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1 INTRODUÇÃO

2.1.4 Moda x Gênero

Reforçando, ou melhor, explicando a consideração anterior, Jesus (2012) afirma que “uma pessoa trans pode ser bissexual, heterossexual ou homossexual, dependendo do gênero que adota e do gênero com relação ao qual se atrai afetivossexualmente”. É válido lembrar que a transexualidade é uma questão de identidade de gênero e não de condição sexual. Contudo o indivíduo transgênero em sua maioria se identifica com o sexo oposto e não ao seu de nascença. Como refere Jesus (2012), “denominamos as pessoas não-cisgênero, as que não são identificam com o gênero que lhes foi determinado, como transgênero, ou trans”.

2.1.4 Moda x Gênero

Moda e gênero são assuntos que têm ganhado muita força e estado em constante discussão, seja como plurissex, genderless, gender-bender, gender-fluid,

agender, unissex ou outro possível termo que possa vir a surgir com o tempo para

definir moda sem gênero, movimento que vai muito além das tendências fashion. Esse movimento tem a ver com a ruptura dos estereótipos sobre as formas tradicionais de gênero, o que nos faz repensar as definições pré-estabelecidas sobre o masculino e o feminino, buscando a igualdade no modo de vestir.

Na década de 1920 surgiu o movimento Tomboy, que deu início com Gabrielle Bonheur Chanel, estilista responsável pela criação da grife francesa Chanel, que buscou adaptar o guarda-roupa masculino para o vestuário feminino, como, por exemplo, a calça pantalona e a camisa listrada, ambas inspiradas nos uniformes da marinha francesa.

Já no movimento Hippie, ocorrido na década de 1960 até a metade de 1974, o unissex acabou surgindo com o homem e a mulher usando roupas independentes do gênero a qual “pertenciam”.

Logo na década 1980 se popularizou o movimento de cross-dressing, que é o termo utilizado para se fazer referência aos homens heterossexuais que sentem prazer ao se vestirem como mulheres. Contudo, as roupas unissex já existiam nas décadas de 1980 e 1990, entretanto a discussão sobre a neutralização de gêneros na moda ganha maior repercussão no ano de 2010. Como alega Salgado (2015):

Nos anos 1980 existiam roupas unissex, entretanto, a discussão atual é bem maior e vai além. Há uma nova fase da discussão sobre a neutralização dos gêneros na moda, que eclodiu há cerca de cinco anos, quando o modelo Andrej Pejic (hoje Andreja) começou a desfilar para coleções femininas de ready-to-wear e Alta-Costura de Jean Paul Gaultier, uma das primeiras marcas a apostar na sua imagem. (SALGADO. 2015)

Atualmente, com a tendência de moda gender-bender, é possível observar nas ruas homens aderindo às peças de roupas do guarda-roupa feminino, que antes eram de único e exclusivo uso das mulheres, tais como, vestidos e saias, e isso se dá com a reeducação e a desmistificação de estereótipos que envolvem a vestimenta sobre gêneros. Para Pontual (2015), “isso passa pelo fenômeno chamado de transculturalismo, que salienta a fluidez entre as fronteiras culturais e no qual não cabem mais definições pré-estabelecidas sobre papéis masculinos e/ou femininos.”.

Quando se trata de marcas que estão aderindo e/ou adaptando a tendência de Agender em suas coleções, surgem as grifes internacionalmente conhecidas Saint Laurent, Burberry, Gucci, JW Anderson, American Apparel, Rad Hourani, Yohji Yamamoto, Nicopanda, Gareth Pugh e Selfridges, entre outras de igual importância, que aplicam a tendência gender-bender em seu segmento. Podemos observar a influência dessa tendência em algumas imagens a seguir:

Figura 7 - Coleção de Verão 2015 de JW Anderson. Fonte: Site - FFW. Fashion For Ward (2015)

Figura 8 - Selfridges. Fonte: Site - Vogue (2013)

Figura 9 - Selfridges

Figura 10 - Gucci, inverno 2016 RTW / Gucci, verão 2016 Fonte: Site - A coisa toda (2015)

Na Moda Brasileira também há marcas que trazem essa tendência para a semana de moda brasileira SPFW, como a marca Colcci, Alexandre Herchcovitch, Apartamento 03, João Pimenta, que é uma marca voltada para o público masculino, que, em seu último desfile no SPFW 2016, questiona o gênero na moda. (Figuras 11, 12, 13, 14,15 e 16.)

Figura 11 - João Pimenta

Fonte: Site - Revista Marie Claire (2016)

Figura 12 - Look total Ellus Sport DLX Fonte: Site - Revista Marie Claire (2016)

Figura 13 - Colcci

Figura 14 - Gloria Coelho e Alexandre Herchcovitch Fonte: Site - Revista Marie Claire (2016)

Figura 15 - Alexandre Herchcovitch.

Figura 16 - Coven

Fonte: Site - Revista Marie Claire (2016)

Na semana de moda desenvolvida pela “Casa de Criadores”, evento de moda brasileira que ocorre na cidade de São Paulo-SP e tem como objetivo o lançamento de novos estilistas no mercado fashion nacional, no mês de abril de 2016, também foi possível encontrar muito dessa tendência nas coleções das marcas Ocksa, Igor Dadona, Ellias Kaleb, dentre outras. (Figuras 17,18 e 19)

Figura 17 - Desfile de Ellias Kaleb na Casa de Criadores

Figura 18 - Desfile Igor Dadona na Cada de Criadores Fonte: Site - Casa de Criadores (2016)

Figura 19 - Desfile da Ocksa na Casa de Criadores Fonte: Site - M de mulher (2016)

Desse modo fica evidente o crescimento e o quanto forte essa macrotendência é e como o mercado fashion vem se adequando e aderindo a ela, buscando assim caminhar para a neutralização de gêneros no segmento da moda. Esse conceito de moda sem gênero já é encontrado nas ruas, com pessoas aderindo e utilizando a tendência genderless no seu cotidiano e adaptando as roupas para o seu estilo de vida sem perder sua identidade. (Figura 20)

Como se pode-se analisar na figura 20 que traz um homem com camisa, jaqueta, calça e uma saia plissada que marca levemente sua cintura. De um modo sutil trazendo feminilidade à composição de suas roupas, deixa o visual harmônico e não caricato.

Figura 20 - Uso de saia por homem Fonte: Site – Moda para homens (2015)

Observando a figura 21 em que aparece uma mulher que traz em sua produção visual, peças da vestimenta “masculina”, sendo elas, camisa de botões e calça de alfaiataria, que antes eram consideradas de uso exclusivo dos homens. Logo se pode observar nas imagens também os tipos de trajes de roupas que são de cortes mais amplos e retos, como se vê nas camisas, camisetas, saias, vestidos, dentre outras peças.

Figura 21 - Uso de roupas masculinas por mulheres Fonte: Site – Pinterest (2016)

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