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4.3. A percepção dos sujeitos

4.3.1. Moral

Com o intuito de compreender qual o significado que os sujeitos atribuem à Moral Cristã, inicialmente foi solicitado que expressassem o que entendem por “moral”.

Os professores especialistas da formação técnica e as docentes de

Moral apresentaram definições bem próximas do conceito formal:

Conjunto de regras focando virtudes, bons costumes, podendo ser adquiridas e ampliadas pela sociedade e pelos indivíduos. (Cláudio)

São os conceitos regidos pela ética e padrões estabelecidos por uma sociedade constituída por leis e princípios do comportamento humano. (José Luiz)

São conjunto de conduta estipulados pela sociedade ou religião que orientam a comunidade a viver dentro de padrões éticos e dentro de preceitos pré-estabelecidos, que faz a sociedade viver de forma harmônica. (Sylvia)

Apenas três docentes estabeleceram uma ligação direta do conceito de moral com a moral cristã:

É o mesmo que ética, tendo como livro de etiqueta a Bíblia. (Liliane)

Disciplina que ensina valores baseados nos ensinamentos de Jesus Cristo e que nos ajuda a conviver e a nos relacionar melhor com o próximo, ou seja, desenvolver o caráter cristão em nós. (Nilse)

A definição de moral apresentada pelos funcionários evidenciou a afinidade com os valores morais:

Obediência aos hábitos, à tradição. Respeito e solidariedade da comunidade. Valores. (Sérgio)

Práticas dos princípios éticos. (...) É a ética, estudo do outro, do respeito mútuo. A moral situa o sujeito na vida, quando se aplica é a prática da cidadania. (Danilo)

Para os voluntários a concepção de moral foi ainda mais diversificada. Duas definiram como sinônimo de educação:

Quase a mesma resposta de Educação. (A prioridade é o respeito, consideração com a pessoa próxima e com você mesmo. Como tratar as pessoas, tratar bem o idoso, a criança. Honestidade.) (Silene)

É algo que vem do berço (...). Por exemplo, o respeito. (Lene) É adaptar-se conforme a banda toca. (Carol)

É aprender a viver na sociedade, uns com os outros, se respeitando em tudo. (Gabriel)

Para os alunos a moral se funde ou é confundida com a ética, sendo assim explicitada por três alunos.

Parecido com ética. (Antonio, André e Érica)

Dois alunos expressaram que a moral está no plano das idéias:

É a idéia de um tema discutido em conjunto. (Elisa) Ações que ficam apenas no nosso pensamento. (Marcelo)

Os demais alunos declararam que a moral tanto pode ser a prática dos valores como a reflexão das normas sociais:

É um conjunto dos princípios que o indivíduo acha que deve ser seguido. (Ana)

4.3.2. A Educação Moral

Este tópico tem por intuito explicitar o posicionamento dos professores, funcionários e voluntários em relação à educação moral, se eles têm a percepção da abrangência deste processo educativo, bem como a influência no desenvolvimento moral dos alunos.

A educação moral na Escola Profissional Nossa de Fátima impregna toda a ação educativa, bem como é possível percebê-la em todo o relacionamento que ocorre nesse espaço, isto é, não fica restrita ao momento das aulas de Moral Cristã.

Os professores declararam que consideram o ensino de moral importante para a formação dos jovens.

Assim como o aspecto técnico, a formação humana é importante. (João) É importante para a formação deles. Hoje ninguém fala ou ensina isso. A família não quer saber, os jovens ficam meio perdidos. (Silvio)

Um deles comparou as aulas de Cidadania e Ética Profissional oferecida em outros cursos e no ensino superior.

Hoje alguns (cursos) têm a (disciplina) cidadania; na faculdade tem que saber a ética profissional da área. Tem que fazer parte da formação desde os pequenos. (José Luiz)

Todos os profissionais e voluntários têm clareza da participação e da influência que exercem sobre o desenvolvimento moral dos alunos. Os argumentos que surgiram para elucidar essa questão foram:

ƒ Fazer orientações ou dar conselhos - foi citado por dois professores, pelos quatro funcionários e pelos dois voluntários adultos.

ƒ Promover a reflexão em situações de conflito - foi o argumento de três professores;

ƒ Utilizar textos, dinâmicas, histórias ou cases foi a resposta apresentada por três professores,

ƒ Respeito à individualidade dos alunos: um professor e uma voluntária. Dois depoimentos expressam essa clareza:

(...) aqui temos mais abertura para refletir com os alunos sobre os atritos que surgem no cotidiano, entre eles mesmos, nas equipes. Questiono sobre suas atitudes, se realmente é a mais acertada, se pode ser considerada ética, se é boa para a convivência em grupo. Ou se é adequada em um ambiente profissional. (Cláudio)

O diálogo, a conversa, a orientação, o debate, a reflexão constituem os procedimentos e as posturas que prioritariamente são utilizados para promover o desenvolvimento moral dos alunos. É também por meio do diálogo que as relações de convivência são estabelecidas e se fortalecem. Paulo Freire defende que “o diálogo é uma exigência existencial.” (2005, p.91)

A utilização de histórias, procedimento também adotado especificamente nas aulas de Moral Cristã, faz-se presente em alguns momentos nas outras aulas que tem por foco a área técnica. Nestas, as histórias são intituladas de “cases”, despertando uma motivação diferenciada, e próxima à realidade profissional, ao ambiente corporativo.

Quando acontece um conflito que pode ser similar a um comportamento ou postura na empresa, eu costumo trazer cases para análise e debate. (Silvio)

Os funcionários consideram válido o ensino de Moral na escola. Dois explicitaram como uma característica da Ação Social Nossa Senhora de Fátima, e um fez referencia a distinção em relação à Educação Moral e Cívica:

Faz parte da escola. É importante para os jovens. Deveria fazer parte do currículo nas outras escolas. Não aquela que tivemos a Moral e Cívica. Mas para saber o que é certo e errado, o que bom e ruim no comportamento, na vida. (Débora)

É o nosso diferencial. (Danilo)

A educação moral ocorre por meio de processo interativo, de maneira constante e cotidianamente, em que os valores são adquiridos, ou desenvolvidos ao longo da vida do sujeito, portanto não se trata apenas de apresentar valores morais aos alunos, uma vez que esses são adquiridos ou apropriados ao longo da vivência do sujeito. Trevisol e Toigo (2008) salientam que “a ética e os valores devem ser continuamente trabalhados e reforçados dentro do contexto educacional para que realmente se priorize o desenvolvimento integral dos alunos.” (apud SANTOS, 2011, p.59)