• Nenhum resultado encontrado

Um modelo de negócio, em termos gerais, descreve como duas entidades relacionam os seus interesses económicos, sociais ou outro tipo de valores. A criação de um modelo de negócio faz parte da definição da estratégia de negócio. Em [Pop11] o autor refere que formalmente o modelo de negócio possui três características: o tipo de recompensas ou serviços prestados, o tipo de modelo e o modelo de receita. Descreve que o tipo básico de recompensas são: recom- pensas financeiras ou físicas (produtos), recompensas intangíveis como é o caso do software e da propriedade intelectual, assim como serviços humanos, neste caso tempo e esforço humano. O modelo de receita é descrito em [Pop11] como sendo a forma de definir como a entidade é compensada pelos serviços e produtos que fornece. O autor aborda ainda a abrangência do

modelo de negócio de software, que dependente dos serviços e funcionalidades oferecidas. Em [Kak03] é referido que a importância da industria de software tem aumentado por diversos fatores, entre eles o crescimento de softwares embebidos que incluem serviços. Os modelos de negócio de software têm como base a comercialização de um software ou aplicação, ou de serviços prestados através dos mesmos. Em sectores de evolução rápida, como é o caso da industria de software, os modelos de negócio são um elemento chave para o acelerar da difusão da inovação. Em [SB12] é apresentado uma framework do modelo de negócio para a industria de software, que é composto por 20 elementos que estão agrupados em 5 grupos. Estes elementos estão relacionados com a estratégia adotada, com a receita esperada, com os princípios técnicos, com a industria e consumidores alvo, e com a sua utilização.

Em [Kak03] são abordados os serviços baseados em localização, sendo dado o exemplo de um serviço que permite encontrar um cinema que esteja a exibir um determinado filme. Este serviço é prestado ao cliente através de dispositivos móveis como os smartphones, que acedem a sistemas com hardware e software complexos (servidores), no entanto estes sistemas são transparentes para o utilizador.

Os modelos de negócio de software podem ser diferenciados dependendo se o software é comercializado como produto, como serviço, ou uma combinação dos dois. No Software como Produto (SCP), o software em si é o elemento chave do modelo de negócio, o consumidor paga pelo direito a uma cópia e muitas vezes pela manutenção e suporte. No caso Software como Serviço (SCS) o núcleo do software não é entregue ao cliente, no entanto o cliente tem acesso às suas funcionalidades, por exemplo através da subscrição do serviço [Pop11].

Como referido anteriormente, o modelo de receita define como a entidade que oferece um produto é compensada, existindo normalmente retorno individual por cada serviço ou cópia de um software. No entanto, no caso do SCS isso pode não se verificar. O utilizador poderá subscrever uma combinação de serviços e em troca existe um retorno para a entidade prestadora dos mesmos.

No caso das aplicações para dispositivos móveis o principio é semelhante. O modelo de negócio, mais especificamente o modelo de receita, pode ser baseado na venda da aplicação, como por exemplo um jogo que é comprado e descarregado para o smartphone (Fig.2.1(b)), ou pode ser baseado num serviço ou conjunto de serviços fornecidos através da aplicação. Algumas aplicações são grátis e permitem aceder a um serviço grátis, existindo outros serviços extra pagos que o utilizador pode subscrever (Fig.2.1(a)). Em alguns casos existe a junção dos dois modelos, como é o caso de algumas aplicações de navegação GPS, a aplicação é paga e normalmente inclui alguns mapas, a empresa fornece o serviço de navegação e podem ser

subscritos serviços extra, como por exemplo os alertas do estado do tráfego.

APLICAÇÃO

APLICAÇÃO

COMPRA DA APLICAÇÃO (€)

UTILIZADOR EMPRESA

(a) Modelo de Negócio Aplicação como Produto

APLICAÇÃO SERVIÇO

A

SUBSCRIÇÃO DO SERVIÇO A (€) APLICAÇÃO (GRÁTIS OU PAGA) COMPRA DA APLICAÇÃO (€) NO CASO DA APLICAÇÃO PAGA

UTILIZADOR EMPRESA

SERVIÇO

(b) Modelo de Negócio Aplicação como Serviço Figura 2.1: Modelos de negócio genéricos (a),(b)

Em [Pop11] é dado o exemplo da Google que foca os seus esforços na criação de produtos SCS para oferecer aos seus utilizadores, como por exemplo o Gmail. A receita da Google vêm da publicidade que é conseguida através do seu ecossistema de SCSs, mas também dos dados e estatísticas obtidas na utilização do seu ecossistema de serviços e graças a isto a Google facilita a relação oferta-procura. Este modelo de negócio têm duas vantagens, primeiro consegue informação sobre as pesquisas dos clientes sem custos, segundo vende o espaço de publicidade enquadrado nas necessidades do utilizador com recurso às informações que possui.

Se o modelo for baseado num serviço ou aplicação útil, interessante e grátis, a utilização do serviço irá massificar-se progressivamente, sendo que essa massificação irá dissipar as pre- ocupações dos utilizadores com a sua privacidade. Se observarmos o exemplo do Facebook e do Google, percebemos facilmente que a maioria das pessoas utilizam estes serviços sem se preocuparem se a sua privacidade é ou não salvaguardada porque, além destes serviços serem úteis e grátis, a elevada utilização tem um efeito psicológico muito comum – se todos utilizam eu não não tenho motivos para me preocupar – sendo assim criado um nível de confiança.

Contexto Tecnológico

1

Plataformas Móveis – Smartphones

Até há poucos anos atrás, um telemóvel tinha como função a realização de chamadas de voz e envio de mensagens, permitindo mais tarde o acesso através de WAP (Wireless Application

Protocol) a conteúdos disponíveis na Internet, como por exemplo a consulta do email.

Hoje em dia estes serviços são algo elementar nos dispositivos móveis, que cada vez mais se assemelham a computadores nas funcionalidades que disponibilizam – os smartphones. A mu- dança deve-se à sua capacidade de executar um extenso universo de aplicações e ao facto de per- mitirem que o utilizador instale novas aplicações complementando o sistema base e moldando-se às suas necessidades e interesses. As suas capacidades de ligação à Internet tanto por Wi-Fi como através das redes móveis celulares permite que os utilizadores possam usufruir dos seus serviços favoritos em qualquer lugar.

Com estes dispositivos surge um novo mercado e novos fluxos de receita através de modelos de negócio baseados na comercialização das aplicações, a maioria desenvolvida por partes inde- pendentes ao fabricante do dispositivo. Os dispositivos evoluíram em Hardware para permitir a execução de aplicações complexas, que exigem elevadas capacidades gráficas, de processa- mento e de memória, como por exemplo a execução de jogos com qualidade gráfica elevada e aplicações de navegação. Existem no mercado smartphones com capacidades gráficas e de processamento equivalentes a computadores comercializados à 6/7 anos atrás. Estão equipados com ecrãs com qualidade de imagem impressionantes. Os utilizadores procuram desta forma num smartphone características muito semelhantes às que já procuravam num computador, que fazem dos smartphones dispositivos poderosos tanto para lazer como para trabalho.

As novas funcionalidades e capacidade dos smartphones têm conduzido a uma queda de 1.5% ano após ano, na venda dos restantes dispositivos móveis de telecomunicações, segundo

a International Data Corporation (IDC)1 [IDC12e], foram vendidas 398.4 milhões de unidades

no primeiro trimestre de 2012, enquanto que no mesmo período de 2011, tinham sido vendidas 404.3 milhões de unidades. Segundo a mesma empresa, nos mesmos períodos, a comercialização de smartphones têm vindo a crescer 42.5%, ano após ano.

A escolha de um smartphone pode ser bastante complexa, os dispositivos variam tanto nas características como na gama de preços, dependendo do utilizador e das funcionalidades que este espera obter do dispositivo os parâmetros de eleição variam. O mercado está divido e com a elevada concorrência entre os principais fabricantes, as características de hardware equivalem- se, existido modelos com características e preços semelhantes entre os vários fabricantes. Desta forma, muitos utilizadores focam o seu critério de escolha principalmente no sistema operativo do dispositivo e no seu design. O sistema operativo é uma parte fundamental do dispositivo, este dita não só as aplicações que estão disponíveis para o utilizador mas também o nível de inte- gração com diversos serviços e produtos, introduzindo o utilizador num verdadeiro ecossistema muito para lá do seu smartphone.