transporte, construção civil e segurança pública – assim como o envolvimento de parceiros do setor privado e da sociedade organizada, extrapolando o setor saúde. Essa intersetorialidade só é possível com muito diálogo e articulação entre as partes, tendo todos os setores nomeados e envolvidos, a Educação em Saúde, a Comunicação e Mobilização Social, como elementos chaves e primordiais ao alcance dos resultados propostos e previstos.

Para que essas ações tenham o cunho estratégico que lhes cabe dentro do mundo contemporâneo, é importante identificar que, para realizá-las, é necessário incorporá-las à agenda dos gestores e gerentes e nas estratégias dos diferentes atores sociais, percorrendo diversas fases que vão desde a pactuação de compromissos e

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responsabilidades, à análise de demandas, produção, acompanhamento, avaliação, difusão das experiências“A participação ativa do indivíduo é a única solução eficaz no controle dessas doenças e na prevenção de suas complicações” (PAIVA, 2006, apud MARTINS, 2007, p.5).

Os princípios político-pedagógico da Educação Popular são tomados como ferramentas de agenciamento para participação em defesa da vida e como estratégias para a mobilização social pelo direito à saúde”. O papel agenciador da Educação Popular se faz pelo pinçar e fomentar atitudes de participação no sentido de sempre mudar realidades, tornando-as vivas, criativas e correspondentes ao desejo de uma vida mais feliz.

A Educação Popular em Saúde, ao mobilizar autonomias individuais e coletivas, abre a alteridade entre indivíduos e movimentos na luta por direitos, contribuindo para a ampliação do significado dos direitos de cidadania e instituindo o crescimento e a mudança na vida cotidiana das pessoas.

Problematizando a realidade tomada como referência, a Educação Popular mostra-se como um dispositivo de crítica social e das situações vivenciadas por indivíduos, grupos e movimentos, permitindo a visão de fragmentos que estavam invisíveis e ideologias naturalizadas como realidades favorecendo a liberação de pensamentos e de atos ativos de mudança social.

Permite a produção de sentidos para a vida e engendra a vontade de agir em direção às mudanças que se julguem necessária. As ações pedagógicas constroem cenários de comunicação em linguagens diversas, transformando as informações em dispositivos para o movimento de construção e criação. (BRASIL, 2007, p.15).

Assim, o presente trabalho tem o objetivo de demonstrar que a dengue pode ser controlada/evitada/eliminada com ações de Educação em Saúde, Comunicação e Mobilização Social. Diante desse quadro levantamos os seguintes questionamentos: A Dengue pode ser controlada/combatida com ações de Educação em Saúde, Comunicação e Mobilização Social? Que poder ações dessa natureza tem sobre as pessoas a ponto de garantir que estas mudem de atitudes e comportamentos? Como podemos sensibilizar a população de forma a garantir que essa doença tão temida seja controlada/evitada/eliminada?

Os questionamentos acima descritos nortearão a problematica para a discussão/elaboração do presente trabalho tendo como hipóteses: 1ª- A prática da Educação em Saúde, Comunicação e Mobilização Social desenvolve nas pessoas

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juízo crítico e capacidade de intervenção sobre suas vidas e sobre o ambiente com o qual agem e interagem; dessa forma a Dengue pode ser controlada/evitada/eliminada; 2ª- A análise do papel das populações humanas e da infestação pelo Aedes aegypti em cada território, considerando-se as condições socioeconômicas e do ambiente onde interagem, poderá contribuir para identificação do papel de cada um na manutenção da circulação viral, podendo acrescentar elementos ao debate das estratégias de prevenção; 3ª- A dengue é uma doença previsível e previnível; sendo o homem o maior responsável por sua disseminação/proliferação, mudando o comportamento do homem, mudaremos o quadro de proliferação e disseminação da doença e consequentemente o quadro epidemiológico do referido agravo.

O presente trabalho foi desenvolvido de forma conceitual, teórica e explicativa, calcado em pesquisa bibliográfica e análise de dados.

Será apresentado em três capítulos, sendo o terceiro capitulo subdividido em subcapítulos, com os seguintes conteúdos: CAPÍTULO I: Breve histórico das políticas de saúde na Promoção da Saúde; CAPÍTULO II: Distribuição da dengue no Brasil e no Mato Grosso; CAPITULO III: Educação em Saúde, Comunicação e Mobilização Social versus Dengue, subdividido em : 3.1- Educação em Saúde, 3.2- Comunicação, 3.3- Mobilização Social, 3.4- Relacionando Educação em Saúde, Comunicação e Mobilização Social com o Controle da Dengue e o combate ao vetor, Considerações Finais e Referências Bibliográficas .

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CAPÍTULO I - BREVE HISTÓRICO DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

As políticas de educação para a saúde e as ações preventivas, segundo ALVES (2005), surgiram tardiamente nas sociedades contemporâneas e são ainda mais recentes nos países em desenvolvimento. Atualmente a atenção à educação para a saúde está relativamente bem estabelecida em países desenvolvidos. Entretanto, em países como o Brasil, principalmente em estados menos desenvolvidos econômica e socialmente, as ações preventivas ainda não estão bem instauradas.

Na Europa, durante a segunda metade do século XIX, com o processo de industrialização, houve uma explosão populacional na zona urbana, principalmente das classes menos favorecidas. As pessoas geralmente se agrupavam e viviam em cortiços, nos quais as condições de higiene e saneamento básico eram precárias, propiciando o surgimento de epidemias como peste negra, cólera, gripe espanhola, lepra e outras que, em seguida, atingiriam as classes dominantes. Exercícios de controle social e sanitário foram utilizados na Europa do século XIX como ações para controle dessas epidemias. (COSTA, 1987).

No Brasil, as ações voltadas para a disciplinarização higiênica só ocorreram no início do século XX, tendo como focos de atuação os hospitais, os hospícios, as prisões e as escolas. As epidemias de varíola, peste, febre amarela, tuberculose, entre outras, foram importantes estímulos para o desenvolvimento de políticas de educação e saúde, principalmente dentre as classes menos favorecidas. Nesse período, destacou-se a política sanitária liderada por Oswaldo Cruz, que implantou a vacinação compulsória e a vigilância do comportamento das classes menos favorecidas, no que diz respeito ao saneamento básico e higiênico, visando o controle das epidemias. Essa política de educação partia do pressuposto de que a conscientização de indivíduos para boas práticas higiênicas e sanitárias, como o simples ato de lavar as mãos, contribuiria para melhoria da qualidade de vida e controlaria doenças infecto contagiosas, muitas vezes consideradas graves (ALVES, 2005)

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A partir do final da década de 40, foram desenvolvidas práticas educativas mais voltadas para comunidade e menos individualistas, buscando maior eficácia e disseminação da política preventiva (VASCONCELOS, 2001).

Durante o regime militar na década de 60 a educação em saúde correspondeu ao controle sobre as pessoas (SMEKE & OLIVEIRA – 2001), o que despertou insatisfação e resistência da população. Isso levou ao surgimento de movimentos sociais na década de 70 que reuniram intelectuais e cidadãos. Tinham como objetivo a ruptura do autoritarismo nas práticas educativas, destacando-se o movimento Educação Popular em Saúde, o qual incentivava a iniciativa de profissionais da saúde nos serviços que prestavam assistência às classes populares. Esse movimento integrava-se a projetos mais amplos, dentre os quais predominava a metodologia da Educação Popular (VASCONCELOS, 2001). Desde então, os pacientes passaram a ter um acompanhamento mais amplo no processo saúde-doença-cuidado.

Baseados nesse movimento de Educação Popular em Saúde, países como o Brasil, que até a década de 70 adotavam como política de saúde imposições de regras passaram a aderir a novos modelos de saúde pública. Surgem então projetos e instituições populares com técnicos na área de saúde, inicialmente sem vínculos políticos movidos por ações voluntárias. Com a abertura política, esses projetos obtiveram o apoio popular e se expandiram mais facilmente (LIMA, 2006). A experiência ocorrida na zona leste da cidade de São Paulo é o exemplo mais conhecido, mas o Movimento Popular de Saúde chegou influenciar todo o território nacional (VASCONCELOS, 2001).

Se no passado, parasitoses e doenças relacionadas à falta de higiene constituíam a principal causa de morte da população mundial e brasileira determinando as principais ações de saúdes a serem realizadas, no presente, segundo ALVES e NUNES (2006), a Dengue aparece como uma das doenças que resultam em óbitos. Assim, a educação para o desenvolvimento de melhores hábitos de vida tem fundamental importância para prevenção e tratamento de doenças simples, mas letais caso não prevenidas e ou tratadas com seriedade.

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No campo da saúde, é cada vez mais reconhecida a incapacidade do modelo de atenção vigente - baseado hegemonicamente no conhecimento biológico, no parque tecnológico médico, no risco e atenção individual - de explicar e responder aos processos de saúde e doença de uma população. (BRASIL, 2002).

Vive-se a expectativa que se abre no campo do conhecimento e instrumental genético para o controle das enfermidades. Todas estas conquistas, segundo VASCONCELOS ( 2001), não apagam o debate que se dá no início do novo milênio sob o imperativo ético do direito a viver com qualidade. O aumento da morbimortalidade por causas externas que tem atingido principalmente jovem e a população em idade produtiva - sejam nos acidentes de trânsito, nos conflitos, nos homicídios ou suicídios, o predomínio das doenças crônicas não transmissíveis como causa de morte, o recrudescimento de antigas doenças com novas características - se configuram questões atuais de saúde da população para as quais o instrumental científico-tecnológico, por si só, não é suficiente para respondê-las, dada a sua complexidade. Questões significativas e que desafiam a se pensar saúde sob a ótica do desenvolvimento e da condição humana. Mais ainda no Brasil onde as desigualdades sociais tão profundas se refletem claramente na distribuição dos riscos. Como se falar de Educação em Saúde, de controle de vetor da Dengue em uma comunidade que não possui rede de esgoto, água tratada, e que possui problemas de saúde como hanseníase, tuberculose, onde a cada dia alguém morre por violência? Como fazer a mudança de comportamento em uma população que não vê a Dengue como o seu principal problema?

Evidências, segundo VASCONCELOS, (2001), mostram que a saúde está muito mais relacionada ao modo de viver das pessoas do que à idéia hegemônica da sua determinação genética e biológica. O sedentarismo e a alimentação não saudável, o consumo de álcool, tabaco e outras drogas, o frenesi da vida cotidiana, a competitividade, o isolamento do homem nas cidades são condicionantes diretamente relacionados à produção das ditas doenças modernas. Há que se destacar a desesperança que habita o cotidiano das populações mais pobres e que também está relacionada com os riscos dessas enfermidades.

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O Brasil, semelhante a outros países em desenvolvimento, segundo a Política Nacional de promoção da Saúde (Documento para discussão), BRASIL (2002), do Ministério da Saúde, vive a transição epidemiológica, que marca a diminuição da mortalidade por doenças infecciosas e o aumento da mortalidade proporcional por doenças crônicas não transmissíveis. Os agravos relacionados às causas externas são responsáveis por muitos óbitos e muitas famílias esfaceladas e tristes. Convive-se, hoje, com a recrudescência de endemias como a dengue, com as dificuldades para controlar outras como a tuberculose e malária e para erradicar a hanseníase.

A sociedade moderna também se caracteriza pela urbanização. No caso do Brasil, segundo a Política Nacional de promoção da Saúde (Documento para discussão), BRASIL (2002), 2002 do Ministério da Saúde, mais de 80%de brasileiros vivem nas cidades. E mais que isto, nas últimas décadas se verifica o seu estabelecimento em territórios cada vez mais concentrados, onde os grandes aglomerados urbanos, metropolitanos ou não metropolitanos, abrigam mais de 50% da população.

Isso coloca a necessidade de se delinear estratégias e ações no campo da saúde, capazes de apontar para a construção de soluções dos problemas complexos que se vive. A promoção da saúde como campo conceitual, metodológico e instrumental ainda em desenvolvimento, traz, a Política Nacional de promoção da Saúde ( Documento para discussão), BRASIL (2002), do Ministério da Saúde, em seus pilares e estratégias, potenciais de abordagem dos problemas de saúde: assume a saúde em seu conceito amplo, pauta a discussão sobre qualidade de vida, pressupõe que a solução dos problemas está no potencial de contar com parceiros e a mobilização da sociedade. Trabalha com o princípio da autonomia dos indivíduos e das comunidades, reforça o planejamento e poder local.

A política de saúde construída no Brasil, a partir do esforço da sociedade em seu processo de redemocratização e que culminou com a Constituição de 1988, a Política Nacional de promoção da Saúde (Documento para discussão), BRASIL (2002), do Ministério da Saúde, tem em seu arcabouço elementos para o desenvolvimento de ações e estratégias de promoção da saúde. Os princípios de universalidade, integralidade e eqüidade e as diretrizes de descentralização e organização

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hierarquizada podem ser potencializados a partir do olhar e de ações de promoção da saúde, contribuindo para a qualificação do Sistema Único de Saúde e a partir deste para a construção de uma ampla aliança nacional tendo como centro a qualidade de vida.

A promoção da saúde leva a refletir sobre o objeto saúde. Saúde, a Política Nacional de promoção da Saúde (Documento para discussão), BRASIL (2002), do Ministério da Saúde, é um conceito em construção, em movimento, dependendo de valores sociais, culturais, subjetivos e históricos. Podemos dizer que é a busca de uma relação harmoniosa que nos permita viver com qualidade, que depende de um melhor conhecimento e aceitação de nós mesmos, de relações mais solidárias, tolerantes com os outros, relações cidadãs com o Estado e relação de extremo respeito à natureza, em uma atitude de responsabilidade ecológica com a vida sobre a terra e com o futuro. Estas relações significam construir saúde em seu sentido mais amplo, radicalizar na luta contra as desigualdades e participar na construção de cidadania e da constituição de sujeitos. Sujeitos que amam, sofrem, adoecem, buscam suas curas, necessitam de cuidados, lutam por seus direitos e desejos.

Neste contexto, promover saúde se impõe pela complexidade dos problemas que caracterizam a realidade sanitária em que predominam as doenças crônicas não transmissíveis, a violência e as novas endemias. Impõe-se também pela potencialidade de estratégias que superam a cultura da medicalização que predomina no imaginário da sociedade e que não pode ser modificada por meio destes mesmos procedimentos médicos.

Promover saúde, segundo a Política Nacional de promoção da Saúde ( Documento para discussão), BRASIL (2002), do Ministério da Saúde, também é aceitar o imenso desafio de desencadear um processo amplo que inclui a articulação de parcerias, atuações intersetoriais e participação popular, que otimize os recursos disponíveis e garanta sua aplicação em políticas que respondam mais efetiva e integralmente às necessidades da sociedade. É se responsabilizar no nível da legislação e execução com políticas que favoreçam a vida em todas suas dimensões sem que isso implique, necessariamente, no desenvolvimento de nas diferentes dimensões humanas, é considerar a afetividade, a amorosidade e a capacidade

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criadora e a busca da felicidade como igualmente relevantes e como indissociáveis das demais dimensões. Por isso, a promoção da saúde é vivencial e é colada ao sentido de viver e aos saberes acumulado, tanto pela ciência quanto pelas tradições culturais locais e universais.

A promoção da saúde, segundo a Política Nacional de promoção da Saúde (Documento para discussão), BRASIL (2002), do Ministério da Saúde, trabalha a mobilização comunitária. Mobilização que tenta romper o individualismo que se tornou uma das principais características das sociedades modernas. Neste espaço atua no fortalecimento da ação comunitária, compartilhando os saberes técnicos e saberes populares e criando condições para a construção de estratégias que têm se mostrado eficazes na abordagem dos problemas de saúde. Mobilização que se posiciona a favor da vida e se conecta aos movimentos globais a favor do desenvolvimento humano.

A promoção da saúde, segundo a Política Nacional de promoção da Saúde (Documento para discussão), BRASIL (2002), do Ministério da Saúde, busca construir espaços saudáveis. As noções prevalentes de progresso vêm estimulando ataques permanentes ao meio ambiente: rios, mares, terra, floresta, ar, mangues... Além disso, os ambientes de trabalho muitas vezes não estão adequados às condições mínimas de salubridade e convivência; nos ambientes escolares há dificuldades de se conter a violência, persiste o desrespeito às diferenças e há pouca integração entre a escola e comunidade. O estímulo à construção de espaços saudáveis, pensando o espaço enquanto território vivo como na concepção de Milton Santos, favorece suas potencialidades na implementação de qualidade de vida.

A promoção da saúde, segundo a Política Nacional de promoção da Saúde (Documento para discussão), BRASIL (2002), do Ministério da Saúde, propõe o desafio de reorientar os serviços de saúde a superar a fragmentação do assistir a doença, e irem em direção à perspectiva da atenção integral às pessoas em suas necessidades, numa relação dialógica do cuidar/ser cuidado, do ensinar/aprender. Traz os serviços a reflexão de que necessitam participar ativamente das soluções dos problemas de saúde levantados conjuntamente com as comunidades. Não deve se constituir como mais um programa, mais uma estrutura organizacional. Ao contrário, se compõe de estratégias que se movem transversalmente em todas as políticas, programas e ações do setor

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saúde, numa tentativa de trazer o olhar, a perspectiva da saúde e do desafio do construir a integralidade em toda a sua complexidade e singularidade social e individual. Significa ousar na busca de tecnologias (indicadores, planejamento, processos avaliativos) que dêem conta do desafio da não fragmentação destas mesmas políticas, programas e ações.

A atenção universal, equânime e integral à saúde traz implícita, em sua concepção básica, um significado muito mais profundo que a simples reorganização e manutenção da rede de serviços de saúde.

Neste sentido destacamos a Educação em Saúde, a Comunicação e a Mobilização Social como estratégias de promoção à saúde; um processo de conscientização individual e coletiva de responsabilidades e de direitos à saúde, estimulando ações que atendam aos princípios do SUS, como um caminho integrador do cuidar, como um espaço de reflexão-ação, fundado em saberes técnico-científicos e populares, culturalmente significativos para o exercício democrático, capaz de provocar mudanças individuais e prontidão para atuar na família e na comunidade, interferindo no controle e na implementação de políticas públicas, contribuindo para a transformação social.

A construção de um processo educativo em saúde que atenda ao princípio da integralidade como eixo norteador das ações de saúde, segundo PINHEIROS e MATTOS (2003), requer a participação ativa da população na leitura e reflexão crítica de sua realidade, das estruturas socioeconômicas como constituintes de acessos na busca por condições humanas dignas, como sujeito histórico e social, possuidor em sua dimensão holística de interfaces integradas e permeadas pelo processo autônomo das descobertas e inquietações frente ao modo de viver em sociedade exercendo sua cidadania.

O fortalecimento da gestão participativa no SUS envolve ações de comunicação e de informação em saúde como potência para desencadear a mobilização social; fundamentar o relacionamento com o Ministério Público e com o Poder Legislativo no que tange à saúde e possibilitar a criação e/ou consolidação de instrumentos para a ação participativa dos movimentos sociais e entidades da sociedade civil.

Para consolidar a participação social no SUS, a formulação da política de saúde deve emergir dos espaços das rodas de discussão onde acontecem aproximações entre a construção da gestão descentralizada; o desenvolvimento

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da atenção integral à saúde, entendida como acolhida e responsabilidade do conjunto integrado do sistema de saúde; e o fortalecimento do controle social. Educação Popular como processo e relações pedagógicas emergentes de cenários e vivências de aprendizagens que articulam as subjetividades coletivas e as relações de interação que acontecem nos movimentos sociais, implicando na aproximação entre agentes formais de saúde e população, diminuindo a distância entre a assistência que representa intervenção pontual sobre a doença em um tempo e espaço determinados, e o cuidado, que significa o estabelecimento de relações intersubjetivas em tempo contínuo e espaço de negociação e inclusão dos saberes, dos desejos e das necessidades do outro. A reflexão crítica, o diálogo e a construção compartilhada do conhecimento representam ferramentas que propiciam o encontro entre a cultura popular e a científica. (BRASIL, 2007, p.16).

Isso tudo reforça a necessidade crescente de se investir em políticas públicas que priorizem as de Educação em Saúde, Comunicação e Mobilização social, buscando com tudo isso a promoção da Saúde e consequentemente a diminuição das doenças e enfermidades, dentre elas a Dengue, objeto deste trabalho.

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CAPÍTULO II - DISTRIBUIÇÃO DA DENGUE NO BRASIL E NO MATO GROSSO A Dengue, segundo manual de normas técnicas da FUNASA (2001) , tem distribuição mundial, na faixa que corresponde aproximadamente aos paralelos 35 Norte e Sul predominantemente a região intertropical. Os primeiros relatos históricos sobre dengue no mundo mencionaram a ilha de Java, em 1779. Nas Américas, a doença é relatada há mais de 200 anos, com epidemias no Caribe e nos Estados Unidos.

A dengue, segundo manual de normas técnicas da FUNASA (2001) ,caracteriza-se por epidemias sazonais nas populações afetadas; porém, em casos de condições ambientais bastante favoráveis, pode apresentar comportamentos endêmicos, com transmissão perene o ano todo.

A imunidade cruzada entre os sorotipos, segundo manual de normas técnicas da FUNASA (2001) é limitada, e assim é freqüente a infecção por diferentes sorotipos no mesmo individuo, em episódios epidêmicos distintos.

Existem, quatro sorotipos (denominados Dengue dos tipos 1, 2, 3 e 4). Conhecidos no Brasil desde século XIX, sua trajetória é descrita a seguir com referência aos marcos histórico mais relevante: 1940- É proposta a erradicação do Aedes aegypti, como resultado do sucesso alcançado pelo Brasil na erradicação do Anopheles gambiae, transmissor da malária que, vindo da África, havia infestado grande parte do Nordeste do país. 1947- Adotado o emprego de dicloro-difenil-tricloroetano(DDT) no combate ao Aedes aegypti; 1955-Eliminado o último foco de Aedes aegypti no Brasil. 1958-A XV Conferência Sanitária Panamericana, realizada em Porto Rico, declara erradicado do território brasileiro o Aedes aegypti. 1967- Reintrodução do Aedes aegypti na cidade de Belém, capital do Pará e em outros 23 municípios do estado. 1969- Detectada a presença de Aedes aegypti em São Luís e São José do Ribamar, no Maranhão. 1973-Eliminado o último foco de Aedes aegytpi em Belém do Pará. O vetor é mais uma vez considerado erradicado do território brasileiro. 1976-Nova reintrodução do vetor no Brasil, na cidade de Salvador, capital da Bahia. 1978 à 1984- Registrada a presença do vetor em quase todos os estados brasileiros, com exceção da região

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amazônica e extremo-sul do país. 1986-Em julho, é encontrado, pela primeira vez no Brasil, o Aedes albopictus, em terreno da Universidade Rural do Rio de Janeiro,no município de Itaguaí. 1994-Dos 27 estados brasileiros, 18 estão infestados pelo Aedes aegypti e, seis pelo Aedes albopictus. 1995-Em 25 dos 27 Estados, foi detectado o Aedes aegypti e somente nos estados do Amazonas e Amapá, não se encontrou o vetor. 1998-Foi detectada a presença do Aedes aegypti em todos os Estados do Brasil, com 2.942 municípios infestados, com transmissão em 22 Estados, Aedes albopictus presente em 12 Estados. 1999-Dos 5.507 municípios brasileiros existentes, 3.535 estavam infestados, destes 1.946 municípios em 23 Estados e o Distrito Federal apresentaram transmissão do dengue. (BRASIL,2001, p. 23-25).

Figura 01 : Mapa de distribuição mundial da dengue em 2007.

Figura 1: Mapa de Distribuição da Dengue em 2007. Fonte: BRASIL (2007).

Figura 02: Mapa dos municípios Brasileiros infestados por Aedes aegypti em 2006

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Figura 2: Municípios Infestados por Aedes aegypti Brasil 2006. Fonte: BRASIL (2006).

Percebe-se que a Dengue é um problema munidial, com tendência a um crescimento exacerbado pelo acumulo de lixo e descaso da população frente a essa situação. A questão de controle e combate ao vetor vai além das possibiliddaes da administração pública. É mudança de comportamento, que atinge todos os cidadãos, do mais pobre ao mais rico. Mudar comportamento e atitude leva tempo e somente através de Educação massiva e ostenciva é que teremos algum resultado positivo a nosso favor e contra o vetor.

O Ministério da Saúde divulgou no dia 11 de Janeiro de 2011 o novo mapa de risco da Dengue no Brasil, colocando o estado de Mato Grosso como região de “RISCO MUITO ALTO” para ocorrência de epidemia da doença neste ano, como podemos observar na figura abaixo.

Figura 3: Mapa de risco da Dengue no Brasil - 2011.

Figura 3: Mapa de Risco de Dengue no Brasil -2011. Fonte: BRASIL (2011).

O novo mapa da doença foi traçado com base no Risco Dengue, ferramenta lançada pelo Ministério da Saúde em 2010 que leva em consideração seis critérios básicos, dos quais quatro são do setor Saúde – Incidência atual de casos; incidência de casos nos anos anteriores, índices de infestação pelo Aedes aegypti e sorotipos em

Fonte: Ministério da Saúde

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circulação. O quinto critério é ambiental – cobertura de abastecimento de água e coleta de lixo; e o último é demográfico – densidade populacional.

As epidemias, segundo manual de normas técnicas da FUNASA (BRASIL, 2001), geralmente ocorrem no verão, durante ou imediatamente após períodos chuvosos. A dengue está se expandindo rapidamente, e a grande preocupação é que nos próximos anos a transmissão aumente por todas as áreas tropicais do mundo se medidas eficientes não forem tomadas para a contenção das epidemias.

A transmissão, segundo manual de normas técnicas da FUNASA (BRASIL, 2001), se dá pela picada do mosquito Aedes aegypti que ficou infectado porque picou uma pessoa doente. Esse mosquito infectado, picando uma pessoa sadia, passa o vírus da dengue e esta pessoa fica doente. A doença só acomete a população humana.

Os transmissores de dengue, principalmente o Aedes aegypti, segundo manual de normas técnicas da FUNASA (BRASIL, 2001), proliferam-se dentro ou nas proximidades de habitações (casas, apartamentos, hotéis etc.) em qualquer coleção de água limpa (caixas d'água, cisternas, latas, pneus, cacos de vidro, vasos de plantas). As bromélias, que acumulam água na parte central (aquário), também podem servir como criadouros. A transmissão da dengue é mais comum em cidades. Também pode ocorrer em áreas rurais, mas é incomum em locais com altitudes superiores a 1200 metros.

Não há, segundo manual de normas técnicas da FUNASA (BRASIL, 2001), transmissão pelo contato direto de uma pessoa doente para uma pessoa sadia. Também não há transmissão pela água, por alimentos ou por quaisquer objetos. A dengue também não é transmitida de um mosquito para outro. Quem pica é a fêmea e o faz para sugar o sangue. Os mosquitos acasalam 1 ou 2 dias após tornarem-se adultos. A partir daí, as fêmeas passam a se alimentar de sangue, que fornece as proteínas necessárias para o desenvolvimentos dos ovos. As fêmeas têm preferência pelo sangue humano. Elas atacam vorazmente. São ativas durante o dia, podendo picar várias pessoas diferentes, o que explica a rápida explosão das epidemias de dengue.

A dengue tem sido observada no Brasil dentro de um padrão específico de sazonalidade, ocorrendo principalmente no verão, devido à maior incidência de chuvas

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e aumento da temperatura, condições que favorecem a proliferação dos vetores. Os núcleos urbanos são os mais atingidos, onde há maior quantidade de criadouros naturais ou resultantes da ação do homem, embora a doença possa ocorrer em qualquer localidade que ofereça as condições necessárias para a sobrevivência do vetor (BRASIL, 1996).

O Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença no Brasil, foi erradicado duas vezes no país, em 1955 e 1973. Entretanto, com o relaxamento da vigilância epidemiológica, que ocorreu entre as décadas de 70 e 80, o vetor foi reintroduzido.

CHIARAVALLOTI NETO (1997, p.451), comenta que as

atividades de eliminação de criadouros (...) não têm se mostrado suficientes para diminuir os níveis de infestação do mosquito, já que os recipientes eliminados têm sido sistematicamente substituídos.

A explosão de número de recipientes artificiais, tais como plásticos em geral, pneus e o hábito de cultivar plantas em vasos com água vem corroborando este acúmulo indevido de materiais passíveis de se tornarem criadouros do mosquito.

Sobre as ações governamentais específicas a esta problemática, até 1996, a estratégia de controle da dengue estava centralizada na FUNASA – Fundação Nacional de Saúde –, onde os métodos utilizados resumiam-se ao combate químico, “com baixíssima ou nenhuma participação da comunidade” (BRASIL, 2002a; BRASIL, 2002b). A partir de 1996, o Ministério da Saúde (MS) lançou diversos programas específicos que contemplavam, em algum componente, ações direcionadas à educação em saúde. Dentre os programas lançados destaca-se o Programa de Erradicação do Aedes aegypti (PEAa) de 1996, o Programa de Intensificação das Ações de Controle do Dengue (2001), que lançou o “Dia D” e Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) de 2002 (BRASIL, 2002a; BRASIL, 2002b;).

O Plano Nacional de Controle da Dengue – PNCD- deu grande destaque às ações educativas: no Componente 4, que procura consolidar a inserção do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família, visando “promover mudanças de hábito da comunidade que contribuam para manter o ambiente doméstico livre do Aedes aegypti” (BRASIL, 2002a) e no Componente 6 que tinha como objetivo o fomento de ações educativas “para a mudança de comportamento e a

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adoção de práticas para a manutenção do ambiente domiciliar preservado da infestação do Aedes aegypti”, bem como divulgar informações “sobre ações de educação em saúde e mobilização social para mudança de comportamento e de hábitos da população” (BRASIL, 2002a).

Desta forma, percebe-se que as ações públicas para o tratamento do problema evoluíram, no sentido de incorporar procedimentos voltados principalmente à mobilização social, em contrapartida às ações voltadas apenas ao controle químico do vetor. Passou-se a dar importância aos componentes que privilegiassem ações educativas relacionadas a informar a população e às mudanças de atitudes.

Pela facilidade de reprodução do mosquito, as possibilidades de epidemias são constantes. A ausência de uma política efetiva voltada para o saneamento básico, principalmente no que se refere a coleta de lixo, traz a tona um problema de saúde pública de grandes proporções.

O grande problema para combater o mosquito Aedes aegypti, segundo CHIARAVALLOTI NETO (1997), é que sua reprodução ocorre em qualquer recipiente utilizado para armazenar água, tanto em áreas sombrias como ensolaradas. Por exemplo: caixas d'água, barris, tambores, vidros, potes, pratos e vasos de plantas ou flores, tanques, cisternas, garrafas, latas, pneus, panelas, calhas de telhados, bandejas, bacias, drenos de escoamento, canaletas, blocos de cimento, urnas de cemitério, folhas de plantas, tocos e bambus, buracos de árvores e muitos outros onde a água da chuva é coletada ou armazenada. Portanto, considerando essa facilidade de disseminação, podemos imaginar o grau de dificuldade para efetivamente combater a doença - o que só é possível com a quebra da cadeia de transmissão, eliminando o mosquito dos locais onde se reproduzem. Assim, a prevenção e as medidas de combate exigem a participação e a mobilização de toda a comunidade a partir da adoção de medidas simples, visando a interrupção do ciclo de transmissão e contaminação. Caso contrário, as ações isoladas poderão ser insuficientes para acabar com os focos da doença.

A figura 4 apresenta dados da semana epidemiológica 52 do ano de 2011, ou seja, dados de dezembro de 2011. Foram analisados, por amostragem, os dados dos

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municípios de Alta Floresta, Cáceres, Juara, Juína, Primavera do Leste e Tangará da Serra.

Figura 04 – Mapa de Mato Grosso- Município para resposta Coordenada no Monitoramento da Dengue/2011

Tabaporã

Tapurah Sorriso Vera

Sap ez al Colniza Rondolândia Acorizal Água Boa Alta Floresta Alto Araguaia

Alto da Boa Vista

Alto Garças Alto Para-guai Alto Taquari Apiacás Araguaiana Araguainha A ra pu g a A r e n a p o lis Aripuanã Barão de Melgaço Barra do Bugres Barra do Garças Brasnorte Cáceres Campinápolis Campo Novo do Parecis Campo Verde Campos de Júlio Cana Brava do Norte Canarana Carlinda Castanheira Chapada dos Guimarães Claúdia Cocalinho Colíder Comodoro Confresa Conquista D’oeste Cotriguaçú Cuiába Curvelândia Denise Diamantino Dom Aquino Feliz Natal Figueirópolis D’oeste vaí Gaúcha do Norte General Carneiro Glória D’Oeste Guarantã do Norte Guiratinga Ipiranga do Norte Itanhangá Itaúba Itiquirá Jaciara Jan g ada Jauru Juara Juina Juruema Jusci-meira Lambari D’Oeste Lucas do Rio Verde Matupá Marcelândia Luciara M ir a s s o l D ’O e s te Nobres Nortelândia Nossa Senhora do mento Nova Bandeirantes Nova Brasilãndia Nova Canaã do Norte Nova Guarita

Nova Lacerda Nova Marilândia

Nova Maringá Nova Monte Verde Nova Mutum Nova Nazaré N ova Olímpia Nova Santa Helena Nova Ubiratã Nova Xavantina Novo Horiozonte do Norte

Novo Mundo

Novo Santo Antonio

Novo São Joaquim Paranaita

Peixoto de Azevedo

Porto Alegre do Norte

Pontal do Araguaia Paranatinga Pedra Preta Planalto da Serra Ponte Branca Pontes e Lacerda Poconé Porto Esperidião Porto Estrela

Porto dos Gaúchos

Poxoréo Primavera do Leste Querência S a l t o d o C é u Santo Antonio do Leverger Rondo-nópolis Santo Antonio do Leste Rosário Oeste Santa Rita do Trivelato Santo Afonso Santa Carmem Santa Cruz do Xingu Santa Terezinha Vila Rica Bom Jesus do Araguaia São Flélix do Araguaia São José do Xingu Terra Nova do Norte União do sul Serra Nova Dourada Ribeirão Cascalheira Tesouro Torixoréu Ribeirãozinho São José do Povo Varzea Grande vale de São Domingos Vila Bela da Santissima Trindade Tangará da Serra São José do Rio Claro Sinop

Municípios para Resposta Coordenada no Monitoramento da Dengue -MT-2011

Municípios para Monitoramento-RCMD

Figura 4: Municípios, por amostragem, na semana epidemiológica 52, Infestados por Aedes aegypti- MT/ 2011

Fonte: MONITORA DENGUE (2011).

Podemos inferir segundo a análise da semana epidemiológica 52/2011 que os municípios de Alta Floresta, Cáceres, Juara, Juína, Primavera do Leste e Tangará

da Serra apresentaram baixa produção imóveis/agente/dia. Deverão adequar a

produção de imóveis/agente/dia para o preconizado pelas “Diretrizes Nacionais para a prevenção e Controle de Epidemias de Dengue” que é de 20 a 25 imóveis/agente/dia, e verificar a qualidade do trabalho de campo.

Os municípios de Alta Floresta, Cáceres, Juara, Juína, Primavera do Leste e

Tangará da Serra apresentaram baixa porcentagem de cobertura domiciliar.

Deverão adequar o número de imóveis visitados de forma que se atinja o valor de cobertura domiciliar acima de 12,5% por semana; e assim, ao final de 08 semanas epidemiológicas (um ciclo) completarão 100% dos imóveis existentes no município.

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Os municípios de Alta Floresta, Cáceres, Juína e Tangará da Serra trabalharam com déficit de 01, 13, 07e 21 agentes, respectivamente, na rotina de visita domiciliar, o que pode interferir na qualidade do trabalho em campo. Deverão adequar seus quantitativos de agentes conforme preconizado pelas “Diretrizes Nacionais para a prevenção e Controle de Epidemias de Dengue”, que é de 01 agente para cada 900 imóveis.

Os municípios de Cáceres, Juara, Juína, Primavera do Leste e Tangará da

Serra apresentaram IIP (índice de infestação predial) acima do valor preconizado.

Deverão verificar suas ações de trabalho, pois, conforme as “Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue” o preconizado é que o IIP deverá ser < 1%.

O município de Cáceres apresentou predominância de depósitos/criadouros de Aedes aegypti do subgrupo A2 - Depósitos em obras e horticultura, depósitos no nível do solo para armazenamento doméstico: tonel, tambor, barril, tina, depósitos de barros (filtros, moringas, potes) cisternas, caixa d’água, captação de água (poço, cacimba

O município de Juína apresentou predominância de depósitos/criadouros de Aedes aegypti do grupo B – São depósitos como vasos/frascos com água, prato, pingadeira, recipiente de degelo de refrigeradores, bebedouros, pequenas fontes ornamentais. Deve realizar articulação com o setor de comunicação para elaboração de campanhas locais de educação em saúde.

Os municípios de Alta Floresta, Juara, Primavera do Leste e Tangará da

Serra apresentaram predominância de depósitos/criadouros de Aedes aegypti do subgrupo D2- Lixo (recipientes plásticos, latas) sucatas em pátios e ferro velhos,

entulhos. Estes municípios deverão realizar articulação com o serviço de limpeza urbana para a ampliação e regularização da coleta de resíduos.

As inferências acima se subsidiam nos parâmetro sugeridos pelo Ministério da Saúde, nas Diretrizes Nacionais para a prevenção e Controle de Epidemias de Dengue, conforme podem ser observados nos quadros 01 e 02 , abaixo relacionados.

Quadro 01: Parâmetros sugeridos de rendimento médio, preconizados para atividades de controle vetorial pelas “Diretrizes Nacionais para a prevenção e Controle de Epidemias de Dengue”.

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Levantamento de índice – (LI) 20 a 25 imóveis/agente/dia

Tratamento focal 20 a 25 imóveis/agente/dia

Delimitação de foco 15 imóveis/agente/dia

Pesquisa em pontos estratégicos (PE) 15 pontos estratégicos/agente/dia

Pesquisa em armadilhas 30 armadilhas/agente/dia

UBV utilizando equipamento acoplado a veículo

80 a 160 quarteirões/máquina/dia, em dois turnos

UBV portátil extradomiciliar* 25 quarteirões/dupla de agentes/dia

UBV intradomiciliar** e peridomiciliar* * * 70 imóveis/agente/dia

* Extradomiciliar: atividade realizada em via pública, sem adentrar nos imóveis. Geralmente é utilizada

para complementar às atividades de UBV utilizando equipamento acoplado a veículo, nas localidades de difícil acesso.

** Intradomiciliar: atividade realizada com nebulizador costal, onde o jato de aspersão é direcionado

para o interior do imóvel.

*** Peridomiciliar:atividade realizada com nebulizador costal no quintal ou lado externo do imóvel.

Quadro 01: Parâmetros sugeridos de rendimento médio, preconizados para atividades de controle vetorial pelas “Diretrizes Nacionais para a prevenção e Controle de Epidemias de Dengue” . Fonte: BRASIL –SVS- Ministério da Saúde-2011

Quadro 02: IParâmetros sugeridos para a estruturação do controle vetorial pelas “Diretrizes Nacionais para a prevenção e Controle de Epidemias de Dengue”.

Técnico de Nível Superior (NS)

01 por município

Supervisor geral (SG) 01 para cada 05 supervisores de área

Supervisor de área (SA)

01 para cada 10 agentes de saúde

Agente de controle de endemias

01 para cada 800 a 1.000 imóveis*

Agente comunitário de saúde

01 para no máximo 750 pessoas

Laboratorista** 01 para cada 50.000 imóveis

Caminhonete pick-up 01 para apoiar as ações de controle

Microscópio** 01 para cada 50.000 imóveis

Nebulizador pesado 01 para cada 600 quarteirões ou 15.000 imóveis/ 2 operadores por máquina

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(considerando 30% dos quarteirões existentes)

Nebulizador portátil 01 para cada 25 quarteirões ou 625 imóveis/ 2 operadores por máquina

(considerando 20% dos quarteirões existentes)

Pulverizador costal 01 para cada 60 pontos estratégicos

*Rendimento de 20 a 25 imóveis/agente/dia.

**Municípios de 10.000 a 50.000 habitantes podem optar por possuir microscópios e laboratoristas.

Quadro 02: IParâmetros sugeridos para a estruturação do controle vetorial pelas “Diretrizes Nacionais

para a prevenção e Controle de Epidemias de Dengue” Fonte: BRASIL (2011).

A soma de esforços dos gestores e técnicos dos três níveis de governo e principalmente do nível municipal, tem sido primordial para o alcance dos resultados positivos no controle do agravo.

Prover condições básicas para atendimento do paciente com dengue nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) nesse contexto é fator primordial. A meta estadual- MT pactuada para este parâmetro foi 100% em 2011. Dos 141 municípios, 117 alcançaram a meta e 24 não (figura 5). Os 24 municípios que não alcançaram foram: Acorizal, Alta Floresta, Alto Paraguai, Barão de Melgaço, Cáceres, Campinápolis, Canabrava do Norte, Cuiabá, General Carneiro, Itanhangá, Itaúba, Marcelândia, Nobres, Nova Canaã do Norte, Nova Santa Helena, Novo São Joaquim, Ponte Branca, Porto Alegre do Norte, Rosário Oeste, São José do Rio Claro, Tangará da Serra, Tapurah, Várzea Grande e Vila Bela da Santíssima Trindade. Para estes municípios, propõe-se uma análise mais criteriosa a equipe técnica, dado o cenário epidemiológico do estado.

O resultado alcançado pelo estado de Mato Grosso foi incipiente, ou seja, de 89,38%. Esta afirmativa se dá ao considerar a unidade básica de saúde como porta de entrada do sistema de saúde, aos pacientes com suspeita de dengue.

O Plano de prover as UBS de condições adequadas ao atendimento do paciente com dengue contribui para que os casos diagnosticados em tempo oportuno não evoluam para uma forma graves e/ou óbitos.

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Figura 05: Classificação dos municípios segundo Meta Estadual para atendimento de pacientes com dengue nas unidades Básicas de Saúde em MT.

Figura 06 –Classificação dos Município segundo Meta Estadual- MT-2011

Fonte: BRASIL (2011).

Sobre as condições básicas para atendimento do paciente com dengue nas unidades hospitalares, a meta estadual pactuada foi de 80% para 2011 e o resultado obtido foi de 59,42%. Esta realidade foi retratada na figura 6, haja vista que, dos 141 municípios, somente 48 alcançarem a meta, que foram: Água Boa, Alto Araguaia, Alto Taquari, Apiacás, Araputanga, Aripuanã, Barra do Bugres, Bom Jesus do Araguaia, Brasnorte, Cáceres, Campo Verde, Canarana, Carlinda, Cocalinho, Colíder, Colniza, Comodoro, Cotriguaçu, Dom Aquino, Gaucha do Norte, Guarantã do Norte, Guiratinga, Itaúba, Jauru, Juína, Juruena, Juruena, Marcelândia, Matupá, Mirassol D’Oeste, Nova Bandeirantes, Nova Guarita, Nova Monte Verde, Nova Nazaré, Paranaíta, Paranatinga, Peixoto de Azevedo, Poxoréo, Primavera do Leste, Querência, Ribeirão Cascalheira, Rio Branco, Rondonópolis, Salto do Céu, São Felix do Araguaia, São José dos Quatro Marcos, Sapezal, Terra Nova do Norte e Várzea Grande.

É alarmante o fato de 93 municípios não proverem condições básicas necessárias para o atendimento ao paciente com dengue. Isso leva a inferir como um dos fatores explicativos para as sucessivas epidemias de dengue no estado nesses últimos 10 anos, o aumento dos casos graves e taxa de letalidade de 13,33% para o ano avaliado.

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O Plano de prover as unidades hospitalares de condições adequadas ao atendimento do paciente com dengue contribui para que os casos graves não evoluam para óbitos. Porém, no ano 2011 foram notificados 11.272 casos, destes, 45 graves com 06 óbitos. Uma letalidade de 13,33% considerada elevada.

Figura 06: Classificação dos municípios segundo Meta Estadual para atendimento de pacientes com dengue nas unidades Hospitalares em MT.

Figura 06 –Classificação dos Município segundo Meta Estadual- MT-2011

Fonte: BRASIL (2011).

No estado, a somatória dos números de atividades educativas realizada pelos municípios totalizou em 1.301. No entanto, apenas 14 municípios vêm realizando atividades educativas, conforme mostra a tabela 8, confirmando a necessidade de aprimoramento e intensificação do objeto deste trabalho.

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Quadro 03: Municípios que realizaram mais ou igual a 20 atividades educativas à população em MT, 2011. Municípios N° de atividades educativas realizadas Resultado alcançado (%) Apiacas 24 24 Aripuana 22 22

Campo Novo do Parecis 20 20

Colider 30 30

Feliz Natal 21 21

Guarantã do Norte 30 30

Jaciara 61 61

Lucas do Rio Verde 116 116

Matupá 21 21 Nova Mutum 62 62 Nova Ubiratã 21 21 Sapezal 29 29 Sinop 257 257 Sorriso 20 20

Quadro 03: Municípios que realizaram mais ou igual a 20 atividades educativas à população em MT, 2011.

Fonte: BRASIL (2011).

Outra situação que coloca em alerta todos os estados brasileiros é a reintrodução do Sorotipo 4 da dengue no Brasil.

No Brasil entre janeiro e março de 2011, 3.187 amostras de sangue de pacientes com suspeita de dengue foram submetidas ao exame e isolamento viral – para identificar qual dos quatro tipos de vírus da dengue causou a doença. Ao todo, 610 (19,1%) deram positivo para a dengue.

Do total de amostras positivas, 73,1% (446) apresentavam o sorotipo DENV-1, predominantes no país, 12,9% (79) o sorotipo DENV-2 e em 1,5% (09) o sorotipo DENV-3.

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O sorotipo DENV-4, que não circulava no país desde 1982, foi encontrado em 12,4% (76) das amostras positivas, sendo: Roraima: 34 casos, Amazonas: 24 casos, Pará: 11 casos, Bahia: 02 casos, Pernambuco: 02 casos, Rio de Janeiro: 02, Piauí: 01 caso, São Paulo: 01

Figura 07: Mapa representando Estados com presença de DEN4/2011

Figura 07 - Presença de DEN4 nos Estados de MT. Fonte: BRASIL (2011)

Os quatro sorotipos virais da dengue estão presentes no país. Eles são transmitidos da mesma maneira (pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti), produzem a mesma doença, têm sintomas idênticos e requerem os mesmos cuidados e tratamento.

A reintrodução deste novo sorotipo representa grande risco para as pessoas que nunca foram acometidas pela doença e um risco maior para quem já teve dengue (infectado anteriormente pelo sorotipo 01 ou sorotipo 02 ou sorotipo 03), pois aumenta o risco desta nova infecção apresentar um quadro clínico ainda mais grave.

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CAPÍTULO III-A EDUCAÇÃO EM SAÚDE, A COMUNICAÇÃO E A MOBILIZAÇÃO SOCIAL NA VIGILÂNCIA, MONITORAMENTO, CONTROLE E ELIMINAÇÃO DA

DENGUE

No intuito de favorecer o diálogo sobre ações Vigilância, Monitoramento, controle e eliminação da Dengue com os diferentes setores governamentais, lideranças comunitárias, população em geral- cidadãos; torna-se necessário conceituar, partindo-se de uma visão progressista, a Educação em Saúde, a Comunicação e a Mobilização Social, visualizando-as como importantes ferramentas estratégias na construção de programas e projetos que visem o controle e eliminação da Dengue.

3.1- EDUCAÇÃO EM SAÚDE:

A Educação em Saúde pode ser definida como uma prática social que preconiza não só a mudança de hábitos, práticas e atitudes, a transmissão e apreensão de conhecimentos, mas principalmente, a mudança gradual na forma de pensar, sentir e agir através da seleção e utilização de métodos pedagógicos participativos e problematizadores. Sendo assim, educar e aprender em saúde torna-se um processo contínuo de indagação, reflexão, questionamento e principalmente, de construção coletiva, articulada e compartilhada. O educador e o educando tornam-se sujeitos e atores do processo educativo, que estimula continuamente a organização de ações coletivas e solidárias, incentivando e valorizando o diálogo, a criatividade e a criticidade, objetivando a busca de soluções para as questões de saúde que afetam as comunidades, em prol da melhoria de qualidade de vida. Educar tornar-se buscar o fortalecimento da autonomia do educando e não sua dependência, capacitando-o para a tomada de decisões e o exercício do controle de sua própria vida. Assim, indivíduos, famílias e coletividade, sensibilizados, capacitados e fortalecidos para o enfrentamento dessas questões, obtêm condições para identificar, conhecer, analisar e avaliar os motivos de ocorrência dos problemas que afetem a saúde, tomam consciência dessa realidade e participam das decisões para modificá-la , reconhecendo seu potencial transformador e criador, colaborando de forma efetiva na solução e /ou encaminhamento dos problemas. Dentro deste contexto, o processo educativo questiona as práticas educativas autoritárias, persuasivas e de condicionamento, da mera transmissão de informações e conhecimentos, distantes da realidade e do estilo de vida do indivíduo. (MOISÉS, 2003).

Os objetivos da educação em saúde são de desenvolver nas pessoas o senso de responsabilidade pela sua própria saúde e pela saúde da comunidade na residem, convivam a pertençam. Isso equivale a dizer que a educação em saúde deve promover, por um lado, o senso de identidade individual, a dignidade e a responsabilidade e, por

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outro, a solidariedade e a responsabilidade comunitária. A tudo isto deve ser acrescentado que a Educação em Saúde é um dos mais importantes elos entre os desejos e expectativas da população por uma vida melhor e as projeções e estimativas dos governantes ao oferecer programas de saúde mais eficientes.

Considerar a educação em saúde como disciplina de ação significa dizer que o trabalho será dirigido para atuar sobre o conhecimento das pessoas, para que elas desenvolvam juízo crítico e capacidade de intervenção sobre suas vidas e sobre o ambiente com o qual interagem e, assim, criarem condições para se apropriarem de sua própria existência. (LEVY et al., 2002)

Estabelecer o espaço de atuação entre a esperança do indivíduo e os projetos governamentais significa, primordialmente, considerar a pessoa como ser vivente, com alma, com ideias, com sentimentos, desejos e com possibilidades de agir e interagir no seu ambiente. Representa, ainda, aproximar as conquistas técnicas e científicas do homem comum e a ação governamental do cidadão.

As pessoas devem ter acesso fácil, oportuno e compreensível a dados e informações de qualidade sobre sua saúde (desde o prontuário médico ou ficha clínica) e sobre as condições de vida de sua comunidade, cidade, município, estado e país. Os dados e informações devem ser claros, sem conter ambigüidade, precisos e fidedignos e devem ser transmitidos de maneira adequada, através de sistemas visuais e auditivos que mobilizem a atenção e motivem sua utilização. ((LEVY et al., 2002).

Deve ficar absolutamente claro que assim como o indivíduo tem direito à informação o cidadão tem o dever de se informar. As ações de educação em saúde devem contribuir, decisivamente, para transformar o dever do estado (em relação ao disposto na Constituição) em estado de dever, que é função de todos, indivíduos, instituições, coletividades e governos.

Como tema que sempre preocupou os homens e as sociedades, a educação tem merecido as mais diversas definições. Para Platão, a educação "consiste em dar ao corpo e à alma toda a perfeição de que são capazes". Para Kant, significa "o desenvolvimento, no indivíduo, de toda a perfeição de que é capaz". Para Johann Friederich Herbath, é "a ciência que tem por fim a formação do indivíduo por si mesmo, despertando nele a multiplicidade de interesses". James Mill dizia que a educação tem por finalidade "fazer do indivíduo um instrumento de felicidade para si mesmo e seus semelhantes". Para o psicólogo Henri Joly a educação consiste "no conjunto dos esforços que tem por fim dar a um ser a posse completa e o bom usos de suas diversas faculdades".

Todas estas definições deixam entrever que o ideal da educação é a perfeita realização da natureza humana. No plano das necessidades sociais, os objetivos da educação são: Conservação e transmissão cultural; Desenvolvimento do senso de responsabilidade social do educando; Instrumentalização do educando para que participe conscientemente das

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transformações e do progresso social; Formação política para o pleno exercício da cidadania; Formação econômica;

Formação para as parcerias e solidariedade e Integração social.

Para a educação em saúde estes postulados são considerados integralmente válidos.

Como a educação é um processo representado por toda e qualquer influência sofrida pelo indivíduo, capaz de modificar-lhe o comportamento, distinguem-se dois tipos de educação pelos quais essas influências são exercidas e sentidas pelo educando, a heteroeducação e a auto-educação. No primeiro tipo é quando as influências incidem sobre o indivíduo independentemente de sua vontade. É aquele em que não há a participação deliberada e intencional do próprio sujeito da educação, embora ele seja levado inconscientemente a participar do processo. Na auto-educação, ao contrário, existe a participação intencional do educando em procurar influências capazes de lhe modificar o comportamento e submeter-se a elas.

Mesmo em se considerando que a heteroeducação tem um papel objetivo importantíssimo, a aspiração, em termos conceituais, do trabalho a ser desenvolvido na área de educação em saúde está voltada para a auto-educação, pois exprime a tomada de consciência por parte do indivíduo acerca da importância do processo educativo para sua formação e desenvolvimento. Finalizando este tópico sobre este componente metodológico, (a educação), devem ser referidas as funções educativas, que podem ser representadas por cinco atividades, e que estarão integralmente contidas nas ações de educação em saúde:

a)estimulativa, que busca atrair o indivíduo para participar do processo educativo; b) exercitativa, condição para aquisição e formação de hábitos, assim como para a assimilação, construção e reconstrução de experiências; c) orientadora, que enfoca os aspectos de liberdade, autoridade, autonomia e independência; d) didática, que se responsabiliza pela transmissão e

veiculação dos conhecimentos e

e) terapêutica, que permite retificar os eventuais descaminhos do processo educativo.

Para a educação em saúde o comunicado (o conteúdo da mensagem) deve privilegiar o signo realista - com vínculo com o conteúdo – mas a comunicação (a transmissão) deve recorrer ao signo convencional, ser arbitrária ( ou livre) para não "engessar" o processo educativo que se pretende”. (LEVY et al., 2002).

3.2- COMUNICAÇÃO:

Comunicação é o processo de troca de mensagens entre duas ou mais pessoas ou entre dois sistemas diferentes. Implica, portanto, dois pólos: um transmissor (ou emissor ou fonte) e um receptor ( ou destinatário ou público), em processo que ocorre através de um meio (chamado canal). Este pode ser um meio natural, como o aparelho fonador, ou industrialmente concebido, como a imprensa, rádio, televisão, etc. ((LEVY et al., 2002).

Para que as mensagens possam ser intercambiadas, entretanto, é preciso que repousem sobre um sistema simbólico que seja um solo comum tanto ao transmissor

Referências

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