• Nenhum resultado encontrado

Modelos prescritivos do processo de projeto

Existem também os modelos prescritivos, os quais não se baseiam na observação formal do processo de projeto, mas que, intuitivamente, fazem sentido para muitos projetistas. De acordo com Finger & Dixon, muitas escolas de projeto formaram-se em torno de sistemas prescritivos e citam as escolas formadas a partir dos trabalhos de Ostrofsky, Rzevski, Beitz e Hubka.

Os modelos prescritivos do processo de projeto podem ser divididos também em duas correntes: aqueles que prescrevem a maneira como o processo de projeto deve ser realizado e aqueles que prescrevem quais atributos o artefato projetado deve possuir. De acordo com os autores (Finger & Dixon [14]) , um extenso corpo de conhecimento foi publicado na língua alemã, tendo apenas uma pequena parte sido traduzida para o inglês. As principais publicações traduzidas para inglês foram Principles of Engineering Design de Hubka e Engineering Design de Pahl & Beitz4

Ao contrário dos modelos descritivos que buscam representar o processo de projeto como ele é, os modelos prescritivos apresentam proposições de como o processo de projeto deveria ser. Uma hipótese em geral assumida pelos pesquisadores desta área é de que se projetistas seguirem o processo prescrito melhores resultados serão obtidos.

Juster (apud Finger & Dixon [14]) enumera elementos comuns às teorias de diversos autores:

- A criatividade e o esforço desenvolvidos por um projetista dependem do tipo de projeto. Os problemas de projeto são divididos em três tipos:

- Projetos novos ou originais;

- Projetos de transição ou adaptativos e - Projetos extensionais ou variantes.

- o processo de projeto é uma progressão com iterações ao longo dos seguintes estágios:

4Pahl e Beitz têm também publicações mais recentes sob o título Engineering Design: a systematic approach [42] e Hubka publicou em conjunto com Eder Theory of technical systems: a total concept theory for engineering design [26].

- Reconhecimento da necessidade; - Especificação de requisitos;

- Concepção (ou formulação do conceito no sentido de concepção); - Seleção do conceito;

- Incorporação (embodiment) dos detalhes de projeto e - Produção, vendas e manutenção.

- No projeto há três estágios de raciocínio:

- Divergência: neste estágio a ênfase está em estender os limites do projeto. O projeto é instável, mal definido e nenhum tipo de avaliação é realizada;

- Transformação: o problema torna-se delimitado, decisões são tomadas, o problema é decomposto e objetivos secundários são modificados;

- Convergência: neste estágio finalmente ocorre a redução progressiva das incertezas secundárias até o aparecimento de uma única solução de projeto.

De acordo com o autor, é comum os projetistas adotarem práticas que diferem do processo prescrito. Tal discrepância é atribuída tanto aos projetistas por não serem suficientemente sistemáticos para seguirem o processo prescrito quanto à teoria por não ser realista nas suas recomendações para a ordenação do processo.

Ogliari[41] aponta que os modelos prescritivos do processo de projeto em geral são mostrados na forma de fluxogramas, que caracterizam os seus aspectos procedural e iterativo. O autor faz uma comparação entre as fases e informações propostas por diversos autores e propõe o chamado modelo de consenso, como apresentado na figura 2.2.

De acordo com o modelo de consenso, o processo de projeto inicia-se com as informações de mercado: interesses e/ou manifestações dos clientes do projeto, ou seja, das pessoas e/ou organizações relacionadas direta ou indiretamente ao projeto/produto. As informações, inicialmente genéricas e qualitativas, são transformadas em especificações de projeto durante o processo denominado projeto informacional do produto.

Em seguida, na fase de projeto conceitual do produto é obtida a concepção que melhor satisfaz às especificações obtidas na fase inicial. O resultado desta fase é uma representação do produto que abrange as suas funcionalidades principais e os princípios de solução adotados, através de esquemas e/ou esboços.

As duas fases seguintes, de projeto preliminar e projeto detalhado constituem refinamentos da solução encontrada. O projeto preliminar trata da disposição e da avaliação preliminar das dimensões dos componentes principais do produto. O projeto detalhado é responsável por pormenorizar e documentar todas as características do produto a fim de que seja possível fabricá-lo.

Em função do foco do trabalho, não serão discutidas com maior extensão as metodologias de projeto que prescrevem as diversas fases apresentadas na figura 2.2, visto que estas fazem

Modelagem de Informações para a Fase de Projeto Informacional. Estado da Arte. 17 parte de textos clássicos na literatura de projeto (Pahl & Beitz, Hubka & Eder, Ullman, Back etc.).

Back

Pahl & Beitz

Hubka & Eder

Ullman Necessidades primitivas Estudo de viabilidade Conjunto de soluções possíveis Projeto preliminar Projeto preliminar Projeto preliminar Projeto preliminar Solução otimizada Projeto detalhado Projeto detalhado Projeto detalhado Descrição do produto Tarefa Planejamento e esclarecimento da tarefa Lista de requisitos Projeto conceitual Projeto conceitual Projeto conceitual Projeto conceitual Concepção do produto Concepção do produto Leiaute definitivo do produto Documento do produto Atribuição do problema Elaboração do problema atribuído Especificações de projeto Especificações de projeto Especificações de projeto Estrutura de órgãos concepções Leiaute dimensional Detalhamento Descrição do sistema técnico Mercado Planejamento e desenvolvimento de especificações Concepções Projeto do

produto Produtofinal

Informações de mercado

Projeto informacional

Leiaute

do produto Documentaçãodo produto

Legenda

Estado de informação Processo

Figura 2.2 : Processo de projeto segundo diversos autores e o modelo de consenso.(adaptado de Ogliari [41])

Finger & Dixon falam também nos modelos prescritivos do artefato projetado5. Os autores descrevem dois sistemas axiomáticos que prescrevem os atributos que os artefatos devem possuir. O primeiro deles, o projeto axiomático de Suh, baseia-se em dois axiomas: o da independência e o da informação. De acordo com esta proposta, um bom projeto realiza-se através de princípios de solução funcionalmente independentes e da maneira mais simples através da minimização do conteúdo de informação. O segundo sistema axiomático é a perda da qualidade de Taguchi; neste, um bom projeto é aquele que minimiza a perda da qualidade ao longo do ciclo de vida, sendo que a perda da qualidade é definida como o desvio em relação a um desempenho desejado preestabelecido.

2.1.3 Modelos computacionais, representações, análise e projeto para o ciclo de vida