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Segundo Marchante (2018) os Planos de Gestão e Controlo de Plantas Invasoras devem incidir sobre espécies que se encontrem listadas no atual Decreto – Lei n.º 565/99 de 21 de dezembro. Esta metodologia deve ser equacionada em situações em que a presença de espécies invasoras comprometa o normal desenvolvimento dos ecossistemas envolventes, e que coloquem em risco áreas com elevado valor para a conservação da natureza e pai- sagístico.

Figura 4.3 - Síntese de procedimentos realizados no Modelo Land Change Modeler (Adap- tado de Eastman, 2012. Fonte: Joana Amorim, 2015).

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Segundo Marchante (Formação em Campo de Trabalho Científico 2018), o Ciclo de Ges- tão de Plantas Invasoras considera, numa primeira fase, o processo de prevenção de forma a detetar precocemente situações de invasão e promover respostas rápidas. Caso a invasão se identifique, terão que se definir objetivos de conservação/produção para o local inva- dido tendo em consideração o orçamento disponível. Após isso, deverá ser feita uma iden- tificação e priorização de áreas a controlar bem como, considerar as espécies que amea- cem os objetivos propostos.

A análise e a definição das melhores técnicas de controlo disponíveis a aplicar, em função das áreas invadidas, são fundamentais para o desenvolvimento e implementação de um plano de intervenção (erradicação, controlo de contenção; controlo inicial; controlo de continuidade, manutenção e mitigação), em que o local alvo de intervenção carecerá de uma monitorização contínua avaliando os impactes das ações de gestão aplicadas e res- petivo registo. Caso se constate alguma falha ao nível das ações ou procedimentos deli- neados deverá ser feita uma revisão e efetuadas as devidas alterações no plano de inter- venção (Figura 4.4).

Cada uma das etapas dos Planos de Gestão e Controlo de Espécies Invasoras exigem o estudo particular da espécie a controlar, desde a análise das metodologias a aplicar até às características do local onde se encontram, passando pela origem e fase de crescimento das plantas, recursos disponíveis, entre outros (Gil, 2017). A espécie de estudo a Acacia Figura 4.4 - Ciclo de Gestão e Controlo de Plantas Invasoras (Adaptado de Marchante, 2001).

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longifolia apresenta algumas características idênticas às outras espécies de acácia, nome-

adamente e entre outras, a Austrália (Acacia melanoxylon) e a Mimosa (Acacia dealbata) como sejam: a taxa de crescimento elevada, a elevada competitividade com espécies na- tivas, a produção elevada de sementes, a criação de bancos de sementes numerosos e com elevada longevidade. No entanto, difere na componente de rebento de touça, verificando- se uma baixa taxa de rebentamento posteriormente ao corte (Gil, 2017; Wilson et

al.,2011).

Quando se mencionam técnicas de controlo englobam-se diversos tipos de metodologias aplicáveis a cada espécie, sendo que estas passam essencialmente por métodos de con- trolo físico, químico ou biológico/natural.

O controlo natural é uma das principais técnicas utilizadas para o controlo específico da acácia longifólia, nomeadamente através da utilização do inseto Trichilogaster acacia-

longifoliae. Este atuante principal apresenta cerca de 2 – 3 mm (Figura 4.5) e permite a

redução da produção de sementes uma vez que coloca ovos nas gemas das flores fazendo com que se formem galhas e consequentemente não floresça, não produza fruto e poste- riormente sementes. Este inseto foi alvo de testes específicos de risco durante cerca de 12 anos para que fossem autorizadas libertações (Gil, 2017; Invasoras.pt). Em 2015 ocorreu a primeira libertação onde se identificou o estabelecimento da espécie e a formação de galhas em algum dos locais de libertação.

Como refere Gil (2017) e o site Invasoras.pt, independentemente do método a aplicar, é fundamental o investimento em controlo de continuidade e manutenção de forma a ter sucesso na intervenção. Caso não sejam garantidas as monitorizações do local, o investi- mento inicialmente feito é posto em causa considerando a capacidade de reinvasão do local.

Figura 4.5 - Vespa (Trichilogaster acacialongifoliae) utilizada como agente de con- trolo biológico para a acácia longifólia e galhas resultantes da postura das mesmas (Fonte: Centre for Functional Ecology - CTC2018).

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Técnicas de controlo aconselhadas para o controlo e erradicação de Acacia longifolia

Segundo Marchante (2018) o controlo da Acacia longifólia exige uma gestão bem plane- ada que inclui a determinação da área invadida, a identificação de causas de invasão, a avaliação de impactes, a definição de prioridades de intervenção, a seleção de metodolo- gias de controlo a aplicar e a sua execução.

Depois de definidas as etapas para o plano de gestão de áreas invadidas por Acacia lon-

gifolia, deve-se ter conhecimento das metodologias de controlo usadas no combate a esta

espécie. Segundo Invasoras.pt, as metodologias aplicáveis a esta espécie poderão o con- trolo natural, o controlo físico, o controlo físico conjugado com ação química e o fogo controlado.

Quando se pensa no controlo físico e segundo Marchante et al., (2018) este engloba téc- nicas de arranque manual, técnica preferencial para plântulas e plantas jovens. Em subs- tratos mais compactados, o arranque deve ser realizado na época das chuvas de forma a facilitar a remoção do sistema radicular. Deve garantir-se que não ficam raízes de maiores dimensões no solo. Deve garantir-se que não ficam raízes de maiores dimensões no solo. Quanto à metodologia associada ao controlo físico conjugado com ação química, implica técnicas como o corte combinado com a aplicação de herbicida e aplica-se a plantas adulta. O corte do tronco deve ser o mais possível rente ao solo e aplicação imediata (impreterivelmente nos segundos que se seguem) da touça com herbicida (princípio ativo: glifosato). Se houver formação de rebentos, estes devem ser eliminados quando atingirem 25 a 50 cm de altura através de corte ou arranque). Por fim, o fogo controlado pode ser utilizado estrategicamente com o objetivo de estimular a germinação do banco de semen- tes, por exemplo, após controlo dos indivíduos adultos (com a gestão adequada da bio- massa resultante) ou para eliminação de plantas jovens. Tem como grande vantagem a redução do banco de sementes, quer destruindo uma parte das sementes quer estimulando a germinação das que ficam). A avaliação dos riscos de utilização desta técnica levou à aplicação de uma nova metodologia de controlo que passa por a introdução de um inseto que forma galhas nas gemas florais exclusivamente em espécies de acácia longifólia, re- duzindo até cerca de 90% das sementes.

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APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS