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O interessante nesse modelo-instalação aqui proposto e desenvolvido em um ambiente tridimensional, o usuário pode experienciar a diferença entre o mundo visual e o campo visual (SANTAELLA, 2005), Mundo esse panorâmico, de 360º, que nos contorna, diferentemente do nosso campo visual, limitado, oval.

As matrizes propostas por Santaella não se limitam nem a um nem a outro, uma vez que ao se proporem como matrizes de linguagem, já são indicadores de delimitação, e as modalidades aqui exploradas e utilizadas como parâmetros referem-se às formas visuais que são produzidas pelos humanos e organizadas como linguagem, as formas de representação visual.

Não cabe aqui a discussão da visualidade como linguagem e representação, e sim assumir que as formas estão na matriz da secundidade proposta por SANTAELLA (2005), onde a dominância visual, sonora ou verbal só será percebida quando na presença e na comparação de cada uma delas (SANTAELLA, 2005) , uma vez que no design audiovisual aqui em estudo, elas “sao sincrônicas e simultaneamente presentes em todos os fenômenos” (SANTELLA, 2005). A seguir, uma síntese das Modalidades e Submodalidades Visuais proposta pela autora.

2.1 Formas não representativas

Resumem-se aos elementos puros tais como cores, claro-escuro, contornos, movimentos, ritmos, texturas, proporções, volume, etc. Propriedades existentes em si , autônomas, são o que são. (SANTAELLA, 2005). Denominadas por Gibson como “formas sem sentido” a priori, apesar de sabido que nenhuma forma é ´´sem sentido” uma vez que o observador vai dar um sentido aquilo que vê.

2.1.1 A qualidade reduzida a si mesma: a talidade(3)

Manchas, formas em “nascimento” exploradas em diversas imagens exibidas no Modelo, tais como as manchas nas águas da vitória-régia, na textura da lama, no vermelho alaranjado manchado do por do sol, nas nuvens e nas areias da praia.

2.1.2 A qualidade como acontecimento singular: a marca do gesto

O gesto como produtor em geral daquela forma visual. Daqueles cartazes escritos a mão, reproduzidos por um pincel digital. Ou mesmo do traço feito sobre a imagens das crianças jogando futebol na rua.

(3) Talidade quer dizer “tal

qual é”, sem relação com nenhuma outra coisa. (SANTAELLA,2005, pg 211)

AS MATRIZES DE LINGUAGEM E PENSAMENTO NO MODELO DA ESPUMA AUDIOVISUAL

CAPÍTULO 5

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2.1.3 A qualidade como lei : a invariância

Onde as formas puras em si só seguem suas regras, sua lógica própria. As cores, as linhas, pontos e superfícies. Estas podem seguir as leis do acaso, e mesmo assim cada um terá sua expressão fortuita da combinação de seus elementos.

Essa modalidade tem como exemplificação os próprios encontros e desencontros de linhas, superfícies, texturas , cores e efeitos, que acontecem sob o olhar único do observador, assim como a texturas, linhas e cores das fitas de Bonfim, justaposto às demais camadas e ‘bolhas’.

2.2 Formas figurativas

Assumindo que formas figurativas referem-se a objetos existentes transpostas para o plano bidimensional ou tridimensional como réplicas, onde apontam de uma forma ou de outra para objetos ou situações existentes fora daquele imagem, esses elementos visuais produzem a ilusão de que “a imagem figurada é igual ou semelhante ao objeto real” (SANTAELLA, 2005, p. 227)

2.2.1 A figura como qualidade: o sui generis

A figura como centro, seja nas suas qualidades intrínsecas, (dimensão, volume, cor, textura, traço, etc.), como nas suas qualidades do que referencia-se, do que indica, como indica e de que tipo de qualidade. Exemplo mais relevante das imagens selecionadas no modelo-instalação, a imagem da mãe de santo ao dar sua benção ao torcedor de futebol (vide página 141, figura H2), quase uma pintura, intensa, cheia de ritmo e silêncio.

2.2.2 A figura como registro: a conexão dinâmica

Aqui, a fotografia é o protótipo direto, onde a imagem é determinada pelo objeto que ela capturou num determinado tempo e espaço. Dado que as imagens apresentadas no modelo são imagens tecnicamente produzidas, fotográficas, são imagens puramente visuais que irão se “animar” conforme o comando dado pelo usuário, representando aqui que cada criador, artista ou designer vai resolver de seu jeito qual caminho traçar para o seu projeto de design audiovisual.

Gostaria de salientar aqui as montagens das fotografias, capazes de transmitir ideias abstratas, onde duas imagens quando sobrepostas, produzem algo novo, o que Santaella denominou de “um argumento geral de caráter metafórico” (p.236), e foram imagens manipuladas através do processo de síntese do computador.

2.2.3 A figura como convenção: a codificação

“Referencia os sistemas de convenções gráficas utilizados para reproduzir o visível” (p.241), tais como perspectivas e novos modos de codificação pictórica, de racionalidade perspectivista. A profundidade foi bastante explorada nesse Modelo- instalação, uma vez que pelas transparências e translucidez das texturas, podia-se ver “ao longe”, menores, outras cenas desse audiovisual tridimensional.

2.3 Formas representativas, ou simbólicas.

São formas que se tornaram símbolos, uma vez que seus elementos foram interpretados com a ajuda de um código de convenções culturais.

2.3.1 Representação por analogia: a semelhança

As figuras mantêm uma ligação em termos de semelhança com o que está sendo representado, uma tentativa desta forma de representação pode, entre outras, ser percebida na escala da imagem do Cristo Redentor, quando próxima `as demais imagens da cidade do Rio de janeiro, enorme, acima de nossas cabeças.

2.3.2 Representação por figuração: a cifra(4)

Ao ser decodificado, ou traduzido pelas frase equivalentes ele passa a ser um alfabeto cifrado.

2.3.3 Representação por convenção: o sistema

Encaixa-se aqui o sistema da escrita, tão declaradamente representado no Modelo da espuma, pelos cartazes escritos a mão por populares, reproduzidos a partir de fotografias, extraídas da internet de movimentos populares, pelo jornal , placas e logotipo na camiseta do menino da favela (vide figura 3G,pagina139).

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