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4 SIMULAÇÃO DOS DIVERSOS MODELOS DE COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA PELO LANÇAMENTO DE EFLUENTES.

4.1 SUMÁRIO METODOLOGICO DOS MODELOS DE COBRANÇA PELO USO DA ÁGUA ENSAIADOS

4.1.1 Modelos de Preço por Critérios Técnicos – Modelos PCTs

Os modelos PCTs buscam critérios que melhorem as condições de disponibilidade hídrica da bacia, ajustadas pela manutenção das atividades econômicas da região para que a cobrança não seja um obstáculo proibitivo ao desenvolvimento das atividades econômicas. Os Modelos PCTs ensaiados, Modelo Itajaí-Açu, Modelo Paraná e o Modelo Paraíba do Sul são sumarizados a seguir. A Figura 3 mostra os Modelos de Preço por Critérios Técnicos simulados.

Modelo de

Preço do

Estado do

Paraná / GERI

Modelo de

Preço do

Paraíba do Sul

/ GERI

Modelo de

Preço

do Itajaí-Açu

/ GERI

Modelos de Preço Por Critérios Técnicos - PCT’s

Critérios Técnicos

Figura 3 – Modelos de Preço por Critérios Técnicos simulados. Fonte: Elaboração Própria com base em Oliveira Filho et ali (2007).

4.1.1.1 Modelo de Cobrança Itajaí-Açu

Oliveira Filho et ali (2007) define: o Modelo de Preço Itajaí-Açu é um método de valoração por critérios técnicos elaborado pelo Comitê de Bacia para ser implantado no rio Itajaí-Açu17 no Estado de Santa Catarina. Nesta dissertação foi alterada a sua formulação para a incorporação da qualidade do efluente não cobrado neste modelo, DBO, o que existe é a cobrança pelo lançamento de DQO. A formulação original da cobrança é apresentada a seguir:

Valcc total = Σ Valcc (usuários)

Valcc Industrial(ind) = (PUBcap . Qcap,ind) + (PUBcons . Qcons,ind) +

+ (PUBdqo . Qdqo,ind) + (PUBrs . Qrs,ind) + (PUBpar,xxx . Qpar xxx,ind) (46)

onde, PUBcap = Preço unitário básico de captação; Qcap,ind = Quantidade captada pela

indústria; PUBcons = Preço unitário básico de consumo; Qcons,ind = Quantidade consumida pela

indústria; PUBdqo = Preço unitário básico para demanda química por oxigênio; Qdqo,ind=

Quantidade de demanda química por oxigênio da indústria; PUBrs = Preço unitário básico

para despejo de resíduos sólidos; Qrs,ind = Quantidade de resíduos sólidos despejados pela

indústria. PUBpar,xxx e Qpar,xxx representa os somatórios de preços unitários e cargas de todos

os parâmetros de qualidade do efluente (N, P, Cu, Pb, Cr, Ni, Cd, Hg, Zn, AOX e toxidade).18

Valcc setor público(urb) = (PUBcap . Qcap,urb ) + (PUBcons . Qcons,urb ) +

+ (PUBdqo . Qdqo,urb) + (PUBrs . Qrs,urb) + (PUBn . Qn,urb) + (PUBp . Qp,urb) (47)

Valcc setor elétrico(ele) = PUBele . Qele (48)

onde: Qele = energia elétrica produzida (em KWh).

Valcc agricultura/irrigação(irr) = PUBirr . Airr (49)

17 Conforme o modelo do Comitê do rio Itajaí-Açu. Veja Beate Frank et alli - “Projeto da Implantação da

cobrança pelo uso da água”; e Comitê da BH do Vale do Itajaí – “MMooddeelloo ddee ccoobbrraannççaa ppeelloo uussoo ddaa áágguuaa nnaa BBaacciiaa H

Hiiddrrooggrrááffiiccaa ddoo RRiioo IIttaajjaaíí”” –– AAbbrriill ddee 22000022..

18 Os PUB

par,xxx e Qpar,xxx só serão usados a partir de análises individuais (para cada caso/empresa) com laudo de

onde: Airr = Área irrigada (em hectares).

Valcc pecuária(pec) = PUBpec . Qpec (50)

onde: Qpec = Quantidade de animais (bovinos, suínos, equinos).

Valcc Piscicultura(pis) = PUBpis . Apis (51)

onde: Apis = Área destinada a piscicultura (em hectares).

Valcc Mineração(min) = PUBmin . Qmin (52)

onde: Qmin = volume total de areia extraída (em m3).

Valcc Porto(por) = PUBpor . Qpor (53)

onde: Qpor = Movimentação total de mercadorias (em toneladas).

Valcc Lazer/esporte(laz) = PUBlaz . Qlaz (54)

onde: Qlaz = Número absoluto de estabelecimentos de lazer/esporte que utilizam recursos

hídricos retirados de manancial.

Em Oliveira Filho et ali (2007) a formulação alterada para a cobrança, de acordo com as especificidades da Bacia do Rio Paraíba do Sul, adequando às informações disponibilizadas pelo Cadastro de Usuários do GESTIN permitindo sua aplicação, encontra-se descrita a seguir:

Tabela 12 – Formulação Utilizada no Cálculo do Modelo de Preço Itajaí-Açu

Uso Fórmula Resultado

Captação PUBcap R$/m³ x Vol Cap Md Mes At (m³/s) x (60x60x24x365) m³/ano Consumo PUBcons (R$/m³) x Consumo Md (m³/s) x (60x60x24x365) m³/ano Lançamento DBO PUBDBO (R$/Kg) x Cg DBO Rem (Kg/dia) x 365 Kg/ano Lançamento DQO PUBDQO (R$/Kg) x Cg DQO Rem (Kg/dia) x 365 Kg/ano

Acréscimo Total em

R$/ano

C = (Qcap * PUBcap) + (Qcon * PUBcon) + (DBORem * PUBlan) + (DQORem * PUBlan)

Fonte: Fórmula adaptada pelo GERI da elaboração do Comitê de Bacia do Rio Itajaí-Açú

Sendo PUB o Preço Único Básico por m³ estabelecido para cobrança pelo comitê nos valores de R$ 0,01; R$ 0,02 e R$ 0,05 para captação, consumo e lançamento de efluentes inorgânicos.

Segundo Oliveira Filho et ali (2007) o Modelo Itajaí-Açu admite ainda as seguintes especificidades: Irrigação (Setor-Bacia 010): não existia cobrança pelo consumo de água ou lançamento de efluentes, que foram incorporados; o PUB de captação neste setor foi alterado para R$ 0,04. Extrativa Mineral (Setor-Bacia 029): não existe a cobrança pelo lançamento de efluentes, foi incorporado; o PUB de captação foi alterado para R$ 0,45.

4.1.1.2 Modelo de Preço do Paraná

Em Oliveira Filho et ali (2007) o Estado do Paraná19, através do CERH/PR, órgão competente na execução da gestão de recursos hídricos das bacias estaduais, estabeleceu o método de valoração do uso da água, através de critérios técnicos. Nesta dissertação foram incorporados parâmetros de qualidade de efluente, DQO e DBO e suas respectivas cargas no Modelo de Preço do Paraná.

O modelo original do Paraná é apresentado da seguinte forma:

19 Conforme diretrizes estaduais estabelecidas para a cobrança pelo direito de uso da água no estado do Paraná

no Decreto Estadual nº 5361, de 26 de fevereiro de 2002. Embora esses critérios tenham sido posteriormente alterados, mantivemos o modelo original para efeito de comparabilidade com os ensaios anteriores.

Para a captação:

Vcc = Ks . Kr . [ (Pucp . Vcp) + (Pucn . Vcn) ] (55)

Onde, Vcc = Valor da Conta de Captação; Ks = coeficiente sazonal -- para valores distintos

em diferentes épocas do ano; Kr = Coeficiente regional -- diferenciação entre regiões de uma

mesma bacia hidrográfica, segundo a classe de uso do corpo de água, a disponibilidade e grau de regularização da oferta hídrica, as proporcionalidades da vazão outorgada e do uso consumptivo em relação à vazão outorgável, e outros fatores a critério do CERH/PR; Pucp =

preço por unidade de água captada; Vcp = Volume de água captada; Pucn = preço por unidade

de volume de água consumida; Vcn = Volume de água consumida.

Para o lançamento de efluentes em corpos de água, de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de diluição, Transporte ou disposição final:

Vcl = Ks . Kr . [ (Pudbo5 . Cdbo5) + (Puss . Css) + (PUΔ . CΔ) + (Pupa . Cpa) ] (56)

Onde, Vcl = Valor da conta de lançamento; Pudbo5 = preço por unidade de demanda

bioquímica de oxigênio (DBO5) necessária para degradar a matéria orgânica (em R$/kg);

Cdbo5 = Carga de DBO5 necessária para degradar a matéria orgânica (em Kg/unidade de

tempo); Puss = Preço por unidade da carga lançada de sólidos em suspensão (em R$/kg); Css =

Carga lançada de sólidos em suspensão (em kg/unidade de tempo); PUΔ = Preço por unidade

de carga lançada correspondente à diferença entre a demanda química de oxigênio (DQO) e a demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) (em R$/kg); CΔ = Carga lançada correspondente à

diferença entre a DQO e a DBO5 do efluente (em kg/unidade de tempo); Pupa = Preço por

unidade da carga lançada de outros parâmetros adicionais (pa), incorporados à fórmula; Cpa =

Carga lançada de outros parâmetros adicionais (pa), incorporados à formula por solicitação dos comitês de bacias, mediante aprovação específica do CERH/PR.

Em Oliveira Filho et ali (2007), neste modelo, a cobrança é feita em duas parcelas, onerando a captação (R$ 0,01/m³), o consumo (R$ 0,02/m³) e as cargas remanescentes de DBO e DQO (R$ 0,10/m³), sem diferenciação setorial. Na sua forma original, este modelo incorpora fatores de sazonalidade, distinções regionais na bacia, especificidades de poluentes e parâmetros de

interação com outras Bacias Hidrográficas; entretanto, em razão da limitação dos dados disponíveis, os parâmetros estabelecidos pelo Modelo foram simplificados à seguinte formulação:

Tabela 13 – Formulação Utilizada no Cálculo do Modelo de Preço do Paraná

Uso Fórmula Resultado

Captação PUcap x Vol Cap Md Mes At (m³/s) x (60x60x24x365) m³/ano Consumo PUcon x Consumo Md (m³/s) x (60x60x24x365) m³/ano Vcc

Lançamento DBO PUlan x Cg DBO Rem (Kg/dia) x 365 Kg/ano

Lançamento DQO PUlan x Cg DQO Rem (Kg/dia) x 365 Kg/ano Vcl

Acréscimo Total em

R$/ano

C = (Qcap* PUcap) + (Qcon* PUcon) + [(DBORem* PUlan) + (DQORem* PUlan)]

Fonte: Fórmula adaptada pelo GERI, a partir da elaboração do CERH/PR

4.1.1.3 Modelo de Preço do Paraíba do Sul

Segundo Oliveira Filho et ali (2007) este Modelo considera a fórmula já introduzida pelo CEIVAP para implantação da cobrança na Bacia do Paraíba do Sul, definindo o Preço Público Unitário (PPU) em R$ 0,0005 para Irrigação / Agropecuária e R$ 0,02 para dos demais setores.

O modelo ora formulado, segundo Oliveira Filho et ali (2007), além de utilizar a formulação do CEIVAP, apresenta um novo ponderador, o k4, que, para DQO, segue os mesmos moldes de k3 para DBO. Sua formulação completa é apresentada, com as devidas adaptações feitas para o lançamento de DQO, na Tabela 14 a seguir:

Tabela 14 – Formulação Utilizada no Cálculo do Modelo de Preço do Paraíba do Sul

Uso Fórmula Resultado

Captação PPU x K0 x Vol Cap Md Mes At (m³/s) x (60x60x24x365) m³/ano Consumo PPU x K1 x Vol Cap Md Mes At (m³/s) x (60x60x24x365) m³/ano Lanç. DBO PPU x(1-K1) x(1-(K2 x K3))xVol Cap Md Mes At(m³/s) x(60x60x24x365) Kg/ano Lanç. DQO PPU x(1-K1) x(1-(K2 x K4))xVol Cap Md Mes At(m³/s) x(60x60x24x365) Kg/ano

R$ / ano

C = PPU × Qcap × (K0 + K1 + ((1 - k1) × (1 - (k2 × k3))) + ((1 - k1) × (1 - (k2 × k4))))

Onde, k0 = multiplicador de preço unitário para captação (k0 = 0,4), definido pelo CEIVAP; k1 = coeficiente de consumo, obtido pela relação entre o volume consumido e captado: K1 =

Consumo Md (m³/s) / Vol Cap Md Mes At (m³/s); k2 = coeficiente de tratamento; resultante

da relação entre o volume de efluentes tratado e o volume total produzido: K2 = Vol Md Mes Trat (m³/s) / Vol Md Mes Lanc (m³/s); k3 = nível de eficiência de redução de DBO nas

estações de tratamento de efluentes: k3 = Cg DBO Rem (Kg/dia) / Cg DBO Potencial (Kg/Dia); k4 = nível de eficiência de redução de DQO nas estações de tratamento de

efluentes: k4 = Cg DQO Rem (Kg/dia) / Cg DQO Potencial (Kg/Dia).

De acordo com Oliveira Filho et ali (2007) deve-se observar que – tratando-se de modelos

paramétricos – a sua sensibilidade pode depender crucialmente de alguns parâmetros, que

fariam com que os modelos reagissem de forma diferente em cada bacia hidrográfica diferente. Por mais que as simulações desses modelos possam ser julgadas quanto aos valores dos parâmetros de fato alimentados, resta lembrar que o objetivo aqui era dar uma versão de funcionalidade e teste do sistema de ensaios de impactos. Nada impede que esses ensaios sejam repetidos para as mesmas – ou para outras bacias hidrográficas – com parâmetros

diferentes.