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Parte I: Revisão Bibliográfica

Capítulo 4: ASPECTOS FUNCIONAIS DA COLUNA VERTEBRAL

4.3. Movimentos da Coluna Vertebral

Os movimentos são permitidos através dos movimentos permitidos pelas articulações. As articulações vertebrais incluem as articulações sinoviais bilaterais dos arcos vertebrais, onde as facetas inferiores de uma vértebra se articulam com as facetas superiores da vértebra adjacente e as articulações fibrosas entre os corpos vertebrais sucessivos, unidos pelos discos intervertebrais fibrocartilaginosos. O movimento entre as duas vértebras adjacentes é leve e é determinado pelo declive das facetas articulares e a flexibilidade dos discos intervertebrais. A amplitude de movimentação da coluna como um todo, entretanto, é considerável, e os movimentos permitidos são de flexão, extensão, flexão lateral e rotação.

Conforme o Stedman’s Medical Dicionary, mencionado por Kendall et al. (1995), o flexionar significa dobrar, estender significa rectificar. No que se refere à coluna torácica, os mesmos aplicam-se da mesma forma. A curvatura posterior normal é uma posição de ligeira flexão. À medida que a coluna se move a partir da flexão para a posição recta, ela está em extensão. Entretanto, parece haver uma ambiguidade ao descrever as posições e movimentos da coluna cervical e da coluna lombar. Em cada uma delas, a curva anterior normal é uma posição de ligeira extensão. À medida que a coluna se move desde a extensão até à posição recta, ela está em flexão. Como se torna confuso se descrever uma coluna recta estando esta em posição normal de flexão, o melhor será usar o termo plana ou chata, em vez de flectida, quando se refere às regiões cervical e lombar.

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Os movimentos de flexão e extensão são feitos através da articulação occipito-atloideia, segundo um eixo que passa pelo centro da curvatura dos dois côndilos do occipital. Estes movimentos podem ser também feitos através das articulações atlóido-axoideias, mas de modo muito limitado.

Os movimentos de flexão da coluna vertebral tendem a diminuir as curvaturas sagitais cervical e lombar, acentuando um pouco a curvatura dorsal. A flexão da coluna, que ocorre num plano sagital é um movimento no qual a cabeça e o tronco dobram-se para a frente à medida que a coluna se move na direcção de curvar-se convexamente para trás.

A flexão varia de acordo com a região da coluna. Na região cervical, a flexão da coluna é um movimento na direcção de diminuir a curva normal para a frente. O movimento continua até ao ponto de rectificar ou achatar esta região da coluna, porém normalmente não progride até ao ponto em que a coluna se curva com a convexidade para trás. Na região torácica, a flexão da coluna é o movimento na direcção de aumentar a curva normal para trás.

Na flexão normal, a coluna curva-se com a convexidade para trás, produzindo um contorno contínuo delicadamente arredondado em toda a região torácica. Na região lombar, a flexão da coluna é um movimento na direcção de diminuir a curva normal para a frente. Ela progride até ao ponto de rectificação ou achatamento lombar, porém normalmente a coluna lombar não se curva com a convexidade para trás.

Fig. nº 6: Flexão normal do tronco, segundo Kendall (1995)

A extensão da coluna, que ocorre num plano sagital é o movimento no qual a cabeça e o tronco dobram-se para trás enquanto a coluna se move na direcção da curva com convexidade para

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a frente. Na região cervical a extensão é o movimento na direcção de aumentar a curva normal para a frente. Ela ocorre pela inclinação da cabeça para trás, trazendo o occipital no sentido da 7ª vértebra cervical. Também pode ocorrer, quando sentado ou em pé, ao curvar-se arredondando o dorso superior com a cabeça anteriorizada, posição que também resulta ao aproximar o occípito no sentido da 7ª vértebra cervical. Na região torácica, a extensão é o movimento da coluna na direcção de diminuir a curva normal para trás. O movimento de extensão da coluna vertebral é muito nítido ao nível das colunas cervical e lombar, exagerando assim as curvaturas sagitais normais.

Fig. nº7: Extensão normal do tronco (Kendall, 1995)

O movimento pode progredir até, não além, do ponto de rectificação ou achatamento da coluna torácica. Na região lombar, a extensão é o movimento na direcção de aumentar a curva normal para a frente. Ocorre dobrando o corpo para trás ou pela inclinação da pelve para a frente.

A hiperextensão da coluna é o movimento além da amplitude normal do movimento em extensão, ou pode referir-se a uma posição maior do que a curva anterior normal.

A flexão lateral e a rotação são descritas separadamente, embora ocorram em combinação e não sejam consideradas movimentos puros.

A flexão lateral ou inclinação da coluna, que ocorre num plano coronal, é o movimento no qual a cabeça e o tronco se dobra em direcção a um lado, enquanto a coluna curva-se com a convexidade para o lado oposto. Uma curva convexa para a esquerda é equivalente à flexão lateral para a direita. A partir de uma posição em pé com os pés cerca de 7,5 centímetros afastados, corpo erecto e braços lateralmente, a flexão lateral normal (inclinando-se directamente para os lados) possibilitará que as extremidades atinjam aproximadamente o nível do joelho.

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A flexão lateral varia de acordo com as regiões da coluna. Esta é mais livre nas regiões cervical e lombar, sendo mais restrita na região torácica pela caixa torácica.

Estes movimentos da coluna vertebral são reduzidos ao nível da coluna lombar, aumentando de amplitude nas colunas dorsal e cervical.

Fig. nº8: Flexão lateral ou inclinação do tronco (Kendall, 1995)

A rotação é o movimento que se passa num plano transversal, sendo mais livre na região torácica e ligeira na região lombar. A rotação na região cervical permite cerca de 90 graus de amplitude de movimento da cabeça e é referida como rotação da face no sentido da direita para esquerdo. O movimento de rotação da coluna vertebral é muito pouco evidente ao nível das colunas dorsal e lombar, mas é muito desenvolvido na coluna cervical. A rotação do toráx sobre a pelve é descrita como sentido horário (para a frente no lado esquerdo) ou anti-horário (para a frente no lado direito).

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Fig. nº 9: Rotação da coluna vertebral (Kendall, 1995)