• Nenhum resultado encontrado

1.1– Movimento da Escola Moderna como modelo pedagógico orientador Pré-escolar

O MEM propõe-se construir através da ação dos professores que o integram a formação democrática e o desenvolvimento sociomoral dos educandos com quem trabalham, assegurando a sua plena participação na gestão do currículo escolar. (Niza, 2005)

Como vem referido no anexo 1 do capítulo 2 do Perfil específico do desempenho profissional do educador de Infância (Decreto-Lei nº241/2001) “Na educação pré- escolar, o educador de infância concebe e desenvolve o respetivo currículo, através da planificação, organização e avaliação do ambiente educativo, bem como das atividades e projetos curriculares, com vista à construção de aprendizagens integradas.” Também as Orientações Curriculares para a Educação Pré-escolar e as Metas de Aprendizagem orientam a atuação dos docentes da Educação Pré-escolar. Na minha prática pedagógica em pré-escolar, estes foram referenciais importantes, assim como a adoção dos princípios do modelo pedagógico MEM.

O educador organiza o espaço e os materiais, concebendo-os como recursos que lhe permitem proporcionar às crianças experiências educativas que favoreçam o seu desenvolvimento. Para tal, deverá disponibilizar e utilizar materiais estimulantes e diversificados, tendo em atenção o contexto e as experiências de vida de cada criança e organizar o tempo de forma flexível e diversificada, favorecendo o desenvolvimento de uma sensação de segurança que dará a cada criança a confiança necessária a um correto desenvolvimento. Segundo o modelo pedagógico do MEM “o sistema desenvolve-se a

partir de um conjunto de seis áreas básicas de atividades, distribuídas à volta da sala (conhecidas também por oficinas ou ateliers na tradição de Freinet), e de uma área central polivalente para trabalho coletivo.” (Niza, 2007:131)

Relativamente à observação, planificação e avaliação, o educador de infância deve observar cada criança, bem como os pequenos grupos e o grande grupo, de modo a poder realizar uma planificação adequada às necessidades da criança e do grupo e aos objetivos de desenvolvimento e de aprendizagem e ter em conta os conhecimentos e competências que as crianças já possuem. O educador deverá planificar atividades que sirvam objetivos abrangentes e transversais, proporcionando aprendizagens nos vários domínios curriculares; e avaliar numa perspetiva formativa, a sua intervenção, o ambiente e os processos educativos adotados, bem como o desenvolvimento e as aprendizagens de cada criança e do grupo.

No que se refere à relação do educador com as crianças e à sua ação educativa, o educador de infância deve adotar uma postura de relacionamento com as crianças que favoreça a segurança afetiva e que promova a sua autonomia; e promova o envolvimento da criança em atividades e em projetos da iniciativa desta, do grupo, do educador ou de iniciativa conjunta, desenvolvendo-os individualmente, em pequenos grupos e no grande grupo. O educador deverá também fomentar a cooperação entre as crianças, garantindo que todas se sintam valorizadas e integradas no grupo; envolver as famílias e a comunidade nos projetos a desenvolver; apoiar e fomentar o desenvolvimento afetivo, emocional e social de cada criança e do grupo; e estimular a curiosidade da criança pelo que a rodeia, promovendo a sua capacidade de identificação e resolução de problemas. Segundo Niza (2007:139) “Essa organização é dinamizada, por seu turno, por processos de cooperação progressivamente reforçados, de forma a garantir o exercício direto e continuado dos valores de evidente respeito, de autonomização e de solidariedade que a organização, participada democraticamente, potencia.”

Ao desenvolver o currículo, o educador de infância, deverá fomentar nas crianças capacidades de realização de tarefas promovendo o desenvolvimento pessoal, social e cívico numa perspetiva de educação para a cidadania.

De acordo com o projeto curricular de sala:

Todo o trabalho desenvolvido com o grupo é posto em prática através do modelo curricular do Movimento da Escola Moderna para a Educação pré-escolar. O que distingue atualmente o modo como o MEM se afirma na prática educativa é encarar a educação escolar como iniciação e

exercício da intervenção democrática que a vida social impõe. (Rodrigues, 2011)

No modelo pedagógico MEM a partilha e a gestão democrática de todo o ambiente educativo é fulcral para o desenvolvimento da criança. Esta é vista como o ator da sua própria aprendizagem, onde a partilha faz parte da rotina do grupo.

A escola/jardim-de-infância é caracterizada como um espaço de iniciação às práticas de cooperação e de solidariedade de uma vida democrática tal como refere Niza (2007:127). Para haver um entendimento mais profundo do que o modelo pedagógico que tenho vindo a apresentar, como opção pedagógica que segui na minha prática em pré-escolar, apresento abaixo os princípios pedagógicos e conceções estratégicas que lhe são inerentes:

 Os meios pedagógicos veiculam, em si, os fins democráticos da educação.  A atividade escolar, enquanto contrato social e educativo.

 A prática democrática da organização partilhada por todos institui-se em conselho de cooperação.

 Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autênticos da construção da cultura nas ciências, nas artes e no quotidiano.

 A informação partilha-se através de circuitos sistemáticos de comunicação dos saberes e das produções culturais dos alunos.

 As práticas escolares darão sentido social imediato às aprendizagens dos alunos, através da partilha dos saberes e das formas de interação com a comunidade.  Os alunos intervêm ou interpelam o meio social e integram na aula “atores”

comunitários como fonte de conhecimento nos seus projetos.

Para além do que já foi referido existem todo um conjunto de instrumentos de pilotagem, que a sala de pré-escolar tinha, que comprovam a utilização do modelo pedagógico acima descrito, como mapa de atividades, quadro das tarefas, mapa de presenças, mapa do tempo, diário, etc. A sala dispõe também de um conjunto de áreas que favorecem as aprendizagens autónomas e o clima que se vive dentro da sala é de cooperação entre crianças e adultos.

Durante a minha intervenção fiz várias atividades de pequeno e grande grupo, contudo privilegio as de pequeno grupo, por várias razões, a primeira porque acho que a comunicação entre os intervenientes se torna mais clara, a segunda porque a concentração da crianças é mais acentuada, a terceira porque a dedicação do adulto

acaba por ser mais personalizada e por último as aprendizagens efetuadas pelas crianças são mais significativas.

Senti algumas dificuldades na aplicação deste modelo pedagógico, pois penso que este é bastante exigente no que respeita às práticas sociais vividas em sala. O momento das comunicações e o conselho de 6ª feira, foram os que tive mais dificuldades a definir, para depois poder colocar em prática corretamente. Depois de refletir um pouco sobre esta problemática, penso que a clareza de ações não foi suficiente da minha parte, ou seja, não consegui transmitir às crianças o objetivo principal de cada um dos momentos atrás referidos. Apesar de pouco ter mudado na rotina das crianças penso que a identificação deste problema já foi um passo importante para mim, numa perspetiva de melhorar futuramente a minha intervenção educativa.

1.2– A aprendizagem do saber-saber, saber-fazer e saber ser/estar no