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4. A viver a realização do sonho

4.1. A conceber e planear a aventura

4.1.3. Planos de aula

Após a elaboração dos documentos anteriores, chega agora o último e importantíssimo nível de planeamento, o plano de aula. É considerado uma ferramenta muito influente para sintetizar o processo de planeamento, funcionando como um guião da aula, dando origem à ligação entre o planeamento e a ação do professor. Para Bento (2003) a aula constrói-se através da ligação do pensamento e da ação do professor, sendo definida como a unidade pedagógica e organizativa essencial para o processo de ensino.

O plano de aula deve comtemplar várias informações que enquadrem as condições e os meios disponíveis, tais como: a data, o número de alunos, o espaço e material disponível, o tempo da aula, a modalidade e o número da aula referente à UD. Seguidamente, estão presentes os aspetos mais relevantes e fundamentais, nomeadamente os conteúdos, os objetivos, os exercícios adequados ao nível dos alunos, as estratégias de organização e gestão da aula e as componentes críticas.

Durante a sua elaboração, as minhas decisões foram tomadas tendo em conta os aspetos acima referidos, com o intuito de promover uma aula interessante, entusiasta e motivadora para proporcionar um bom clima de aprendizagem para os alunos. Neste sentido, afirmo que a sua construção foi um dos maiores desafios, porque incluiu as minhas decisões e estratégias para dar resposta às necessidades dos alunos, promovendo evolução na aprendizagem. De acordo com Bento (2003, pp. 102-104) “antes de entrar na

aula o professor tem já um plano da forma como ela deve decorrer, uma imagem estruturada, naturalmente, por decisões fundamentadas. Tais são, por exemplo, decisões sobre o objetivo geral e objetivos parciais ou intermédios, sobre a escolha e ordenamento da matéria, sobre os pontos fulcrais da aula,

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sobre as principais tarefas didáticas, sobre a direção principal das ideias e procedimentos metodológicos”. A meu ver, o plano foi fundamental para

proporcionar o sucesso na minha ação enquanto professora e por sua vez para o desenvolvimento das competências dos alunos. Neste sentido, teve como principais objetivos, esquematizar os conteúdos através da definição de uma organização didático-metodológica adequada às necessidades dos alunos; apresentar métodos e estratégias para colocar todos os alunos envolvidos nas tarefas; orientar as minhas preocupações, sintetizando e clarificando a minha instrução através da definição de objetivos claros e da escolha das componentes críticas de acordo com as dificuldades apresentadas.

Contudo, este é o nível de planeamento que está mais sujeito a alterações devido a fatores externos ou imprevistos que ultrapassam o professor, como é o caso das condições climatéricas e da falta de comparência ou de dispensa de alguns alunos. É neste momento que surge a capacidade de improvisação. Tal como refere Bento (2003, p. 120) “a categoria didática

«métodos de ensino» prende-se com a totalidade das leis, particularidade e condições do processo concreto de ensino, dependendo não apenas do objetivo e da matéria, mas também de fatores pessoais, situacionais e locais. Isto quer dizer que os métodos de ensino não podem ser concebidos e escolhidos numa atitude isolada, abstraindo da constelação de fatores e condições intervenientes no processo de ensino”. Uma das características da

minha turma foi a imprevisibilidade dos alunos participarem na aula, pois existia alguém que faltava ou por algum motivo não podia fazer aula devido a dores de cabeça, a dores no joelho, a dores de barriga ou doença. Por esta razão nunca soube com quantos alunos podia contar para a aula. Então, no início do ano letivo, estes imprevistos deixaram-me confusa porque tive de fazer constantes adaptações aos exercícios e aos grupos de trabalho, perdendo algum tempo de aula devido à minha inexperiência. Com as aprendizagens que fui adquirindo, permitiu-me criar estratégias para rentabilizar o tempo de aula, tais como: no momento de planear a aula, pensava nas várias soluções possíveis de gestão e organização da aula, caso tivesse um determinado número de alunos; no ato

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da aula, distribuía os grupos como planeado e os restantes inseria-os nos grupos já em atividade.

A improvisação depende da experiência do professor e do conhecimento da matéria de ensino. Então, como não tinha muita experiência tornou-se fundamental conhecer bem a matéria de ensino para resolver estes imprevistos e assim alcançar o sucesso no processo de ensino-aprendizagem.

Na construção do plano de aula, as minhas dificuldades iniciais passaram pela adequação dos exercícios às necessidades dos alunos, pelo tempo destinado para cada exercício incluindo a instrução e organização do mesmo e pela escolha das componentes críticas. Deste modo, para constatar estas dificuldades, transcrevo alguns sentimentos vividos durante este ano:

“Começando pelo planeamento da aula, senti algumas dificuldades na elaboração e seleção de exercícios adequados para a minha turma, isto porque foi a primeira aula após a AD. No entanto, apesar de ter uma breve avaliação sobre cada um, não sabia até que ponto os exercícios poderiam resultar. Desta forma, durante a elaboração do mesmo, surgiram-me bastantes dúvidas e incertezas. Então com as sugestões do meu PC e dos meus colegas estagiários consegui elaborar um plano adequado para o nível da turma”.

Reflexão da aula nº 4 e 5 (25-09-2013) – UD de Futebol

“Quanto à situação 2x1, inicialmente não correu bem porque os alunos não conseguiram perceber a organização do exercício e sentiram-se um pouco desorientados. Desta forma, para minimizar a distração e confusão, alterei a sua organização e separei a turma para locais distintos, montando duas balizas orientadas para a parede. Após essa alteração, o exercício começou a ter mais dinâmica, no entanto poderia ter optado por outras soluções”.

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“Senti dificuldades (...) na organização dos espaços, pois demorei algum tempo na montagem dos campos, criando algum tempo de espera. (...) senti que os meus feedbacks, nem sempre surtiam efeito nos alunos”.

Reflexão da aula nº 4 e 5 (25-09-2013) – UD de Futebol

“Outra dificuldade foi devido à transição elevada dos exercícios, faltando estratégias para colmatar esse problema”.

Reflexão da aula nº 6 (27-09-2013) – UD de Futebol

Ao longo do ano, com a ajuda do PC e NE e com as aprendizagens adquiridas nas aulas, fui aumentando a qualidade das aulas através da otimização do tempo de instrução, organização e exercitação. Após o desenvolvimento destas capacidades, este documento tornou-se simples de elaborar visto que durante a lecionação de uma aula, conseguia planear rápido e mentalmente a próxima. Esta aprendizagem está explícita no seguinte momento de reflexão:

“Nesta fase da unidade o planeamento é feito mentalmente durante a lecionação das aulas anteriores, isto porque vou refletindo sobre cada exercício que idealizo facilmente quais as minhas preocupações para as próximas aulas. Este trabalho mental é fundamental para o nosso processo enquanto professores reflexivos porque constatamos que a reflexão está nitidamente presente nas aulas pelo que refletimos na ação e sobre a ação. Este aspeto permite otimizar o nosso processo de planeamento tornando-o mais simplificado”.

Reflexão da aula nº 84 (16-05-2014) – UD de Voleibol

Deste modo, a construção, a realização e a reflexão sobre o plano de aula estiveram sempre presentes durante todo o ano letivo, permitindo-me evoluir enquanto professora tornando-me mais segura, confiante e eficaz.

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