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Como indicado no inicio deste capitulo, para melhor entendimento dos dados apresentados a seguir, adotou-se a seguinte estratégia, colocar sempre nesta ordem: a questão, o objetivo da questão, a identificação do quadro de respostas dos entrevistados e em seguida a análise dos dados. Nesse sentido, a primeira pergunta se refere aos motivos/fatores que levaram os estudantes a desistirem de estudar e que retornaram posteriormente:

Questão: Por que você parou de estudar?

Quadro 1 – Percentual de ocorrências dos motivos/fatores relevantes de abandono. Nº de Alunos: 06

Motivos/Fatores Nº %

Dificuldade de conciliar trabalho e escola 3 50

Problema de saúde (acidente) 1 16,6

Dificuldade em Matemática 2 33,3

Dificuldade de relacionamento com professor 1 16,6

Casamento/gravidez 1 16,6

Mudança de residência/Distância 1 16,6

Dependência numa só matéria. 1 16,6

Obs.: os percentuais se referem ao total de motivos/fatores explicitados e não ao número de alunos.

Para 50% dos alunos que desistiram e retornaram, a dificuldade de conciliar trabalho e escola é um dos principais fatores responsáveis pelo abandono escolar. A grande dificuldade que eles têm em Matemática também contribuiu de forma significativa para o processo de abandono. É o que dizem cerca de 30% desses alunos. Motivos como gravidez, problemas de saúde pessoal, mudança de residência, distância da escola e dificuldades de relacionamento com professor também foram citados por alguns entrevistados.

Outro dado importante na percepção dos alunos desistentes se refere à questão da dependência escolar, principalmente quando o aluno fica devendo apenas uma disciplina. Neste caso, o estudante é obrigado a passar o semestre inteiro cursando essa matéria. Assim, terminam se cansando por ter que ir à escola quase todos os dias para assistirem somente a uma aula, que não raro acontece nos últimos horários. Desse modo, acabam perdendo o interesse, diminuindo a auto-estima e desistindo de estudar, conforme se expressa (P4):

[...] Eu parei de estudar porque eu morava ante bem perto da escola, aí eu mudei, então ficou um pouco distante. Como eu estava pagando matéria, chegava no colégio às vezes só tinha aula no quinto horário, uma aula só, então ir para o colégio assistir só uma aula, ficava um pouco na contramão, para voltar às onze horas, então esses foram os motivos para eu deixar de estudar.

Para muitos alunos a situação escolar é vista como uma rotina muito cansativa, uma vez que quase sempre eles vão direto do trabalho para a escola sem passar em casa. Assim descrevem:

[...] Primeiro motivo foi a desigualdade de horário, por eu ter engravidado cedo, ter casado cedo, porque eu sempre estudei de manhã, então o horário de manhã ficava bem mais... Depois que eu tive minha filha, ficou uma coisa meu fora de horário, porque à noite eu tinha que estudar, né? Eu estava com força e garra para estudar, mas apareceu um serviço, a precisão fala mais alto. Como eu ia para o serviço, acabava largando a escola por causa da precisão, mas acho que, se não fosse isso, eu já tinha terminado há muito tempo (P5).

[...] Eu parei porque estava muito cansativo conciliar o trabalho e a escola, então foi desanimando aí terminei parando, não teve outra razão foi desânimo mesmo (P6)

[...] Parei porque eu não estava conseguindo conciliar a escola com o trabalho, essa foi a principal causa (P2).

Como se pode perceber, trabalho e escola se interligam de tal modo na vida dessas pessoas que, nos seus depoimentos, fica quase impossível falar de um sem citar o outro, não talvez porque se completem, mas porque constituem o cotidiano sofrido.

A dificuldade de relacionamento entre professor e aluno é outro fator relevante que deve ser considerado. Para P1, a principal razão de seu abandono foi a dificuldade de se relacionar com os professores de matemática e física, principalmente, por questões relacionadas à metodologia de ensino destes docentes, conforme descreve:

[...] Eu parei porque eu tinha um problema de ordem como o professor de Física. Eu senti também que não ia conseguir me entender com a forma do professor de Matemática (fulano), que era uma forma rápida e ele não explicava, como ele ainda não explica, porque ele continua dando aula lá até hoje. E eu, com quase cinquenta anos ter voltar a estudar, largar minha vida, deixar de fazer meus compromissos.... para não aprender as duas matérias, porque os dois professores ainda não entenderam que o EJA é corrido, mas nem tanto.

Assim, fica evidente que os fatores extra-escolares são preponderantes sobre os fatores intra-escolares na questão do abandono escolar. Contudo, alguns depoimentos são bastantes críticos em relação à metodologia utilizada por certos professores, como também a dificuldade de convivência pacifica entre professores e alunos.

Nessa perspectiva, Célia Pezzolo de Carvalho (1997), em sua obra Ensino noturno: realidade e ilusão, apresenta um diagnóstico do cotidiano dos estudantes-trabalhadores na região de Ribeirão Preto, São Paulo. Confirma que uma das principais queixas dos alunos entrevistados por ela foi a dificuldade de combinar trabalho e escola, isto é, o cansaço depois de um dia de trabalho forçado que os levava ao abandono escolar, assim como a maioria dos entrevistados desta pesquisa.

O quadro nº 2 apresenta os dados relativos aos motivos pelos quais os alunos abandonaram a escola e retornaram posteriormente.

Questão: Por que você retornou à escola?

Objetivo da Questão: Identificar motivos/fatores que contribuíram para o aluno retornar à escola.

Quadro 2: Percentual de ocorrências dos motivos/fatores do retorno à escola. Nº de Alunos: 6

Motivos/Fatores Nº %

Necessidade profissional 6 100

Pressão da família 1 16,6

Meta: formar-se em jornalismo 1 16,6

Obs.: os percentuais se referem ao total de motivos/fatores explicitados e não ao número de alunos.

A busca por emprego e melhor colocação no mercado de trabalho se apresenta como uma preocupação dominante, que se torna um motor para a continuidade dos estudos. De acordo com as respostas constantes no quadro nº 2, esse fator foi citado por 100% dos entrevistados e que disseram ter voltado a estudar por necessidades profissionais, além de outras razões como pressão da família e o desejo de fazer um curso superior. A perspectiva de melhoria salarial, através do estudo, parece despertar no aluno a vontade de retornar à escola e terminar os estudos, conforme descrevem:

[...] Eu retornei porque senti que há uma grande necessidade de você concluir, no caso, eu concluir o segundo grau. Porque para você arrumar um emprego hoje, qualquer tipo de trabalho exige o segundo grau completo e eu falto duas matérias só, mas acabei parando de novo, estou faltando física e matemática, as duas matérias que menos me identifico (P4).

[...] Eu estou quase na reta final, segundo ano, então eu preferi retornar ao EJA, porque é uma forma de adiantar, porque eu faço dois anos em um, foi basicamente isso, para poder adquirir o diploma, para fazer algo melhor, né? (P2).

[...] Eu retornei porque o mercado de trabalho está muito exigente, o segundo grau hoje não é nada, é praticamente uma alfabetização, né? E também eu tenho um objetivo de vida, eu tenho vontade de fazer uma faculdade de jornalismo, quero ser jornalista ainda, e eu tenho fé que vou conseguir, independente do tempo que levar. Foi exatamente isso, eu retornei porque eu tenho uma meta, apesar de todas as dificuldades, todas as barreiras que estão aparecendo, eu estou tentando, né? (P5).

Essa luta contínua tem uma finalidade na vida desses trabalhadores-estudantes, buscar a realização de seus sonhos pessoais/profissionais e, assim, mudar sua história. O que não é tão fácil, pois muitas vezes essa realidade faz parte de uma história que passa de geração a geração, ou seja, uma vida de exclusão social culturalmente constituída.

A pressão da família para o aluno retornar à escola e o desejo de fazer um curso superior, no discurso dos entrevistados, também fazem parte dos motivos/fatores para retornarem aos estudos. Desse modo, os alunos enxergam na educação, apesar de tudo, a possibilidade para sair da condição socioeconômica em que se encontram para uma ascensão social mais favorecida.

Como bem salienta Cláudio de Moura Castro: “a boa notícia é que o brasileiro está começandoa ver que sem educação não há bons empregos” (2005, p. 61-62).

Já para Neri (2009), falta ao jovem estudante brasileiro tomar ciência do alto impacto exercido pela educação na ocupação e na renda. Nesse sentido, o autor ressalta a existência do paradoxo da evasão escolar representado pelo alto retorno que a educação proporciona versus o baixo investimento educacional. Destaca, ainda, uma possível relação entre a falta de interesse do aluno em continuar estudando e o desconhecimento dos potenciais prêmios oferecidos pela educação.

Vale ressaltar que os alunos desistentes de EJA pensam diferente de Neri (2009), quando afirmam que retornaram à escola por motivos/fatores relacionados às necessidades pessoais e profissionais visando o melhor emprego e renda.

O quadro nº 3 apresenta um resumo das razões que dificultaram o retorno aos estudos por parte de alguns alunos desse grupo de entrevistados.

Questão:Você encontrou dificuldades para retornar à escola? Quais?

Objetivo da Questão: Identificar motivos/fatores relevantes do retorno à escola. Quadro 3 - Dificuldades para o aluno retornar à escola.

Nº de Alunos: 6

Respostas/Dificuldades Nº %

Sim. Conseguir vaga 1 16,6

Sim. Abrir mão do emprego para voltar a estudar 1 16,6

Sim. Distancia da escola/conciliar trabalho/escola 1 16,6

Não. 3 50

Obs.: Nº de participantes: Seis

Muito se fala sobre a dificuldade de se encontrar vagas nas escolas públicas, principalmente na educação de jovens e adultos. Diferente dessa realidade, na escola pesquisada pelo menos para cinquenta por cento dos entrevistados, isso não constituiu empecilho, pois não encontraram dificuldades para se matricularem:

[...] Não, não encontrei, fui lá, conversei com o pessoal, inclusive, tinha vaga para as pessoas que faltavam poucas matérias, então foi fácil conseguir, não tive dificuldades para voltar (P4).

No entanto, os outros cinquenta por cento dos alunos que retornaram não declararam a mesma coisa, o contrário, o retorno à escola não foi tão fácil assim, além de terem encontrado dificuldades para encontrar vagas, citaram outras razões, como distância da escola, colégios próximos que não oferecem vagas para a EJA, entre outras:

[...] Retornar é difícil, só consegui retornar porque minha esposa estuda lá, fez amizade com o diretor e consegui fazer minha matricula lá, mas, se fosse para eu ir dormir na fila, eu não iria não, jamais. Para arrumar uma vaga à noite você tem que ficar na portaria, dormir lá, isso eu não faria não, de jeito nenhum (P1).

[...] Muitas, muitas dificuldades, cada uma maior que a outra. A primeira foi a distância, porque aqui perto de minha casa tem quatro colégios e nenhum tem ensino médio à noite foi lá no colégio “X”, entendeu, e quando chega lá ainda dá de cara com os descasos dos professores, então não tem dificuldade maior. Além de eu ser dona de casa, ficar o dia todo me esforçando, ter que atravessar seis quadras, eu chego do colégio faltando quinze para meia noite, porque eu tenho que ir e voltar a pé, correndo risco de vida e tudo, mas é aquilo que eu falei, né, eu tenho uma meta, infelizmente eu tenho que ’tá indo tão longe. (P5).

Contudo, abrir mão do emprego para voltar a estudar, a distância da escola e a dificuldade de conciliar trabalho e estudo foram expostos pelos entrevistados como os principais motivos/fatores que dificultaram, porém, não os impediram de retornar à escola. Assim se expressaram:

[...] A dificuldade que eu tive foi de abrir mão do serviço para poder voltar ao EJA. Em relação às vagas não tive dificuldades (P2).

Um fato curioso aparece nas respostas a esta questão. O primeiro grupo de alunos entrevistados que abandonaram e não retornaram a escola, em sua exposição, colocam, como principais motivos/fatores para não retornarem aos estudos, empecilhos como dificuldades de conciliar trabalho e escola, distância do colégio e dificuldades para conseguirem vagas, enquanto que este grupo de alunos que abandonaram e retornaram à escola, expõem os mesmos motivos, porém, não veem como fatores determinantes para o não retorno, mas apenas como empecilhos. Na realidade, o que mais pesa na hora de tomar a decisão para voltar a estudar? São os fatores aqui expostos por todos ou a vontade de vencer na vida e mudar a história de cada um?

Para Carvalho (1997), a situação precisa ser aceita tal como ela se apresenta, se quiser conseguir os objetivos e cita a fala de uma aluna entrevistada por ela: “Cansada, sim, mas o que posso fazer? É preciso ser alguém na vida” (p.58). Da mesma forma pensa P5, participante desta pesquisa, quando diz ter “uma meta a cumprir”, que é se formar em jornalismo.

De acordo com a literatura analisada, há certa relação entre a repetência e o abandono escolar. Nesse sentido, buscou-se verificar tal hipótese na percepção dos alunos, a partir da seguinte questão:

Questão: Você já repetiu alguma série?

Quadro 4 - Percentual de aluno que já repetiu alguma série. Nº de Alunos: 6

Respostas/Frequência Nº %

Sim. Uma vez 3 50

Sim. Mais de uma vez 1 16,6

Não. 2 33,3

Obs.: Nº de participantes: Seis

De acordo com as respostas deste grupo, esta hipótese parece se confirmar, pois, conforme demonstram os dados acima, a maioria afirma já ter repetido pelos menos uma vez durante o curso, e cerca trinta de por cento dizem ter repetido mais de uma a vez entre o ensino fundamental e médio, conforme descrevem:

[...] Já, já, sim, uma vez, eu tenho uma deficiência... (P3).

[...] Já repeti duas vezes. A primeira por falta de estudo mesmo e a segunda nem foi totalmente por minha culpa, eu entrei no meio do ano numa sala de repetência, então eu saí de uma turma de quarta série para uma turma de quinta série repetente e os repetentes eram tudo se dezessete anos para cima, mas na segunda série foi por causa de estudo mesmo (P5).

Numa análise mais pormenorizada dos depoimentos acima sobre as experiências negativas acumuladas por esses alunos, no decorrer de sua trajetória educacional, é possível perceber que há realmente uma tendência do aluno repetente se tornar mais vulnerável aos obstáculos do cotidiano e não conseguir permanecer na escola ou não conseguir retornar.A prova disto está descrita em um estudo recente realizado em Brasília sobre representações de alunos e professores da educação de jovens e adultos (Educação de Jovens e Adultos: leniência ou necessidade?) onde 89,0% dos alunos apresentam experiência escolar pregressa entremeada de insucessos, incluindo, na maioria dos casos, interrupção dos estudos por muitos anos, (CABANELAS, 2004).

Situação semelhante foi descrita por Schargel e Smink (2002) em seu trabalho Estratégias para auxiliar o problema da evasão escolar nos Estados Unidos da América. Segundo esses autores, a retenção do aluno em uma determinada série ocorre principalmente por fatores como gravidez na adolescência, situação de pobreza, etnia e situação geográficas, e que tudo isso contribui, de forma significativa, para os altos índices de abandono. Para os autores, a probabilidade de abandono escolar entre os estudantes de famílias de baixa renda é três vezes maior do que entre aqueles de famílias mais abastadas, segundo dados de pesquisa de Casey Fondation (1993), citados por aqueles autores

O quadro nº 5 traz uma síntese dos motivos/fatores que, na percepção dos alunos, contribuem para o retorno aos estudos, considerando alguns eventos que os atraem à escola.

Questão: O que o atrai na sua escola?

Quadro 5 – Percentual de ocorrências dos motivos/fatores que reforçam o retorno à escola. Nº de Alunos: 6 Motivos/Fatores Nº % A busca do conhecimento 4 66,6 Amizade/Convívio social 4 66,6 As aulas 1 16,6

Obs.: os percentuais se referem ao total de motivos/fatores explicitados e não ao número de alunos.

Este quadro traz o percentual de ocorrências dos motivos/fatores que reforçam o retorno à escola. Como pode ser visto, a busca do conhecimento, a amizade e o convívio social são descritos pelos alunos como os principais motivos/fatores que serviram de incentivo para que eles voltassem a estudar. As aulas e o incentivo de alguns professores também aparecem como motivação para permanência e para o retorno aos estudos, segundo expõe este entrevistado:

[...] Ah! Eu gosto muito do contato com as pessoas,o que a gente aprende com os professores, os professores são maravilhosos, tem professor que você tem mais contato, incentiva você... Tem também as aulas... as aulas que eu mais gostava eram de filosofia e sociologia, eram matérias muito boas, a gente podia conversar, dialogar, o professor incentivava todo mundo a falar e a debater (P4).

[...] O que me atraía lá na escola, na verdade, era a amizade que a gente tinha, que era uma amizade muito boa, muito legal (P1).

De acordo com os depoimentos dos alunos acima, o ambiente escolar, os amigos e o bom relacionamento com os professores são os principais motivos/fatores que os motivam a retomar os estudos. A busca do conhecimento e vontade de vencer na vida também constitui, na opinião desses alunos o maior incentivo para voltarem a estudar. Aliás, para eles é uma questão de sobrevivência diante de um mundo globalizado e cada vez mais excludente. Como bem salienta Paiva (2004), todas essas razões os mantiveram longe, furtivos, mas como lobos em busca da oportunidade da caça, isto é, precisam sobreviver.

Assim, quando voltam à escola, mesmo pensando que é ela que lhes pode permitir a ascensão social, ou econômica, quase sempre trazem uma auto-estima afetada pela internalização dos fracassos anteriores, mas é na escola que confiam para realização dos seus sonhos e seus projetos de vida. Nessa perspectiva, o professor, também sujeito desse processo, tem uma função social extremamente importante. Para tanto, se faz necessário estabelecer um compromisso com seu trabalho e com seus alunos.

Questão : O que não lhe agrada na sua escola?

Quadro 6 - Percentual de ocorrências dos motivos/fatores que reforçam o abandono. Nº de Alunos: 6

Motivos/Fatores que Desagradam Nº %

Descaso de alguns professores/mau relacionamento 2 33,3

O método do professor de matemática 1 16,6

As más condições das escolas 1 16,6

As más condições de trabalho dos professores 1 16,6

O descaso do governo com a educação 1 16,6

Excesso de normas na escola 1 16,6

Atraso na área da informática 1 16,6

Nada desagrada 1 16,6

Obs.: os percentuais se referem ao total de motivos/fatores explicitados e não ao número de alunos.

Da mesma forma que alguns fatores considerados atraentes na escola contribuem para o retorno escolar, outros fatores que desagradam os alunos no ambiente escolar reforçam o abandono. O quadro 6 traz um resumo dessa realidade e mostra de forma clara como os estudantes percebem o cotidiano escolar. Para eles, fatores intra-escolares como o descaso de alguns professores para com os alunos; o mau relacionamento entre professores e alunos; as más condições das escolas; o excesso de normas e a falta de condições de trabalho dos professores, tudo isso influencia negativamente o processo de aprendizagem e ensino, tendo, portanto, peso na decisão do aluno de abandonar ou permanecer na escola:

[...] O que não me agrada ... é igual a outros lugares , tem várias normas, mas aqui na escola tem muitas normas que eu acho que não precisaria (P2).

[...] O que não me atrai, pôxa, me desculpe o governador (...), mas é um problema, brincadeira, nossas escolas são um lixo-escola, são péssimas as condições de trabalho dos professores, dos servidores, para os alunos assistirem aulas, não olham nada, atraso na área de informática, entre outros (P3).

Oliveira (2004), ao discutir as condições das escolas noturnas brasileiras e respectivas condições de trabalho dos professores com base nos relatórios do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), verifica que suas estruturas são pouco favoráveis e preocupantes, principalmente quando se refere aos estabelecimentos que oferecem ensino médio noturno, como a falta de professores, ausência de laboratórios, equipamentos, bibliotecas e condições físicas da escola. Tal constatação vai ao encontro do que pensa o entrevistado P3, ao descrever a realidade das escolas e a precariedade das condições de ensino, principalmente, no que tange às condições tecnológicas das escolas públicas no Distrito Federal.

Para P5, além do que foi citado, o que mais lhe desagrada é a falta de organização da escola, sobretudo, a falta de informação aos alunos, o que ela considera um direito constitucional, que no caso está sendo negado, conforme argumenta:

[...] O que não me agrada na escola é a organização da escola. Às vezes a gente chega na escola está pichada.... outra coisa também é a falta de informação na escola. Pôxa, é tão bom você chegar, assim, no painel de informações, que muitas vezes você está precisando, e está lá, tal dia vai ter um concurso, vai ter uma prova, tais vagas para esse cargo. Já vi em outras escolas. Então eu como aluna me sinto discriminada, porque os

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