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O conhecimento Pedagógico do Conteúdo: a influência que diferentes

4. Enquadramento Operacional

4.1.3. Realização

4.1.3.6. O conhecimento Pedagógico do Conteúdo: a influência que diferentes

pedagógica

O Conhecimento Pedagógico do Conteúdo é considerado o conhecimento profissional específico do professor, sendo uma base fundamental nas decisões tomadas pelo professor sobre o que ensinar e como ensinar.

Shulman (1983) foi o primeiro autor deste construto. Refere-se à interseção entre o conteúdo e a pedagogia e supõe, na visão de Shulman (1983) que “… a capacidade de um professor para transformar o conhecimento do conteúdo que ele possui em formas pedagogicamente poderosas e adaptadas às variações dos estudantes levando em consideração as experiências e bagagens dos mesmos (Shulman, 1987).” O mesmo autor diz ainda que a compreensão do conteúdo disciplinar somente não é suficiente e que a sua utilidade recai sobre a ação do professor. Vários autores têm realizado proposições sobre os componentes do conhecimento prático de professores. Shulman (1987) propõe sete: do conteúdo, pedagógico do conteúdo, pedagógico geral, do currículo, dos materiais e programas, dos alunos, do contexto e dos fins, propósitos e valores educativos. São estes componentes que diferenciam o professor dos outros especialistas da matéria. Para facilitar todo este entendimento, Shulman (1987) desenvolveu o Modelo de Raciocínio Pedagógico e Ação (MRPA), sendo este adaptado por Salazar (2005). De acordo com este modelo, o raciocínio pedagógico e a ação pedagógica envolvem um ciclo através de atividades de compreensão, transformação, instrução, avaliação e reflexão. Este modelo requer processos de raciocínio do professor sobre o conteúdo para o ensino que estão em reestruturação contínua. A sua dinâmica vai sendo enriquecida pelo

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contexto que se sucede, como resultado das interações sociais que a atividade educativa implica e os momentos distintos que caraterizam a prática docente. O MRPA é, então, um modelo dinâmico e cíclico de reflexão e ação docente. O MRPA procura então relacionar os conhecimentos que o professor possui sobre o conteúdo de matéria com as abordagens metodológicas que ele desenvolve sobre determinados assuntos.

Em cada modalidade, o conhecimento da matéria de ensino foi preparado e estudado com antecedência. É natural que nós, EE, não estejamos com o mesmo à vontade em todas as modalidades necessitando de um estudo prévio mais intenso em algumas delas. Esse conhecimento por si só pode ser insuficiente pois, além de ter o conhecimento teórico, é preciso realizar uma boa aplicação no contexto.

Ao longo do EP senti desenvolvimento e melhorias consideráveis na minha posição enquanto professor como, por exemplo, na minha compreensão das estruturas do conteúdo, de situações práticas em que precisava de intervir e, ainda, na capacidade de fazer ajustes a situações de jogo que não estavam a funcionar a 100%, procurando adaptar o exercício a cada aluno de modo a criar um nível de desafio ideal para que exista aprendizagem. A própria tipologia de ensino foi diferente ao longo do ano, a forma como avaliava os alunos nas atividades tornou-se naturalmente mais simples. As reflexões das minhas ações nas aulas fizeram-me pensar em muitos aspetos e levaram-me a procurar um conhecimento mais específico em relação aos conteúdos. Ao início sentia que refletia de um modo muito geral, acabando por perder os aspetos cruciais que deveria absorver. Além destas reflexões sobre mim e sobre as minhas atitudes, outra oportunidade que me ajudou a melhorar este tipo de conhecimento e reflexão foi através da observação das aulas dos outros EE e dos outros professores do GEF.

Ter consideração pelas caraterísticas de cada aluno, desde as suas dificuldades, linguagem, cultura, motivação, classe social, género, idade, habilidade, aptidão, interesse, autoestima, capacidade de atenção, é fundamental para ajudar e proporcionar individualmente uma melhor aprendizagem. A experiência de cada professor vai ditar as atitudes que tem

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durante as aulas. A diferença entre o professor experiente e o professor recém- formado está, por exemplo, no facto de que ao escolher uma atividade, o professor novato seleciona um livro e segue a sequência proposta pelo autor e para o professor experiente, a mesma atividade exige um desafio intelectual porque ele sabe que suas ações é que vão determinar o êxito ou não do aluno.

O desenvolvimento do conhecimento específico do conteúdo foi uma constante preocupação. Este tipo de conhecimento foi essencial para detetar melhor os erros, tanto no meu ensino como durante a realização das atividades por parte dos alunos. Os professores que estão melhor preparados antes da aula vão usar o tempo de aula e outros recursos de forma mais eficiente aumentando os níveis de aprendizagem dos alunos. Desta pesquisa contínua percebi que o conhecimento da matéria de ensino é fulcral, mas não é o suficiente para o domínio do conhecimento pedagógico do conteúdo, que é realmente aquele que permite que os alunos compreendam efetivamente o que lhes é solicitado nas aulas. De acordo com vários estudos, à medida que o Conhecimento Pedagógico do Conteúdo se desenvolve nos professores iniciantes, eles deixam de culpar os alunos pela falta de sucesso e começam a reconhecer deficiências nos seus próprios conhecimentos de ensino (McCaughtry & Rovegno, 2004). Os alunos, ou seja, o contexto em que trabalhamos, não têm a maior parte da culpa do nosso insucesso, mas sim a forma como nós, professores, trabalhamos com esses diferentes contextos, com esses diferentes alunos. O conhecimento Pedagógico do Conteúdo é um aspeto crucial para que consigamos ser melhores professores. Saber e perceber sobre os diversos conteúdos e a forte ligação que eles têm na aprendizagem dos alunos levou-me a investir parte do meu tempo na procura de um melhor desenvolvimento enquanto professor.

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