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A usina termelétrica e o meio ambiente

5.5. Monitoramento ambiental

Alguns dos objetivos do monitoramento ambiental são (MORGAN, 1998, p.216):

• obter o maior número de dados possíveis sobre as variáveis ambientais em uma certa região, com diferentes condições de operação da usina, para avaliar os impactos positivos e negativos de qualquer inserção do homem nesta região;

• avaliar o desempenho dos equipamentos com vistas à obtenção dos resultados previstos, manutenção preventiva ou corretiva;

• prever concentrações de poluentes fora dos parâmetros acordados ou da legislação ambiental e

• verificar o sucesso das medidas de mitigação e dos planos de gestão (SADLER, 1996, p.5-19).

Estes dados fornecem um diagnóstico da situação da região num determinado momento. Para o caso de usinas termelétricas, o ideal é que estes dados estejam disponíveis antes do início da construção da usina. À medida que o empreendimento for desenvolvendo, através das suas diversas fases, o diagnóstico será atualizado, visando manter a qualidade ambiental da região e detectando efeitos inesperados a tempo de corrigi-los.

O sistema de monitoramento ambiental exige baixo investimento e as informações obtidas podem ser utilizadas em negociações com órgãos ambientais, em ações judiciais e como fator de marketing para a companhia.

Após a entrada da usina em operação são monitorados as fontes poluidoras e o ambiente receptor dos poluentes.

A eficácia de um programa de monitoramento é função dos locais de amostragem, das variáveis escolhidas para serem medidas, dos métodos empregados para medição e dos métodos de análise das informações.

É através do monitoramento ambiental que será verificada a eficiência das medidas mitigadoras propostas para a usina e o cumprimento das condições da licença ambiental, se for o caso.

5.5.1. Emissões aéreas

Os métodos de monitoramento das emissões aéreas podem ser (ELETROSUL, 1994, v. 4, p.53):

• medição do material particulado em dutos e na chaminé;

• medição da concentração de dióxido de enxofre;

• medição da concentração de óxidos de nitrogênio;

• medição da concentração de monóxido de carbono e hidrocarbonetos;

• e outros.

A utilização de todos os métodos de medição ou de apenas alguns deles depende, entre outros fatores, da companhia que é responsável pelo empreendimento, do local da usina, das exigências do órgão ambiental responsável e dos estudos ambientais realizados.

A medição da concentração de poeira nos gases é realizada pelo opacímetro. Ele mede a densidade calorimétrica dos gases da combustão, permitindo otimizar o controle da relação ar/combustível, mantendo o nível de particulados sob controle contínuo. A grande vantagem deste método de medição é que opera continuamente. Os opacímetros geralmente são instalados nos dutos de gases, após os precipitadores eletrostáticos.

A medição do material particulado em dutos e na chaminé é realizada através da amostragem das emissões gasosas (ELETROSUL, 1994, v. 4, p.53). O material é coletado, pesado e definido o seu volume para obter-se a concentração de material particulado. Esta medição determina a eficiência dos precipitadores eletrostáticos.

A medição da concentração de dióxido de enxofre é realizada pelos analisadores contínuos da chaminé. Estes equipamentos trabalham continuamente.

A medição da concentração de óxidos de nitrogênio é realizada através de analisadores de emissões. O funcionamento destes equipamentos é baseado na capacidade de absorção da radiação infravermelha destes gases. Este monitoramento tem por objetivo um maior controle da combustão e das emissões dos óxidos de nitrogênio. As emissões destes poluentes dependem da temperatura da chama e da razão ar/combustível.

A medição da concentração do monóxido de carbono e hidrocarbonetos é realizada pelos analisadores de emissões (CO e hidrocarbonetos). O princípio de funcionamento é similar ao do equipamento acima descrito. Estas emissões são resultado da combustão incompleta dos combustíveis. As emissões destes poluentes dependem da razão ar/combustível, da temperatura da chama e do controle da combustão.

5.5.2. Efluentes líquidos

O método de monitoramento adotado para os efluentes líquidos é através de amostragem. As amostragens devem ser tomadas nos efluentes e a montante e jusante do corpo receptor (curso d’água). O critério para a definição dos poluentes é através da determinação dos principais parâmetros físico-

químicos, como por exemplo: pH, temperatura, acidez, alcalinidade, turbidez, sulfatos, sólidos totais, sólidos dissolvidos, etc.

Os efluentes líquidos gerados em usinas termelétricas são os mais variados possíveis no que diz respeito à vazão, freqüência e qualidade.

No que diz respeito aos esgotos sanitários, a metodologia utilizada para sua coleta é através de fossas sépticas e filtros anaeróbios. O monitoramento sempre é realizado na entrada e saída de cada elemento (fossas e filtros). Os parâmetros analisados são: pH, sólidos totais, sólidos suspensos, sólidos sedimentáveis, demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio (DQO) (ELETROSUL, 1994, v. 4, p.56).

5.5.3. Resíduos sólidos

Os resíduos sólidos podem causar poluição da água, do ar, do solo e/ou do subsolo.

O grau de periculosidade de um resíduo sólido pode ser medido através dos compostos tóxicos que fazem parte da sua composição, como por exemplo: mercúrio, chumbo, arsênio, bário, selênio, cianetos, compostos organo-clorados, etc.

O impacto ambiental poderá ocorrer pela contaminação do local onde será armazenado ou através dos agentes externos (vento, chuvas, etc.) sobre os depósitos de resíduos sólidos. A ação do vento pode poluir o ar atmosférico próximo à usina. Daí a necessidade do monitoramento do terreno onde será depositado o resíduo, do lençol freático e do ar.

A definição do tipo de monitoramento, dos pontos de amostragem e dos parâmetros a serem analisados serão definidos em função do resíduo e através de acertos com o órgão ambiental local em função das características do empreendimento.

5.6. Conclusão

Este capítulo apresentou de forma resumida o processo de geração de energia elétrica, a legislação ambiental, o processo de licenciamento de empreendimentos, os impactos ambientais causados por uma usina

termelétrica, as medidas mitigadoras para cada tipo de impacto e o objetivo e os tipos de monitoramento ambiental utilizados por usinas termelétricas.

O objetivo deste capítulo era de apresentar a usina termelétrica e sua interface com o meio ambiente, visando situar os impactos ambientais dentro do processo de geração de energia elétrica.

Capítulo 6