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Modalidades de Propriedade Intelectual

No documento anacarolinaantunesvidon (páginas 78-84)

2. A GESTÃO DA PROPRIEDADE INTELECTUAL COMO INCENTIVO À

2.1.4.1 Modalidades de Propriedade Intelectual

Como já relatado neste trabalho, a propriedade intelectual no Brasil abrange três grandes áreas, quais sejam: o Direito Autoral, a Propriedade Industrial e a Proteção Sui generis (RIBEIRO et al, 2014). Tais áreas são subdivididas em modalidades, conforme demonstrado na figura 6 a seguir:

Figura 6 – Modalidades de direitos de propriedade intelectual

Fonte: Adaptado de Jungmann; Bonneti (2010).

P r o p r i e d a d e I n t e l e c t u a l Direito Autoral Direito de Autor Direitos Conexos Programa de Computador Propriedade Industrial Marca Patente Desenho Industrial Indicação Geográfica

Segredo Industrial & Repressão à Concorrência Desleal Proteção Sui Generis Topografia de Circuito Integrado Cultivar Conhecimento Tradicional

Desta forma, passa-se a análise resumida de cada uma das modalidades de propriedade intelectual.

Quanto ao Direito Autoral, este abrange as seguintes modalidades: a) Direito de Autor:

“É o direito do autor, do criador, do pesquisador, do artista, de controlar o uso que se faz de sua obra” (RIBEIRO et al, 2014, p. 33). Tais direitos são regulamentados pela Lei nº 9. 610/98, a qual disciplina em seu artigo 28 que “cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica” (BRASIL, 1998, art. 28).

São protegidos os direitos autorais morais e patrimoniais, sendo válidos desde a sua criação até 70 (setenta) anos, contados a partir do primeiro dia do ano subsequente ao falecimento do autor.

No Brasil, são competentes para o registro das obras literárias a Fundação Biblioteca Nacional; das obras musicais, a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro; das obras artísticas, a Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro; e dos projetos de engenharia, arquitetura e urbanismo, o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

b) Direitos Conexos:

São aqueles que protegem os artistas intérpretes e executantes de uma obra, bem como, os produtores de fonogramas e de gravações sonoras e as empresas de radiodifusão. Originam-se de uma obra protegida por Direito de Autor, possuindo como objetivo proteger os interesses das pessoas que contribuem para que uma obra tenha acesso ao público (RIBEIRO et al, 2014). Também são regulamentados pela Lei 9.610/98 e possuem como órgãos competentes para seu registro os mesmos relacionados ao Direito de Autor.

c) Programa de Computador:

São instruções que determinam uma tarefa a ser executada por um computador. A denominação pode ser aplicada ao código fonte escrita em uma linguagem de programação (INPI, 2017). Tal direito autoral é válido por 50 (cinquenta) anos, a partir

do primeiro dia do ano subsequente ao da data de sua criação. Os programas de computador são regulamentados pela legislação referente ao Direito Autoral e pela Lei nº 9.609/98. O órgão brasileiro responsável pelo registro de programa de computador é o INPI.

Já a Propriedade Industrial está relacionada às criações intelectuais que visam a área comercial, sendo uma importante ferramenta para o desenvolvimento de um país.

Jungmann e Bonnet (2010) apud Sachs4 (2001) citam a classificação que divide o mundo em 3 (três) categorias diferentes quanto à produção tecnológica e a propriedade industrial. A primeira categoria é a dos países com pouco desenvolvimento tecnológico, que possui nenhum ou baixos indicadores de propriedade industrial, sendo importadores de tecnologia; nesta categoria encontra-se a maioria dos países do mundo. Na segunda categoria estão países desenvolvidos e em desenvolvimento, que apresentam algumas inovações importantes, mas que na maioria das vezes são meros adaptadores de tecnologias estrangeiras. Já na terceira categoria aparecem os poucos países que dominam a produção de tecnologia, sendo receptores de 93% dos benefícios advindos do sistema de proteção da propriedade industrial, inclui-se nesta categoria os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão, a Holanda, a França e o Reino Unido. O Brasil está incluído no segundo grupo, desta forma a propriedade industrial do país tem como função alavancar o desenvolvimento econômico e social (JUNGMANN; BONNET, 2010).

Neste contexto, são apresentadas as modalidades de propriedade industrial existentes no Brasil:

a) Marca:

É o sinal distintivo, visualmente perceptível, que visa identificar e distinguir produtos e serviços, além de certificar a conformidade destes com normas técnicas aplicadas ao contexto. O registro da marca garante o uso exclusivo desta por seu titular na sua área de atividade, em território nacional (INPI, 2017). O registro da marca é válido por 10 (dez) anos, a contar da data de sua concessão, podendo ser prorrogado sucessivamente e por períodos iguais. Quanto à natureza, as marcas podem ser classificadas como de Produto, de Serviço, de Certificação ou Coletiva; e quanto à apresentação, elas podem ser nominativas, mistas ou figurativas. A Lei nº 9.279/96 regula

os direitos e obrigações referentes às marcas. O órgão responsável pelo processo de registro de marca no Brasil é o INPI.

b) Patente:

Como o presente trabalho tem como foco esta modalidade de propriedade intelectual, faz-se uma análise um pouco mais detalhada desta forma de proteção.

Seu conceito pode ser definido como um título de propriedade temporária concedido pelo Estado ao titular de uma invenção ou modelo de utilidade, permitindo a este a comercialização de sua criação com exclusividade. Neste sentido, segue a definição de Denis Borges Barbosa (2003):

[...] um direito, conferido pelo Estado, que dá ao seu titular a exclusividade de exploração de uma tecnologia. Como contrapartida pelo acesso do público ao conhecimento dos pontos essenciais do invento, a lei dá ao titular da patente um direito limitado no tempo, no pressuposto de que é socialmente mais produtiva em tais condições a troca da exclusividade de fato (a do segredo da tecnologia) pela exclusividade temporária de direito (BARBOSA, 2003, p. 295).

São requisitos para a patenteabilidade:

• Novidade: a invenção não pode estar acessível ao público;

• Atividade inventiva: a invenção não pode ser óbvia para um técnico da área; e

• Aplicação industrial: é a possibilidade de inserção mercadológica do produto ou processo.

De posse da carta patente o titular da tecnologia pode impedir que terceiros venham a dispor indevidamente desta (INPI, 2017).

A presente proteção é válida por 20 (vinte) anos, no caso de um privilégio de invenção, e por 15 (quinze) anos, no caso de uma patente de modelo de utilidade, a partir da data do depósito. A patente de invenção está relacionada com um produto ou processo que não existe no estado da técnica, já a patente de modelo de utilidade é aquela que traz uma melhoria funcional em algo que já existe (RIBEIRO, et al, 2014).

A Lei nº 9.279/96 regula os direitos e obrigações referentes às patentes, sendo o INPI o escritório responsável pelo processo de depósito de patentes no Brasil.

A seguir segue a figura 7 com o andamento simplificado do pedido de patente (veja no anexo 5 o fluxograma da tramitação processual junto ao INPI):

Figura 7- Processo de obtenção de patente

Fonte: Elaborada pela autora (2017).

Portanto, percebe-se que o processo de obtenção da Carta Patente requer tempo e avaliações técnicas bem fundamentadas, seguindo-se as orientações da legislação brasileira.

c) Desenho Industrial:

“É a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto de cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua

configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial” (RIBEIRO et al, 2014, p.69). O Registro de Desenho Industrial é um título de propriedade temporária concedido pelo INPI, sendo que o registro vigorará por 10 (dez) anos, contados da data do depósito, podendo ser prorrogado por 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada, nos termos da Lei nº 9.279/96.

d) Indicação Geográfica:

“Consiste em um sinal distintivo que identifica produtos ou serviços com origem no território, região ou localidade, possuindo, portanto, qualidades ou reputação relacionadas ao local de origem” (RIBEIRO et al, 2014, p.67). A indicação geográfica é constituída pelas modalidades de Indicação de Procedência e de Denominação de Origem, sendo que a primeira se refere ao nome geográfico de um local que se tornou conhecido pela produção de determinado produto ou pela prestação de determinado serviço, enquanto a segunda refere-se ao nome geográfico de um local, pelo qual o produto ou serviço agregam características, exclusivamente, devido a sua localização. A legislação aplicável a presente modalidade de propriedade intelectual é a Lei nº 9.279/96. Quanto à vigência da indicação geográfica, a Lei não estabelece prazo. Com isso, a proteção será válida pelo tempo de existência do produto ou serviço reconhecido (RIBEIRO et al, 2014). O órgão responsável pelo processo de proteção via indicação geográfica é o INPI.

e) Segredo Industrial e Repressão à Concorrência Desleal:

O segredo industrial é constituído por informações inacessíveis aos concorrentes que representam vantagem competitiva (BARBOSA, 2003). Ressalta-se que um segredo industrial não é registrável.

Quanto à concorrência desleal, esta pode ser definida como “qualquer ato contrário às práticas honestas, na indústria ou no comércio, que deturpe o livre funcionamento da propriedade intelectual e a compensação econômica que ela oferece” (JUNGMANN; BONNET, 2010, p. 69), portanto deve ser reprimida, nos termos da Lei de Propriedade Industrial (LPI).

Quanto a Proteção Sui Generis, esta “dá ao seu titular o direito de exclusividade quanto à extração ou reutilização de partes substanciais do conteúdo de base de dados” (RIBEIRO et al, 2014, p. 73). Esta proteção subdivide-se nas seguintes modalidades:

a) Topografia de Circuitos Integrados:

É regulado pela Lei n° 11.484/07 e seu registro é de competência do INPI. Visa o direito à exclusividade de explorar a topografia por seu titular, pelo prazo de 10 (dez) anos. Segundo a Lei n° 11.484/07, topografia de circuito significa:

uma série de imagens relacionadas, construídas ou codificadas sob qualquer meio ou forma, que represente a configuração tridimensional das camadas que compõem um circuito integrado, e na qual cada imagem represente, no todo ou em parte, a disposição geométrica ou arranjos da superfície do circuito integrado em qualquer estágio de sua concepção ou manufatura (BRASIL, 2007, art. 26).

b) Cultivar:

“É uma nova variedade de espécie vegetal geneticamente melhorada” (RIBEIRO

et al, 2014, p.75). A presente modalidade é regulada pela Lei n° 9.456/97 e possui o

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento como órgão competente para certificar a proteção. A vigência da proteção será de 15 (quinze) anos a contar da data da concessão do Certificado Provisório de Proteção, com exceção das videiras, árvores frutíferas, árvores florestais e árvores ornamentais, cuja vigência será de 18 (dezoito) anos (RIBEIRO et al, 2014).

c) Conhecimento Tradicional:

“Trata-se de conhecimento transmitido oralmente ao longo das gerações, por comunidades indígenas ou aquelas que mantêm estilos de vida tradicionais” (RIBEIRO

et al, 2014, p.77). No Brasil existe a Lei nº 13.123/15, que regulamenta o acesso ao

patrimônio genético e o conhecimento tradicional associado.

Após a descrição resumida das modalidades de propriedade intelectual, passa-se à explanação de como é realizada a sua gestão.

No documento anacarolinaantunesvidon (páginas 78-84)