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2 Trabalho cooperativo como estratégia metacognitiva para o desenvolvimento da aprendizagem

Para melhor compreendermos este ponto é necessário fazer uma pequena abordagem sobre em que consiste o trabalho cooperativo. O trabalho cooperativo traduz-se no facto de um grupo de crianças trabalhar com um mesmo objetivo, atingindo assim um produto final, tal como declara Dees citado por Fernandes, (1997:564):

Quando os alunos trabalham juntos com o mesmo objetivo de aprendizagem e produzem um produto ou solução final comum, estão a aprender cooperativamente. Quando os alunos trabalham cooperativamente «percebem» que podem atingir os seus objetivos se e só se os outros membros do grupo também atingirem os seus, ou seja existem objetivos de grupo.

Na minha opinião, quando o trabalho cooperativo é recriado em contexto de sala de aula, os alunos trabalham em conjunto num determinado problema. Desta forma existe um ambiente propício para descobertas mútuas, feedback recíproco e num partilhar de ideias.

Por outro lado é importante saber também, para que serve o trabalho cooperativo. O trabalho cooperativo oferece aos alunos a possibilidade de discussão de

diferentes maneiras de resolver um problema e pode também facilitar a compreensão de diferentes estratégias para a resolução de problemas.

Como expõe Fernandes (1997) o trabalho cooperativo facilita a resolução de problemas que podiam estar além das possibilidades de cada um dos alunos trabalhando individualmente.

Por último é importante referir também, que neste tipo de trabalho, os alunos/crianças, tendem a estar mais intimamente motivados para estudar matemática, uma vez que, estes adquirem mais confiança nas suas capacidades individuais, tal como refere Fernandes (1997). No decorrer da minha PES em 1º ciclo, este fator veio a verificar-se, uma vez que o grupo era pouco motivado para a matemática e com o aparecimento de vários trabalhos de grupo, nesta área de conteúdo, os alunos demonstravam uma atitude mais positiva.

O trabalho cooperativo assenta em vários aspetos, um deles, o aspeto social que é defendido por vários autores. Vygotsky citado por Fernandes (1997:565) defende que o desenvolvimento social das crianças se divide em dois processos, o primeiro deles, o interpsicológico e o segundo o intrapsicológico e para salientar as interações entre estes dois processos de desenvolvimento “caracterizou as modificações comportamentais em termos de mudanças”, dai ter criado o termo Zona de Desenvolvimento Proximal, desta forma podemos afirmar que:

A zona de desenvolvimento proximal refere-se assim ao caminho que o indivíduo vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas. A zona de desenvolvimento proximal é, pois um domínio psicológico em constante transformação: aquilo que uma criança é capaz de fazer hoje com a ajuda dos outros ela conseguirá fazer sozinha amanhã.” (Fernandes, 1997:565). O outro aspeto em que assenta o trabalho cooperativo são os conceitos espontâneos e os conceitos científicos. Estes dois conceitos têm uma relação entre si e podem ser vistos na já referida Zona de Desenvolvimento Proximal. “O trabalho cooperativo é uma oportunidade de trazer os conceitos espontâneos para a sala de aula.” (Fernandes, 1997:566) Contudo estes precisam de “ser explicitados e há necessidade de fazerem-se conexões com os conceitos científicos.” (Idem)

Na minha opinião o professor deve estar preparado para incentivar os alunos a trazer os conceitos espontâneos para dentro da sala e a partir deles fazer a ponte para os conceitos científicos consolidando desta forma os conteúdos. Desta forma existe uma

intencionalidade educativa específica que será uma mais-valia para os alunos que têm uma aprendizagem mais significativa, mas também dá ao professor o desafio de se ir sempre melhorando enquanto profissional da educação.

Depois de falar na importância das comunidades de aprendizagem, depois de falar do aluno como um pensador e de referir o trabalho cooperativo como uma estratégia eficaz na aprendizagem, é essencial remeter toda esta reflexão para um conceito também muito importante para a educação. A metacognição3 é uma conceção

que tem vindo a ser estudado por vários autores que têm opiniões diferentes sobre o que é na realidade este conceito.

Segundo Valente, Salema, Morais & Cruz (1989) citado por Ribeiro (2003:110) a metacognição pode influenciar várias áreas fundamentais da aprendizagem, tais como, “na comunicação e compreensão oral e escrita e na resolução de problemas, constituindo assim, um elemento chave no processo de “aprender a aprender”.”

Parece-me que a metacognição deverá ser desenvolvida o mais cedo possível, no sentido de influenciar positivamente a aprendizagem das diferentes áreas de conteúdos, tal como afirmam os autores acima referidos. E é nesta perspetiva que olho agora para a educação e para a ação que os educadores/professores devem tomar. Tal como defende Ribeiro (2003:110) “Assim, é suposto que a prática da metacognição conduz a uma melhoria da atividade cognitiva e motivacional e, portanto, a uma potencialização do processo de aprender.”

Já Weinert (1987) citado por Ribeiro (2003:113) explica que a metacognição integra a tomada de consciência dos processos cognitivos, mas também o controle consciente dos mesmos, assim sendo, este autor refere os principais atributos do pensamento metacognitivo, sendo eles: o conhecimento sobre os próprios processos cognitivos, a tomada de consciências desses processos e o seu controle.

Todas as opiniões existentes e visões que se defendem, em torno do conceito de metacognição, levam-nos em direção à sua contribuição positiva para a aprendizagem.

Em jeito de síntese e segundo Ribeiro (2003:115), considera-se importante mencionar qual a importância da metacognição sobre a aprendizagem. Então as principais vantagens que se podem apresentar são: a autoapreciação e autocontrole cognitivos como formas de pensamento, que permite à criança ter um papel ativo no desenvolvimento do seu próprio conhecimento. A abertura de novas perspetivas para o

estudo das diferenças individuais da criança. E por último a metacognição como motor do próprio desenvolvimento.

Na minha opinião e segundo a minha experiência a metacognição pode, então, ser vista como a capacidade chave de que depende a aprendizagem: aprender a aprender, o que por vezes tem sido pouco observado na escola.