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Momentos de participação dos licenciandos na pesquisa

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3 Recursos utilizados para coletar e produzir dados

3.3.6 Momentos de participação dos licenciandos na pesquisa

Realizamos uma atividade de interpretação de informações e respostas dadas pelos estudantes no instrumento 1, que chamamos de participação dos alunos nas análises do instrumento 1. Essa atividade interpretativa foi realizada coletivamente, com a turma, sem identificar os colegas. O estudo de Rocha (2009) nos forneceu a ideia de termos os próprios alunos interpretando e se conscientizando de suas respostas. As análises foram realizadas durante 1 hora e

20 minutos, e não foi possível discutir as respostas de todos os 27 alunos. Só foi possível compartilhar e discutir respostas de 6 alunos desse total.

Com essa atividade, realizada no dia 16/02/12, tivemos a intenção de mostrar aos licenciandos que entre eles podem existir visões sobre a matemática similares e outras diferentes. E mais, objetivamos mostrar para os estudantes que eles também estão colaborando com a pesquisa. Na realidade, eles não participaram somente na coleta de dados, mas agiram como colaboradores na interpretação e análise de informações. Essa foi uma forma de dar-lhes retorno sobre o estudo, valorizá-los na pesquisa e permitir-lhes tomar consciência do que pensam a respeito de matemática. O resultado dessa atividade foi positivo, pois os alunos já começaram a se conscientizar de suas crenças.

Outra atividade que executamos foi uma apresentação para a turma de análises iniciais do instrumento 1. Essa apresentação teve o objetivo de dar retorno aos alunos sobre o andamento da nossa investigação, portanto preparamos uma apresentação de slides sobre a mesma. Comentamos sobre o tema do estudo e a importância de pesquisas a respeito de crenças e concepções. Explicamos tipos diferentes de visões referentes à matemática exibidos por professores de matemática, segundo Ernest (1988). Depois apresentamos um paralelo entre as visões e as categorias que estabelecemos para as pistas de concepções percebidas nas metáforas respondidas pelos estudantes. Vale inferir que identificamos os licenciandos em um panorama geral com visões deles a respeito de matemática e aspectos pedagógicos desta disciplina.

Em seguida à apresentação dos slides, comentamos como era importante para os universitários tomarem consciência de suas concepções. Apenas com essa tomada de consciência e reflexão questionadora, a respeito das mesmas é que essas poderiam modificar-se, se eles assim o quiserem. Cremos que saber como um futuro professor de matemática pensa, reage e sente em relação à disciplina de matemática auxilia no processo de aprendizagem de matemática, na formação profissional e influenciará a postura futura dos licenciandos (SANTOS, 1994; 1995) .

O encontro com análises preliminares aconteceu no dia 26/03/12 e durou cerca de 30 minutos. Vale destacar que este retorno foi apresentado à turma, após as

análises que eles realizaram de suas próprias respostas (no dia 16/02/12). Não queríamos contagiar e/ou contaminar os participantes com nossas análises, por isso essa atividade foi feita antes de qualquer outro retorno fornecido.

Outra atividade que realizamos foi o encontro de encerramento parcial da pesquisa de campo. Planejamos realizar com os licenciandos um encontro para trabalharmos alguns assuntos, referentes à nossa investigação. Procuramos trocar informações, discutir aspectos do estudo e conduzir um diálogo amplo sobre a pesquisa entre alunos e pesquisadora. Esse encontro finalizaria, parcialmente, a nossa pesquisa de campo. No entanto, devido ao pequeno número de universitários presentes nesse encontro, buscamos repeti-lo em outra oportunidade, para contar com a participação de um número mais representativo de alunos da turma. Assim sendo, tivemos que realizar dois encontros, que denominamos de primeiro e segundo encontro de encerramento parcial da pesquisa de campo (QUADRO 2).

Por saber que o interesse é motivado pelo aspecto emocional (GÓMEZ CHACÓN, 2003), e buscando ativar esse interesse nos alunos da turma, no convite feito em sala de aula, informamos que realizaríamos uma atividade divertida e diferente de uma aula tradicional. Falamos também que estaríamos levando brindes para os alunos que participaram da pesquisa como forma de agradecimento.

Primeiro encontro de encerramento parcial da pesquisa Data do convite Data da

realização

Duração aproximada

Quantidade de alunos presentes

10/08/12 13/08/12 2h 30min 6 (Lupita, Yasmin, Miguel, Hudson, Khronos e Gil)

Segundo encontro de encerramento parcial da pesquisa Data do convite Data da

realização

Duração aproximada

Quantidade de alunos presentes

17/09/12 20/09/12 1h 30min 15 (Karolyne, Roberto, Fábia, Gisele, Joaninha, Sônia, Gabriel, Kathy, Rômula, Juliana, Samuel, Darlan, Anna Luíza, Maria e Melissa)

Quadro 2: Informações sobre os encontros de encerramento parcial da pesquisa de campo A realização do segundo encontro, no dia 20/09/12, foi possível com a colaboração da professora da disciplina “Filosofia da educação”, disponibilizando duas aulas para tratarmos de nossa pesquisa. No total, tivemos 21 alunos participando do primeiro e segundo encontro. A seguir apresentamos o planejamento das atividades para o encontro de encerramento parcial da pesquisa de campo.

Planejamento das atividades do encontro

O tempo previsto para a realização completado encontro foi de 3 horas. Entretanto, não previmos quanto tempo seria gasto em cada momento.

1º momento – Apresentação de aspectos da pesquisa e discussão

Situação A - Apresentar um retorno para a turma dos resultados do instrumento 5 (Questionário de identificação e caracterização dos participantes da pesquisa). Deixar aberto para discussões, sugestões e dúvidas dos alunos. A apresentação será por slides.

Situação B - Pedir aos alunos que respondam à situação proposta abaixo:

Imagine que ao retornar das férias você já estará concluindo o curso de matemática e terá que dar aula de geometria ou trigonometria numa turma do ensino fundamental ou médio. Sabendo que a maioria dos alunos da sua turma na graduação evidenciou que os conteúdos de que menos gostou ou teve mais dificuldades de aprender foi geometria e trigonometria, como você trabalharia os mesmos? Qual seria sua prática para dar uma boa aula? Escolha um dos conteúdos e coloque 2 caminhos alternativos para trabalhar o mesmo.

-Solicitar que eles respondessem essa questão no papel e depois disso pedir que alguns alunos apresentassem seus registros em voz alta para discussão na turma.

Objetivos: Trazer um retorno para os alunos sobre as análises que estão sendo feitas na pesquisa. Provocar um desequilíbrio cognitivo nas concepções dos licenciandos a respeito de alguns conteúdos matemáticos, que eles nem sempre gostam, com a finalidade de favorecer a reflexão deles sobre suas práticas como futuros professores e, consequentemente, contribuir para sua formação. Evidenciar concepções dos licenciandos sobre ensino e aprendizagem de matemática.

Fonte: As duas situações (A e B) foram sugeridas por nossa orientadora e trocamos ideias para planejar as mesmas. A situação B foi sugerida a partir de comentários e discussões a respeito de uma palestra proferida por Ole Skovsmose (2012) no III Seminário de Educação Matemática e Educação Tecnológica e no IX Encontro

Capixaba de Educação Matemática. Nossa orientadora também sugeriu essa tarefa, para tomarmos conhecimento do que os licenciandos pensam sobre o planejamento e execução de uma aula em temas como geometria ou trigonometria.

2º momento – Atividade prática da caixa surpresa (APÊNDICE H)

- Trabalhar o texto da pipa e instigar sua discussão na sala.

- Fazer a dinâmica da caixa surpresa em que, primeiramente, os alunos terão que apalpar objetos “desconhecidos” (sem vê-los) e, em seguida, identificá-los e/ou descrevê-los. Posteriormente, os alunos terão que apalpar sólidos geométricos (sem vê-los e sem saber que são sólidos), identificá-los e/ou descrevê-los. A descrição será feita a partir da percepção tátil dos alunos, com a qual trabalharemos a imagem mental e as relações entre fatores já registrados e conhecidos pela nossa mente. Os registros serão feitos no papel e depois comentados na sala.

Objetivos: Apresentar para a turma algo diferente sobre geometria e estimular os alunos a participarem do encontro.

O tema foi visualização em geometria, um dos assuntos que os alunos tiveram dificuldades. Portanto, a dinâmica da caixa surpresa não foi pensada para responder às questões de investigação, serviu apenas como uma possibilidade para propiciar alguma aprendizagem aos alunos e como algo convidativo e atraente aos participantes.

Fonte: As ideias para esse momento da atividade com a caixa surpresa foram inspiradas numa oficina que a pesquisadora participou no evento RELME (26ª Reunião Latino Americana de Educação Matemática em 2012) e também na dissertação de Carvalho (2010), professora que ministrou a referida oficina.

3º momento – Avaliação de participação na pesquisa

- Pedir aos alunos que respondam à atividade:

Durante sua participação nesta pesquisa de mestrado você relembrou aspectos de sua vida, você escreveu o que pensa sobre a matemática, evidenciou assuntos que você mais gostou e menos gostou de estudar, ajudou a analisar alguns dados, entre

outras coisas. Por isso, peço que você relembre aspectos de sua participação nesta pesquisa e escreva sobre em que a mesma ajudou ou prejudicou a sua vida ou seus estudos.

- Agradecer a participação dos alunos e entregar brindes. Os brindes eram sacolinhas que continham um CD, com jogos matemáticos, intitulado Matemática

Divertida15, bombons e uma mensagem de agradecimento.

Objetivos: Fazer uma avaliação da pesquisa e da participação dos licenciandos na mesma. Agradecer pela contribuição e participação dos alunos.

Fonte: O 3º momento do encontro foi inspirado em conversas com a orientadora.

De uma maneira geral, as ideias e fontes usadas para a realização do encontro foram inspiradas em conversas com a orientadora (SANTOS-WAGNER, 2012), em Lorenzato (2010), Carvalho (2010), Carvalho e Corrêa (2012), Kallef (2003), Domingos (2010) e Skovsmose (2012).

Os dois encontros tiveram o mesmo planejamento, levamos os mesmos materiais e conduzimos as mesmas discussões na turma. Entretanto, como eram outros alunos que estavam participando, surgiram comentários e opiniões diferentes. Como tínhamos menos tempo para a execução do segundo encontro, não conseguimos completar todo o planejamento previsto para o primeiro. Portanto, o encontro se encerrou com a atividade da caixa surpresa. Não foi possível que os alunos efetuassem a avaliação da pesquisa, que ficou pendente para ser feita em outro momento. O detalhamento dos encontros e as informações que obtivemos sobre os universitários que participaram serão tratados no capítulo 4.

15

O CD com jogos matemáticos foi produzido por Daniel Moreira dos Santos por meio de um projeto financiado pelo edital Bolsa Cultura Tech do Programa Rede Cultura Jovem – PRCJ/Secult. Disponível em: <www.matdivertida.mygamesonline.org>.

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