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Mobilizar a transição dos cuidados dos hospitais psiquiátricos para um sistema

No documento Portugal Saúde Mental em Números, 2015 (páginas 96-98)

cuidados a pessoas com demência

FIGURA 91 PERCENTAGEM DO IMPACTO DAS BARREIRAS NO PROCESSO DE TRANSIÇÃO, PORTUGAL

3. Mobilizar a transição dos cuidados dos hospitais psiquiátricos para um sistema

baseado nos hospitais gerais e nos serviços de saúde mental na comunidade

Existe um consenso alargado quanto à necessi- dade de transferir os cuidados das instituições psiquiátricas para um sistema que se baseie predominantemente em serviços na comunida- de e que integre a saúde mental nos cuidados gerais de saúde, ao nível dos cuidados primários e secundários.

De acordo com a “pirâmide de cuidados” da OMS, os serviços de saúde mental na comunida- de, em conjunto com serviços de saúde mental nos hospitais gerais, têm uma função central na melhoria dos cuidados de saúde mental.

Uma coordenação estreita entre serviços de saúde e serviços sociais, incluindo uma gestão e um programa de financiamento comuns, em conjunto com o envolvimento das agências de emprego, será necessária para assegurar uma recuperação psicossocial completa das pessoas com perturbações mentais severas.

Para atingir estes objetivos, devem ser desen- volvidas estratégias e ações bem coordenadas, simultaneamente ao nível Europeu e nacional, de forma a:

3.1 Integrar a saúde mental nos cuidados primários

Ações recomendadas:

Aumentar a formação curricular de todos os profissionais de cuidados primários de for- ma a melhorar o reconhecimento e a gestão das perturbações mentais comuns nos cui- dados de saúde primários;

Promover a ligação de especialistas em saú- de mental com profissionais de cuidados de saúde primários para encorajar um processo de referência de pacientes nos dois sentidos e oferecer supervisão quando for necessário; Promover a investigação e a disseminação

de modelos colaborativos e escalonados entre cuidados primários e especializados de saúde mental.

3.2 Transferir o locus dos cuidados de saúde mental especializados para serviços na comuni­ dade (centros e equipas de saúde mental) Ações recomendadas:

Desenvolver e estabelecer uma equipa de saúde mental comunitária para cada área geodemográfica, com dimensão e capacidade determinados com base nas recomendações da OMS e nos recursos disponíveis. Quando estes recursos forem limitados, uma equipa com um núcleo mínimo deve ser estabelecida; Organizar e reafectar os recursos, humanos

e financeiros, que estão afectados aos hos- pitais psiquiátricos para serviços na comuni- dade;

Promover um envolvimento ativo dos uten- tes e profissionais na prestação, planeamen- to e reorganização dos serviços;

Desenvolver avaliações e partilhar as melho- res práticas de programas especializados de saúde mental na comunidade na Europa; Promover a coordenação de cuidados e o

seguimento efetivo dos doentes que tiveram alta de forma a assegurar a continuidade de cuidados.

3.3 Estabelecer ou aumentar o número de unidades psiquiátricas em hospitais gerais Ações recomendadas:

Promover políticas e legislação que imple- mentem a integração do tratamento de per- turbações mentais em regime de interna- mento nos hospitais gerais;

Aumentar o conhecimento e a compreensão sobre perturbações mentais entre os pro- fissionais relevantes dos hospitais gerais de forma a reduzir o estigma, discriminação, an- siedade ou concepções erradas em relação a pessoas com perturbações mentais;

Coordenar unidades psiquiátricas em regi- me de internamento com equipas de saúde mental na comunidade na mesma área de influência.

3.4 Promover uma transição coordenada para cuidados na comunidade, assegurando a melhoria da qualidade dos cuidados e a proteção dos direitos humanos em todas as partes do sistema

Ações recomendadas:

Monitorizar e melhorar substancialmente a qualidade dos cuidados e o respeito dos di- reitos humanos das pessoas que continuam a residir em hospitais psiquiátricos, excluin- do qualquer prática que envolva restrições físicas;

Reduzir e, finalmente, encerrar admissões nos hospitais psiquiátricos de pessoas que vivem em áreas servidas por serviços de saúde mental na comunidade e/ou uni- dades psiquiátricas em hospitais gerais;

Reduzir progressivamente o número de ca- mas disponíveis para estadias de longa du- ração nos hospitais psiquiátricos, à medida que as admissões são reduzidas;

Avaliar e preparar as pessoas que mudam de hospitais psiquiátricos para a comunidade e assegurar que recebem cuidados suficientes para apoiar as suas necessidades na comu- nidade;

Criar/fortalecer serviços na comunidade integrados e completos para cada área de influência, de acordo com as necessidades locais e nacionais;

Desenvolver os dispositivos e os programas que têm sido até agora insuficientemente desenvolvidos em muitos países da UE, tais como programas integrados com gestão de casos, equipas móveis de saúde, E-Health, autoajuda e grupos de utentes e cuidadores; Melhorar a utilização de fundos estruturais

como parte de um programa de desinstitu- cionalização, de tal modo que os hospitais psiquiátricos sejam encerrados e que os ser- viços na comunidade sejam desenvolvidos em sua substituição.

3.5 Assegurar que apoio psicossocial comunitário esteja disponível para pessoas com perturbações mentais severas

Ações recomendadas:

Desenvolver cooperação estruturada entre serviços de saúde mental, serviços sociais e serviços de emprego, para garantir que estru- turas residenciais na comunidade, programas vocacionais, e outras intervenções de reabili- tação psicossocial estejam disponíveis; Estabelecer padrões de qualidade mínima e

assegurar continuidade de cuidados ao lon- go de todos os serviços comunitários rele- vantes.

3.6 Desenvolver serviços e programas na comunidade para populações específicas Ações recomendadas:

Desenvolver serviços forenses orientados para a reabilitação;

Desenvolver serviços de saúde mental para crianças e adolescentes;

Desenvolver programas para grupos vulne- ráveis (por ex. pessoas sem abrigo com pro- blemas de saúde mental severos).

4. Melhorar o uso e a eficácia de mecanismos

No documento Portugal Saúde Mental em Números, 2015 (páginas 96-98)

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