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4. METODOLOGIA

4.2. Modelo analítico

Avaliar os efeitos da eficácia e eficiência do SPD como contribuição decisiva para uma agricultura sustentável em termos ambientais, economicamente competitiva e socialmente eqüitativa tem sido o foco das atenções de pesquisadores e produtores nos últimos 30 anos, dentro do que se pode denominar “cadeia de sustentabilidade” da agricultura brasileira.

Estudos realizados por pesquisadores da EMBRAPA/CNPMA levam em consideração que o envolvimento do produtor na determinação de prioridades de pesquisa pode proporcionar um claro e mais eficiente foco econômico do SPD.

Há ainda um vasto campo a ser adequadamente explorado com os recursos de P&D, especialmente nas condições tropicais e subtropicais como as dos cerrados, região que é atualmente considerada o celeiro do mundo.

A abordagem analítica deste trabalho irá basear-se no modelo desenvolvido por Monke e Pearson (1989) de estrutura organizacional denominado Matriz de Análise de Políticas, MAP, cuja atenção é dirigida para padrões eficientes de produção e preço e que permite obter uma avaliação dos efeitos de novas tecnologias sobre a lucratividade do sistema, através de comparações e variações nos orçamentos gerados pela alteração de uma subsérie de dados de insumos e de produção. Essas comparações proporcionam mais informações quanto à existência ou não de incentivos econômicos para promover a mudança tecnológica.

A primeira tarefa para o desenvolvimento da MAP é selecionar sistemas de produção, de acordo com o objetivo da pesquisa. Seu método permite estimar os efeitos das políticas econômicas sobre a renda do produtor, assim como identificar as transferências entre produtores e consumidores, permitindo ainda que se identifique que tipos de atividade são realmente competitivas sob as condições políticas vigentes e como os lucros poderão variar conforme modificações em projetos de investimentos, infra-estrutura e transferência de tecnologia, facilitando o conhecimento para uma tomada de decisão teoricamente consistente.

A metodologia da MAP foi originalmente desenvolvida, como instrumental de análise de mudanças na política agrícola de Portugal, em 1981 e está ligada a uma extensa literatura de análise de custo e benefício com aplicação em projetos de investimentos agrícolas. EMBRAPA/MA/FGV (2000).3

A MAP é um ponto intermediário entre o desejo de contar com um modelo abrangente de equilíbrio geral para descrever a economia do país em detalhes e a necessidade de contar com uma análise de política que opere dentro de restrições de tempo e disponibilidade de dados. A base teórica da MAP é um

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modelo simples de equilíbrio parcial do comércio internacional, que identifica padrões eficientes de produção e de preços.

A MAP consiste num sistema de contabilidade que analisa receitas e custos a preços privados e a preços sociais. Sob o ponto de vista teórico, Monke & Pearson destacam, como proposta central da MAP, medir o impacto de políticas governamentais sobre a lucratividade privada de sistemas de produção e sobre a eficiência do uso dos recursos. Indicam que, por esse instrumento, é possível investigar o impacto da política sobre a competitividade e os lucros no âmbito da fazenda, a influência da política de investimentos sobre a eficiência econômica e vantagem comparativa e os efeitos de políticas de pesquisa agrícola sobre o processo de mudança tecnológica. Os resultados podem ser usados para identificar também os tipos de produtor que são competitivos em situações em que políticas afetam preços de produtos e insumos e, ainda, como mudam os lucros se tais políticas forem alteradas.

Cada matriz contém duas colunas de custos, uma para insumos comercializáveis (tradable) e outra para fatores domésticos. Insumos intermediários, inclusive fertilizantes, pesticidas, sementes, eletricidade, transporte e combustível, são divididos em insumos comercializáveis e fatores domésticos.

Os insumos utilizados foram classificados em insumos comercializáveis e fatores domésticos (insumos não comercializáveis). Entende-se por insumos não comercializáveis os que não apresentam uma valoração no mercado mundial, pois os fluxos de seus serviços são restritos ao mercado doméstico. Neste estudo, mão-de-obra e terra constituem os fatores não-comercializáveis. Os insumos comercializáveis são os transacionados no mercado internacional sendo estes, fertilizantes, inseticidas, fungicidas, herbicidas e sementes.

Os preços dos produtos foram os preços médios recebidos pelos produtores da região no ano de 2001. Para os insumos comercializáveis e os fatores domésticos utilizados no sistema de produção, considerou-se os preços médios pagos por estes produtores, no mesmo período. Para o custo social do insumo ou valor social do produto foram feitas estimativas de preços sociais para

os insumos e produtos usando-se fatores de conversão. Na ausência de distorções, os valores sociais são aproximações dos valores privados de um insumo ou produto em consideração. Em outras situações, a existência de distorções exige o uso de informações a respeito das divergências para gerar estimativas dos valores sociais aplicáveis.

A avaliação social dos fatores domésticos de produção difere da valoração social dos insumos comercializáveis, porque os fatores são assumidos com sendo fixos, dentro das fronteiras nacionais. Entre os fatores domésticos apenas a terra é universalmente imóvel, embora, em muitos países, a migração internacional do trabalho seja bastante restrita. No geral, os preços desses fatores podem ser determinados nos mercados domésticos.

Neste trabalho foi feita uma análise da competitividade e rentabilidade do sistema de plantio direto (SPD) em relação ao sistema de plantio convencional (SPC) na cadeia produtiva da soja na região dos cerrados.

A análise dos efeitos da tecnologia adotada avaliou a lucratividade da produção agrícola em termos da eficiência no uso dos recursos disponíveis.