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4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS

4.1 MOTIVAÇÕES E INDUTORES DA APRENDIZAGEM

4.1.1 Motivações para a aprendizagem

4.1.1.2 Motivações profissionais

A partir da análise das falas das entrevistas, a categoria ‘motivações profissionais’, se desdobrou em duas subcategorias: motivações profissionais coletivas, relacionadas à

inserção do funcionário no contexto social de trabalho e motivações ocupacionais, relacionadas à melhoria dos processos de trabalho.

Com relação as motivações profissionais coletivas, o ambiente no qual o funcionário está inserido, permite seu desenvolvimento profissional, por meio da valorização das tarefas que realiza. Nesta dimensão, o funcionário se motiva a aprender para sentir-se parte do grupo, ser valorizado perante aos colegas de trabalho:

Entrevistado 3: “Por incrível que pareça, não era dinheiro que eu buscava, acho que as pessoas querem reconhecimento ou valorização... Não falo que o dinheiro está em primeiro lugar, mas a questão de ter uma profissão, me sentir importante, parte de um processo”. Entrevistado 6: “Dependendo das circunstâncias em que você está, você é obrigado a fazer algumas coisas diferenciadas, para que você consiga progredir e fazer o seu trabalho.” Entrevistado 8: “Quando alguém que necessita, vem me buscar, se não souber eu busco conhecimento. Aprendo para fazer direito e não depender. Para que quem me procurasse eu soubesse responder.”

Entrevistado 9: “Dentro da FOP o que me motivou foi a necessidade. Se eu não buscasse o conhecimento eu não conseguiria lidar com a rotina do setor e nem fornecer orientações aos docentes e alunos. Então, foi a necessidade e a urgência de ter domínio do conhecimento e dos temas da área.”

Nota-se que pela interpretação das falas acima, que os funcionários públicos entrevistados se sentem reconhecidos quando auxiliam, com seus esforços individuais, a cumprir com os objetivos da universidade. A afirmação do entrevistado 3 demonstra que os ganhos financeiros, para ele, são secundários na motivação ao aprendizado. O funcionário em questão se motiva a aprender a fim de obter reconhecimento individual no ambiente em que está inserido e também, a fim de auxiliar os demais colegas de trabalho.

Ainda, por serem servidores públicos, prestam atendimento à população em geral e precisam fornecer informações atualizadas aos diversos clientes da universidade (alunos, professores, subordinados, população em geral). Neste sentido, os entrevistados relatam que se sentem motivados a aprender para entender os processos de trabalho e também para melhor executar as suas funções, inclusive às demandas de orientações.

Destaca-se que o aprendizado do funcionário público estudado está atrelado à necessidade de entendimento das legislações, normativas e conhecimentos específicos dos processos de trabalho. Os funcionários estudados prestam serviços públicos e se motivam ao

aperfeiçoamento para atender às mudanças de regras, regulamentos e leis e, também para entender, melhorar/facilitar os processos de trabalho:

Entrevistado 1: “Faço os cursos que são oferecidos e busco novos conhecimentos para usar o aprendizado adquirido dentro do ambiente de trabalho, para tentar facilitar, agilizar e melhorar a forma de trabalho.”

Entrevistado 2: “Lidando com dinheiro público, um dinheiro que você gerencia e que fica sob sua responsabilidade e que é o recolhimento do imposto de todos, a gente tem a obrigação de gerenciar da melhor forma possível e se você não sabe qual é a forma correta de execução é a sua obrigação aprender do jeito certo.”

Entrevistado 4: “Aprendi primeiro pelo desejo de aprimorar o setor, trazer mais ferramentas e melhorar o dia-a-dia do trabalho.”

Entrevistado 8: “Precisamos estar atualizados diariamente com as leis, novas normativas. Eu quero fazer “jus” ao salário que recebo... Sou “caxias” demais com meu serviço. Quis aprender para facilitar o meu serviço do dia-a-dia.

Nota-se pelas falas dos entrevistados a preocupação em obter conhecimentos com a finalidade específica de se realizar um trabalho satisfatório. Diferentemente de uma empresa privada na qual o objetivo final, na maioria das vezes, é a obtenção de lucros ou redução de custos, os funcionários públicos trabalham em prol da sociedade. A preocupação apresentada pelos entrevistados demonstra a característica do funcionalismo público consciente, que busca o aprendizado constante com a finalidade de melhorar os serviços prestados para a sociedade. As motivações profissionais, portanto, estão relacionadas ao comprometimento do indivíduo com seu ambiente de trabalho. As subcategorias relacionadas a motivações profissionais: i) necessidade de inserção do indivíduo no coletivo e ii) melhoria do ambiente ocupacional, são apresentadas no quadro 7, a seguir:

Quadro 7 – Motivações profissionais

Categoria Subcategoria Exemplos extraídos das entrevistas

Motivações Profissionais

Coletivo (Inserção)

Melhorar o ambiente de trabalho Entrevistados: 1, 3, 6

Ser melhor compreendido por outros funcionários Entrevistados: 2,3,6,8,9

Ser reconhecido, valorizado no ambiente de trabalho Entrevistados: 3, 6, 8, 9,10

Não parecer acomodado Entrevistados: 1 e 6

Sentir-se parte da organização Entrevistado: 3

Ocupacional (Processos)

Facilitar e agilizar os processos de trabalho por meio de novas ferramentas

Entrevistados: 1, 7, 9

Necessidade de aprender para melhor executar as funções

Entrevistados: 1,2,4,6, 8,9

Obrigatoriedade em entender as legislações Entrevistados: 2, 8,9

Dificuldade em entender os processos de trabalho Entrevistados: 2,4,5,8, 9

Preocupação com o gerenciamento da verba pública Entrevistado: 2

Fonte: Elaborado pelo autor

Pela análise e interpretação das motivações intrínsecas (discutidas na subseção 4.1.1.1) e profissionais (discutidas nesta subseção) evidencia-se a interligação entre ambas. O aperfeiçoamento pessoal possibilitado por meio de ampliação cognitiva, permite a melhoria dos processos de trabalho. Este ciclo (autodesenvolvimento – desenvolvimento e melhoria dos processos no ambiente laboral) é permanente e se repete. Quanto mais o funcionário aprende, mais poderá contribuir no ambiente laboral, inclusive, ensinando outros colegas. Neste ciclo de aprendizagem, o funcionário cria redes de relacionamento e se sente parte integrante do grupo de trabalho.