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Lista de Abreviaturas

II. Revisão da Literatura

3. Modelos de Ensino no Desporto 1 Os Estilos de Ensino de Mosston

3.5. Modelos de ensino centrados nos alunos

3.5.1. O Modelo de Ensino aos Pares

O modelo de Ensino aos Pares privilegia o desenvolvimento de relação entre a cognição e ação quando o professor destaca a dupla tarefa de ensinar e aprender, auxiliando os alunos na representação/compreensão dos movimentos desejados (Mesquita & Graça, 2009). Metzler (2000) aponta os procedimentos a seguir na aplicação deste modelo: (1) os alunos organizam-se em pares, exercendo um deles o papel de professor que desempenha as responsabilidades de instruir o seu companheiro durante a realização da tarefa; (2) este papel é alterado após um tempo de prática, o que evidencia a necessidade de ambos estarem preparados para assumir a responsabilidade de instruir o outro; (3) cabe ao aluno que desempenha a função de professor a responsabilidade da supervisão e o questionamento das ações realizadas pelo outro aluno.

Observa-se a existência de dois grandes tipos de interações, sendo uma entre o professor e o aluno que realiza a função de professor, e a outra entre este e o seu par. Entretanto, a formação dos pares deve ser orientada pelo professor, para que haja respeito e a valorização de um colega com o outro (Metzler, 2000).

A fundamentação teórica deste modelo baseia-se em dois eixos: a componente instrucional (detecção de erros e emissão de instrução) e a componente cooperativa (cooperação para o desenvolvimento de uma interação positiva) (Heron et al. 2006). No entanto, é essencial para o seu pleno desenvolvimento que os alunos tenham maturidade e competência suficiente para assumir as funções instrucionais necessárias para a concretização dos papéis que lhes são exigidos. Este modelo poderá ser utilizado como propedêutico do Modelo de Aprendizagem Cooperativa, porquanto estimula uma situação de trabalho para a aprendizagem em cooperação, mas de uma forma mais simples (Aleixo, 2010).

3.5.2. O Modelo de Aprendizagem Cooperativa

O modelo de Aprendizagem Cooperativa foi proposto na década de 70 com o nome de Student Team Learning, tendo em seguida passado a denominar-se Cooperative Learning (Fonseca & Mesquita, 2012).

De acordo com Slavin (1995), são três os pressupostos teóricos que explicam a aprendizagem cooperativa. O primeiro pressuposto é perspetivado na motivação, na medida em que, para o grupo ser bem sucedido, cada participante deve auxiliar e motivar o colega para se esforçar ao máximo. O segundo pressuposto é a coesão social que exige interajuda no seio do grupo, porquanto é fundamental que todos se auxiliem para que o grupo alcance os objetivos. O terceiro é denominado de cognitivo, que se subdivide em perspetiva de desenvolvimento cognitivo e perspetiva de colaboração (Fonseca & Mesquita, 2012).

O modelo de aprendizagem cooperativa carateriza-se pelos recursos e estratégias que visam ao trabalho em equipa, composta por alunos com caraterísticas interpessoais distintas, no sentido de estimular a diversidade e a inclusão, e em que todos os alunos participam ativamente nas atividades contribuindo para um objetivo comum (Barret, 2005). O Modelo de Aprendizagem Cooperativa integra a ideia de que com a cooperação entre si, os alunos passam a funcionar como agentes ativos e controladores do processo de aprendizagem, estimulando a componente cognitiva e social. Daí que uma das questões primordiais do modelo se refere ao facto de os alunos se sentirem participantes “ativos e significativos” do processo educacional, seja no contexto escolar ou desportivo (Fonseca & Mesquita, 2012).

Johnson e Johnson (1989) e Johnson et al. (1994) apud Lopes & Silva, (2009) apresentam alguns elementos essenciais para que a aula seja realmente cooperativa. O primeiro diz respeito à interdependência positiva: “a interdependência positiva cria situações em que os alunos trabalham em conjunto, em pequenos grupos, para maximizar a aprendizagem de todos os membros, partilhando os recursos, dando apoio mútuo e celebrando juntos o sucesso. (…) os alunos têm de acreditar que cada um é bem-sucedido se todos o forem.” (Lopes e Silva, 2009, p. 16). O segundo fator diz respeito à

responsabilidade individual e de grupo. As ações individuais são essenciais para o sucesso coletivo, porquanto só com o cumprimento de cada uma das suas tarefas e obrigações é possível criar condições para que o grupo possa ter sucesso. O terceiro fator é a interação estimuladora, isto é, os alunos falam sobre as questões positivas e negativas que precisam ser ajustadas, pensando nas estratégias, problemas e soluções. Segundo Lopes e Silva (2009, p. 18), “a responsabilidade em relação aos colegas, a capacidade de se influenciarem uns aos outros, bem como as conclusões a que chegam, a modelagem, o apoio social e as recompensas interpessoais aumentam quando a interação face a face entre os membros do grupo aumenta”. O quarto fator incorpora as competências interpessoais e grupais. O professor precisa estimular os alunos a conviverem em grupo, respeitando as regras e os colegas (como, por exemplo, esperar a sua vez de agir, motivar os demais colegas para determinadas atividades e promover feedbacks positivos facilitando e melhorando as atividades em grupo). O último fator constitui o processo de grupo ou avaliação de grupo, que se resume em avaliar as atividades feitas no grupo e na autoavaliação.

Pelo referido, se depreende que o modelo de aprendizagem cooperativa é essencial no desenvolvimento das competências pessoais e sociais, promovendo a aprendizagem através da divisão de tarefas e das interações sociais. Tem como princípios a recompensa do grupo, a responsabilidade individual e a igualdade de oportunidades para o sucesso (Fonseca & Mesquita, 2012).

Diferentes autores (Slavin, 1988; Lafont, Proeres, & Vallet, 2007) descrevem que a recompensa do grupo refere-se ao desenvolvimento de tarefas com os critérios e metas definidas pelo professor revestindo-se na acumulação de pontuações, na aquisição de regalias na aula e, ainda, no prestígio evidente. A responsabilidade individual refere-se à maneira como cada aluno deve contribuir para o mesmo fim, tendo o professor como perspetiva a maximização do esforço dos alunos para o alcance da pontuação do grupo. A igualdade de oportunidades para o sucesso é acautelada através da diversidade na constituição do grupo. Tal significa que a heterogeneidade intragrupo ao nível

das capacidades, conhecimentos e experiências, da motivação para os conteúdos propostos, do género, dos grupos étnicos entre outros possíveis, são fundamentais para o sucesso do modelo. Por sua vez, a homogeneidade intergrupo é determinante para que os grupos encontrem igualdade de oportunidades nas tarefas.

Pelo referido, é notório que o Modelo de Aprendizagem Cooperativa permite a interdependência positiva e a igualdade de oportunidades entre os alunos, quando estes participam ativa e intencionalmente, contribuindo, assim, para o sucesso na resolução da tarefa comum.