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2.2 A EDUCAÇÃO ONLINE

2.2.2 O Moodle

Segundo Mattar (2011) a denominação mais comum utilizada no Brasil é Ambiente Virtual de Aprendizagem. Os AVA são ainda uma marca registrada da EaD, apesar de movimentos recentes os considerarem superados. Muitos são desenvolvidos pelas próprias instituições. Das instituições públicas credenciadas 47% utilizam o Ambiente Virtual de Aprendizagem gratuito e 29% desenvolvido internamente. Já nas instituições privadas credenciadas, 33% utilizam o gratuito e 41% desenvolvidos na instituição:

Tabela 1 – Uso de AVA por tipo e instituição no Brasil

AVA Credenciada Pública % Credenciada Privada % Cursos Livres % Total % Desenvolvido 18 29 40 41 18 35 76 33 Comercial 5 8 18 19 10 20 33 16 Gratuito 29 47 32 33 17 33 78 37 Sem resposta 10 16 7 7 6 12 23 11 Total 62 100 97 100 51 100 210 100 Fonte: Adaptado Censo EaD (2010)

De acordo com Silva (2011, p. 18) “atualmente, há muitos ambientes virtuais de aprendizagem comerciais e gratuitos disponíveis no mercado: Aulanet, Claroline, eFront, Atutor, OLAT, Docebo, Dokeos, Ilias, Openelms, Moodle, Sakai, E – proinfo e Teleduc.” Mas o que podemos perceber é uma tendência crescente da utilização de ambientes gratuitos: eles já são empregados pela maioria das instituições de ensino no Brasil (37%); e quando falamos em instituições públicas esse crescimento é ainda maior (47%).

Entre os ambientes gratuitos, o Moodle, criado em 2001, é o software de código aberto de maior aceitação no Brasil e no mundo nos últimos anos. Foram identificadas milhares de instituições em mais de 200 países que utilizam o Moodle para atender a diferentes tipos de público e necessidades. No Brasil, seu uso foi reforçado pelo fato de a Universidade Aberta do Brasil (UAB) ter adotado em seu sistema de ensino (SILVA, 2011; MATTAR, 2011).

O Moodle ou Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environmente, é um ambiente que trabalha com uma perspectiva dinâmica da aprendizagem em que a pedagogia socioconstrutivista e as ações colaborativas ocupam lugar de destaque. Assim, o objetivo deste ambiente é permitir que os processos de ensino- aprendizagem aconteçam por meio da interatividade e da interação. Assim, oportunizar a produção do conhecimento em colaboração com os pares e a aprendizagem significativa do aluno (SILVA, 2011).

Segundo Tori (2010) as maiores contribuições do Moodle para a Educação online são o custo zero, a arquitetura aberta e flexível e as facilidades de instalação, adaptação e expansão. Pode-se concluir que estas características tenham contribuído, de forma contundente, para a utilização deste modelo de AVA nos cursos gerenciados pelo sistema UAB.

O Moodle se tornou tão popular que muitos provedores de hospedagem de servidores e páginas na internet (datacenters) oferecem a possibilidade de instalar e configurar um servidor de Moodle particular com apenas alguns cliques de mouse. Ter um servidor virtual na internet é muito barato (é possível alugar um servidor com centenas de gigabytes de espaço e terabits de tráfego mensal por menos de 10 dólares por mês). Dessa forma alguns professores já estão oferecendo a seus alunos a sua própria plataforma LMS ou usando o Moodle como suporte a trabalhos colaborativos ou de gestão de conhecimento, como em projetos de pesquisas, organização de eventos, ou gestão de redes de produção de conhecimento (TORI, 2010, p. 140).

Na imagem abaixo pode-se observar a página de entrada ao Moodle no Curso Superior Tecnológico de Gestão Pública do Instituto Federal de Educação de

Santa Catarina, que também pode ser acessado no seguinte endereço:

http://ead.ifsc.edu.br/moodle/login/index.php

Figura 1 - Página inicial do AVEA moodle do CSTGP

Fonte: IF – SC (2011)

Ao considerar o contexto dos AVEA, especificamente do AVEA Moodle, considerado um dos mais freqüentes na Educação Online, que dimensões a avaliação da aprendizagem têm assumido nestes novos espaços? Que discussões surgem a partir das práticas avaliativas online? Que contribuições os principais autores da avaliação trazem para as especificidades apresentadas pela avaliação da aprendizagem na Educação Online? Estes são alguns dos questionamentos que orientam a discussão de nosso próximo capítulo.

3 DIMENSÕES DA AVALIAÇÃO

Avaliar é tão mágico quanto ler! Ao avaliar nos transformamos em leitores de sujeitos, de seus textos e contextos, o que nos remete à leitura de nós mesmos, construindo e reconstruindo sentidos nessa interlocução.

(Jussara Hoffmann)

Ao falar em avaliação, logo nos remetemos à educação ou à escola. Este termo também faz emergir alguns sinônimos como: cálculo; estimativa; abalançar, ajuizamento, ponderação, valorar; mensurar; medir, dentre outros. Mas percebemos também que a avaliação não diz respeito somente ao processo de ensino. Se inclinarmos nosso olhar de uma forma mais abrangente, veremos que a avaliação faz parte da atividade humana de reflexão.

Assim, ela se constitui em um processo intencional, auxiliado por diversas ciências e que se aplica a qualquer prática. Desta forma, é possível falar na avaliação das diversas atividades profissionais, como de uma empresa, de um programa, de uma política. Quando refletimos também avaliamos; e avaliar é também planejar, estabelecer objetivos. Daí que os critérios de avaliação, que condicionam seus resultados, estejam sempre subordinados às finalidades e os objetivos previamente estabelecidos para qualquer prática, educativa, social, política ou outra (DEMO, 1995).

Segundo Vasconcellos

O ato de avaliar na vida cotidiana dá-se permanentemente pela unidade imediata de pensamento e ação, a partir de juízos, opiniões assumidas como corretas e que ajudam nas tomadas de decisões. Ao fazer juízo visando a uma tomada de decisão, o homem coloca em funcionamento os seus sentidos, sua capacidade intelectual, suas habilidades, sentimentos, paixões, ideais e ideologias. Nessas relações estão implícitos não só aspectos pessoais dos indivíduos, mas também aqueles adquiridos em suas relações sociais (VASCONCELLOS, 2009, p. 29).

Estas avaliações diferem dos processos avaliativos que acontecem nas práticas pedagógicas, pois se constituem em análises assistemáticas. Já as avaliações vivenciadas no cotidiano escolar têm um caráter deliberado, sistematizado, apoiado em pressupostos, variando em complexidade e servindo a múltiplos propósitos (VASCONCELLOS, 2009).

Segundo Sant’Anna (1995)

A avaliação escolar é o termômetro que permite confirmar o estado em que se encontram os elementos envolvidos no contexto. Ela tem um papel altamente significativo na educação, tanto que nos ariscamos a dizer que a avaliação é a alma do processo educacional (p. 7).

Para Depresbiteris e Tavares (2009) numa visão expandida, partindo do macro em caminho ao micro desta visão, podemos elencar os seguintes níveis de avaliação: internacional, nacional, institucional, curricular e de sala de aula.

A avaliação em nível internacional busca fixar os padrões de desempenho

que possam servir de referência para o estabelecimento de diretrizes e metas para os sistemas de ensino da cada país (ex. Pisa – Programa Internacional de Avaliação de Alunos).

Já a avaliação em nível nacional busca verificar a qualidade de ensino de um país, estabelecendo normas e padrões gerais para a educação. No caso do Brasil, temos o SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica; o ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio; o ENADE – Exame Nacional de Desempenho do Estudante, estes coordenados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP.

Quanto a avaliação institucional, segundo Depresbiteris e Tavares (2009), este nível de avaliação está voltado para cada instituição de ensino e tem como fim “analisar todos os componentes do processo educacional: currículos, desempenho de professores, materiais didáticos, infraestrutura, recursos econômicos e cursos de formação, entre outros” (p.37).

O nível da avaliação curricular “refere-se especificamente ao currículo, entendido como todas as atividades intra e extracurriculares de uma instituição de educação (DEPRESBITERIS e TAVARES, 2009, p. 37).

Quanto ao nível da sala de aula, a avaliação é aquela que mais está próxima do aluno, ou pelo menos deveria estar. Aqui incluímos as seguintes esferas da avaliação: a avaliação da aprendizagem, a autoavaliação e a meta-avaliação. Estas avaliações baseiam-se na relação professor e aluno, que por assim se constituir, apresenta um caráter formativo e processual.

De acordo com Hoffmann a avaliação é,

[...] uma ação ampla que abrange o cotidiano do fazer pedagógico e cuja energia faz pulsar o planejamento, a proposta pedagógica e a relação entre todos os elementos da ação educativa. Basta pensar que avaliar é agir com

base na compreensão do outro, para se entender que ela nutre de forma vigorosa todo o trabalho educativo (HOFFMANN, 2008, p. 17)

Neste sentido, sem uma reflexão dos valores éticos sobre a avaliação, é possível “perder os rumos do caminho, a energia, o vigor dos passos em termos da melhoria do processo” (HOFFMANN, 2008, p. 17).

A partir desta dimensão mais ampliada, observamos uma complexidade ainda maior a respeito do grande tema avaliação. Também entendemos que por abarcar todo o fazer pedagógico, a avaliação não pode ser tratada de forma isolada.

Neste sentido faz-se necessário uma discussão sobre os fundamentos filosóficos que constituem fortemente as práticas avaliativas até hoje evidenciadas no fazer educativo. Sendo assim, falaremos a seguir do diálogo construído entre Foucault e os teóricos da avaliação, buscando uma aproximação da compreensão epistemológica desta temática, no objetivo de situá-la filosoficamente.