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5. ANÁLISE ESTATÍSTICA

7.1 Modelo da Ocupação Humana (MOH)

O MOH foi escolhido neste estudo, pois influência e orienta no uso das atividades, como recurso terapêutico e o porquê que a T.O. utiliza a atividade para estabelecer o vínculo construído entre paciente e terapeuta. A partir disto, pode-se elaborar um pensamento concreto sobre como a contribuição da T.O. pode ser significativa em pacientes com CCR durante a quimioterapia.

O MOH foi desenvolvido por Kielhofner, Burke e Heard, com vistas a articular os conceitos envolvidos em sua prática na TO, tendo suas primeiras publicações no ano de 1980. De acordo com esse modelo, a ocupação humana é caracterizada pela relação dinâmica entre os subsistemas de volição, habituação e capacidade de desempenho que compõem cada pessoa, sofrendo influência do ambiente no qual o sujeito está inserido 34 35.

O ser humano é como um sistema aberto que interage com o seu meio através de diferentes funções. Tal interação se dá via adaptação do indivíduo ao meio buscando a organização do comportamento ocupacional, promovendo e restaurando a saúde do sujeito. No MOH, o que importa é adaptar o sujeito ao meio, e não a transformação do meio, responsabilizando somente o indivíduo em relação ao seu problema35.

A utilização do conceito de atividade humana faz com que as atividades na TO sejam permeadas de historicidade e atravessadas pela dimensão sociopolítica, de forma a articularem-se o processo individual, a história e a cultura de um grupo. A atividade passa a ser vista como elemento que promove o encontro e o diálogo entre o sujeito, seu grupo social, seu tempo histórico e sua tradição cultural. Estando ligadas intrinsecamente ao mundo compartilhado, as atividades podem ampliar o campo da consciência e propiciar o autoconhecimento e a comunicação36.

O uso da atividade deve ser algo que provê sentido, satisfação e reconhecimento social, valorizando os pressupostos da profissão em que o fazer é

tido como algo bom por si só, pois o que torna a atividade situada e significante é a ação dos sujeitos ao realizá-la, percebê-la, vivenciá-la e interpretá-la37.

A atividade é utilizada na TO para instaurar um campo no qual expressão, informação e comunicação se tornam elementos na constituição do vínculo terapêutico, construindo aberturas para formas de fazer, criar, captar o mundo, trocar e relacionar-se37.

Os participantes deste estudo realizaram atividades significativas durante a quimioterapia, nas quais desenvolveram a expressão, criação, reflexão, e também uma estratégia de enfrentamento diante do diagnóstico e tratamento da doença. Neste sentido, paciente e terapeuta criaram um vínculo de confiança e empatia.

A ocupação como meio é frequentemente compreendida através da rubrica “uso terapêutico da atividade” e tem sido o foco da terapia ocupacional pela grande maioria dos profissionais de TOs ao longo de sua história. A TO tem utilizado o termo ocupação ou atividade significativa com a intenção de melhorar o desempenho de indivíduos com alguma doença ou desordem37.

Enquanto meio de formação de vínculo e intermediação para que se possa iniciar a construção conjunta de novos projetos de vida, a atividade é utilizada tendo como fim a produção de autonomia36.

Outra forma de entender as atividades é pensá-las dentro de uma relação triádica, entre o paciente, o TO e a atividade, relação na qual os movimentos de ação e reação determinam a dinâmica entre esses três termos37.

Desta forma de entender as atividades, elas não podem ser compreendidas como um termo separado, mas sim como uma estrutura conectada. O emprego das atividades neste estudo se diferenciou não apenas pelos contextos de atuação, mas a partir do raciocínio clínico, pelo modelo de atuação do profissional e do usuário participante do estudo37.

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.2 Lista de Identificação de Papéis Ocupacionais

De acordo com o MOH, os papéis ocupacionais são experimentados todos os dias, determinam a rotina diária e organizam a maioria dos comportamentos de cada pessoa. Não são somente rotinas de ação habilidosas, mas também envolvem determinantes socioculturais sobre quando elas são executadas, em qual contexto, com quem e com qual frequência33.

A mudança nos papéis ocupacionais é um fenômeno complexo e requer a transformação dos hábitos e das habilidades para a integração de um novo padrão de vida diária. Representa um processo adaptativo crítico que pode ocorrer no contexto natural de desenvolvimento, como a mudança do papel de estudante para o de trabalhador, mas pode também ser consequência de condições incapacitantes33 .

Diante deste cenário, foi escolhido para este estudo o instrumento de lista de identificação dos papéis ocupacionais para identificar de forma clara as situações auto- atribuídas percebidas pelos sujeitos e a importância designada a cada situação individual19.

A mudança na configuração de papéis ocupacionais devido ao adoecimento tem sido estudada pela TO com o intuito de subsidiar a prática clínica na criação de possibilidades para resgate dos papéis ocupacionais, independência e autonomia37.

Em um estudo, o adoecimento e o tratamento geraram perdas de papéis ocupacionais também em pessoas com CCR submetidos à quimioterapia; foram encontradas diferenças significativas no desempenho dos papéis ocupacionais de trabalhador e religioso, quando comparados os grupos de estudo e controle17.

Diante dos dados coletados neste estudo, os resultados dos papéis ocupacionais de estudante, voluntário, serviço doméstico, amigo, passatempo/amador e participante em organizações caracterizaram o grupo como homogêneo, mostrando que os papéis ocupacionais designados antes da intervenção eram considerados importantes e após a reavaliação foram considerados muito importantes. Isto mostrou que as atividades propostas fizeram refletir sobre novas formas de atividades de vida diária.

Pode-se observar também neste estudo que outro principal papel ocupacional que teve perda no presente foi o de trabalhador. O papel de trabalhador foi

confirmado pelo número de inativos (89%), o que está relacionado com a aposentaria por doença ou por idade (média de 59 anos).

Quando o indivíduo é acometido por uma doença como o câncer, muitas vezes ele perde suas bases, abandonando seus papéis, suas vontades, enfim, ele abandona sua vida; e um papel inclui um conjunto de comportamentos que seguem com a ocupação de uma posição num grupo social. Sendo assim, o indivíduo perde seu papel frente à sociedade, frente a seus amigos, sua família, etc. Agora a sua nova rotina inclui hábitos que giram em torno do novo papel assumido por ele: o de paciente16.

Neste estudo, a intervenção da TO contribuiu diretamente nos papéis ocupacionais desempenhados, pois durante as intervenções foram considerados os aspectos sócio emocionais que o paciente relatava enfrentar, como, por exemplo, raiva, depressão, negação, dor, separação, problemas devido ao afastamento do trabalho e o retorno ao seu lar.

7.3 Avaliação da qualidade de vida por meio da escala genérica

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