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4. A viver a realização do sonho

4.1. A conceber e planear a aventura

4.1.2. Modelo de Estrutura do Conhecimento (MEC)

O planeamento é o meio fundamental para prepararmos bem a nossa ação. Assim, para cada modalidade utilizei o MEC proposto por Vickers (1990). Este modelo enfatiza o conhecimento como base para a sua elaboração, através dos conteúdos. Deste modo, durante a sua construção, interroguei-me várias vezes quais os conteúdos a abordar. Após ter-me deparado com esta situação, considero que o conhecimento é uma vantagem para o professor, visto que devo ser uma especialista na matéria de ensino para operacionalizar este modelo para o meu ensino.

O MEC é considerado um guia utilizado durante todo o planeamento, baseado no processo e no conhecimento. É composto por 8 módulos, que demonstram como se pode criar um corpo de conhecimento estruturado e interdisciplinar para uma modalidade e depois usá-lo como uma base para estruturar um modelo de ensino. Este modelo é dividido em três fases: a fase de análise que engloba os módulos 1, 2 e 3; a fase de decisão que contém os módulos do 4 ao 7 e, por fim, a fase de aplicação composta pelo módulo 8.

O módulo 1 (Estrutura do conhecimento) permitiu-me definir uma hierarquia das categorias interdisciplinares relativas à modalidade a ensinar, adquirindo o conhecimento necessário a transmitir aos alunos. Foi extremamente útil porque obrigou-me a investigar sobre todas as áreas da modalidade resultando num documento riquíssimo de conhecimento específico sobre a modalidade em questão. No módulo 2 (Análise do envolvimento e do contexto) realizei uma análise do meio e do ambiente onde iria ensinar, conhecendo as infraestruturas, o material disponível e a segurança. No módulo 3 (Análise dos alunos) analisei de uma forma específica a minha turma com o objetivo de conhecer as características dos alunos e classificá-los tendo em

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conta o nível de ensino de cada modalidade, através da avaliação diagnóstica (AD) que irei falar mais à frente.

Passando para a fase de decisão, o modulo 4 diz respeito à “Extensão e sequência dos conteúdos”. É neste módulo que surge o segundo nível de planeamento, a UD. É na elaboração da UD que se decide o quê e qual a sequência de matéria a abordar tendo em conta os objetivos, os conteúdos, o programa nacional e o plano anual. Esta construção garante organizar uma sequência lógica e metodológica da matéria com o objetivo de contribuir para a aprendizagem dos alunos (Bento, 2003).

Em todas as UD, a primeira aula era destinada à AD. Esta aula estava incluída porque tinha como finalidade realizar uma apreciação das capacidades dos alunos, de modo a conhecer e enquadrar o seu nível de desempenho. Após esta aula, estava em condições para a elaboração da UD porque adequava as variantes subjacentes ao nível dos alunos, tendo como intuito promover o desenvolvimento positivo dos mesmos. A ambição e o receio foram sentimentos que senti durante o planeamento da UD, porque, por um lado, não sabia se os alunos conseguiam alcançar às minhas expectativas e por outro lado não sabia se as minhas expectativas estavam abaixo das suas reais capacidades. Neste sentido, tive de refletir sobre as características dos alunos e sua predisposição para a prática, sobre as minhas capacidades de ensino para motivá-los para a prática e sobre as variáveis subjacentes (material, número de aulas, métodos e estratégias de ensino). Tal como refere Bento (2003, p. 78) “o planeamento da unidade temática não deve dirigir-se

preferencialmente para a matéria «em si mesma» (...) mas sim para o desenvolvimento da personalidade (habilidades, capacidades conhecimentos, atitudes) dos alunos, pelo que deve, sobretudo, explicitar as funções principais assumidas naquele sentido por cada aula”.

A introdução constante de novos conteúdos e pouco tempo de exercitação poderá levar à desmotivação e à ausência de aprendizagens significativas nos alunos. Então, a minha estratégia passou por trabalhar menos conteúdos e despender mais tempo de exercitação em cada habilidade com o intuito de promover uma maior evolução nos alunos, e, se eles

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sentissem que estavam a evoluir estariam mais envolvidos e motivados para as aulas. Segundo Bento (2003) existem alguns casos que são caracterizados pela predominância da utilização da mesma função didática “introdução de conteúdos”, que acabam por descorar das funções de “aplicação”, “repetição” e “sistematização”. Seguindo esta lógica, o planeamento consiste apenas na distribuição dos conteúdos pelo tempo disponível, reservando pouco tempo de prática, tendo como consequência uma fraca aquisição das habilidades e por sua vez, um baixo desenvolvimento das capacidades. Efetivamente, um planeamento adequado da UD além de distribuir os conteúdos pelas diversas aulas, deve ser uma base para a qualidade e eficácia do processo de ensino.

Apesar desta preocupação constante, ao longo de cada unidade, foram realizados alguns ajustes para proporcionar os melhores momentos de aprendizagem.

Seguindo para o módulo 5 (Definição dos objetivos), defini quais os objetivos apropriados ao aluno e à situação, conforme cada conteúdo, com o intuito dos alunos conseguirem atingi-los com sucesso no final da UD. Não senti dificuldades nesta tarefa porque como tinha desenvolvido uma boa estrutura do conhecimento (módulo 1) com todas as componentes críticas de cada conteúdo, tive apenas de reformular essas componentes para o formato de objetivo. O módulo 6 (Configuração da avaliação) pode definir-se como um processo para determinar se os objetivos educacionais foram alcançados pelos alunos. Neste sentido, refleti e tomei decisões acerca do tipo de avaliação a adotar. Após definido o tipo de avaliação permitiu-me fixar quais os critérios que correspondiam ao sucesso e que seriam alvo de avaliação, e determinei as linhas orientadoras para todo o meu processo de ensino-aprendizagem. O módulo 7 (Progressões de ensino) teve como objetivo selecionar as atividades de aprendizagem (exercícios) que melhor se adaptavam aos objetivos e às estratégias de avaliação. Foram organizados por conteúdos e por grau de dificuldade para dar uma melhor resposta às capacidades dos alunos. Este leque de exercícios foi uma mais-valia para a construção do plano de aula, porque como já tinha analisado exercícios adequados para os objetivos delineados, rentabilizei o tempo despendido para a sua elaboração.

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Por fim, a fase da aplicação é constituída pelo módulo 8 (Aplicação). Neste módulo apliquei os conhecimentos adquiridos nos outros módulos, em contexto real, através do plano de aula.