• Nenhum resultado encontrado

Sensing Oportunista e Participativo

O papel assumido pelas pessoas nos sistemas de sensing colaborativo, tem grande impacto neste tipo de sistemas, tanto em termos de escalabilidade, como na diversidade das aplicações

que é possível suportar[LEM+08].

Utilizar os dispositivos móveis da população como bloco fundamental do sistema de sen-

sing implica que os proprietários influenciam a arquitetura do sistema resultante. Lane et

al.[LEM+08] aborda esta questão, referindo que é necessário perceber em que medida os uti-

lizadores estão dispostos a participar em sistemas de larga escala, e de que forma devem ser participantes ativos e conscientes da importância do cumprimento dos requisitos da aplicação. Dependendo do nível de envolvimento do participante no sistema, este pode ser baseado em

sensing participativo ou oportunista.

No sensing participativo, o utilizador é parte ativa na recolha de informação, existindo uma grande interação. Neste caso, classificamos o participante de "consciente ativo". Se um participante que utiliza uma aplicação e manualmente inicia a recolha de informações sobre o meio que o rodeia, ou sobre si próprio, submetendo depois essas informações, estamos perante

sensing participativo.

No sensing oportunista, o participante desempenha um papel passivo na recolha da infor- mação, sendo que a interação necessária para a recolha de informação é mínima ou inexistente. Pode no entanto existir outro tipo de interatividade, mas da qual a recolha de dados não está dependente. Neste caso o participante é "consciente passivo". Neste modelo, a recolha e envio da informação é feita quando existem condições propícias. A recolha de dados da utilização de uma rede Wi-Fi, ou a recolha de dados automática e periódica através de uma aplicação instalada no smartphone de um utilizador, são exemplos de sensing oportunista.

É importante deixar claro que, em ambos os casos, o participante está consciente e tem conhecimento dos objetivos de sensing, devendo os responsáveis pela recolha dos dados consci- encializar os participantes sobre todo o processo.

Em [LEM+08], é estabelecido um modelo que permite avaliar os dois métodos, tendo por

base um cenário em que são utilizados dispositivos móveis pessoais. Este modelo avalia a probabilidade de sucesso de uma estratégia participativa em que é feito um pedido de recolha de dados de um determinado sensor do dispositivo ao utilizador. Os autores constatam que à partida uma abordagem participativa, onde existe grande envolvimento das pessoas, consegue superar a oportunista. No entanto, se é exigida elevada interação com o utilizador para a recolha dos dados, o seu interesse vai reduzindo ao longo do tempo, e desta forma a abordagem

oportunista supera a participativa em estudos de longa duração.

Os autores consideram que as duas abordagens podem ser complementares em alguns cená- rios, referindo contudo que utilizando uma abordagem oportunista é possível mais facilmente suportar sistemas de maior escala e diversidade.

3

Dispositivos Móveis Pessoais como Sensores

A utilização dos dispositivos móveis pessoais, como nós de uma rede de sensores móvel colaborativa, permite o aparecimento de novas arquiteturas para outros tipos de aplicações.

Este tipo de dispositivos permitem a criação de uma rede de sensores poderosa, sem neces- sidade de grandes investimentos em hardware e software uma vez que as pessoas transportam os seus próprios sensores pelo meio urbano contribuindo com dados para o sistema[SPG]. Os dispositivos móveis pessoais partilham algumas das vantagens dos outros sensores móveis, no- meadamente:

• Área de cobertura superior, com menos dispositivos em relação às redes de sensores fixos. • É possível dispensar a criação de infraestruturas de rede dedicadas de suporte para a

recolha da informação.

• Arquiteturas mais económicas e dinâmicas.

• Permitem aplicações centradas nas pessoas e na sua movimentação, recolhendo informação não só do meio urbano mas também aspetos da vida das pessoas.

A abordagem baseada em dispositivos móveis pessoais permite aumentar de forma razoável a quantidade de dados recolhidos sem custos adicionais. Além disso não é necessária a manuten- ção dos dispositivos, e se alguns dispositivos deixarem o sistema, porque não são controlados, surgirão novos. A limitação do tempo de duração da amostragem é também eliminada, deixando de estar restrita a um tempo pré-definido ou ao tempo de vida dos sensores. Torna-se ainda mais simples participar, não é necessário transportar um equipamento específico, o participante já utiliza e transporta o seu dispositivo diariamente.

Adicionalmente, os dispositivos móveis pessoais facilmente superam os outros sensores mó- veis no que diz respeito à conectividade. Projetos desenvolvidos anteriormente que utilizam

sensores móveis aplicados em carros[HBZ+06], mostram que existe um elevado número de pon-

sem segurança são sem dúvida uma boa solução, no entanto os dispositivos móveis pessoais não ficam dependentes deste método de comunicação. A maioria dos smartphones no mercado estão equipados com várias tecnologias de comunicação, como o Wi-Fi, serviço de dados da rede móvel celular (General Packet Radio Service (GPRS), HSPA+, Long Term Evolution (LTE)), e Bluetooth, que podem funcionar tanto para efeitos sensoriais, como de interfaces para o envio dos dados recolhidos.

A maioria dos serviços disponíveis nos smartphones requerem ligação à Internet, e a maioria são massivamente utilizados (por exemplo as redes sociais e o email), criando oportunidades de comunicação para envio dos dados recolhidos, sendo este método de comunicação denominado de comunicação oportunista.

Uma grande desafio que surge nos sensores móveis em geral é a capacidade da bateria, que limita o seu tempo de funcionamento. Os dispositivos móveis pessoais são carregados sempre que necessário pelos seus utilizadores, garantindo o seu constante funcionamento. No entanto, o elevado consumo de energia por parte de uma aplicação de sensing, num smartphone, sentencia quase de imediato a mesma ao insucesso. Os utilizadores apreciam a sua autonomia e por isso a do seu dispositivo. Se um utilizador necessitar de recarregar constantemente o seu smartphone devido à utilização de uma aplicação, poderá deixar de a utilizar.

Este desafio, aliado aos desafios de segurança e privacidade, leva-nos mais uma vez à questão da motivação da população para participar utilizando o seu dispositivo móvel pessoal. Resolver estas questões é importante para que as pessoas não percam o interesse pela aplicação.