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4. Enquadramento Operacional

4.1.3. Realização

4.1.3.10. Os modelos de ensino: uma progressão na direção de comprometer os

4.1.3.10.4. Modelo de Educação Desportiva (MED)

O Modelo de Educação Desportiva (MED), desenvolvido por Siedentop (1987), pretende atribuir um lado afetivo e social às aprendizagens, caraterizando-se fundamentalmente pelo trabalho de cooperação entre os alunos, de modo a alcançarem aprendizagens significativas e onde o professor apresenta um papel mais orientador, lançando algumas pistas quando surge essa necessidade mas sem nunca oferecer a solução, o que leva à formação de indivíduos mais autónomos. Este modelo visa a inclusão de três aspetos fundamentais: (1) competência desportiva, (2) literacia e (3) entusiasmo pelo desporto.

Atualmente fala-se muito do MED criando quase a necessidade de nós, professores estagiários, o aplicarmos na nossa prática. Eu sou apologista deste modelo mas considero que deve ser utilizado com bom senso. Nunca devemos perder o controlo das aulas nem deixar que os alunos estejam a cometer erros técnicos e táticos só porque queremos que eles gostem mais das aulas e sejam mais autónomos. Na minha opinião tem de ser q.b. e há a necessidade de estarmos constantemente à procura de estratégias para corrigir as falhas que vão surgindo. Houve, naturalmente, algumas modalidades em que consegui aplicar melhor este modelo e outras em que senti maiores dificuldades ou nem o apliquei de forma tão linear. A implementação deste modelo não foi concretizada de forma rígida, pois existiram situações em que optei por utilizar o MID ou o MD e várias em aulas cujo foco inicial era a aplicação do MED e nas quais acabei por aplicar o TGfU.

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sendo essa uma das grandes vantagens em relação às outras disciplinas. Além das relações que conseguimos estabelecer no contexto sala de aula, o fairplay, o espírito de entreajuda e o facto de mostrarmos aos alunos que o sucesso de cada um é importante para o sucesso de todos é algo que considero importante e que procurei sempre incutir nos meus alunos, valorizando sempre uma prática baseada no respeito e na cooperação. Os alunos aprendem a trabalhar em prol de um objetivo comum e o facto de todos os elementos serem importantes para a equipa fá-los sentirem a responsabilidade de trabalhar para ajudar os restantes colegas. À exceção de treino funcional, em todas as outras modalidades recorri à formação de equipas, à escolha de um capitão e à atribuição de várias outras funções como, por exemplo, a seleção de árbitros, a tarefa de escolher os nomes para as equipas e a contagem das pontuações. Por uma questão de inexperiência e tendo inicialmente algum receio fui introduzindo estes aspetos aos poucos. Queria dar autonomia aos alunos, mas primeiro queria assegurar- me que conseguiria manter o controlo da turma e que os alunos detinham alguma qualidade técnica e conhecimento tático fundamentais para conseguirem trabalhar de forma mais autónoma.

No Basquetebol aplicação do MED foi mais parcial, sendo que houve alguns aspetos da época desportiva que não foram aplicados.

“Hoje decorreu a 2ª aula do ano letivo, de basquetebol, e cada vez mais vou dando autonomia aos alunos. No fim da aula, forneci alguns feedbacks relativamente à aula e aproveitei a divisão deles em equipas para serem eles a construir o aquecimento nas próximas aulas. A equipa A e B serão as primeiras a lecionar o aquecimento, começando na próxima semana. Apenas limitei cada equipa a 10 minutos e com alguma ligação ao conteúdo que estamos a trabalhar.”

(DB, 27 de setembro de 2018)

Foi um desafio que resultou muito bem, as equipas prepararam sempre os aquecimentos durante o resto do ano letivo e eu apenas lecionava na 1ª e/ou 2ª aula de cada modalidade nova. Na parte final de cada aula, refletia sempre sobre o aquecimento que as equipas preparavam, questionava sobre os aspetos positivos e negativos e procurava perceber de que forma é que achavam que

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podiam melhorar os aspetos menos positivos que tinham referido. De acordo com as respostas dos alunos dava o meu feedback e algumas críticas construtivas para melhorarem aula após aula.

“A sensação de dever cumprido hoje na aula de Atletismo foi sensacional! Uma aluna não fazia aula devido a estar de moletas, tendo sido realizadas duas equipas de 6 elementos cada. Praticamente toda a aula funcionou em competição, senti uma autonomia das equipas muito maior. Os capitães de cada equipa foram muito interventivos e, em cooperação com os restantes elementos, combinaram táticas e preparavam-se para cada momento de competição. Estou mesmo satisfeito, senti os alunos muito empenhados numa modalidade em que as primeiras reações não foram muito positivas”.

(DB, 17 de janeiro de 2019)

O atletismo é uma modalidade que senti, desde o primeiro ano de mestrado, que funcionava extremamente bem em competição. A vontade que cada equipa demonstrava em ser melhor permitiu aos alunos demonstrar caraterísticas de dedicação, de superação e de espírito de entrega que provavelmente não teriam demonstrado se não fossem confrontados com este tipo de competição.

“Duas equipas foram formadas, uma com 7 elementos e a outra com 6 elementos. Entreguei à turma um documento com os tipos de pegas, exercícios de postura, de contra-peso, com montes, e, com figuras desde elementos a pares até figuras com 13 elementos. Forneci- lhes total autonomia, apenas exigi que todos teriam de realizar todas as componentes do documento, e experimentarem com mais do que um elemento da equipa, visto que vão trabalhar juntos e é importante adaptarem-se uns aos outros. A partir deste momento, estive sempre como um elemento observador.

(DB, 15 de novembro de 2018)

“Quem pensa que o MED tira muita responsabilidade dos professores, está muito enganado. É um modelo muito trabalhoso, obriga-me a supervisionar todo o processo ensino- aprendizagem, mantem-me interventivo, tendo sempre muita atenção para o controlo da turma, sendo este bastante diferente do MID.”

(DB, 14 de março de 2019)

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arquiteto do ambiente educacional e o principal responsável pela eficácia do ensino (Siedentop, 1994). É um modelo que exige do professor muita organização e muita competência na gestão do ensino. Com o decorrer do ano letivo cada vez senti mais facilidade em aplicar elementos/estratégias do MED, conseguindo ter as aulas com maior dinâmica e entusiasmo.

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