Primeiramente, para que esse modelo seja utilizado, a concession ´aria de energia el ´etrica deve atender as seguintes condic¸ ˜oes:
• ´E necess ´ario que a concession ´aria de energia el ´etrica possua um sistema computacional que permita a realizac¸ ˜ao de c ´alculos de fluxo de carga e tens ˜ao nos n ´os da rede em tempo real ou quase real, ou seja, ´e necess ´aria a exist ˆencia de um sistema de medic¸ ˜ao em cada alimentador do sistema de distribuic¸ ˜ao; • Um algoritmo que realize o c ´alculo da pot ˆencia das cargas el ´etricas tamb ´em
faz-se necess ´ario, em que deve considerar corretamente toda a informac¸ ˜ao dispon´ıvel e garantir a adequac¸ ˜ao m ´axima da modelagem dos modos de operac¸ ˜ao das redes do sistema.
Esse modelo realiza o c ´alculo das perdas t ´ecnicas de energia el ´etrica com alta precis ˜ao, uma vez que baseia-se no fluxo de carga definido em tempo real ou quase real1, fornecendo o valor das perdas de energia para cada elemento da rede.
1As informac¸ ˜oes referentes ´as medidas remotas do fluxo de carga s ˜ao utilizadas no momento
que s ˜ao recebidas (tempo real) ou s ˜ao utilizadas em um momento futuro (quase real) para a estimac¸ ˜ao das perdas de energia.
3.2 MODELO B 30 Tendo em vista essas informac¸ ˜oes, o c ´alculo das perdas t ´ecnicas de energia el ´etrica seguindo o modelo A utiliza a equac¸ ˜ao (4).
∆Wi,i+1 = 3 · ∆t · Ri,i+1· T /∆t
X t=1
Ii,i+12 (4)
O resultado tamb ´em pode ser obtido utilizando informac¸ ˜oes da tens ˜ao nodal e as pot ˆencias ativas e reativas, considerando que,
Si,i+1 = √ 3 · Ii,i+t,t· Vi,t+ Vi+1,t 2 (5) e tamb ´em,
Si,i+1,t2 = Pi,i+1,t2 + Q2i,i+1,t (6) Isolando Ii,i+1,t e elevando ao quadrado esse termo, substitui-se na equac¸ ˜ao (4), obtendo:
∆Wi,i+1 = 4 · ∆t · Ri,i+1· PT /∆t t=1 P 2 i,i+1+ PT /∆t t=1 Q 2 i,i+1 (Vi,t+ Vi+1,t)2 ! (7) Sendo:
• Ii,i+1,t, Pi,i+1,t, Qi,i+1,t corrente, pot ˆencia ativa e pot ˆencia reativa, respectivamente, dos elementos da rede entre os n ´os i e i + 1 em um per´ıodo de tempo t;
• Ri,i+1 resist ˆencia entre os n ´os i e i + 1;
• Vi,t e Vi+1,tvalores das tens ˜oes nos pontos i e i + 1 em um per´ıodo de tempo t.
3.2 MODELO B
Geralmente, as concession ´arias de energia el ´etrica realizam os c ´alculos de perdas t ´ecnicas de energia el ´etrica considerando somente uma ´unica curva t´ıpica de carga para cada consumidor t´ıpico, sem diferenciar dias ´uteis de s ´abados, domingos e feriados , ou seja, o c ´alculo das perdas, atrav ´es da equac¸ ˜ao (4), ´e realizado apenas para um dia. Por ´em, para o c ´alculo das perdas para uma semana ou per´ıodo maior de tempo, pode gerar incertezas nos valores alcanc¸ados das perdas.
O modelo B, permite a possibilidade de estimar as perdas de energia el ´etrica em cada elemento da rede. Para isto, ´e necess ´ario obter o fluxo do carga
3.2 MODELO B 31 di ´ario de energia el ´etrica para o mesmo dia em que foi feito o c ´alculo das perdas t ´ecnicas de energia el ´etrica. E, sequentemente, calcular a integral do consumo, ou fornecimento, para cada elemento da rede durante o per´ıodo de tempo T analisado.
Em alguns casos, as subestac¸ ˜oes pertencentes as concession ´arias n ˜ao possuem medidas de corrente, pot ˆencia e tens ˜ao na sa´ıda dos alimentadores, fazendo com que a correc¸ ˜ao das cargas e os c ´alculos de fluxo de pot ˆencia sejam feitos somente para um dia ´util do per´ıodo de tempo T analisado. Logo, as medidas s ˜ao realizadas por leitura direta dos medidores na sa´ıda dos alimentadores pelos pr ´oprios operadores do sistema.
Nesta situac¸ ˜ao, utiliza-se a equac¸ ˜ao (8) para o c ´alculo das perdas de energia el ´etrica.
∆WT = ∆Wd· De (8)
sendo:
• ∆WT perdas de energia el ´etrica de um determinado per´ıodo de tempo T ;
• ∆Wd perdas di ´arias de energia el ´etrica obtidas atrav ´es do modelo A, equac¸ ˜ao (4);
• De n ´umero de dias equivalentes referentes ao per´ıodo de tempo T .
A literatura apresenta diferentes formas de calcular o n ´umero de dias equivalentes De, como pode ser observado no trabalho de Soares (2003). No entanto, para esta monografia, ser ´a apresentada apenas uma maneira para a obtenc¸ ˜ao de De, uma vez que os modelos variam de acordo com o tipo de informac¸ ˜ao que utilizam. Portanto, uma maneira simples de definir De ´e apresentada na equac¸ ˜ao (9). De = C2 T Co2.N T (9) Sendo:
• Co consumo, ou fornecimento, de energia el ´etrica no dia em que ocorreu o c ´alculo das perdas de energia el ´etrica;
• CT consumo, ou fornecimento, de energia el ´etrica durante o per´ıodo de tempo T;
3.3 MODELO C 32 • NT n ´umero de dias referentes ao per´ıodo de tempo T .
´
E importante frisar que, o c ´alculo para definic¸ ˜ao de De n ˜ao resulta em erro para este modelo. Os erros dependem da composic¸ ˜ao das cargas do alimentador, ou seja, da curva de carga referente a cada consumidor que comp ˜oem o alimentador, residencial, comercial ou industrial. Isso se d ´a pelo fato deste modelo ser baseado nas caracter´ısticas de carga total do alimentador.
3.3 MODELO C
No modelo C, para o c ´alculo das perdas de energia el ´etrica, leva-se em considerac¸ ˜ao que muitas concession ´arias de energia el ´etrica utilizam um programa computacional para a modelagem das cargas el ´etricas e estimac¸ ˜ao dos estados do sistema de distribuic¸ ˜ao somente para a definic¸ ˜ao dos valores de demanda m ´axima. Tendo em vista essas informac¸ ˜oes, calculam-se as perdas de pot ˆencia ∆Pmax resultante das condic¸ ˜oes citadas.
Para isso, as perdas de energia el ´etrica s ˜ao calculadas com a equac¸ ˜ao (10).
∆WT = ∆Pmax· τ (10)
H ´a v ´arias maneiras para obter o valor do par ˆametro τ propostos nos trabalhos referenciados no in´ıcio deste cap´ıtulo. De uma forma geral, esse par ˆametro pode ser obtido seguindo a equac¸ ˜ao (11).
τ = M · A 2 · T A2 max (11) sendo:
• M representa a expectativa matem ´atica; • A valor da ordenada da curva de carga; • T per´ıodo de tempo analisado.
No entanto, esse m ´etodo de c ´alculo de τ exige o conhecimento das curvas de carga, informac¸ ˜ao esta que geralmente n ˜ao est ´a dispon´ıvel, n ˜ao permitindo a estimac¸ ˜ao das perdas de energia el ´etrica para cada elemento da rede, sendo mais
3.4 MODELO D 33 adequada para obter as perdas para conjuntos de elementos de um sistema de distribuic¸ ˜ao.
A maneira proposta mais simples e mais exata para a definic¸ ˜ao de τ baseia- se em valores de pot ˆencia ativa e reativa definidas a cada hora durante um per´ıodo de tempo T. Neste caso, as perdas de energia s ˜ao calculadas com a equac¸ ˜ao (12).
∆W = ∆PP max· τP + ∆PQmax· τQ (12) Por ´em, se por algum motivo n ˜ao for poss´ıvel realizar a leitura das curvas de carga a cada hora, o par ˆametro τ pode ser definido como:
τ = 0, 124 + Tmax 8760 T 104 .T (13) Onde: Tmax = CT Pmax (14) Sendo:
• CT consumo de energia el ´etrica no per´ıodo de tempo T para o qual devem ser definidas as perdas de energia el ´etrica.
Existem ainda outras maneiras de se obter o par ˆametro τ . Por ´em, de acordo com os trabalhos propostos, os m ´etodos de calcular τ apresentam valores diferentes, o que mostra uma certa dificuldade em apresentar uma forma precisa de fornecer os resultados.
3.4 MODELO D
As concession ´arias de energia el ´etrica que operam atualmente possuem informac¸ ˜oes sobre o consumo mensal de energia el ´etrica de todos os seus consumidores, o que permite calcular as demandas m ´edias dos transformadores e, consequentemente, definir o fluxo de pot ˆencia com relac¸ ˜ao a demanda m ´edia. Com base nesse fluxo, s ˜ao calculadas as perdas ∆Pmed que corresponde a esse regime operacional. Sendo assim, as perdas de energia el ´etrica para este modelo s ˜ao calculadas seguindo a equac¸ ˜ao (15).
3.4 MODELO D 34
∆WT = ∆Pmed.Kf2.T (15)
Sendo:
• ∆Pmed perdas de pot ˆencia;
• Kf coeficiente de forma calculado com base nas curvas de corrente ou pot ˆencia. • T per´ıodo de tempo analisado;
• M m ´edia matem ´atica;
• A valor da ordenada da curva.
Este modelo utiliza informac¸ ˜oes de modo de operac¸ ˜ao de demanda m ´edia para cada um dos elementos da rede para o c ´alculo das perdas de pot ˆencia, sendo que isso s ´o ´e poss´ıvel quando s ˜ao conhecidas as cargas m ´edias de todos os transformadores durante o per´ıodo de tempo T analisado, e a topologia e par ˆametros de todas as linhas do sistema de distribuic¸ ˜ao. Nesse contexto, h ´a duas definic¸ ˜oes propostas para o c ´alculo do coeficiente de forma que seguem abaixo.
Para o primeiro caso, considera-se que as medic¸ ˜oes de cargas el ´etricas sejam realizadas nas subestac¸ ˜oes durante um per´ıodo de tempo T . Nesse caso, o coeficiente de forma ´e definido para a curva de carga medida nas sa´ıdas dos alimentadores ou das barras da subestac¸ ˜ao. No entanto, essa metodologia pode provocar um erro consider ´avel por utilizar o coeficiente de forma para calcular as perdas de pot ˆencias em todos os elementos da rede e tamb ´em, pelo fato de que o coeficiente de forma pode diferenciar de um dia para outro. Para esse m ´etodo, o Kf ´e definido conforme a equac¸ ˜ao (16).
Kf2 = M [A 2]
M2[A] (16)
Devido ao erro gerado pelo m ´etodo anterior, a segunda proposta consiste em calcular o Kf com base em algumas caracter´ısticas gerais dos modos de operac¸ ˜ao, de acordo com a equac¸ ˜ao (17).
Kf2 = 2090 Tmax
+ 0, 876 2
(17) Onde, Tmax ´e calculado conforme a equac¸ ˜ao (14).
3.5 MODELO E 35 3.5 MODELO E
Este modelo foi proposto de forma a utilizar a caracter´ıstica de resist ˆencia equivalente como forma de determinar as perdas t ´ecnicas de energia el ´etrica. Dessa forma, este modelo n ˜ao permite o c ´alculo das perdas de energia el ´etrica para cada elemento da rede. Por ´em, o modelo possibilita obter as perdas de energia el ´etrica para o conjunto de trechos das linhas e transformadores da rede de distribuic¸ ˜ao.
Nesse sentido, ´e poss´ıvel que as concession ´arias estudem estrat ´egias para diminuic¸ ˜ao das perdas de energia el ´etrica de forma mais adequada, uma vez que as ac¸ ˜oes para a diminuic¸ ˜ao das perdas de energia nos transformadores da rede de distribuic¸ ˜ao s ˜ao diferentes dos m ´etodos para reduzir as perdas nas redes, pelo fato de que as perdas do transformador s ˜ao consequ ˆencias das suas caracter´ısticas construtivas, j ´a na rede dependem do tipo de condutor e n´ıvel de corrente que percorre esse condutor.
Para o c ´alculo da resist ˆencia equivalente das linhas do sistema de distribuic¸ ˜ao, s ˜ao considerados tr ˆes m ´etodos. A primeira maneira para obter a resist ˆencia equivalente (Re) consiste no caso em que sejam conhecidas informac¸ ˜oes a respeito da corrente de carga dos transformadores pertencentes ao sistema de distribuic¸ ˜ao, conforme a equac¸ ˜ao (18).
Re = Pn i=1I 2 i.Ri I2 Σ (18) Sendo:
• Ii corrente que percorre o elemento i com resist ˆencia Ri; • IΣ carga somat ´oria da linha.
Observa-se, que o c ´alculo das perdas de pot ˆencia atrav ´es da resist ˆencia equivalente obtida pela equac¸ ˜ao (18) e do valor da caga na sa´ıda do alimentador resultaria em valores iguais aos alcanc¸ados por meio do modelo A. No entanto, o modelo E ´e proposto para o caso em que `as informac¸ ˜oes referentes `as cargas dos transformadores da rede de distribuic¸ ˜ao n ˜ao est ˜ao dispon´ıveis. Sendo assim, a resist ˆencia equivalente ´e atingida por meio de informac¸ ˜oes existentes no processo de operac¸ ˜ao das redes el ´etricas.
Sendo assim, o segundo m ´etodo para o c ´alculo da resist ˆencia equivalente considera que a distribuic¸ ˜ao das cargas na rede sejam proporcionais as pot ˆencias
3.5 MODELO E 36 nominais dos transformadores, conforme as equac¸ ˜oes (19) e (20).
ReL= Pn i=1Ri.Sni2 (Pm j=1Snj)2 (19) ReT = Pn j=1Rj.Snj2 (Pm j=1Snj)2 (20) Sendo:
• ReLresist ˆencia equivalente das linhas do sistema de distribuic¸ ˜ao;
• ReT resist ˆencia equivalente dos transformadores do sistema de distribuic¸ ˜ao; • Ri resist ˆencia do trecho i da linha do sistema de distribuic¸ ˜ao;
• Sni soma das pot ˆencias nominais dos transformadores de distribuic¸ ˜ao que recebem energia por meio do trecho i;
• Rj resist ˆencia do transformador de distribuic¸ ˜ao j;
• Snj pot ˆencia nominal do transformador de distribuic¸ ˜ao j; • n quantidade de trechos do alimentador;
• m quantidade de transformadores da rede de distribuic¸ ˜ao do alimentador.
Por fim, o terceiro m ´etodo de obter a resist ˆencia equivalente do sistema de distribuic¸ ˜ao considera que, devido ao fato de que o n´ıvel de carregamento dos diferentes transformadores da rede de distribuic¸ ˜ao serem vari ´aveis, substituindo os valores de pot ˆencia nominal dos transformadores pelos valores de consumo de energia el ´etrica durante um per´ıodo T para os n ´os correspondentes da rede de distribuic¸ ˜ao, a resist ˆencia equivalente obtida ´e mais precisa. Diante disso, as equac¸ ˜oes da resist ˆencia equivalente s ˜ao:
ReL= Pn i=1Ri.P c2T i (Pm j=1P cT j)2 (21) ReT = Pn j=1Rj.P c 2 T j (Pm j=1P cT j)2 (22) Sendo:
3.6 M ´ETODOS ADOTADOS A e E 37 • P cT i soma dos consumos de energia nos transformadores da rede de
distribuic¸ ˜ao que recebem energia por meio do trecho i da rede; • P cT j consumo de energia do transformador j da rede de distribuic¸ ˜ao.
Portanto, as perdas t ´ecnicas de energia el ´etrica para este modelo ´e calculada conforme a equac¸ ˜ao (23).
∆WT = WP2 + WQ2 V2 nT .(ReL+ ReT) (23) Sendo:
• WP e WQ pot ˆencias ativa e reativa, respectivamente, fornecidas pela rede por um per´ıodo de tempo T;
• Vntens ˜ao nominal de operac¸ ˜ao da rede de distribuic¸ ˜ao; • T per´ıodo de tempo analisado.
3.6 M ´ETODOS ADOTADOS A E E
Os modelos matem ´aticos A, B, C, D e E s ˜ao propostos na literatura para o c ´alculo das perdas t ´ecnicas de energia el ´etrica em sistemas de distribuic¸ ˜ao. Para este trabalho em particular, ser ˜ao utilizados os modelos A e E devido ao motivo de que os modelos matem ´aticos restantes necessitam dados relacionados ao consumo e curvas de carga da rede. No entanto, essas informac¸ ˜oes n ˜ao est ˜ao dispon´ıveis, levando a impossibilidade da realizac¸ ˜ao do c ´alculo para os modelos dependentes desses elementos.
38 4 SISTEMA DE DISTRIBUIC¸ ˜AO DE ENERGIA EL ´ETRICA
O sistema de distribuic¸ ˜ao el ´etrica utilizado como base para realizac¸ ˜ao dos c ´alculos e simulac¸ ˜ao das perdas t ´ecnicas de energia el ´etrica e, posteriormente, a comparac¸ ˜ao dos resultados obtidos, ser ´a apresentado neste cap´ıtulo, sendo este sistema proposto por Soares (2012). Os c ´alculos a serem realizados, conforme o cap´ıtulo 3, assim como a simulac¸ ˜ao ser ˜ao realizados com o software MATLAB com a utilizac¸ ˜ao do pacote SymPowerSystems. Assim, a simulac¸ ˜ao representar ´a o sistema de distribuic¸ ˜ao real, servindo como refer ˆencia para comparac¸ ˜ao dos resultados dos modelos matem ´aticos.