• Nenhum resultado encontrado

MONITORAMENTO DO ESCOAMENTO DE TRONCO Os volumes de escoamento de tronco foram medidos em

REFERÊ CIAS 171 APÊ DICE A – MEDIDAS E ESTIMATIVAS

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.5. MONITORAMENTO DO ESCOAMENTO DE TRONCO Os volumes de escoamento de tronco foram medidos em

árvores em cada uma das parcelas A3 e B4 (28,3 m² cada), com coletores do tipo espiral e do tipo colar (Figura 18), escolhidos de acordo com o diâmetro das árvores. Os coletores do tipo espiral foram utilizados em árvores com DAP maior que 10 cm; nas árvores com DAP de até 10 cm, utilizou se coletor do tipo colar.

Para armazenar a água coletada, utilizou se garrafas PET de 5 L e 10 L. E para direcionar o fluxo desde o coletor até o recipiente de armazenamento, foram utilizadas mangueiras de PVC (policloreto de vinila) transparente e flexível, de 3/4” (≈ 2 cm) e de 1/2” (≈ 1,3 cm) de diâmetro.

Figura 18. Coletores do tipo espiral (esq.) e colar (dir.) conectados a recipiente de armazenamento de água, para monitoramento de escoamento de tronco.

3.5.1. Amostragem

Devido à heterogeneidade da vegetação ao longo da bacia, e à variedade de espécies e tamanhos de árvores, foi preciso escolher um método de amostragem para estimar o escoamento de tronco da bacia. A quantidade de coletores deveria não só satisfazer a necessidade de amostrar árvores suficientes para representar a vegetação da bacia, mas também ser compatível com a realidade dos trabalhos de campo (2 a 3 pessoas trabalhando, durante 1 a 2 dias na bacia, a cada duas semanas). O método de amostragem escolhido envolve duas aproximações: 1) A escolha de parcelas representativas da bacia;

2) A escolha de classes de DAP e área da copa que representem a vegetação da parcela.

Conforme descrito na seção 3.2, as parcelas de 28 m² foram delimitadas próximo aos pontos de monitoramento A3 e B4, e as classes de árvores são:

Classe II: árvores com DAP > 15 cm ou área da copa > 10 m²; Classe II: árvores com DAP ≤ 15 cm ou área da copa ≤ 10 m². Decidiu se por incluir todas as árvores da classe I no monitoramento de escoamento de tronco por dois motivos: (i) essas árvores diferem significativamente da maioria das árvores das parcelas; (ii) essas árvores têm as maiores copas e maiores DAP. A exceção é o xaxim (árvore 40 da parcela B4), que embora pertencesse à classe I, não recebeu coletor de escoamento de tronco porque nenhuma maneira de medir o escoamento de tronco nesta espécie foi encontrada. Entretanto, as características morfológicas dessa árvore sugerem uma grande capacidade de armazenamento de água no tronco, e não de escoamento.

Entre as árvores da classe II, escolheu se um indivíduo de cada parcela como árvore típica daquela parcela. Foi escolhido o indivíduo cujo DAP e área da projeção da copa coincidissem com os valores mais freqüentes da parcela. As árvores escolhidas para instalação dos coletores de escoamento de tronco são apresentadas na Tabela 12. Cada tronco onde foi instalado coletor de escoamento foi nomeado com o número da árvore (das Tabela 7 e Tabela 8, seção 3.2) acrescido de um “T” no início.

Tabela 12. Características das árvores e coletores para medição de escoamento de tronco.

Ponto Tronco Espécie

Tipo de coletor DAP [cm] Área da copa [m²] A3

T1 Vassourão branco espiral 31,8 64,7

T2 Vassourão branco espiral 21,6 36,8

T7 Árvore não identificada colar 2,9 1,2

T21 Pessegueiro bravo espiral 13,1 18,3

T28 Maria mole espiral 17,5 44,1

Média 17,4 33,0

B4

T50 Guamirim vermelho colar 8,4 36,0

T57 Caixeta colar 1,9 0,4

T59 Guamirim vermelho espiral 23,2 40,3

T65 Covatã espiral 14,3 17,9

T69 Capororoca espiral 16,7 8,9

Média 12,9 20,7

3.5.2. Instalação

A instalação desses sistemas foi realizada durante o período de 27/09 e 04/10/2012. Primeiramente, procurou se em campo as árvores previamente escolhidas em laboratório, para verificar se havia algum impedimento para a instalação do sistema nas mesmas. Para o ponto A3, as árvores 07 e 08 (Tabela 7, seção 3.2) haviam sido pré selecionadas como mais representativas da classe II. Em campo, a árvore 07 foi escolhida por ter o tronco mais retilíneo e aparência mais saudável. Para o ponto B4, as árvores 43, 58 e 60 (Tabela 8, seção 3.2) haviam sido selecionadas em laboratório como representativas da classe II. Em campo, as árvores pré selecionadas foram descartadas por serem muito frágeis, e a árvore 57 foi escolhida para substituí las, por ter DAP e área da copa semelhantes às da pré seleção.

Antes de instalar as mangueiras, estas receberam um corte no seu sentido longitudinal, de uma extremidade, até o comprimento suficiente para dar uma volta e meia no tronco, em ângulo aproximado de 45º (Figura 19).

Figura 19. Procedimento para o corte longitudinal das mangueiras.

Depois de determinadas as árvores nas quais a instalação seria realizada, descascou se parcialmente o tronco delas, à altura do peito, para eliminar rugosidades e facilitar a instalação das mangueiras (Figura 20a).

As mangueiras cortadas foram pregadas na árvore, a partir da altura do peito, com aproximadamente 45º de inclinação para baixo, até completar 1,5 volta no tronco (Figura 20b). Deixou se um pedaço excedente da mangueira, sem corte, para conduzir o fluxo até o recipiente de armazenamento.

Para finalizar a instalação das mangueiras, aplicou se silicone nas frestas entre a mangueira e o tronco, para vedação (Figura 20c e Figura 20d).

Para o armazenamento da água coletada, utilizou se garrafas de PET, de 10 L (nas árvores da classe I) e de 5 L (nas árvores da classe II) (Figura 22 a e b).

Para conectar perfeitamente o coletor e o recipiente de armazenamento, três condições precisavam ser satisfeitas: (a) impedir vazamentos; (b) impedir infiltrações; (c) e possibilitar a abertura e fechamento da tampa, de maneira prática, cada medição. Para satisfazer a última condição, optou se por utilizar a própria tampa de cada garrafa. Então fez se um orifício nas tampas do diâmetro das mangueiras, encaixou se a mangueira no orifício da tampa, e utilizou se massa adesiva epóxi para fixar a mangueira na tampa (Figura 20 g). Assim, as duas condições anteriores também foram satisfeitas.

Nas árvores com DAP menor que 10 cm, não foi possível a instalação de coletores do tipo espiral com mangueira de PVC. Em uma dessas árvores, a árvore 07 da parcela A3, tentou se inicialmente instalar um coletor do tipo espiral moldado com massa adesiva epóxi. Entretanto, a execução se mostrou mais demorada e onerosa que o esperado, e o resultado não foi satisfatório. Então, em alternativa ao coletor em espiral, instalou se nessas árvores coletores do tipo colar construído com tiras de PET e massa adesiva epóxi (Figura 21).

Para a construção desses coletores, primeiramente recortou se tiras de PET de 5 a 10 cm de largura, textura lisa, e comprimento suficiente para envolver o tronco com sobra. Depois de cortadas, cada tira foi posicionada em torno do tronco, dando forma a um tronco de cone, com a base inferior com espaço suficiente para encaixar a mangueira, e na base superior, um vão livre de até 1 cm entre o tronco e o coletor. As extremidades sobrepostas, previamente lixadas, foram coladas com adesivo para PVC. Depois de seca a cola e verificada a aderência entre as extremidades da tira de PET, a mangueira foi encaixada e aplicou se massa adesiva epóxi para fixar o conjunto colar + mangueira no tronco. Essa etapa foi cuidadosamente executada para evitar a criação de: depressões, obstáculos ao fluxo, pontos de infiltração ou vazamento de água.

O sistema de armazenamento de água coletada é idêntico ao descrito anteriormente.

Figura 20. Instalação dos coletores do tipo espiral. (a) Preparação do tronco; (b) fixação da mangueira; (c) e (d) aplicação de silicone; (e) e (f) coletor instalado; (g) moldando a tampa com massa adesiva epóxi.

(a) (b)

(c) (d)

(e)

(f) (g)

Figura 21. Instalação dos coletores do tipo colar. (a) Aplicação da massa adesiva epóxi; (b) e (c) moldando a massa adesiva epóxi; (d) e (e) coletores instalados; (f) detalhe do coletor.

(a) (b)

(c) (d)

(f) (e)

Figura 22. Recipientes de armazenamento. (a) Detalhe da tampa; (b) e (c) recipientes cheios após chuva intensa.

3.5.3. Estimativa

O escoamento de tronco foi monitorado durante o período de 09/10/2012 a 20/12/2012, com frequência aproximadamente quinzenal. Em campo, foram medidos os volumes acumulados no período, oriundos de cada árvore individualmente. A partir desses volumes, a altura de escoamento de tronco gerada em cada evento foi estimada com dois métodos:

I) O volume total de escoamento de tronco da parcela foi estimado como a soma dos volumes de escoamento de tronco das árvores classe I mais o volume de escoamento de tronco da árvore classe II multiplicado pelo número de árvores de classe II (Eq. 3.1); finalmente, o escoamento de escoamento de tronco (mm) gerado na parcela foi obtido dividindo o volume total de escoamento de tronco da parcela pela área da mesma (Eq. 3.2). Ou seja:

II L II I L parcela L Sf n Sf Sf , = , + ⋅ , (3.1) (a) (b) (c)

onde SfL,parcela é o volume de escoamento de tronco da parcela (L);

I L

Sf , é a soma dos volume de escoamento de tronco das árvores classe I da parcela (L); n é o número de árvores da classe II na parcela; e II

II L

Sf , é o volume de escoamento de tronco da árvore típica da classe II da parcela (L). parcela parcela L parcela mm A Sf Sf , = , (3.2)

onde Sfmm,parcela é a altura de escoamento de tronco da parcela (mm); e

parcela

A é a área da parcela (m²).

II) Para as árvores da classe I, o escoamento de tronco em milímetros de cada árvore é o volume de escoamento de tronco da árvore dividido pela área da projeção da copa (Eq. 3.3); para as árvores da classe II, o escoamento de tronco (mm) é igual ao da árvore classe II com medição naquela parcela (Eq. 3.4); finalmente, o escoamento de tronco (mm) gerado na parcela foi estimado como a média do escoamento de tronco (mm) de todas as árvores da parcela (Eq. 3.5).

i copa i L i mm A Sf Sf , , , = (3.3)

onde Sfmm,i é a altura de escoamento de tronco de cada i árvore da classe I (mm); SfL,i é o volume de escoamento de tronco de cada i árvore da classe I e Acopa,i é a área da projeção da copa de cada árvore i (m²). II copa II L j mm A Sf Sf , , , = (3.4)

onde Sfmm,j é a altura de escoamento de tronco de cada j árvore da classe II (mm); Acopa,II é a área da projeção da copa da árvore típica da classe II (m²). n Sf n Sf Sfmm,parcela =∑ mm,i + IImm,j (3.5)

onde Sfmm,parcela é a altura de escoamento de tronco da parcela (mm); e n é o número de árvores da parcela.

3.6. MONITORAMENTO DA COBERTURA FLORESTAL